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O Prof. Arnaldo V. Carvalho reflete neste artigo sobre as formas de intervenção possíveis com o Shiatsu, seu impacto sobre a terapia, e as medidas de equilíbrio a tornarem as terapias corporais mais poderosas.
Como sustentar e provocar na hora certa poderão ter papel em uma terapia? O que falta aos profissionais de Shiatsu no tocante a essas intervenções?
É ler e aprender.
Titolo originale
Sustentação e Transformação: Abordagem diferenciada do contato terapêutico no Shiatsu
O Prof. Arnaldo V. Carvalho reflete neste artigo sobre as formas de intervenção possíveis com o Shiatsu, seu impacto sobre a terapia, e as medidas de equilíbrio a tornarem as terapias corporais mais poderosas.
Como sustentar e provocar na hora certa poderão ter papel em uma terapia? O que falta aos profissionais de Shiatsu no tocante a essas intervenções?
É ler e aprender.
O Prof. Arnaldo V. Carvalho reflete neste artigo sobre as formas de intervenção possíveis com o Shiatsu, seu impacto sobre a terapia, e as medidas de equilíbrio a tornarem as terapias corporais mais poderosas.
Como sustentar e provocar na hora certa poderão ter papel em uma terapia? O que falta aos profissionais de Shiatsu no tocante a essas intervenções?
É ler e aprender.
Abordagem diferenciada do contato teraputico no Shiatsu
Por Arnaldo V. Carvalho
Em nosso meio, um dos slogans mais conhecidos do mundo o da poderosa famlia Namikoshi (h trs geraes donos da maior escola de Shiatsu do Japo e uma das maiores redes de professores autorizados a ensinar seu estilo pelo mundo): Shiatsu o toque da me. A frase imortaliza a ideia de trabalhar amorosamente, com ateno. E de que Shiatsu, antes de tudo, um cuidado.
verdade. O acolhimento deve ser sempre privilegiado, no s em qualquer terapia, mas nas relaes interpessoais em geral. Exercitssemos mais o acolhimento, permitssemos mais as manifestaes positivas do Yin 1 , o mundo j seria outro. No aconchego do Shiatsu vive o poder de sustentao emocional. Nutrem-se as almas dos praticantes durante as sesses teraputicas.
Todavia, sabemos que nem sempre no sustentar e amparar que surgir a transformao e o equilbrio efetivo aquele capaz de devolver a autonomia 2 ao indivduo. Por vezes, um corao j no precisa de colo, mas de confiana e incentivo: voc pode. Por Mame Passarinho, o filhote passa a vida inteira na segurana do ninho; No dia que o gavio chegar, este grande e mimado pssaro-marmanjo no saber voar e morrer. Se precisar buscar alimento por si, ser de inanio sua causa mortis. E assim, passam-se anos pessoas em suas terapias de sustentao, com um terapeuta amoroso a lhe acolher as dores e angstias do dia a dia, sem que qualquer movimento seja feito para que as origens desses sofrimentos possa cessar.
por isso que o papai passarinho leva o filhote para a ponta de um galho e o estimula a bater as asas, a dizer vai, e at o provoca com uns tapinhas nas costas: Vai, voc pode! Bata suas asas! Voc capaz! E pela mesma razo que todo terapeuta deve saber a hora de acolher e a hora de provocar a faceta Yang da terapia.
s vezes pergunto aos meus alunos: Qual a diferena entre alimento e remdio? Os cogumelos, as algas, os brotos, o ginseng e outras razes, os frutos, e os chs, o que so? A definio que utilizamos de que alimento tudo o que consumido para a sustentao do organismo. Remdio tudo o que provoca o organismo a uma reao para alm de seu esquema habitual. Assim, um cafezinho tomado todos os dias alimento porque passa a fazer parte de um quadro de sustentao do organismo. Mas para quem nunca toma caf, o incio de um resfriado pode ser cortado com apenas uma xcara do nosso pozinho rabe mgico. Alimento coisa do dia a dia, remdio coisa para certos momentos. Veja, o mesmo vegetal alimento e medicamento. Tudo depende da forma como o organismo o receber, sua dose, momento em que foi tomado, enfim. A terapia funciona da mesma maneira. Ela pode ser sustento, e pode ser provocao. Depende de dose, de frequncia de uso, de quem toma.
Em geral, verificamos que certas terapias possuem uma linha clara quanto a isso: ou acolhem e sustentam, ou provocam e incentivam. Psicoterapias de base corporal, sobretudo as inspiradas na
1 A noo oriental da realidade como de natureza binria (foras yin e yang) permeia todo o texto. Tal forma de compreender a existncia permite a observao de um padro bipolar passvel de indexao relativa. Desse modo, se h uma fora de recolhimento (na viso oriental atribuda a Yin), haver uma de expanso (atribuio Yang). Seguindo por essa lgica, teremos os binmios me-pai, previne-remedia, perto-longe, concentrado-diludo, sustentao-transformao, e assim por diante. 2 Entende-se aqui autonomia como o amadurecimento do sistema autorregulador do ser humano. Ver mais no artigo Autorregulao, deste autor. obra de Wilhelm Reich so quase sempre terapias provocativas, que buscam trazer o que a pessoa tem dentro, incentiva-la a enfrentar seus demnios internos mais profundos. Outras, por outro lado, - como o Reiki, por exemplo apenas acolhem. E h uma enorme frao de profissionais de Shiatsu agindo dessa maneira. Em lindo silncio, acolhem e permitem. Como as pessoas precisam ser acolhidas! Mas como por vezes preciso o incentivo, o vai!.
Acolher mgico. Ter onde ser amparado diante da presso e do stress do dia a dia 3 to raro, e to custoso emocionalmente entre as pessoas da gente (sem querer as pessoas cobram!). Ser amparado pode ser a nica necessidade de uma terapia. E no amparo que se recupera energia, se curam feridas.
No amparo existe o espao do abrao, da suavidade, do permitir que as coisas venham. Amparar saber ouvir. permitir que a pessoa se exponha; tocar em silncio, ser o imenso lago a absorver a pedra do Outro:
Jogaram uma pedra na tranquilidade do lago. O lago comeu-a. Sorriu ondulaes. Voltou a ficar tranquilo. (Hermgenes)
Acolher receber com empatia genuna. dar alimento, afagar a angstia, dar suporte. a energia sempre presente, a energia que sustenta dia aps dia.
Mas em s acolher, h o risco de se favorecer a manuteno de uma dinmica de vida que j no adequado ao momento, ou mesmo uma condio doentia. A esto os tratamentos que melhoram mas no resolvem. Aliviam, mas no transformam.
No acolhimento h segurana. Mas mais seguro porque intervir implica em aes que dependem da capacidade avaliativa do terapeuta. E tal capacidade por vezes cai na esfera do julgamento. Palavras, toques e exerccios tornam-se perigosas aes de dizer como o outro deve ser, ou fazer. Acolher simplesmente no expe o terapeuta, seus pensamentos, seus preconceitos. Protege o profissional, e protege o cliente deste mesmo profissional.
S que provocar tambm recurso poderoso. Na provocao se sai da inrcia. Provocar incentivar, conjurar o poder interno do atendido; tocar com vigor, estimular a reao. entusiasmo. Provocar mostrar o outro lado, no permitir que a dor leve a intil e sofrida vitimizao. a arte de apontar para a vara de pescar. O incentivo ao caminhar com as prprias pernas.
Na provocao h movimento. Meu terapeuta me disse em nossa primeira sesso: no posso te prometer que voc sair feliz em todas as sesses, nem mesmo que voc se tornar o que hoje espera. Mas posso te dizer que cada encontro mexer com voc, e que a mesma pessoa voc j no conseguir mais ser.
Provocar gerar o impulso para transformar. Nas provocaes se estimula o enfrentamento, a verdade, a busca por resolver o desconforto. Elas acontecem nos momentos certos, quando a pessoa est pronta para crescer.
um tipo de ao menos observvel em sesses de Shiatsu do que talvez fosse necessrio. Os terapeutas da rea em mdia so muito mal preparados em seu processo formativo pessoal e profissional para atuar com aes provocativas que de fato sejam positivas. Para tal assertividade,
3 Lembrar que todo stress leva a psique regresses parciais e em nossa origem nada mais seguro que o colo o segundo tero.
preciso ter a preciso de um cirurgio: no corao da pessoa que uma provocao atinge. Da pensarmos que dos dois lados da relao teraputica (o terapeuta e seu atendido), h medo. O risco do menor erro traz consequncias desastrosas.
Outro dia uma cliente comentou o que achava da terapia da me: Depois de trinta anos ela segue fazendo, mas j no terapia h tempos, apenas o hbito semanal de tomar cafezinho com a amiga. Sem querer julgar a relao das duas partes citadas nesse caso, apenas afirmo que entendo o que essa cliente quis dizer. Entendo que no momento em que ela sentir que estar no meu consultrio apenas para bater papo ou para receber uma massagem, no haver mais sentido para ela. Essa cliente uma psicloga muito conhecida na rea em que atua, e tem plena percepo de que vai para seu Shiatsu das Emoes para recuperar o equilbrio, e isso inclui renovar as energias (funo Yin da terapia), mas tambm reagir ante as intervenes, para tornar sua prpria capacidade de reequilibrar-se mais eficiente (funo Yang da terapia).
Com essa conscincia, o terapeuta sabe que precisa agir rpido: o impacto de uma primeira sesso pode gerar um impacto muito maior no sentido transformador do que uma outra aps um ano de tratamento contnuo. Alis, entre as correntes da fitoterapia (como as plantas ensinam ao ser humano e ao Shiatsu!), sempre encontramos o pensamento de que a planta que servir para sua sade cresce perto de voc. Mas de outro lado, quantos so os relatos e histrias da saga para se encontrar a planta extica que s nasce num certo lugar distante em determinada poca do ano e que poder salvar algum de uma doena aparentemente incurvel. O que cura afinal est perto ou longe? Trazendo para nossa reflexo, afinal o que cura a fora de sustentao ou de provocao? O que equilibra o alimento ou o remdio? Essa noo de distancia da planta medicinal nos ensina sobre as diferenas de poder de impacto que uma forma de energia mais familiar ou uma outra totalmente nova gera quando em contato com a energia pessoal de um indivduo. As energias conhecidas so mais assimilveis, o corpo-mente j sabe como interagir, e possivelmente j possui um esquema de interao para elas; quando porm uma fora completamente nova lhe tange, ela precisar reagir, e toda a forma como ela est estruturada poder ser estimulada a mudar a partir desse contato.
Os exemplos do que acabamos de afirmar so encontrados abundantemente no dia a dia: o adolescente que volta transformado aps uma viagem longe dos pais; O marido que chega em casa dizendo ter percebido uma coisa nova aps assistir uma palestra, sendo que sua esposa sempre tentou lhe fazer enxergar isso; O remdio para a dor de cabea que no comeo ajudava mas agora no faz diferena. A terapia daquele chins estranho que a gente mal entende, mas que resolve...
Tomemos na nossa vida cotidiana o ditado Santo de casa no faz milagre. Por que ser que so to poucos os profissionais que fazem Shiatsu em seus familiares? Por que ser que os psiclogos aprenderam com a psicanlise a necessidade de manter certa distncia para garantir a neutralidade psquica do vnculo terapeuta-cliente? Por que ser que depois de um tempo longo muitas vezes o cliente simplesmente se despede mesmo que satisfeito e diz chegou a hora de fazer outra coisa? E por que to difcil manter o amor ou melhor, aquele brilho que transforma e faz a vida ter mais sentido - quando se est perto demais?
Porque acolher sustenta, mas no transforma. E o compasso natural da vida de recolher e expandir em ciclo ininterrupto. Toma-se flego num momento para mergulhar-se no outro. Casais que aprendem sobre a renovao pessoal necessria em sintonia com o acolhimento nutridor tendem a ter uma unio afetiva-sexual satisfatria e duradoura.
Arrisco-me repetio, mas sigo a dizer que, no campo das terapias corporais, h pouco ou nenhum preparo a esse respeito. Quando lanar mo do movimento de sustentao e acolhimento, e quando lanar mo da ao transformadora? Este tema de estudo urgente, e os profissionais de Shiatsu em mdia esto bastante atrasados em relao a isso.
O Shiatsu pode ter transformao e sustentao no toque, na postura, nas palavras e no silncio, em cada gesto e em cada olhar, e o profissional precisa de extrema sensibilidade para reconhecer e atuar no momento certo com a postura adequada. Em outras palavras, a terapia de maior amplitude ser aquela que for capaz de, sensivelmente, dependendo da pessoa, da situao que ela vive, do momento da sesso, acolher e provocar na medida certa.
Acolher ficar por perto. Provocar dizer que v. H quem diga que quem ama verdadeiramente diz vai. Mas, se no prazer do vai e vem que existe o gozo, e se no colo do VEM da me e no furar da onda de mo dada com o pai que existe o VAI, ento a vida se situa na simultnea existncia dessas duas foras, desse yin-yang permanente.
* * *
* Arnaldo V. Carvalho j fazia massagens intuitivamente quando descobriu o Shiatsu em 1993. Desde ento seguiu aprendendo, com diversos professores pelo mundo, dentro e fora de cursos. Em paralelo estudou Naturopatia, uma dezena de outras terapias corporais, psicoterapias e fisiologia. Dirige a Aeshi - Escola de Shiatsu. membro da Associao Brasileira de Shiatsu e autor do livro Shiatsu Emocional.