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1) O réu é acusado de homicídio doloso por ter causado um acidente de trânsito que resultou na morte de uma pessoa.
2) O documento alega que o réu não cometeu o crime, uma vez que estava trabalhando no momento do acidente e não há provas de que ele foi o autor.
3) Também alega que não houve dolo, mas culpa concorrente, uma vez que o condutor da motocicleta também foi imprudente e contribuiu para o acidente.
Descrizione originale:
Titolo originale
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SANTA MARIA
1) O réu é acusado de homicídio doloso por ter causado um acidente de trânsito que resultou na morte de uma pessoa.
2) O documento alega que o réu não cometeu o crime, uma vez que estava trabalhando no momento do acidente e não há provas de que ele foi o autor.
3) Também alega que não houve dolo, mas culpa concorrente, uma vez que o condutor da motocicleta também foi imprudente e contribuiu para o acidente.
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1) O réu é acusado de homicídio doloso por ter causado um acidente de trânsito que resultou na morte de uma pessoa.
2) O documento alega que o réu não cometeu o crime, uma vez que estava trabalhando no momento do acidente e não há provas de que ele foi o autor.
3) Também alega que não houve dolo, mas culpa concorrente, uma vez que o condutor da motocicleta também foi imprudente e contribuiu para o acidente.
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qualificado nos autos do presente processo crime que lhe move o Órgão de Execução do Ministério Público, vem, através de seu advogado, in fine assinados, com fulcro no artigo 406 do Diploma Processual Penal Brasileiro, apresentar, em forma de memoriais, as pertinentes ALEGAÇÕES FINAIS, o que faz mediante os termos infra aduzidos:
1- BREVE RELATO DOS FATOS:
Consta na exordial acusatória do processo em epígrafe que o
Réu, no dia 10 de setembro de 2005, matou Michele da Silva Jardim, em decorrência de acidente de trânsito, colisão entre o automóvel do Réu e a motocicleta de Bruno Montanaro, noivo da vítima, acidente esse que teria ocorrido na esquina das ruas Rio Branco e São Paulo, no Parque Pinheiro Machado, nesta cidade, por volta das 00h40min. Com base em depoimentos de supostas testemunhas presenciais do fato e das igualmente supostas latas de cerveja “encontradas” no veículo do Réu o Ministério Público, na sua deveras importante função de fazer justiça, denunciou o mesmo por incurso nas sanções do art. 121, ‘caput’, C./C. art. 18, inciso I, ‘in fine’, do CP, a saber, homicídio doloso na modalidade dolo eventual, que como todo crime doloso contra a vida, devido à importância do bem jurídico tutelado, é de competência do Tribunal do Júri. 2- DA AUTORIA:
O Réu não cometeu o crime a ele imputado, porque estava
trabalhando até o momento do acidente. Não restando indícios de que o Réu tenha sido autor do crime em voga, não há guaridas para a pronúncia.
3- DO DOLO:
A acusação classificou a conduta como dolo eventual, com
base na suposta imprudência e improvável embriaguez do Réu que, segundo tal tese, assumiu o risco de produzir o resultado danoso, ou seja, a morte. A seguir se contradita tais teses: 3.1 - Culpa Concorrente: Sobre a alegação de que o Réu tenha sido imprudente ao não obedecer a sinalização “PARE” no local do acidente; havia, na Rua São Pedro, um muro avançado sobre a calçada e um pé de pitangueira que impossibilitavam a visão de tal placa no sentido em que vinha o Réu, segundo depoimento do morador dessa esquina João V. C. Silva, fl. 143. Este argumento, portanto, resta infundado. Foi a motocicleta que bateu no carro, pois como demonstrado nos autos e em depoimentos de testemunhas, o veículo do Réu ficou parado no meio da faixa como se fosse voltar ao centro (fl. 144), e não atravessara Rua Rio Branco como alega a acusação. Outro fato relevante para a ocorrência do acidente é a evidente falta de experiência do condutor da motocicleta, que tinha habilitação a pouco mais de um ano, na data do fato, e ao que tudo indica trafegava com o farol apagado, fator preponderante no sinistro, pois a visão do Réu ,que já estava prejudicada pelo muro e árvore supracitados, ficaria, assim, totalmente impossibilitada. Em vários depoimentos ficou verificado que o condutor da motocicleta disse, enquanto estava no PA, a seguinte frase: “pensei que ia dar tempo de passar por trás do Gol”, fl. 59. Tal frase demonstra novamente inexperiência, imperícia, do mesmo, pois um erro banal de cálculo acabou custando a vida da vítima. Ao ver o Gol, o condutor da motocicleta, que estava em alta velocidade (negligência), apenas buzinou, não diminuindo a velocidade, o que impediu o Réu de desviar. Resta demonstrada no mínimo a imperícia e negligência do condutor da motocicleta. Na pior das hipóteses, o acidente é resultado de duas condutas culposas, não só o réu agiu com imprudência como também o condutor da motocicleta. Logo neste caso houve no mínimo culpa concorrente no sinistro. (frise-se no mínimo, pois se pretende provar que a conduta do Réu não é nem culposa) Quanto a culpa do Réu, ao contrário do que diz a acusação, ele olhou para a esquerda para ver se vinha algum veículo, diz em seu depoimento diversas vezes não ter avistado a motocicleta provavelmente pelos obstáculos já citados, estava na velocidade normal da via, ou seja, tomou as devidas cautelas, atinentes ao Homo Medius, a fim de evitar acidentes. As alegações referentes a embriaguez do Réu serão analisadas a seguir.
3.2 – Sobre a embriagez:
Quanto a embriaguez, trata-se de outra alegação infundada, pois é cediço nos autos que o Réu é uma boa pessoa, fl. 152, e que não era seu costume beber em excesso. Há depoimentos nos autos que confirmam que o Réu não estava alcoolizado, como o de Valter Gusmão, fl. 60, o de Jandir Brand , fl.225, que no dia do fato “tomou chimarrão e jantou com o réu, sem consumir nenhuma bebida alcoólica”, e principalmente o de Bruno Ribeiro, fl. 152, que afirma que esteve com o Réu cerca de uma hora antes do ocorrido e que este não estava embriagado e estava indo resolver assuntos com Fabiano Negrini referentes a seu emprego com seguros. Como a casa de Fabiano Negrini, que também atestou que Marcos estava sóbrio quando falou com ele cerca de meia hora antes do acontecido, era distante fica impossível que ele estivesse embriagado no momento do acidente. O fato de algumas pessoas acharem que ele estava bêbado trata-se de um equívoco como será demonstrado a seguir. O fato de o Réu falar de maneira enrolada, arrastada e lenta, foi utilizado, erroneamente, pela acusação, como forma de demonstrara suposta embriaguez do mesmo. Na verdade tal jeito de falar, segundo depoimento pessoas próximas ao Réu, se trata de um cacoete do mesmo e que se asseverava quando ele ficava nervoso (fl. 76 e 151, p.ex.), como após o acidente e durante seus depoimentos e interrogatório. É normal ele demorar alguns minutos para responder uma pergunta. Já a tontura relatada pelos policiais várias vezes nos autos foi causada pela própria batida que deixou o Réu um tanto quanto “grogue”, como é comum neste tipo de acidente. Outro argumento da acusação para provar a suposta embriaguez do Réu foi sua recusa em fazer o teste do bafômetro, argumento este que, igualmente aos outros, cai por terra, pois ele não fez tal exame, como ele mesmo diz, “por birra”, por causa da maneira grosseira e de má-fé que foi tratado pelos policiais, como demonstrado a seguir. Mas principal “prova” da embriaguez do Réu, segundo a acusação, seria as duas latas de cerveja encontradas no veículo do mesmo por um policial. Resta evidenciado através de vários depoimentos nos autos que tais latas de cerveja foram encontradas no lixo e “plantadas” no carro do Réu por um dos policiais que estavam na ocorrência. Extrai-se do depoimento de Jandir Brand : “um PM recolheu duas latas de cerveja vazias que estavam juntos de um poste de iluminação e disse ‘aqui está a prova do crime’ e colocou estas latas dentro do veículo de Marcos”. Para corroborar esta tese de que os policiais estavam agindo de má-fé, vários depoentes afirmaram que os policiais agiram de maneira grosseira, fl. 149. p.ex., e destrataram o Réu por diversas vezes, tratando-o como marginal. Foram estúpidos inclusive com Eloi Iregaray que foi ajudar seu amigo Marcos no PA, e por motivos desconhecidos foi chamado de bêbado e acusado de se passar por advogado do Réu, pois Eloi se identificou como estudante de Direito, e de atrapalhar a investigação policial, o que por óbvio não ocorreu, fl. 149/150. Quanto ao odor de cerveja do Réu, este só foi relatado pelos policiais, depoimentos estes um tanto quanto duvidosos, como já foi demonstrado, estes não procederam da forma mais correta, pois a todo tempo destrataram o Réu. Logo tal afirmação deve ser desconsiderada por não encontrar guaridas no mundo fático, por ter sido visto apenas a quem interessa a condenação do Réu, seja pelo excesso de trabalho ou por qualquer outro motivo injustificado. Como se vê não encontra amparo a tese da acusação de que o Réu estava ébrio, pois tal tese está embasada no jeito de falar do Réu, na recusa deste em fazer o teste do bafômetro, no odor de cerveja do mesmo e nas latas de cerveja encontradas em seu carro, argumentos estes já esclarecidos quanto a sua realidade.
Concluímos, então, que houve culpa concorrente no sinistro e
que o Réu não estava embriagado quando do acontecimento do mesmo. Caindo por terra a tese da acusação de que o Réu tenha agido com dolo eventual. 4- DO PEDIDO:
Isto posto, requer:
Que seja decretada, com fulcro no artigo 409 do Diploma Processual Penal Brasileiro, a IMPRONÚNCIA do acusado MARCOS ANTÔNIO PASA, dando-se por IMPROCEDENTE a Denúncia, em razão da inexistência de suporte probatório mínimo a indicar a autoria do crime imputado. Caso V. Exa. não entenda desta maneira, que seja DESCLASSIFICADO o crime pela ausência de conduta dolosa, conforme o artigo 419 do CPP.