Debussy para o slide da apresentao

A crise que sucedeu a Wagner. Este levara as antigas formas de msica a uma fronteira
insupervel. Pode-se comparar com as tcnicas do romance de vanguarda de James Joyce e
sua influncia no desenvolvimento da literatura do sculo XX.
Na Alemanha, a tentativa de superar Wagner levara os compositores da poca (como
Richard Strauss, Gustav Mahler e at Giuseppe Verdi na Itlia) a fazer a msica do mestre soar
mais alto e mais forte. Puseram Wagner para vencer Wagner, o que no solucionava a crise.
Surge Debussy. Este, aps um perodo de encanto com a msica do Germnico, cria
uma forma de msica prpria, em parte inspirado pelos impressionistas/simbolistas, em parte
por seus atrevimentos ao piano quando improvisava.
Onde Wagner proclama, Debussy sussurra. Onde Wagner tonitrua, Debussy flui. Mas
pode-se dizer que sem as tcnicas ousadas do Alemo, no haveria tanta liberdade para as
experimentaes do Claude de France, como se apelidara.
Esse misto de ousadia velada e sugesto (muitas vezes ertica, sensual) faz da msica
de Debussy uma das mais interessantes de se ouvir e das mais difceis de se estudar. Pois ele
no segue a esquemas de harmonia tradicional (na qual uma nota obrigatoriamente deveria
seguir a outra da mesma classe para no haver choque nos ouvidos); sua melodia se esquiva
e nem sempre funciona como melodia; e as cores da orquestra (timbres de vrios
instrumentos) se comportam quase individualmente, criando uma polifonia em art nouveau,
s vezes como os desenhos de Mucha, s vezes como os poemas de Mallarm.
Debussy no teve debussystas como Wagner tivera seus wagnerianos. Sua influncia
vai mais pela liberdade e ousadia formal do que pelo estilo (embora este tenha sido imitado
sem sucesso). Sua msica, extremamente aristocrtica e decadentista, porm, permitiu que
vrios compositores de naes perifricas utilizassem liberdades formais de maneira
pessoal. Como o Villa-Lobos da primeira fase, no Brasil; Manuel de Falla, na Espanha; e Gustav
Holst, na Inglaterra. Estes dois ltimos pases haviam exercido influncia quase nula na msica
erudita continental pelo menos desde o renascimento, e Debussy influenciou em parte (e
talvez sem querer) seu retorno ativa.
Fontes
CARPEAUX, Otto Maria, Uma Nova Histria da Msica, pg. 316-338, Ediouro, Rio de
Janeiro, 1999;
TREZISE, Simon et al., The Cambridge Companion to Debussy, passim, Cambridge
University Press, Cambridge, 2003 (verso digital).