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A Abolição do Tráfico Negreiro

A pressão britânica na abolição do tráfico. Em meados do século XIX foi


extinto no Brasil o tráfico negreiro. A iniciativa não foi por vontade e decisão
do governo brasileiro, mas resultou da eficiente pressão britânica nesse
sentido. Várias razões explicam essa atitude do governo britânico. Em
primeiro lugar, a Revolução Industrial do século XVIII, na Inglaterra, que
generalizou o emprego do trabalho assalariado, pondo fim a toda forma
compulsória de exploração do trabalhador, tornou a sociedade sensível ao
apelo abolicionista.

De fato, para as sociedades européias do século XIX, que acompanhando o


exemplo britânico evoluíam no sentido do emprego generalizado do
trabalho livre assalariado, a escravidão, em contraste, começou a ser vista
em toda a sua desumanidade, criando bases para uma opinião abolicionista.
Evidentemente, os bons sentimentos por si sós eram insuficientes para
qualquer ação concreta contra a escravidão. Na verdade, o capitalismo
industrial é um sistema baseado no crescimento permanente, com abertura
de novos mercados. Ora, os escravos, por definição, não são consumidores
e, portanto, as sociedades escravistas representavam sérios bloqueios
àquela expansão.

Os acordos para a extinção do tráfico. Tendo abolido o tráfico em suas


colônias em 1807 e a escravatura em 1833, a Inglaterra passou a exigir o
mesmo do Brasil, a partir dos tratados de 1810. Pelo tratado de 23 de
janeiro de 1815, assinado em Viena, estabeleceu-se a proibição do tráfico
acima da linha equatorial, o que atingiu importantes centros fornecedores
de escravos, como São Jorge da Mina. Em 18 de julho de 1817, os governos
luso-brasileiro e inglês decidiram atuar conjuntamente na repressão ao
tráfico ilícito, inspecionando navios em alto mar. Para efeitos práticos,
contudo, apenas a Inglaterra possuía recursos para isso.

Após 1822, a Inglaterra estabeleceu o fim do tráfico negreiro como uma das
exigências para o reconhecimento da emancipação do Brasil. Assim, o
tratado de 3 de novembro de 1826 fixou o prazo de três anos para a sua
completa extinção. O tráfico passou a ser considerado, a partir de então, ato
de pirataria, sujeito às punições previstas no tratado. Finalmente, a 7 de
novembro de 1831 - com atraso de dois anos em relação ao estipulado pelo
tratado de 1826 -, uma lei formalizou esse compromisso.

As resistências do Brasil. Apesar das crescentes pressões britânicas, o


tráfico continuou impune no Brasil. E a razão era simples: toda a economia
brasileira, desde a época colonial, estava assentada no trabalho escravo.
Em tal circunstância, a abolição do tráfico criaria enormes dificuldades à
economia, comprometendo as suas bases produtivas.

Ademais, desde a abdicação de D. Pedro I em 1831, os senhores rurais


haviam se apropriado do poder político, o que fortalecera
consideravelmente a sua posição na sociedade. Por isso, nenhum dos
acordos assinados com a Inglaterra foi cumprido, de modo que o tráfico
continuou com o consentimento tácito das autoridades.

A Inglaterra, por sua vez, esforçou-se para fazer cumprir os termos dos
tratados, de modo unilateral. E o fez em meio a dificuldades, pois os
traficantes, cercados em alto mar, atiravam os negros ao oceano, atados a
uma pedra que os impedia de vir à tona. Além disso, o tráfico, ao invés de
se extinguir, continuou a crescer incessantemente.

Bill Aberdeen. A passividade do governo brasileiro ante o tráfico e, portanto,


o nãocumprimento dos compromissos assumidos através de vários tratados
fez a Inglaterra tomar uma atitude extrema. Em 8 de agosto de 1845, o
Parlamento britânico aprovou uma lei, chamada Bill Aberdeen, conferindo à
Marinha o direito de aprisionar qualquer navio negreiro e fazer os
traficantes responderem diante do almirantado ou de qualquer tribunal do
vice-almirantado dos domínios britânicos.

A repressão ao tráfico foi assim intensificada, e os navios britânicos


chegaram a apreender navios em águas territoriais brasileiras, até mesmo
entrando em seus portos.

A lei Eusébio de Queirós (1850). Em março de 1850, o todo-poderoso


primeiro-ministro Gladstone obrigou o Brasil ao cumprimento dos tratados,
ameaçando-o com uma guerra de extermínio. O governo brasileiro
finalmente se curvou ante as exigências britânicas e em 4 de setembro de
1850 promulgou a lei de extinção do tráfico pelo ministro Eusébio de
Queirós. A tabela abaixo mostra os efeitos imediatos da medida.

Conseqüências da extinção do tráfico. A lei Eusébio de Queirós, que pôs fim


ao tráfico negreiro de forma súbita, como se verifica na tabela, liberou uma
soma considerável de capital, que passou a ser aplicado em outros setores
da economia. As atividades comerciais, financeiras e industriais receberam
um grande estímulo.

Em 1854 começou a funcionar a primeira estrada de ferro brasileira, de


Mauá a Fragoso (futura Leopoldina Rafways); em 1855, iniciou-se a
construção da estrada de ferro D. Pedro II (futura Central do Brasil); o
telégrafo apareceu em 1852. Enfim, um novo horizonte se descortinou.
Com a abolição do tráfico, os dias da escravidão no Brasil estavam contados
e, portanto, os dias de existência do Império, cuja riqueza baseava-se
fundamentalmente no fruto do trabalho escravo, também estaria no fim.
Basta que nos lembremos que a escravidão foi abolida em 1888 e o Império
caiu já no ano seguinte, em 1889.

Bibliografia:
História do Brasil - Luiz Koshiba - Editora Atual
História do Brasil - Bóris Fausto - EDUSP

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