“Vinde vós a esta parte, no deserto, e descansai um pouco.” – Jesus de Nazareth
(Marcos 6:31)
A s tribulações da vida humana se multiplicam. Cada qual recolhe da
existência o cálice de dores que lhe compete sorver. A urgência do progresso espiritual assim o exige, já que ninguém deve estacionar indevidamente, sob pena de perder o trem da história. Ninguém, por mais brilhante se lhe afigure a posição terrestre, está isento da experiência da aflição. Sangue, suor e lágrimas é bem a legenda síntese das amarguras humanas. Um se vê diante da desencarnação inesperada de um ente querido. Outro defronta-se com a enfermidade incurável do corpo. Aquele sofre constrangimentos psíquicos levando-o a desequilibrar a mente. Mais um experimenta a privação de conforto, na prova da extrema pobreza. Uma irmã situa o coração solitário carregando talvez profundas desilusões amorosas. Outra ainda sente-se desamparada e incompreendida no seio da própria família. Aquela irmã vê-se repentinamente desprovida da segurança de um emprego digno, passando necessidades. Outro também experimenta o insucesso material, perdendo largas somas. Mais um vê-se de uma hora para outra incapacitado para seguir os estudos que tanto ama, premido a amparar a família que arrima a custa de sacrifícios. Tudo isto faz parte do quadro de lutas próprias ao ambiente das provas e expiações da vida terrestre. Resta-nos indagar no imo d’alma a razão dos nossos sofrimentos. No auge da angústia, não há outro apoio que não seja a nossa entrega à amorosa presença de Nosso Senhor Jesus Cristo. Conclamou-nos o Divino Amigo: “Vinde vós a esta parte, no deserto, e descansai um pouco!”. O caminheiro que já soube abrigar na própria alma a luz da fé superior, haverá de ouvir o misericordioso chamado de Jesus. Guardando serenidade inviolável no mundo íntimo, saberá, na hora da crise, refugiar-se numa outra parte apartada das lutas redentoras, a encontrar-se no deserto de si mesmo com a carinhosa bênção do Senhor. E na solitude mais íntima, encontrar-se- á com o Divino Amigo, consolando-se bem aventuradamente e descansando, por pouco, o coração em bendita paz de espírito.
Theophorus
(Mensagem psicografada por Geraldo Lemos Neto em reunião pública no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade na noite de seis de outubro de 2008.)