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Como foi o percurso...
Com o intuito de conhecermos o que os educadores dizem sobre as
brinquedotecas no âmbito do contexto escolar, optamos por utilizar como metodologia
de trabalho a investigação qualitativa. Quanto à estratégia usada para a coleta de
dados, utilizamos a técnica das entrevistas semi-estruturadas com diretores das
instituições previamente selecionadas.
No decorrer da pesquisa foram entrevistadas quatro profissionais que
gerenciam instituições escolares: uma diretora de uma Cooperativa Educacional, que
trabalha com alunos da educação infantil e do ensino fundamental e três diretoras de
escolas públicas, sendo duas de escolas municipais e uma de escola estadual. Uma das
escolas municipais e a estadual trabalham exclusivamente com a educação infantil. A
outra escola do município atende além das crianças da educação infantil também
alunos do ensino fundamental. Os sujeitos foram escolhidos sem critérios previamente
estabelecidos, sendo definido como requisito apenas que estivessem atuando em
escolas. Buscamos através de uma entrevista semi-estruturada com cada um dos
sujeitos, estabelecer um diálogo para conhecer o que elas entendem e dizem sobre as
brinquedotecas e seu funcionamento. Além disso, procuramos compreender as suas
concepções acerca do brincar.
As seguintes questões nos orientaram: Como o brincar é visto pelos
educadores? O que os diretores das escolas entendem sobre o papel da brinquedoteca?
O que dizem estes profissionais sobre o funcionamento de uma brinquedoteca dentro
do espaço escolar?
Após a realização das entrevistas, fizemos registros nos diários de campo, na
busca de uma compreensão prévia do que foi discutido no decurso da entrevista entre
o investigador e o investigado. Os diários de campo contribuem na medida em que,
assim que finalizada a entrevista, ainda no calor das falas, o entrevistador relata com
autoria as suas impressões, sentimentos e opiniões acerca do que se constituiu diálogo
entre ele e o entrevistado.
Para o desenvolvimento desta pesquisa nos fundamentamos na teoria dos
seguintes autores: Philippe Ariés, Lev. S. Vygotsky, Donald W. Winnicott, Tisuko
Morchida Kishimoto, entre outros estudiosos que vêm pesquisando no Brasil, temas
relativos à infância, à criança, ao brincar e à brinquedoteca.
NO CAMINHO, O DIÁLOGO COM ALGUNS TEÓRICOS
Mesmo sendo o brincar uma atividade também para a vida adulta, é na infância
que ele se inaugura, e é na infância que ele promove a realização dos fenômenos mais
significativos para o indivíduo na busca do seu eu. A prática de brincadeiras
proporciona à criança um confronto e um diálogo do mundo externo com o mundo
interno, criando uma área própria para o brincar, a qual leva a pessoa ao encontro do
seu eu e consequentemente à construção da sua subjetividade. WINNICOTT (1975),
mostra que esta área própria do brincar “não é a realidade psíquica interna. Está fora
do indivíduo, mas não é o mundo externo”. (p.76)
O brinquedo é a forma de comunicação da criança com a realidade desde a
mais tenra idade, e principalmente nela, pois o brincar ajuda a criança a superar suas
necessidades mais primitivas e imediatas. O brinquedo funciona também como um
atendimento às necessidades não realizáveis imediatamente para a criança, pois ao
brincar ela se envolve num mundo imaginário onde satisfaz seus desejos. O bebê não
suporta não ser atendido prontamente, ele precisa de uma ação que o satisfaça naquele
momento determinado, e esta satisfação vem no ato de brincar. De acordo com
VYGOTSKY (1998), “Para resolver esta tensão, a criança (...) envolve-se num mundo
ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizados, esse
mundo é o que chamamos de brinquedo.” (p.122) Portanto, o papel do brincar no
desenvolvimento da criança é fundamental, pois é através dele que a criança elabora o
seu estar no mundo, dialogando à sua maneira com a realidade concreta e com o
outro.
É importante ressaltar que a criança ao nascer, ainda está profundamente ligada
à mãe. Neste período de total dependência, o bebê vive suas primeiras experiências
com o brincar, como a troca de sorrisos com a mãe, o toque no corpo dela e no seu, a
brincadeira de esconde-esconde sob o cobertor. Estas brincadeiras podem ser
consideradas uma conquista da relação de confiança estabelecida na díade mãe-bebê.
O brincar é uma linguagem, e o primeiro parceiro nas brincadeiras para a criança é a
mãe, que além de proporcionar uma comunicação direta entre o bebê e ela, permite a
ele uma comunicação com o mundo, iniciando assim o seu viver criativo.
De acordo com WINNICOTT (1975), no decorrer das suas experiências e ao
dar início à divisão entre o eu e o não-eu, o bebê passa a substituir o seio por um
objeto transicional que o represente. Este objeto pode ser um ursinho, a ponta de um
cobertor, ou algum outro objeto eleito pelo próprio bebê. O objeto transicional, pode
não ser necessariamente um objeto real, podendo ser uma palavra ou uma música. Os
fenômenos transicionais se tornam muito importantes para o bebê na hora de dormir,
ou como de defesa em situações de ansiedade, ajudando-o a superar as frustrações
necessárias ao seu desenvolvimento e conduzindo-o ao uso da ilusão e dos símbolos.
Estes fenômenos são chamados de “transicionais”, pelo fato de que eles “incidem
numa área da experiência que não pertence nem à pura subjetividade e nem à pura
objetividade, mas a meio caminho entre uma e outra”. (ROSA, 1998, p.29). Esta
terceira área, a da experiência, também denominada por WINNICOTT (1975) como
“espaço potencial” é o lugar onde se encontra o brincar e posteriormente a experiência
cultural.
Se buscamos compreender a criança e o seu desenvolvimento, devemos
compreender também suas brincadeiras, pois o brincar é uma das atividades mais
significativas realizadas por elas. O brincar é o meio que a criança encontra para se
comunicar com o mundo ao seu redor. Quando bebê, a realidade externa é para a
criança estranha e desordenada, e a atividade lúdica, como um simples sorriso,
acontece de maneira prazerosa e criativa fazendo com que ela se reconheça e conheça
o mundo a sua volta, construindo assim, as suas primeiras interações sociais. Para
WINNICOTT (1975), é o brincar que promove o estar criativo do ser humano no
mundo, e é sendo criativo que ele constrói sua subjetividade:
É no brincar somente no brincar que o indivíduo, criança ou adulto, pode ser criativo
e utilizar sua personalidade integral: e é somente sendo criativo que o indivíduo
descobre o eu. (...) Ligado a isso, temos o fato de que somente no brincar é possível a
comunicação, exceto a comunicação direta. (p.80)
Desta forma, mais uma vez, podemos afirmar o valor da atividade lúdica para o
desenvolvimento integral da criança e a necessidade que ela tem de viver a experiência
do brincar, da verdadeira brincadeira espontânea, na qual ela faz as suas próprias
descobertas, constrói seus próprios conhecimentos e busca à sua maneira o seu estar
criativo no mundo. Só assim, sendo a criança sujeito de suas brincadeiras é que ela
encontrará o seu eu e construirá sua identidade. Portanto, mais que reconhecermos a
importância do brincar, é preciso dar oportunidade e espaço tanto físico quanto social,
para que a criança viva o que lhe é de direito, o brincar livre e criativo.
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Uma brinquedoteca traz em si uma diversidade de propostas e objetivos que
não se limitam a si mesmos, podendo eles ser flexíveis, de acordo com o interesse e a
realidade de cada brinquedoteca. Apresentamos abaixo alguns deles:
Oferecer às crianças um espaço especialmente para o brincar.
Emprestar brinquedos.
Estimular o desenvolvimento emocional, intelectual e social das crianças.
Possibilitar às crianças situações que promovam o faz-de-conta.
Possibilitar às crianças carentes o acesso aos brinquedos.
Possibilitar às crianças interações sociais.
Oportunizar às crianças relacionarem com adultos de forma agradável e
espontânea, livre do formalismo decorrente das situações estruturadas em
instituições. (CUNHA, 1998)
Ao falarmos em brinquedoteca estamos falando em uma oportunidade de
experimentar o lúdico em sua totalidade, de um espaço repleto de liberdade e
gratuidade, onde o ser humano pode dialogar com a sua essência, o seu eu,
promovendo assim, de maneira autônoma a construção de sua subjetividade e a sua
visão de mundo. Desta forma, comungando com as idéias de SANTOS (1997),
complementamos: “Um espaço assim não é comum: sem cobranças nem exigência de
produtos. Este espaço tão pleno, tão cheio de oportunidade pode ser a terra fértil
apropriada para a germinação de um novo homem capaz de construir uma nova
humanidade.” (p. 22)
A gente sabe que a nossa sociedade hoje tem uma série de cobranças que faz com que
o lúdico vá se perdendo muito rapidamente e cada dia as crianças brincam menos,
cada dia a adolescência começa mais cedo, eu me lembro, eu brinquei de boneca até
os 15/16 anos de idade. (Carmem, 24/03/00)
Desta forma, cabe então buscar respostas para algumas questões: que
significado tem para a criança este brincar escolarizado? Qual a importância atribuída
aos brinquedos e brincadeiras pelos profissionais da escola? Qual o significado do
brincar para os professores?
A fala abaixo, confirma que o espaço construído para acondicionamento dos
brinquedos, foi exclusivamente elaborado para dar suporte ao processo de ensino-
aprendizagem:
Construímos essa sala justamente para dar suporte ao processo ensino-
aprendizagem, onde a criança vai construir o seu saber através do lúdico. (Márcia,
11/04/00)
Diz o ditado que durante a vida o homem deve plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.
Mas um desses objetivos jamais pode ser alcançado sozinho: O FILHO.
Ele nunca é um projeto pessoal, vai ser sempre uma produção do casal.
A criança não nasce pronta, dentro dela vai se formando um casal de pais que são espelhados
pelos pais reais que cuidam dela.
Já na gravidez sem que percebêssemos criamos um lugar para aquele bebê que chegará, este
lugar vai determinar qual o papel que esta criança terá nesta família. Podemos citar: o filho que veio
porque foi desejado, o filho que veio para salvar o casamento, o filho que não foi desejado, o filho que
veio para separar, etc...
Sendo pai ou mãe nos possibilita entendermos melhor nossos próprios pais, ou não, e quando
isto acontece realmente não conseguimos nem parar para refletir o que estamos fazendo conosco e o
que dirá com nossos filhos.
É lamentável quando isto acontece, e quantas vezes resolvemos nem pensar sobre o assunto
que incomoda? Então o caminho mais fácil é sentirmos indiferentes a tudo, as nossas dificuldades, as
nossas decepções, aos nossos ressentimentos que acreditamos não ter perdão, aos nossos
sentimentos de culpa e assim por diante. Mas o que não sabemos é que esta indiferença que criamos
para nos defender da dor, é a mesma que nos paralisa em vida. A idéia de “o que vier é lucro” não
passa de uma boa desculpa para disfarçarmos que sentimos pena de nós mesmos, por não
conseguirmos ir para frente e olhar para a vida de forma diferente. Esta idéia também é boa para tirar
de nossos ombros a responsabilidade do dia-a-dia e de como estamos educando nossos filhos.
Outro jeito que costumamos usar é atribuir as desgraças e infelicidades da vida a alguém ou a
algum fato, por exemplo: Deus quis assim, só acontece comigo porque não tem jeito , foi por causa do
fulano que estou assim, se eu tivesse dinheiro às coisas seriam bem diferente, me falta saúde para
enfrentar tudo isto, etc..
Realmente quem ouve isto parece que as coisas não têm jeito mesmo, só algo muito poderoso poderá
modificar a vida desta pessoa, e é claro não será ela . Quem não se pegou pensando assim? É assim
quando estamos nos sentindo muito frágeis e impotentes frente a uma situação ou problema,
deixamos de considerar as saídas ou tentar aguardar um pouco até que as coisas possam se encaixar
novamente.
Portanto estou falando de esperança, sem isto morremos em vida e a vida é para ser vivida e
compartilhada com alguém.
Por quê isto acontece? Ora, voltamos no começo, e nossos pais? Digo os pais que moram dentro
de nós, estão cuidando bem da gente? !
Hoje os pais mudaram, temos vivido principalmente a partir do meio do século, profundas,
contínuas e velozes transformações sociais, políticas e culturais. Em especial atenção para a
tecnologia. Entretanto, por mais que essas mudanças tenham sido promovidas e desejadas por nós
para propiciar uma vida mais confortável, estamos vivendo resultados indesejáveis.
Em primeiro lugar, a necessidade de atualização e adaptação a esse “novo mundo” globalizado, por
conseqüência o aumento do índice de analfabetos tecnológicos e funcionais, sejam porque não
acompanham o ritmo dos avanços tecnológicos ou porque não estão conseguindo perceber o que
acontece; outro dado é o alto índice de desemprego em todo mundo pela substituição tecnológica mais
eficiente e barata, sendo que estes fatores de uma forma ou de outra atingem todos nós.
Em segundo lugar, o desejo de termos uma vida mais livre, prazerosa, quase perfeita, alimenta a idéia
de que o ser humano pode dominar e alterar a natureza humana, física e psíquica, citamos o projeto
Genoma, clonagem, fertilizações em vitro, etc. Por outro lado, com todo o progresso científico,
continuamos lutando contra a fome e a miséria, as pessoas continuam adoecendo física e mentalmente
apesar de todos os confortos e “remédios de última geração”.
Portanto depois disto tudo, os adultos estão se sentindo muito confusos, desorientados e
atarefados com tantas mudanças e conflitos para resolverem. Se nós adultos estamos assim, o que
dizer das crianças e adolescentes ? Afinal, não somos o que eles irão ser amanhã ?
O que você vai ser quando crescer? Uma pergunta muito comum antigamente, mas hoje caiu em
desuso, porque as crianças e adolescentes não estão querendo crescer.
Crescer para quê? Para virar um adulto aflito, sem tempo, que só trabalha (quando tem trabalho
senão é um bico aqui ou ali), anda nervoso, de mau humor, adulto é alguém desencantado da vida, é
um chato, quando não é alguém,que não se deve confiar porque é perigoso. Infelizmente é assim que
muitas crianças e adolescentes estão vendo os adultos.
Apesar de todas as transformações deste século, o homem continua nascendo como um animal
mais frágil e vulnerável do planeta. Não pode contar unicamente com seus instintos para viver, ele
continua sendo dependente de outro ser humano que cuide dele, que dê afeto, proteção, segurança, o
eduque para a vida, transformando-o em um ser humano digno deste nome.
As crianças e os adolescentes estão sendo gerados e criados por adultos que estão com
dificuldades de serem bons modelos de espelhos.Não estão conseguindo transmitir a idéia de que a
vida vale a pena a ser vivida, que vale a pena investir no trabalho honesto, digno, nos nossos
sentimentos e sonhos, ter esperança no amanhã.
Em função disso, há uma crise generalizada de auto-estima nos adultos, que são expressas das
mais diversas formas. Há aqueles que se entorpecem com álcool, com o trabalho, com o futebol, com a
maconha, com a fofoca da vizinhança, com a saúde que nunca vai bem, com o bingo, com a violência.
A lista pode ser enorme, porque de alguma forma estão tentando escapar da realidade a ser enfrentada.
As crianças estão chegando à escola, infelizmente, sem a estruturação necessária básica, que
deveriam ter. Os adolescentes então se rebelam enfrentando e agredindo qualquer forma de
autoridade, desrespeitam regras e leis, sem falar da agressão ao ambiente escolar.
Porém para dar afeto, atenção, cuidados, proteção, delicada firmeza, modelo de autoridade que
uma criança ou adolescente precisa, é necessário que o adulto tenha razoável estoque destes
conteúdos dentro de si, ou seja amor próprio suficiente, segurança emocional , confiança nos seus
valores, compreensão suficiente do mundo ao redor para dividir com os filhos.
Não são exatamente estes conflitos que a escola está vivendo? Estes conteúdos emocionais que
os pais não estão conseguindo passar para os filhos são atribuídos para a escola, ou melhor para o
professor . São atribuídas as falhas das figuras parentais, e não só a este profissional de educação
mas a profissionais de saúde, da igreja, etc., papéis que são deles, mas sentem-se incapazes de
exercê-lo.
Uma primeira idéia é que todos nós estamos no mesmo barco, e se não nos unirmos não
chegaremos à praia, afundaremos no mar. Portanto o medo , a insegurança, o cansaço, a falta de afeto
está em todos nós.
Quantos de vocês já tinham parado para pensar sobre estas mudanças do mundo e que
estivessem atingindo a todos?
E sobre os nossos medos, as nossas carências, sobre nossa brutalidade e violência com nossos
filhos, pois é mais fácil bater, castigar uma criança, do que refletir que estamos com raiva do chefe que
chamou nossa atenção ou que estou revoltado porque ganho pouco e queria comprar uma porção de
coisas e não pode ser agora!. Em nome da minha frustração, impaciência etc, uso e abuso da minha
autoridade ou da minha irresponsabilidade de pai ou mãe deixando de cuidar dignamente dos meus
filhos, já que são meus faço o que quero. Também não é mais bem assim, temos leis e órgãos públicos
que protegem as crianças e adolescentes e exigem dos pais isto.Podemos citar o Estatuto da Criança e
Adolescente, os Conselhos Tutelares, a Promotoria da Infância e da Juventude, etc.
Nós enquanto pais precisamos sentir orgulho pelos nossos filhos, por nossa capacidade de
trabalhar honestamente, por dar pequenos confortos com dignidade, por não saber muitas vezes uma
porção de coisas e poder perguntar ou dizer que não sabemos ou que vai procurar saber com alguém
ou que o próprio filho pode ensinar.
Também costumamos dizer que não temos tempo, que estamos cansados, que não temos jeito
para dar abraço e beijo. Porém quem disse que é só assim que se demonstra carinho, cuidado e
atenção ? Podemos pedir para os nossos filhos brincarem por perto, podemos ver suas lições,
podemos admirar seus progressos, seu crescimento...
Outro fato que acontece muito é aquela frase: eu não sei conversar com meus filhos. Os pais
podem contar a história da família, mostrar fotos dos parentes. Isto é muito útil para as crianças e
adolescentes, para nós adultos também, temos a possibilidade de rever muitas coisas boas da nossa
infância e dar novo significado as coisas amargas da vida. Os pais que se orgulham e sentem carinho
por sua infância são muito valorizados pelas crianças, além de estarem conhecendo sua origem, seus
antepassados, tendo um contato com os pais.
Falar sobre a tradição da família, dos parentes o que faziam, o que gostavam, que comida
comiam, seus costumes é um dos referenciais mais poderosos do ser humano. Estes dados ajudam a
família a se fortalecer, sentir-se unida, perceber as gerações de antepassados e fazer comparações,
também estimula os sentimentos de continuidade, crescimento e desafio para vislumbrar o futuro.
O que os pais precisam saber é que todos nós temos nosso valor, por mais insignificante que isto
possa parecer, porque estou falando de nossa auto-estima e nosso autoconceito que anda muito
desvalorizado pela rapidez dos acontecimentos.
Notamos esta onda de violência em todas as camadas sociais, a imoralidade, a falta de ética, os
programas de TV usando abusivamente de cenas de sexo, sensacionalismo, notícias tendenciosas para
beneficiar alguns, comerciais que induzem ao consumo de determinados produtos, etc. Isto leva todos
nos a um sentimento de enfraquecimento e impotência frente aos acontecimentos.
Sempre nos ensinaram que temos que acertar, o que não contaram é que para acertar
precisamos aprender com o erro e não ter medo de errar. Parece fácil? Pois então vamos pensar um
pouco sobre essas questões :
Quantos de nós pedimos desculpas quando cometemos um erro? Quem de nós reconhece que
ofendeu, xingou ou falou demais na hora que estava muito bravo, irritado, perdeu a cabeça e fez
bobagem? Quem de nós acha que se nosso filho apanhou do amigo na escola ou na rua deve resolver
o problema dando outro tapa? E se alguém de nós achasse uma carteira com dinheiro, um objeto
devolveria ? Procuraria achar o dono? Quem de nós acha que sempre é bom dar um jeitinho de levar
vantagem em tudo? Qual seria o nosso preço para realizar algo ilícito? Qual é o nosso limite de
tolerância com nossos filhos ? Quantas vezes nós escolhemos atender uma necessidade nossa
negligenciando a dos nossos filhos? Quantas vezes atendemos as necessidades dos nossos filhos e
quase nunca a nossa? Quantas vezes nós assistimos a um programa de TV , por exemplo “Ratinho”
perto dos nossos filhos e eles , quando são mais corajosos, fazem perguntas e nós deixamos nossos
filhos sem resposta porque também não sabemos a resposta? Quantos de nós nos queixamos dos
nossos filhos que não nos respeitam, que se vestem de um jeito impróprio, que não nos ouvem? E nós
não estamos fazendo isto com eles? Quantos de nós ficamos preocupados com nossos filhos de se
contaminarem com a AIDS? E a gravidez precoce? Temos conversado sobre estes assuntos com
nossos filhos, ou irão aprender na rua, se tiver sorte na escola? E sobre drogas, nós estamos
conversamos sobre isto? Hoje temos vários tipos de substâncias que viciam, desde xaropes infantis,
como bebidas energéticas, que são compradas facilmente!
Seguiriam outras questões , mas vamos parar por aqui , porque acredito que foi suficiente para
refletirmos vários valores e posturas que temos constantemente.
Pois bem, a saída é começarmos a questionar tudo isto, um exemplo disto é o que estamos
fazendo agora, pensando sobre estes assuntos.Todos notaram que não é nada fácil parar para pensar
sobre estas perguntas que provocam em nós muita angústia e ainda exige de nós respostas
apropriadas a cada situação. O que podemos concluir e aprender com isto?
Precisamos nos unir com alguém para discutirmos tanta coisa. E é aí que entra o papel da escola .
Precisamos transformá-la em nossa aliada e não num depósito dos nossos problemas. Por exemplo,
podemos solicitar que a escola crie cursos, oficinas, palestras com profissionais,que as reuniões de
pais sirvam também para discutirmos temas polêmicos ou novidades da ciência , e não só o
desempenho dos nossos filhos, ouvir reclamações, pedir a colaboração para APM, etc., não
desqualifico estes avisos, mas acredito que podemos conviver com as duas propostas e com certeza a
carga de problemas e conflitos escolares diminuirá.
O que mais ouvimos hoje em dia é a falta de limites dos pais com os filhos e por conseqüência a
agressividade, a violência, o que está acontecendo? Se considerarmos que os pais sentem-se muito
culpados por estarem fora de casa por muitas horas e que a vida que levam não é uma maravilha, já é
um bom começo. Normalmente agimos por compensação de nossos sentimentos, precisamos
reconhecer que o mínimo que ficamos com os filhos deverá ser para cuidar e educar mesmo que isto
pareça firmeza demais, pois só parece porque é necessário.
A violência está sendo gerada por vários fatores sociais, econômicos, culturais e emocionais sem
dúvida, mas se perdermos a noção do que é ser tratado bem, com respeito, com diálogo, com humor,
com amor, com ética, realmente só nos resta agir pela impulsividade, pela crueldade, pela vantagem,
pela vingança ... A ordem neste momento é o diálogo, é permitir que nossos filhos brinquem de
bandido-moçinho, polícia-ladrão, que possam elaborar regras e leis, quem é do bem e do mal, através
das brincadeiras tudo isto é possível sem machucar ninguém . O ser humano é o único animal que
precisa aprender a canalizar sua agressividade de forma adequada e criativa. Os adolescentes
questionam isto o tempo todo, porque estão carentes por seus pais reconhecerem , que vale a pena
ser honesto, digno, ter respeito,etc...No momento a sociedade oferece poucos modelos identificatórios
bons, poderia citar Sandy e Jr...
O que sabemos em Psicologia é que o ser humano guarda sempre dentro de si a emoção mais forte,
portanto temos que ter cuidado ao repreendermos nossos filhos com castigos, gritos, ameaças,
chantagens, surras, comparações, humilhações, etc...Se isto estiver acontecendo conosco, indica que
algo vai mal na educação de nossos filhos. A grossura deseduca porque fica a dor. Temos sempre que
começarmos por nós mesmos questionando porque estamos agindo assim, porque estamos perdendo
a autoridade, porque estou cedendo tanto, geralmente encontramos as respostas em nós mesmos, às
vezes temos filhos difíceis, porém “é o maior que cuida do menor”.
Qualquer um sempre tem algo para dividir, ensinar, compartilhar, precisamos aprender a conviver com a
diversidade de valores, crenças, raças, e estamos aprendendo isto agora, esta é uma das vantagens do
progresso, à necessidade de nos unirmos, de nos conscientizar que somos agentes de mudança e não
mero espectador dos acontecimentos.
A felicidade dos nossos filhos geralmente inclui também a alegria dos pais. Portanto a melhor saída é
caminhar próximo dos filhos, pois só assim todos vão chegar ao mesmo objetivo.