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Imprevisão: uma teoria prática na

socialização dos contratos


José Lourenço Torres Neto
Acadêmico de Direito na Faculdade Maurício de Nassau em Recife, PE.
Inserido em 25/6/2006
Parte integrante da Edição no 184
Código da publicação: 1374

SUMÁRIO: 1. Conceitos Básicos; 2. Prática de Equilíbrio


Contratual; 3. Imprevisão versus Caso Fortuito e Força Maior; 4.
Considerações Conclusivas. 5. Bibliografia.

1. Conceitos Básicos.

Na língua portuguesa o adjetivo imprevisto significa: algo súbito,


aquilo que não se prevê, o que é inesperado. Daí, o substantivo
imprevisão indica a falta de previsão. Na esfera jurídica, na
especialidade civil dos Contratos, o termo está contido numa teoria
de prática relativamente atual denominada de Teoria da Imprevisão.

De forma resumida, podemos conceituar a Teoria da Imprevisão


como consistindo no reconhecimento de que a ocorrência de
acontecimentos novos, imprevisíveis pelas partes que firmaram um
contrato de longo termo, e, a elas não-imputáveis (os referidos
acontecimentos), refletindo sobre a economia ou a execução do
contrato, autorizam, como exceção, sua revisão, para ajustá-lo às
circunstâncias supervenientes. Assim, a epígrafe que rege esta
teoria, rebus sic stantibus, pode ser lida como "estando as coisas
assim" ou "enquanto as coisas estão assim". Esta deriva da fórmula:
contractus qui habent tractum sucessivum et dependentium de futuro
rebus sic stantibus intelliguntur (os contratos que têm trato sucessivo
ou dependência do futuro, entendem-se condicionados pela
manutenção do atual estado das coisas), de Nerácio, cláusula do
direito canônico. Indicando que, se as coisas de forma inesperada e
imprevisível mudam, elas podem ou devem ser alteradas.
2. Prática de Equilíbrio Contratual

Percebe-se que a prática do rebus sic stantibus constitui-se


uma exceção no universo contratual, já que os contratos, em regra,
são regidos pelo princípio da força obrigatória, ou da obrigatoriedade,
em que as partes contratadas se obrigam com força de lei, dentro
dos limites emanados da lei. É o que a expressão pacta sunt
servanda declara ao estabelecer que: os contratos são feitos para
serem cumpridos. Tal frase garante que a autonomia da vontade, a
liberdade de contratar e a segurança jurídica previstos no nosso
ordenamento são confiáveis. Contudo, se muito tempo depois, à
época da execução das obrigações, a situação fática alterou-se
significativamente no plano social e econômico, comparativamente à
situação existente na época da formação do contrato, dificultando ou
inviabilizando o adimplemento, por tornar-se a obrigação
excessivamente onerosa para uma das partes, esta teoria, implícita
em nosso Código Civil, admite a resolução ou modificação eqüitativa
das condições do contrato.

Como um parêntesis, transcrevemos o que diz nosso Código


Civil, em sua Parte Especial, Livro I, Título V, Capítulo II, Seção IV,
intitulada "Da onerosidade excessiva", consagrando as normas que
autorizam, em caso de superveniência de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, a resolução, e, em algumas
hipóteses, até mesmo a revisão do contrato:

"Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a


prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com
extrema vantagem para a outra em virtude de acontecimentos
extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução
do contrato. Parágrafo único. Os efeitos da sentença que decretar a
resolução do contrato retroagirão à data da citação. Art. 479. A
resolução poderá ser evitada, oferecendo-se o réu a modificar
eqüitativamente as condições do contrato. Art. 480. Se no
contrato, as obrigações couberem a apenas uma das partes, poderá
ela pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou alterado o modo de
executá-la, a fim de evitar a onerosidade excessiva”.(grifo nosso).

Ressaltamos que, como efeito circunstancial, a revisão não é a única


alternativa, visto que também figura a resolução do contrato, mas
que sim, ela é possível.

Discorrendo um pouco mais, encontramos que são pressupostos da


Teoria da Imprevisão: primeiro, a alteração radical no ambiente
objetivo existente ao tempo da formação do contrato, decorrente de
circunstâncias imprevistas e imprevisíveis; segundo, onerosidade
excessiva para o devedor e não compensada por outras vantagens
auferidas anteriormente, ou ainda esperável, diante dos termos do
ajuste; e por último, o enriquecimento inesperado e injusto para o
credor, como conseqüência direta da superveniência imprevista. São
esses acontecimentos supervenientes que alteram profundamente a
economia do contrato, por tal forma perturbando o seu equilíbrio,
como inicialmente estava fixado, que torna certo que as partes
jamais contratariam se pudessem ter podido antes antever esses
fatos. Se, em tais circunstâncias, o contrato fosse mantido,
redundaria num enriquecimento anormal, em benefício do credor,
determinando um empobrecimento da mesma natureza, em relação
ao devedor. Conseqüentemente, a imprevisão tende a alterar ou
excluir a força obrigatória desse tipo de contrato.

3. Imprevisão versus Caso Fortuito e Força Maior

Contudo, não devemos confundir a Teoria da Imprevisão com as


hipóteses de caso fortuito ou força maior. A teoria que apóia a
revisão, repetimos, pressupõe a superveniência de fato imprevisto
que dificulta excessivamente (mas não impossibilita) a prestação de
uma das partes, impondo a revisão das cláusulas contratuais a fim de
equilibrar e preservar o contrato; ao passo que o caso fortuito (o fato
inevitável que independe da vontade e condição do homem, portanto,
imprevisível e indeterminável como p.e. um terremoto) e a força
maior (aquele previsível, mas indeterminável, incluindo os
decorrentes da atuação humana p.e. uma greve), ocasionam a
impossibilidade absoluta no cumprimento da avença, determinando a
extinção do contrato, conforme o Art. 393 do CC/02. A lição de
Clóvis Belivaquia descreve caso fortuito como o acidente produzido
por força física ininteligente, em condições que não poderiam ser
previstas pelas partes, enquanto a força maior é o fato de terceiro,
que criou, para a inexecução da obrigação, um obstáculo que a boa
vontade do devedor não pode vencer, com a observação de que o
traço que os caracteriza não é a imprevisibilidade, mas a
inevitabilidade. (STJ – Acórdão Resp. 264589/RJ (200000628166) RE
379484, 14/11/2000, 4º T. – Rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira).

4. Considerações Conclusivas

Cremos que a aplicação atual da Teoria da Imprevisão se


deve ao entendimento amadurecido da sociedade como um todo, que
passou a dar prioridade ao justo equilíbrio entre as partes de um
negócio jurídico, ressaltando, assim, a função social do contrato,
princípio conectado ao da autonomia da vontade. Nossa Constituição
Federal, em especial nos Arts. 1º, 170, e 5º, XXXV, não fecha os
olhos para um contrato em que impere o desequilíbrio, a ausência de
boa fé e eqüidade, a vantagem exagerada de um dos contraentes e o
prejuízo acentuado do outro, mesmo nas relações firmadas entre
particulares que continuam a ser reguladas pelo Código Civil
Brasileiro.

Assim, a prática da Teoria da Imprevisão vem para proteger o bem


comum, o equilíbrio contratual, a igualdade entre as partes e a
certeza de que o interesse particular não predominará sobre o social.
Por fim, como vimos, a Teoria da Imprevisão, caracteriza-se por ser
um dos instrumentos de socialização do contrato, na medida em que,
por imperativo de eqüidade, permite o restabelecimento do equilíbrio
negocial injustamente violado por força de um acontecimento
imprevisível.

5. BIBLIOGRAFIA:

GOMES, Orlando. Contratos. 12ª ed. 6ª tiragem Rio de Janeiro,


Forense. 1993.

GAGLIANO, Pablo Stolze. Algumas considerações sobre a Teoria da


Imprevisão . Jus Navigandi, Teresina, a.5, n.51, out.2001. Disponível
em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2206>. Acesso
em: 28 mar. 2006 .

MARTINS, Francisco Serrano. A teoria da imprevisão e a revisão


contratual no Código Civil e no Código de Defesa do Consumidor . Jus
Navigandi, Teresina, a. 8, n. 327, 30 mai. 2004. Disponível em:
<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=5240>. Acesso em:
28 mar. 2006

NADER, Paulo. Curso de Direito Civil. v.3: Contratos/Paulo Nader. –


Rio de Janeiro: Forense, 2005.

ZUNINO NETO, Nelson. Pacta sunt servanda x rebus sic stantibus:


uma breve abordagem. Jus Navigandi, Teresina, a.3, n.31, mai.1999.
Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=641>.
Acesso em: 28 mar. 2006.

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