Por Luiz Barco
A grande
sacada do
matematico
para
descobrir as
malandragens
do ourives da
corte de
Siracusa no
século If a.C.
‘de Sto Paulo
“SUPER FEVEREIRO 1995
ARQUIMEDES E A COROA DO REI
eee
‘qual se realizava o vestibir
lar, em novembro, encontrei um
amigo, professor de Historia,
Ele aguardava a filha, que esta-
va prestandio 0 exame e, a0 ver-
me, fez um comentario: “De que
adianta exigir tanta matemdtica
ags alunos, prineipalmente se
eles querem ser historiadores
mio engenheiros?” £ claro que
‘estava me provocando, Ou en
tao revelava 0 nervosismo que
naturalmente invade toda faani-
lia quando um dos fithos tem de
enfrentar a sele¢ao para a unk
versidade. Fosse qual fosse 0
motivo, achei interessante en-
trar na brincadeira e ajudi-lo a
passar 0 tempo. Comecei, en-
a contar um episédio que
une histéria e matemética
Ele gostou tanto que pen-
sei ser boa idéia relatar 0
‘aso tamibém para os Ieito-
res da SUPER. Conta-se que
Heron, rei cla cidade grega S:
recusa no século Ila. , man-
dou ao ourives da corte certa
quantidade de ouro, para
que ele the fizesse uma
ova coroa, Quando rece-
beut a eneomenda pronta,
0 rei desconfiou que parte do
fora substituida por pra-
zlor ja era bem menor
vague
Hieron tinhe grande:respeito
por umm dos maiores maternatic
os que o mundo éonheceu, Ar-
quimedes, que provavelmente
hasceui em 287 a. pois consta
que morreu em Siracusa, em
212 a€., aos 75 anos, durante
uum saque da cidade feito por
soldados romanos. Sobre essa
hatalha, alias, ha relatos de
que, apesar da superioridade
romana, Siractisa conseguit te-
sistir longamente gracas a0 uso
de méquinas de guerra ideali-
zadas por Arquimedes,
Bem, fol a esse sibio que o rei
‘pediu para verificar sua descon-
fianea em relagao ao ourives.
Diz a histéria que Aquimedes
descobriu como resolver 0
problema no banho. Ao sub-
mergir na banheira, pensando
na tarefa que o rei lhe confia-
ra, sentiu-se mais leve e dedue
ziu 0 que ficou conhecido
como 0 principio de Arquime-
des: “Quando um corpo é mer
gulhado na agua ele perde, em
peso, uma quantidade que cor
responde ao peso do volume
de agua que foi deslocado pela
imersao do corpo”. Emociona-
do com a descoberta, Arquime-
des teria saltado da banheira,
saindo nu pelas ruas de Siracusa
a gritar: “Eureka, ourekal”, que
significa “encontre, encontret!”
‘Vamos ver agora como a uti-
lizagao desse principio permi-
‘iu verificar que o ourives real-
mente estava embolsando par-
te do oure do rei. Suponhamos
‘que a coroa pesasse P gramas
e que nela existissem A gra-
mas de ouro e B gramas de
prata Isto ¢, P= A+B.
Agora imaginemos que & gra-
mas de ouro pesern, dentro da
Agua, a gramas e que uma coroa
pesando P gramas, se fosse feita
86 de ouro, pesaria, dentro da
gua, A* gramas. Levando em
‘conta que materials homogéneos
como 0 our a pata ten, ra
‘Agua, um peso proporcional ao
defor, orem:
2 A ow
ey eae i
0 m que a porto de aro da
corn peea quando submersa
vidido pelo A que a mesma por-
fo pes fora da ft ig aa
Auodiente ene 0 A® que pesae
ouro dentro da 4gua e o P, que
representa open da esr co-
roa rn dean,
E claro que se pode fazer as
esmas consderagoes para a
Poneto B, de pata, da coro €
Chega algo como ® = -BB*
aa
ss
Agora, um desafio. Suponha
‘que a coroa pesasse 920 gramas
fora e 858, gramas dentro da
‘agua, Se fosse inteiramente de
oro pesaria, submersa, 8724
-gramas, Se fosse feita s6 de pra-
ta, na mesma situagto teria um
peso de 832.5 aramas, Ou seja,
Ax =872,4 9 ¢ BY ~ 83258, Use,
camo deve ter feito Arquimedes,
esses dadlas e as fOrmulas jd cita-
das para descobrir as quantida-
des de prata e de curo que 0 ou-
rives aplicou na coroa. Quando
chegar a uma conclusie pode
festejar, mas antes de sair por ai
gitando eureka tame 0 cxidado
de verificar se esta devidamente
vestido, A resposta vem na prin
ma edicao da SUPER 2