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‘ACTAMEDICA PORTUGUESA 2003, 16:107-116 NEUROANATOMIA FUNCIONAL Anatomia das areas activaveis nos usuais paradigmas em ressonancia magnética funcional JORGE RESENDE PEREIRA, ANAMAFALDA REIS, ZITA MAGALHAES ‘Sexvigo Médico de Imagem Computorizada (SIMIC). Porto Com base em casos da sua propria experiéncia, os autores descrevem resumidamente 0 mapeamento cortical relacionado com as principais fungdes cerebrais, investigadas por Ressonéncia Magnética Funcional (RMF). Pelewas-chave: New omatonia reziontcia magus factual, EMP INTRODUCAO. Com casos demonstrativos da sue experiéncie em Ressonéncia Magnética Funcional (RMF), os autores pretendem darresumidamente ume perspective anetémica das diferentes éreas eloquentes, de activagio nos paradigmes mais frequentemente por eles praticados, no que conceme @ motricidade, inguagem, audigfo, visto ¢ Nio serio aqui exemplificedos estudos relacionados com 0 olfacto, oculomotricidade, leitura, bem como estudo do sistema vestibular, embora possamos referir alguns destes aspectos no decurso da nossa exposigio Todos conhecemos as grandes potencialidades da RMF na investigagéo em newrologia, neurocirurgia, neuropsiquietsia, otorrinoleringologie, etc, e os cerebatadares estudos que tém sido realizados no que respeita @ emogio, as doences afectivas, @ activagio encefélica na dos, aos efeitos farmacolégicos das mais FUNCTIONAL NEUROANATOMY - Cortical mapping in usual paradigm in functional Magnetic Ressonance Imaging (MRD Using cases of their own experience, the authors describe the cortical mapping related with the main brain functions they had investigated by Functional Magnetic Resonance Imaging (EMRI). ey words: Newromatom; ncional magnetic resonance, JMR diversas drogas, como por exemplo a cocaina e enicotina Todos os campos de investigagio em Newociéncias esto abertos RMF, que pouco pouco vem substituindo métodos mais complexos, agressivos ¢ onerosos, como PET, cada vez mais em desuso ou o teste de John Wada no estudo da esclerose mesial Procureremos aqui recordar alocalizegéo anatémica das principais érees activéveis, nos diversos paradigmas que rotineiremente comegémos @ utilizar no dia a dia da nossa actividade Neurorradiologica, nas diferentes investigacBes emRMF Demonstraremos com casos clinicos do nosso arquivo € com esquemas elucidativos, por nés eleborados. 1 -MOTRICIDADE E SENSIBILIDADE™* OSM 1 (cérter sensério-motor primério) tem ume conhecida orgenizacéo sometotépice, e quando se utilizem peradigmes sensitivo-motores éfundam ental aidentificagéo JORGERESENDE PEREIRA etal da regiéo perissolandica e do sulco central (figura 1), que nos permite separar as circunvolugSes frontal ascendente (cértex motor) e parietal ascendente (cortex sensitive). Ambas as circunvoluges apresentam uma constituisao somatotépica ao longo da sua extensfio, em que a fimgéo da extremidade inferior se localiza na face medial do hemisfério cerebral, aonivel do vertex e Fig - Oonegeraresentao siko ai ental e 0 Vigode” caresponie (ao col — Assim, e de acordo com ohomiinculo de Penfield igure 2, vamos encontrar sucessivamente, de cima para baixo, as dreas de activacio do pé (Figured), daméo(figua4 Ae B) dos labios (Figure 5) e da lingua (Figura 6) 108 Fig - Focos de acta motora (A) sent (8) da mao. Fig Foca de actvapao dos Ibis, neste plano vist a retin dtnaranse Jfoeos de acta a0 ize) agen Blin sor epsirao Fins Poco de scthapao resalunte te mobitcapa> da nga Juagem BPE sem sor eos A determinagéo des éreas motoras tem sido stil na investigagio de tumores ot outres lesbes com carécter expansive, permitindo ao newocinsrgio correlacionsr & sualocelizapio em relagio areas eloquentes, que deverio ser preservadas no acto cinizgco As lesder ocupando espago (LOE) condicionam frequentemente ume distorgéo anstomica considerével, tornando impossivel aidentificagto do sulco central, para além de deslocarem as areas do cérter motor o sensative Gigue7) he Fin 7- LOB qe desoca a en motra dt mao dita para date, polo ‘eto de mais que condctona wire a cremmolgao Poul azcendente E importante determinar a distancia das éreas activadas a margem aparente da lesio, ¢ segundo os trabelhos de Yetkin et al, quando aquela excede os 2 om a resse segura, ao passo que quando se situa entre 1 a2 em, 33% dos doentes apresentam défices pos-cirirgicos, e quando inferior a Lem ha mais de 50% de doentes com sequelas. Quando as areas eloquentes se situam adjacentes & lesio, opte-se frequentemente por uma remogo parcial e/ ou eventual radioterapia, 2-LINGUAGEM* “In Spain the rain, stains mainly in the plain" A Linguagem ¢, ne opinido de vérios autores, uma Fungo complexe, constituida por um conjunto de processos que permite « comunicagéo ‘Teata-se da capacidade de ermazener, evocer e combiner simbolos numa permuta inesgotével de expressées que ppermitem @ elaboragio do pensam ento, Quer eupense, logo existe, quer existe, logo pense (que se entendam Descartes e Damésio..), ¢ sendo 0 pensamento um perpetiam mo- bile, estamos perpetuamente autilizer alinguagem, undo fosse o pensamento uma forma de linguagem, pais quando penso, felo com os meus botdes! Todos conhecemos 0 modelo cldssico da linguagem, baseado no estudo de doentes afasicos, com diferentes lesdes cerebrais. ‘Segundo este modelo ha uma érea frontal expressiva para planeamento e execuio da fala e movimentos de esorita, designada por érea de Broca (1861), ¢ uma area posterior, receptiva, para anélise e identificagio dos estimulos linguisticos sensoriais, designada por érea de Wemicke (1874) As terefas linguisticas requerem processos complexos em que interferem ainformaso sensorial visual e auditiva, 109 NEUROANATOMIAFUNCIONAL. aatensio, areslizasio de operarées comparativas¢outres operagies sobre a informagéo obtida, a selecrio de uma resposta baseada em tnisoperagies e expressio da refeida resposta ‘A linguagem niéo é pois uma fiungio ou capacidade estanque, estando relacionada e dependente de outros tipos de fingéo que incluem a AUDICAO, VISAO, ATENGAO ¢ mesmo s MEMORIA, nfo esquecendo « fungio MOTORA, necesséria para a produgéo dos sons, aque se constituem em palevras, as quais nfo agrupadas em frases com determinado sentido ou significado ‘Assim, no processo da LINGUAGEM podemos considerer: 1 -AFonética, que consti o processo que governa a produsio e percepsio dos SONS falados 2A Fonolegia, conjunto de regras especifices da linguagem, através das quais os SONS sto representados ¢ manipuledos, permitindo a construsio de palevras. 3A Semantica, que permite aribuirtum significado as palavres ow nomes 4A Sintaxe, que permite utilizar as palevras,jé com tum conhecimento do seu significado assim constr frases So multiples ax aplicagées da RMF no estudo da linguagem ¢ na activagio das diferentes areas com ela relacionadas, como na avaliaglo da relagio das memnas com lesées expensivas, tumorais ou inflemetérias, pera tdequade inform doentes com eaclerase mesiel (6 conhcia « palémica aitertiva da RMF ao Teste de Wade), na investigngéo longitudinel de doentes com Doenga de Alzheimer, theervando a degradaplin da lingsagem nedten donics Estio em curso estudos ecoplados de RMF e Diffusion Tensor Imeging (DT) em doenter esquizofrénicos, tentando com testes de fluéncia verbal « de decisto semintica detemnintr as éeande Broce eWernickse nit intedigagto save da fenciedo arquaedo, que se pense pode eater interompie neste grapa de paiecto, ‘Anprincipel ioas qe varie acivar nce paredigmas pire esto da ingungem ss T-AREADE BROCA —Ocupa. ctcunvelujiofientl inferior (pars oper cults um posuenn wegenta poste tier de pers remgulrs), no haasfrto dominante (gue BAB) Corresponde a icee 44 de Brodmann, easmrgent das e456, 12,45 €47 Consiti o componente sntécheo tctculetéaia da lingoegen 2 vaboae que muitarmeres (@mer nfo os hamend) tim tembéa érene motores da fela nas crcunvolugbesronteisinferioresbisterelmente Gera tins pera a musculhra (dependents do edster mot) produsis sene aguficetves do neurocirurgio, no estudo de JORGERESENDE PEREIRA etal Fig 8- (Ae 3)- ois exmplos de atvopan da ren de Boca, em ets de ncia va bal doente com lesdes desta regio tem dificuldade na produsfo/esticulagio das palavras, apesar de manter a sua capacidade musical (hemisfério direito), e poder cantar comrectamente umamelodia, ‘Mentém uma boa compreensio da linguagem falada ¢ escrita, E conhecido o fenémeno dap hsticidade neuronal, em que lesbes de crescimento lento, independentemente do efeito mecinico por elas produzido sobre as estruturas circum-adjacentes, condicionam um deslocamento das éeas funcionsis, que alterem a sue localizagéo para outre érea anatémica (anatomic shift). Pode até haver deslocemento de ume area eloquente para o hemisfésio oposto A recuperagio apos uma afasia de Broce envolve ume mudanga transitéria da Fungo para o hemisfério direito, seguida de um retomo a leteralidade esquerda, como ja se tem constatado na evoluso de alguns casos de enfarte da utéria cerebral média esquerda, em estudos longitudinsis por RMF. M1-AREA DE WERNICKE -Localiza-se no segmento posterior do gyrus temporal superior, na sua face dorsal, logo atrés da circunvolugéo de Heschl e adiente do gyrus engularis figura A eB) Fig 9- (Ae 3)~ Dots casos de actogto a azn de Wari em tests de Puencia senda, na provinidade de lees expenses 110 Comesponde as reas 22, 37, 39 e 40 de Brodmann e constitu’ o componente léxico-seméntico da linguagem. Heé autores que postulam uma or ganizapéio hierdrquica dorso-ventral do lobo temporal, no processamento da fale ‘Segundo este modelo, ainformagio segue de cima pera baixo, das regides relacionadas com a audio, na circunvolugo temporal superior (CTS) que respondem @ aspectos simples do sinal auditivo (cortex auditivo priméric), aos lébios do sulco temporal superior (STS) ¢ Face lateral da circunvolugéo temporal superior relacionados com feném nos auditivos mais complexos,e abaixo doSTS, na face létero-ventral do lobo temporal, as regides relacionadas com os processos lévico-semdnticos (fig.10). Fig10- Modelo hipottico dao gniapao Heerquca drso-enta do odo tempera ened, Segundo J. RBinder, recentes estudos de RMF emonstram que os processosléxico-seménticos envolvem ‘um mim ero de regidesno hemisfério dominante, localizados nos lobos TEMPORAL, PARIETAL ezegiéoPRE-FRON- TAL Nos testes de DECISAO SEMANTICA séo utilizados sistemas de ATENGAO, MEMORIA de trabalho (working ‘memory), processos SENSORIAIS e sistemas de resposta MOTORA. Sio hebitualmente utilizedos estimulos AUDITIVOS, que estimulem o cértex auctive Assim, of paradigmas seménticos recrutem sistemas auditivos,atencionais, dememéria de trabalho e deresposta motore, que podem induzir uma série de éreas de activagéo, pelo que devem ser utilizados paredigmas baseline de subtracgio, nas fases de repouso, para evater uma colorida @ confiisa activagio de multiples érees envolvidas ¢ evidenciar apenas aqueles a que se destinam na ealidade ot paredigmes Démonet, Price et al concluiram que num proceso seméntico e: implicadas pelo menos quetro éreas corticais distintas, no hemisfério esquerdo (figura 11) 1 -UmsREGIAO TEMPORAL POSTERO-VENTRAL que inclui parte dos gyri temporal médio (CTM), inferior (CT), fusiforme e parehipocampo 2-Ume grande regido PRE-FRONTAL, que inchui os ‘97 frontal superior, inferior, parte do gyrus frontal métioe do gyrus cingular enterior. 3-O GYRUSANGULARIS 4 — A regio PERL-ESPLENICA, incluindo 0 gyrus cinguler posterior e a porgéo ventral do pré-cineo Fig. - Modelo samara das areas implcaias wo processo semantic, Inchino o cortex vewroltal do lobo temporal © gras cugula 0 cortex sregontal. 0 segnento ata do gras capil ¢ 0 crix pareplenico, I1—-AREA DE DRONKER -Locelizadano gyrus pré- central de insula Gnsule anterior). Segundo Price, a insula anterior corresponderia @ vverdadeire localizacio da fungio que Broce descreveupara 0 gyrus frontal inferior. ‘Aslesbes da érea de Dronker estéo relacionadas com @ apraxia da fala, isto é, com aprogramagéo da musculature da fle para a produgio de sons na ordem correcta eno timing cossecto Os domntes com lesées especificas desta érea mantém ML NEUROANATOMIAFUNCIONAL. ‘uma boa percepso de linguegem, podem reconhecer € perceber sons falados, mas cometem erros articulatérios, que eles préprios reconhecem. Oserros axticulatérios sdo ligeiros, aproximando-se da palavra pretendida, eo contrério da apraxia oral, que consiste num defeito no planeamento ¢ execugéo de movimentos orais voluntérios com a musculatura laringea, feringea, dos Idbios e bochechas, embora estejam preservados os movimentos autométicos daqueles muisculos IV-FASCICULO ARQUEADO (Fascictdts arcuate) —Constitui um feixe de fibres que liga es reas de Wemicke ¢Broca, estendendo-se entre BA 22 e BA 44 (fig 12) s Fig12- Modelo de Wirnicte-Gaschvind rep exentmdo 0 creuito tptcaio no proceso derepeteao de pales ects A ett mais essa reece asco @gneaie, As lestes do fasciculo arqueado dio ume afasia de condupio, com éreas de Wemnicke e Brocaintactes, o doente consegue esticuler correctamente as palavras, compreende o que se Ihe diz mas é incapez de repetir uma palavra. Curiosamente a dificuldade de repetigéo ¢ maior para pelavras mais peqquenes, estando reletivam ente preservada @ capacidade de repeticlo de mim eros. 3-AUDICAO"* Intimemente ligado @ Linguagem funciona o Sistema Auktivo. Sao frequentes as estimulagdes audlitives nos paradigmas sonoros uilizedos pare o estudo da linguagem oudameméria, Osneurénios provenientes do ganglio espiralda céclea integram onervo vestihula-coclear (o VIII nervo creniend). Este nervo atravessa a cisterna ponto-cerebelo: newnios sensoriais primérios terminem nos JORGE RESENDE PEREIRA etal cocleares ventral (beixes frequéncias) e dorsal (altes frequéncias), estando aqueles micleos localizados aonivel da jungo bulbe-protuberancial, ‘A maioria dos newronios auditives secundérios ascendem no lemnisce Iateral contralateral Asfibras provenientes do niicleo ventral que cram a linha médka, formam ocorpe trapezoide Algumasfibras que crwzam, sinapsam ne miclee olivar superior contralateral, antes de atingizem o lemnisco le- teral O lemnisco lateral ascende no tegumento ponto- mesencefélico, terminandono colicule inferior. Daqui, os axénios dirigem-se para o corpe geniculade medial do télemo. Estes newénios talémicos enviem os seus axénios, através da cépsula interna, terminando no gyrus temporal trensverso, onde ocorre a percepsio consciente do SOM (Ggual3) Fip13 —Actayao do crix andtiv primario, a face dorsal da crennoluao temporal sipai, com domindnca dn pois 0 peradigna conse na audgao bral de musica arin, do potodo aroco. O hemsfrio dominant, pra a musica 2 0 dato bependo a anssa eparoncia os Rolling Sones estinalem pefrencamete @ esque) Como seferimos ¢ frequente a estimulagio aucitiva quando se utilizem peradigmas sonoros nos estudos da Jinguagem ou damem dria, podendo ser subtraidos por uma estimulago sonora de baseline, nas fases de sepouso (por exemplo, discriminagéo de tons graves e agudos) No estudo da audisio pode ocorrer @ activagéo dos coliculos inferiores (figura 17) ¢ corpos geniculados mediais, ir O cértex auditivo primério (Al) localize-se na circunvolugéo temporal superior (érea 41 de Brodmens), adiente da érea de Wernicke Apesar da extensa conexdo entre as vias aferentes, @ moioria da actividatle neural que atinge o cértex aucitivo primério, origins-se noeuvide contralateral. Existe ums organizacio tonotépica do cértes aucktivo primério, sendo a representacéo tonotépica das baixes frequéncias leterel e rostral, no Al, ¢ @ representacéo das altas frequincias mediana e caudal (posterios) Se ume surdez pode resultar da ablaco bilateral do Al (por exemplo, mum caso de enfartes bilaterais das ertéries ela esté contudo mais frequentemente associada a lesto do ouvido Como cada um dos owvidos enviainform ages ao cartes hhomolateral ¢ ao cértex contralateral, a fungio aucitiva permenece mais preservadannas esdes corticais uniletereis, Assim, o défice prim rio resultente de uma perda unilateral de Al consiste frequentemente na impossibilidade de localizar aorigem de. som. No entento, a discriminagéo a sua frequéncia e intensidade mantém-se normais, Se mum individuo normal, submetido a estimulagéo moneural, hé uma activagéo cortical contr predominante, em relagéo eo ouvido estimulado, num doente com surdez unilateral, se estimulado 0 ouvido nor ‘mel, constate-se ume activacéo bilateral dos Al, masémuito menos acentuada a disparidade entre @ extenséo de activagéo contralateral vsipsleteral estudo por RMF com paradigmas auditivos, tem grande interesse em doentes candidatos e implantes cocleares ou sofrendo de tints. Os doentes que padecem de tinitus localizedos, quando submetidos a estimulagéo ‘bioural, demonstram uma assimetria de activacéo aonivel dos coliculos inferiores, de maior intensidade ipsilateral, a0 passo que os individuos normais, quando submetidos aidéntica estimulagdo, apresentam uma activagéo simétrice cerebrais médias ateral 4—VISAOE OCULOMOTRICIDADE"** Apresentamos agora a organizacéo gerel da via senso- tial, do télamo ao cértex, relacionada com a visto A vistio ¢ uma modalidade sensorial complexa que se civide num certomiimero de subfungdes ligadas detecgio da cor dos objectos, do seu contraste, da sua forma ou do seu movimento, néo esquecendo @ meméria visual, que séo tratadas por diferentes grupos de células do sistema ‘visual. Treta-se pois de um processo igualmente complex o, que toma consciente a percepgio visual, e em que estéo implicados como seferimosmultiplos componentes, sejaa forma dos objectos visualizados, a sua cor, o seu movimento, a orientagdo do mesmo, a sua localizaséo NEUROANATOMIAFUNCIONAL, espacil, as suas dimensies, a sus conceppio tridimen sional, enfim, toda ume multiplicidade de estimulos que corte mim campo visual O cértex visual primério (V1), correspond @ éreal7 de Brodmann (figure 14), locelizeda nos lébios da cisura calcesina, naface medial dolobo occipitel (céxtex estieds) OVI éum segregador de sinaisvisuaisno cérebro Inmano, encontrendo-se numa elagéo dinémica (eno estétice) com as diferentes éreas visuais, enviendo-Ihes miltiplos sinais. Fig 14 Bstinaloao visual bilateral, com exinlaptoBiateral do cortex estiado (VD) No cértex estindo hi diferentes dreas para ceda uma daqueles cerectristices que integram a visio, ist é, se 0 estimtlo for esttico predominantemente colorido, seté estimudada uma éree do V1, se se treter de um estimio dinimico, diferente serée éreaectiveda OVI, sree visual prim évie rea striate, a primeira a receberinformapio do ginglie geniculade lateral(GCL), Apresenta miltiplas conexdes com érees visusis circundantes, especializadas no provessamento de diferentes espécies de sinsis visusis ¢ que constituem 0 center visual de associag lo. A suarelagto com as iferentes reas visusis ¢ dinimice enfo unarelagdofixe, enviendo- Ihes sinsis segundo uma base de necessidades som entinees. A pattr do V1 hi cerca de chias dictas de diferentes fseas conticis, todas elas contribuindo para percepyio visual — constituem as dreas extra-estrindas ¢ «sua contribuigio ¢ papel desempenhado no processo da visio continue em vive e sberta discussio Hiéum esque actu, ainda que simplificado, segundo o qual existem dois grandes SISTEMAS CORTICAIS DE TRATAMENTO DAINFORMAG AO VISUAL Eatesfturos relacionados com o tretamento da informagéo visual tim 113 sido sobretudo estudadosno macaco, mas ecentes estudos com PET e RMF tém identificado éreas equivalentes no bomen. ‘Um ascendente, DORSAL, estende-se do V1 pera 0 lobo parietal, ¢ serve para a anélise do movimento. No processo da visio esta implicado o movimento, conforme so peradigmas as esculturas moveis de Alecandes Calder, ous pintura estétice de Giacomo Bella ("Dinamismo de um co”) que concretiza a tentative da expresséo visual do movimento, no cérebro. Outro, VENTRAL, disige-se eolobe temporal, servindo fundamentalmente pera 0 reconhecimento (forma) dos objectos. Neste sistema destaca-se o V4, que recebe feréncias do V1, apresentando seceptores maiares do que os do cértex estriado, apresentando células sensiveis & orientacio e células sensiveis cor. No sindrome de acromatop sia hé uma perda parcial ou totel da visto das cores, sem qualquer anomalia dos cones, na retina, Resulta de uma leséo occipite-temporal, sem atingmento do V1, do GGL ou da retina. Esté também associada a ume cesta falte de reconhecimento das formes dos abjectos. Hé uma outre rea, denomineda IT, por se situar no cérter infratemporal, ligads a meméria visual, Recentemente identificeda em estudos por RMF, uma pequena érea relecionada com a percepyéo das faces. Na Prosapognesia, sendo normal a viséo, hé ume dificuldede no reconhecimento das faces Um pouco entre estes dois sistemas, a drea VS — MI, assim designada por ter sido identificada, por alguns autores, em locelizagfo médio-temporal, mas segundo Fip15-Foco de actvagao no V5, nui por estos vsuaisdnanicos ‘Marianne Dieterich, no ramo ascendente do sulco tempo- salinferior (Figuca 15), cosesponderdnno cérebrobumano & primeira regio a responder aos padres de movimento ‘A dea V5 recebe conexées de outras éreas costicais, JORGE RESENDE PEREIRA etal segundo uma organizagéo retinotépice, designadamente do V1 (cemada IV B, sensivel aos estimulos lumninosos ¢ com grande selectividade de direc0). Os neuronios de area V5 so muito sensiveis eo Movimento e aDireceSo. Jé foram contudo identificadas areas sensiveis @0 movimentono cértexparietal. Recentes estudos por RMF identificaram multiples regides que pasticipam na percepsio do movimento, incluindo V5, 3A, cotter parietal insula posterior emesmo no cértex frontal ecértex ventral occipito-tempora. © envolvimento cortical no proceso da visto é complexo, nfo sendo sinda perfeitamente canhecidos os limites entre o ver e 0 "perceber” (0 que se v8) So ainda pouco esclarecidas asrelacdes entre oV1 20 V5, sabendo-se que nem toda a activacio do V5 produz sume activagdo peralele de V1, havendo assim umeselacéo VANS vasievel Em estudos realizedos com macacos, verificou-se que ha 4 - Impulsos que passam de V1 pera V5. ') - Projecgio de retomo de V5 pera V1 6) - Impulsos directos que reslizem by-pass de V1, pessando directamente do pulvinar ¢ coliculo supe- flor aV5. Quando se eplicam estimulos visuais, sobretudo se estes slo dinimicos e indwzem movimento, podem exigir movimentos oculares, lentos (de perseguigo) ourépidos (sacédicos), podendo ser activadas areas corticais relacionadas com 0 controle dos movimentos oculeres, designadamente os campos oculares frontais (éea 8 de Brodin rx) ou os campos eculares occipitais (éreas 17, 18 €19 deBrodmens), (ig 16). x Fig - 0s campos oeukres fonts ¢ occpitts reaconaios com a ochionatrcidade (Os-sistemas relacionados com a viséio/movimento siio independentes do sistema implicado nos movimentos coculares, de modo que alguns peredigmas que envolver 14 os dois sistemas podem activer éreas de dificil ciferenciagéo, sendo importante determinar qual o sistema activado ou que sistema foi inadvertidamente activado por deficiente controle dos estimulos. Entre os mais recentes estudos da visio por RMF, refere-se a estimulagio com diepositivos estaticos e videos com movimento, em criengas sofrendo de Leucomalécia Periventsicular (LPV), pare estudar a activago dos lobos occipitais, reslizendo-se ulterior DTI, para averiguar eventuais lesées das radiagdes éptices A estimulagéo visual pode activar para além do V1, reas do cértex de associagéo e 0 V5, podendo ocorser raramente activagio dos coliculos supesiores. Fig17- Actagao dos colenos infers, com paraiga 4 etapa andi. 5-MEMORIA} 4 Detodas as fungées que faldmos, aMEMORIA étalvez ameis complexe e a que se encontra em fase de mais acesa discusséo, Apenes nos limiteremos a fazer elgumas breves referéncias, no que respeita a uma area de investigagao em plena evolugéo e com eplicagées muito concretas, no que concerne ao estudo das deméncies e epilepsia, designadamente da esclerose mesial, sendo polémica a substituiso do teste de Wada pela RMF. Esto implicados neste processo os lobos temporais ¢ estruturas mesieis, os lobos frontais, mas também o diencéfalo, os lobos parietais e o cerebelo (figura 18). E complexo omapeamento cortical relativemente aos diversos tipos de meméria. 1 - Varios so os tipos de meméria, cujo proceso envolve diferentes etapas, como arecepeie de informasio, @ sua codificacio (orgenizagao e processamento da informagio recebida pelos orgios dos sentidos), armazenamento (através de um processo de consolidagio) Fig18- Nos paradignas de lnguagem ¢ menuria obtomse Pequeiemente a actvagao do cx ehelo (hemisfre cont alata ¢ recuperacio, ou seja, a recolhe e evocagio dos dados emazenados 2- Hé uma memséria sensorial, imedieta, em que nos chegem as informagbes através dos érgios dos sentidos, que se pode converter em meméria de trabalho, pasa & qual tém impoxténcia os obos frontais(cértexpré-frontal) mes também o cértex parietal, em que es informagies podem serretides por determinado periodo, mais oumenos custo. Estes informagées podem ser esquecidas ou ser crmezenadas mama meméria a longo praze, através de um sistema de consolidacio Tudo funciona como mum argpivo, em que sesecolhem as informagées, estas so codificadas, ermazenadas nes respectivas pastas ou gavetes, oncle se vio buscer através de um processo de recolha (recuperagia), conforme os nossos interesses 3 - A. meméria a Jonge praze pode ser explicita ou dechrativa Ex : Bagdad é acapttal do vague) ovimmp icita —procedimental Ex.: andar de biciclete ounadar—é uma forma de memérie que esta de eprendizagem sem esforso consciente) Por sua vez ameméria declarative pode-se dividir em meméria episédica Ex. factos:elacionadlos com anossa vida passede) ou semantica (conjunto de conhecimentos relacionados com o significado das palevras, dos objectos, de concepgées teéricas, etc) 4 — Esto implicados no processo de memérie as estruturas mesotemporais, designedamente micleos emigdalinos, hipocampos e perahipocempos, no processo de consolidacio das informacées e ermazenamento em meméria elongo prezo. Sabe-se que a memoria verbal (figura 19) © os peradigmas com elaselacionados activem preferencielmente 0 lobo temporal esquerdo. 115 NEUROANATOMIAFUNCIONAL, Fiq19- Co de actnapto do obo temporal exqurdo com peradigna de memoria vabal meta. Quanto @ memerie visual, se utilizermos estimulos concretos, observa-se ume activacio temporal bilateral. Em. caso de estimulos abstractos, @ activagdo ¢ predominante. mente diseita (fig 20). Fig Co de acto do lobo temporal exquardo com paratgma de ‘menuriavisual madam em doeatejovem com escla ose mesial dt ‘Ht pots wa lateral apoo da memoria visual ca atop ao sai epaaie a dren. Quando séo utilizedos paradigmas seménticos, as activagées so mais evidentes no lobo temporal esquerdo (Gixcunvolugdes média, inferior ¢ gyrus fusiforme) e no cortex pasieto-temporal posterior Oslobos frontais estio sobretudo relacionados com a meméria de trabalho, memérie episédice, procedimental e metameméria, que ¢ uma forma de reconhecimento que possuimos de nossa propria meméria e suas capacidades (€aque permite aos doentes queix arem-se dos seus deéfices mnésicos) JORGE RESENDE PEREIRA etal Em RMF hé ainda um longo caminho a percorrer na investigagio da Memoria, nas suas diferentes variantes, sobretudo no que respeita @ optimizagio dos diferentes paradigmes, para estudo dos diferentes tipos mnésicos e adequado mapeamento, 6—LEITURAE ESCRITA™* Comegémos a dar os primeiros passosno estudo destes fungGes, com peradigmas deleitura e escrita Naprimeira, a palavra escrita epresentada desencadeia um processamento ‘Visual (percepgéo da forme), que por sua vez determina um processo Ortegrifice (sistema que enalisa ainformaséo respeitante @ identificagio das letras e numa fase mais avangada forma das pelavras) que activa o sistema Léxico-semantice (o entendimento do significado das palavras), sendo entio possivel a expresso oral desses palavras através de um processo de Fonologia Lexical (que codifica os constituintes Fonémicos dotexto), que se segue da Assemb leia Fonolsgica e Execucie Fonolégica, com @ Anticulacio motora des palavraslidas erespectiva Geracio do(s) Son(s). Este é um modelo extrememente simplificado da Leitura, que envolve multiples fungies encefélicas, desde a visio élinguagem, sbrangendo éreas corticais camo opolo occipital, incluindo as éreasV1 eV2, a circunvolugéo frontal inferior, ecircunvolugao temporal superior, 0 gyrus angular, o gyrus supramarginal, 0 ébulo parietal inferior co cerebelo. ‘Segundo C. J. Price, no processo fonclégico parecem estar implicadas as areas BA 37 (cértex temporal inferior posterior esquerdo) e BA 45 (cértex frontal inferior esquertlc). No proceso seméntico de reconhecimento das palavras so recrutadas reas anteriores do cértex tempo- ral ventral esquerdo e do céstex parietal inferior na vizinhanga do gyrus angular. i, 2 — Acar Sopa equa em panda de 116 Finalmente, no proceso da Asticulagio slo activades areas de ambos os cértices sensorio- motores, télamo esquerdo e cerebelo. ‘Numa recente investigagio de um doente dextro, com epilepsia reflexa da escrite, ensaiémos um paradigma em que o doente, segurando um lépis, simuleva @ escrita de uma determinada frase, sem ver o que “escrevie”, na posigdo de decubito em que o exame é realizado e com 0 seu brago estendido e apoiado, para eviter artefactos de ‘movimento, obtendo-se uma extensa érea de activagio cortical fronto-parietal esquerda (figure21). AGRADECIMENTO Os autores agradecem a preciosa colaboragio prestada por Belina Nunes, Newrologista e Consultora Clinica do SMIC, bem como pela Joana Pais, Newopsicéloge, que dedicarem um extracrdinério apoio ao desenvolvimento da Ressonancia Megnética Funcional nesta instituisio, sobretudo no que respeita & optimizegéo dos paradigmas relacionados com o estudo da linguagem e da memérie, 0 que foi fundamental para a obtengio de éreas de boa activagio, permitindo assim a realizacio deste trabalho monogréfico ‘Agradecem igualmente a Mério Forjez Seca, distinto Fisico, que entre nos teve um papel primordial no arranque da RMF, pela ajuda concedide nas questées técnicas que a0 longo deste tempo se nos tém deparado. BIBLIOGRAFIA 1. 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