UM CONTO DE
ACNE eae
Carlos Malheiro Diasosé, onde esté a crianga? — perguntou do pequeno terrciro
assombreado de vides uma voz fresca de mulher.
Parando de aparelhar a tibua de cedro, 0 pai respondeu:
— Ao pé de mim.
Com brandura, a voz. replicou:
—"Tenho sempre medo da ferramental
O carpinteiro pousou a plaina no banco ¢ esteve um momento
quieto, a olhar a crianca seminua, sentada na soleira da porta, que se
entretinha a encher de terra um vaso de argila.
Abelhas zumbiam no ar calmo ¢ quente. Nao bulia uma folha da
velha figueira, que em frente & porta espalhava, embalsamando a casa
com um perfume doce, um pouco de sombra e frescura.
O carpinteito estendew os bragos cansados de trabalhar, contem-
plou o longinquo voo de abutres, que parecia, no espago, um cortejo
de flabelos negtos seguindo a tiara resplandecente do Sol. Sacudiu
longamente a tiinica empoeirada e caminhou até junto da crianga.
— Que fares tu, Jesus?
AI
~Erguendo os olhos enotmes ¢laminosos, com a atengio mara
Thosa que 0 nascer do pensamento a crianga paron de langar eno
‘aso de agile sori, mostando oto dentespequenosebeancos
‘Como chamada pelo Fo, uma abelha velo zumbir sobre a sua
29