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Texto 8 David Hume

A identidade do eu incognoscvel

Eu percebo-me a perceber qualquer coisa, mas jamais me percebo a mim mesmo durante o ato de perceber qualquer coisa, isto garante que aquilo que sou o eu incognoscvel, diznos Hume. Hume empirista: o conhecimento provm da experincia. Uma ideia deriva necessariamente de uma impresso (de uma sensao, de um sentimento que lhe d o seu contedo). Nenhuma experincia valida a ideia de uma unidade do eu. Eu no tenho nenhuma impresso de unidade, nem nenhuma identidade de um mesmo eu.

H alguns filsofos que imaginam que a todo o momento temos conscincia ntima do que chamamos o nosso eu; que sentimos a sua existncia e a sua continuidade na existncia; e que estamos certos, para alm da evidncia de uma demostrao, da sua identidade e simplicidade perfeitas. A sensao mais forte e a paixo mais violenta, dizem eles, em vez de nos distrarem dessa viso apenas a fixam mais intensamente e fazem-nos considerar a sua influncia sobre o eu pela sua dor ou pelo seu prazer. Tentar fornecer uma prova mais completa disto seria enfraquecer-lhe a evidncia, uma vez que nenhuma prova pode ser derivada de um facto do qual estamos intimamente cnscios; e no h nada de que possamos estar certos se duvidarmos deste facto. Infelizmente todas estas afirmaes positivas so contrrias a essa mesma experincia que se invoca em seu favor; e no temos nenhuma ideia do eu da maneira que est aqui explicada. Com efeito, de que impresso poderia derivar esta ideia? impossvel responder a esta pergunta sem manifesto absurdo e contradio; e contudo uma pergunta a que necessariamente h que responder, se quisermos que a ideia do eu passe por clara e inteligvel. Deve haver uma impresso que d origem a toda a ideia real. Mas o eu ou pessoa no uma impresso, mas aquilo a que se supe que as nossas vrias impresses tm referncia. Se alguma impresso gerir a ideia do eu, essa impresso deve permanecer invariavelmente a mesma em todo o curso da nossa existncia, uma vez que se supe que o eu existe dessa maneira. Ora no h impresso constante e invarivel. A dor e o prazer, a tristeza e a alegria, as paixes e sensaes sucedem-se umas s outras e nunca existem todas ao mesmo tempo. No pode portanto ser de nenhuma destas impresses nem de qualquer outra, que a ideia do eu derivada, portanto tal ideia no existe.

HUME, David. Tratado da Natureza Humana

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