A liberdade contratual sempre encontra limitao na idei a de ordem
pblica, entendendo-se que o interesse da sociedade deve prevalecer sempre quando colide com o interesse individual. O princpio da autonomia da vontade, como vi mos, no absoluto. limitado pelo princ pio da ordem pblica, que resultou da constatao, feita no incio do sculo passado e em face da crescente industrializao, de que a ampla l iberdade de contratar provocava desequil brios e a explorao do economicamente mais fraco. Surgiram os movimentos em prol dos direi tos sociais e a defesa destes nas enccli cas papais (Carta solene dirigida aos papas e aos bispos) . Comearam, ento, a ser editadas leis destinadas a garantir, em setores de vital importncia, a supremacia da ordem pblica, da moral e dos bons costumes, podendo ser lembradas, entre ns, as diversas lei s do inquilinato, o CDC, dentre outros. A interveno do Estado na vida contratual , hoje, to intensa em determinados campos (telecomuni caes, consrcios, seguros, sistema financeiro, etc.) que se configura um verdadeiro dirigismo contratual. O CC/2002 proclama, no pargrafo nico do art. 2.035: Nenhuma conveno prevalecer se contrariar preceitos de ordem pblica, tais como os estabelecidos por este Cdigo para assegurar a funo social da propriedade e dos contratos. A ordem pblica tambm uma clusula geral, que est no nosso ordenamento por meio do art. 17 da Lei de Introduo as Normas do Direito Brasileiro LINDB, regra de direito internacional pri vado que retira eficci a de qualquer declarao de vontade ofensiva da ordem pblica. Em suma, a noo de ordem pblica e o respeito aos bons costumes constituem freios e limites l iberdade contratual. No campo intervencionista, destinado a coibir abusos advindos da desigualdade econmica mediante a defesa da parte economicamente mais fraca, situa- se, ainda, o princpio da reviso dos contratos ou da onerosidade excessi va, baseado na teoria da impreviso, regulado nos arts. 478 a 480.