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Leia atentamente os dois textos a seguir para responder à questão.

Texto 1
Queixa de defunto

Ilustríssimo e Excelentíssimo Senhor Doutor Prefeito do Distrito Federal. Sou um pobre homem que em vida
nunca deu trabalho às autoridades públicas nem a elas fez reclamação alguma. Nunca exerci ou pretendi
exercer isso que se chama os direitos sagrados de cidadão. Nasci, vivi e morri modestamente, julgando
sempre que o meu único dever era ser lustrador de móveis e admitir que os outros os tivessem para eu lustrar
e eu não. /.../.
Toda a minha vida de privações e necessidades era guiada pela esperança de gozar depois de minha morte um
sossego, uma calma de vida que não sou capaz de descrever, mas que pressenti pelo pensamento, graças à
doutrinação das seções católicas dos jornais.
/.../ e esperava gozar da mais dúlcida paz depois de minha morte. Morri afinal um dia destes. Não descrevo as
cerimônias porque são muito conhecidas e os meus parentes e amigos deixaram-me sinceramente porque eu
não deixava dinheiro algum. É bom, meu caro Senhor Doutor Prefeito, viver na pobreza, mas muito melhor é
morrer nela. Não se levam para a cova maldições dos parentes e amigos deserdados; só carregamos
lamentações e bênçãos daqueles a quem não pagamos mais a casa.

Fonte: BARRETO, Lima. Queixa de defunto. In: SANTOS, Joaquim Ferreira dos (Org.). As cem melhores
crônicas brasileiras. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007, p. 34-35.

Texto 2
Óbito do Autor

Expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de
Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e
fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem
anúncios. Acresce que chovia – peneirava – uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste,
que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa idéia no discurso que proferiu à beira
de minha cova: “Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar
chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. tudo isso é a
dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre
finado.” Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que cheguei
à cláusula dos meus dias.

Fonte: MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Óbito do autor. In: ______. Memórias póstumas de Brás
Cubas.
13. ed. São Paulo: Ática, 1989, p. 13.

Quanto ao ponto de vista assumido por quem escreve a principal diferença entre os dois textos é

A) o primeiro é escrito por um personagem vivo; o segundo, por um morto.


B) o primeiro é escrito por um morto; o segundo, por um personagem vivo.
C) o primeiro é escrito por um pobre; o segundo, por um rico proprietário.
D) o primeiro é escrito por um rico proprietário; o segundo, por um pobre.

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