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NARRATOLOGIA

Gerard Prince

Tradução de José Fernandes da Silva


(Goiânia, Brasil)

A narratologia é uma teoria da narrativa. Ela examina não apenas o


que as narrativas, e somente as narrativas, têm em comum, mas
também o que as diferencia umas das outras enquanto narrativas; e
procura descrever os sistemas específicos de regras que presidem a
produção e o processamento narrativos. O termo “narratologia” é
uma tradução do termo francês narratologie – introduzido por
Tzvetan Todorov em Grammaire du Décaméron (1969) – e a teoria
insere-se historicamente na tradição do Formalismo Russo e do
Estruturalismo Francês. A narratologia exemplifica a tendência
estruturalista para considerar os textos (no sentido amplo do termo)
como maneiras regro-governadas com que os seres humanos (re)
modelam seus universos. Ela exemplifica, portanto, a ambição
estruturalista de isolar as necessárias e opcionais componentes de
tipos textuais e caracterizar o modo de suas articulações. Como tal,
ela constitui um subconjunto da semiótica, o estudo dos fatores
operativos nos sistemas e práticas significativas.

Um importante ponto de partida no desenvolvimento da


narratologia é a observação de que existem narrativas e estórias
contadas numa variedade de meios: linguagens oral e escrita (em
prosa ou em verso), evidentemente, mas também linguagens
imagéticas, figuras estáticas ou animadas (como em narrativas
pictóricas, vitrais icônicos ou filmes), música (programada), ou uma
combinação de veículos (como nas estórias em quadrinhos). Além
disso, uma narrativa oral pode ser transposta para um balé, uma
estória em quadrinhos, convertida numa pantomima, e um romance,
reproduzido na tela, e vice-versa. Tudo isso significa que a narrativa
ou, mais especificamente, a componente narrativa de uma narrativa,
pode ou deveria ser estudada sem referência ao meio através do
qual ela se apresenta.

Agora, com a ajuda de determinado meio – suponhamos, o do


idioma escrito – um dado conjunto de eventos pode ser apresentado
de diferentes modos, na ordem de sua (suposta) ocorrência, por
exemplo, ou numa ordem diferente. O narratologista deve poder
então examinar o narrado, a estória apresentada, independentemente
não só do meio usado mas também da narração, do discurso, do
modo pelo qual o meio é usado para apresentar o quê. Na
Grammaire du Décaméron, Todorov não elimina explicitamente o
estudo da narração da "ciência da narrativa" por ele visada; mas o
seu exame dos contos de Giovanni Boccaccio focaliza o narrado, e
a sua meta é desenvolver uma gramática para dar conta disso.
Similarmente, a maior parte da influente "Introdução à Análise
Estrutural de Narrativa", de Roland Barthes, é devotada antes à
estória que à estrutura discursiva.

Concentrando em o que, em vez de em como, Barthes e Todorov


estavam seguindo um caminho tomado por Claude Lévi-Strauss e
Vladimir Propp. Lévi-Strauss havia caracterizado a lógica do mito
focalizando a estrutura semântica: em Antropologia Estrutural, ele
afirmou que o mito sempre envolve a transformação de um
conjunto de oposições semânticas num outro conjunto, menos
radical, através de uma mediação ou umas séries de mediações. Em
A Morfologia do Conto Folclórico, que tem mostrado ser a
possivelmente mais fértil contribuição moderna sobre a estrutura da
fábula (“story”), Propp desconsiderou a narração nos contos de
fadas russos e os descreveu nos termos das partes componentes do
narrado. Propp desenvolveu a noção de função ou categoria de
ações consideradas do ponto de vista de seus significados básicos
no conto em que eles aparecem; isolou 31 funções, que constituem
os elementos fundamentais dos contos (russos) de fadas; e sustentou
que nenhuma função exclui qualquer outra e que muitas delas, no
entanto, ao aparecerem num mesmo conto, aparecem sempre na
mesma ordem; e argumentou que os contos – e talvez todas as
estórias – sempre contêm a função de uma falta ou vilania da qual
decorre sempre uma outra função usada como desnudamento (por
exemplo, liquidação da falta ou vilania, salvamento, ou casamento).
Propp isolou também sete papéis básicos assumidos por
personagens nos contos (de fadas), sete dramatis personae,
Correspondendo cada uma delas a uma esfera particular de ação ou
conjunto de funções: o herói (perseguidor ou vítima), o vilão, a
princesa (objeto da busca) e o pai dela; o mensageiro, o doador, o
aliado (ou ajudante) e o falso herói. O mesmo personagem pode
desempenhar mais de um papel, e o mesmo papel pode ser
desempenhado por mais de um personagem.

Muitos narratoligistas, além de Barthes e Todorov, na tentativa de


dar conta da especificidade da narrativa focalizando o narrado,
inspiraram-se em Propp (e, em menor grau, em Lévi-Strauss). Em
Logique du récit, Claude Bremond definiu a seqüência narrativa
elementar como uma série de três funções, que correspondem às
três fases básicas no desdobramento de qualquer processo:
virtualidade (uma situação que abre uma possibilidade); atualização
ou não-atualização da possibilidade; realização ou não-realização.
Além disso, Bremond desenvolveu uma tipologia complicada de
papéis, baseados em uma distinção fundamental entre pacientes
(afetados pelo processo e constituindo vítimas ou beneficiários) e
agentes (iniciando o processo e influenciando os pacientes,
modificando suas situações ou mantendo-as). Similarmente,
Algirdas Julien Greimas refinou a noção de Propp de dramatis
personae e chegou a um modelo "actantial", compreendendo
originalmente seis "actantes", que têm sido muito influenciáveis: o
Sujeito (em busca do Objeto), o Objeto (buscado pelo Sujeito), o
Remetente (do Sujeito em busca do Objeto), o Receptor (do Objeto
ser a ser resgatado pelo Sujeito), o Auxiliar (do sujeito), e o
Oponente (do Sujeito). De acordo com Greimas, a narrativa é um
todo significativo porque pode ser apreendido nos termos da
estrutura de relações entre os actantes. De um modo geral, com base
em Propp e Lévi-Strauss, Greimas afirma que (canonicamente) a
narrativa é organizada em conformidade com um esquema em
relação ao qual, depois que uma dada ordem de coisas é perturbada,
um contrato é estabelecido entre o Emissor e o Sujeito, para fazer
surgir uma nova ordem ou restabelecer a antiga ordem; o sujeito,
que se tornou competente ao longo dos eixos do desejo, da
obrigação, do conhecimento e da habilidade, realiza uma busca e,
como resultado de (três) provas básicas, cumpre ou não cumpre a
sua parte no contrato e é (justamente) recompensado ou
(injustamente) castigado.

Embora muitos dos antigos trabalhos sobre narratologia tenham


sido centrados no narrado e caracterizado a narrativa nestes termos,
alguns narratoligistas consideraram a narrativa como sendo
essencialmente um modo (verbal) de representação – o reconto dos
eventos por um narrador, em vez do encadeamento deles numa cena
– e definiram o estudo dos discursos narrativos como o seu
objetivo, em vez de o estudo da estória. Eles tiveram ao lado a
tradição. Ademais, poderiam argumentar que, focalizando na
estrutura do narrado, a consideração de que um mesmo conjunto de
eventos pode ser recontado de vários e diferentes modos, resultaria
em fracasso. Finalmente, na busca de seus objetivos, eles poderiam
tirar proveito do trabalho extenso em narração literária e em tópicos
como distância ou ponto de vista, que os críticos anglo-saxônicos
(de Henry James a Wayne C. Booth), academicistas germânicos
(como Eberhard Lämmert, Günther Müler, Franz Stanzel) e o
formalismo russo tinham executado. Gérard Genette é talvez o
representante mais eminente desta tendência narratológica. Em
Discurso de Narrativa e Discurso Narrativo Revisitado, ele analisou
as relações temporais que se podem obter entre o texto narrativo e a
história que ele reconta, os fatores regulando a informação narrativa
e a instância narrativa (o ato narrativo produzindo-se e se
inscrevendo no texto e a situação em que ele ocorre).

Definindo a narrativa por seu modo de apresentação (e insistindo no


papel de um narrador), em vez de defini-la por seu objeto (eventos),
conduz-se a uma negligência das estórias sem narradores. Além
disso, desconsidera o fato de que a estória também assinala a
existência da narrativa qualquer que ela seja – sem uma estória não
pode haver nenhuma narrativa. Diversos narratoligistas consideram
ambos o aspectos considerados e suas apresentações como
pertinentes à exploração de suas possibilidades. Mieke Bal,
Seymour Chatman, Michel Mathieu-Colas e Gerald Prince, por
exemplo, têm tentado integrar o estudo de o quê e de como; e o
mais recente modelo narrativo de Greimas abre espaço tanto para a
estória quanto para o discurso. Esta narratologia "generalizada" ou
“misturada” pode ser vista como correspondente à “ciência” que
Roland Barthes evocou em sua “Introdução” e à prática manifestada
em outros artigos, destacando o bem-conhecido número de
Comunicações de 1966, devotados à narrativa. Também pode ser
dito que conforma presente escopo da atividade de narratológica.

É talvez a área do discurso narrativo que os narratoligistas


exploraram mais exaustivamente. Genette, Todorov (em Introdução
à Poética), Bal, Chatman, Dorrit Cohn, Shlomith Rimmon-Kenan, e
outros, descreveram os tipos de ordem que um texto narrativo pode
seguir, as várias velocidades podem adotar (elipse, sumário, cena,
retardamento, pausa), os tipos de focalização e detalhando de
eventos que pode caracterizar, as relações que podem obter entre a
duração do tempo em que um evento suceder e a duração do tempo
em que ele é narrado (elíptico, singulativo, iterativo, ou repetitivo),
os modos básicos de descrever os pensamentos e as expressões
vocais dos personagens, e as possíveis ligações entre narradores,
atos de narração, os narratários e eventos narrados.

A investigação da estrutura da estória rendeu também resultados


notáveis. Os narratoligistas examinaram as componentes mínimas
do narrado (ações e acontecimentos, situações e processos) e, e
seguindo a perspicácia dos Formalistas russos, distinguiram aquelas
componentes que são essenciais à coerência causal-cronológica da
estória daquelas componentes que não o são. Estudaram as ligações
(temporal, espacial, lógica, funcional, transformacional) entre as
componentes mínimas, e chamaram a atenção para a falácia post
hoc, ergo prpptor hoc, como um poderoso motor da narratividade.
Demonstraram também que as seqüências narrativas podem ser
consideradas como constituídas de uma série de constituintes
mínimas, das quais a última, na cadeia temporal, é uma (parcial)
repetição ou transformação da primeira; e já provaram que sempre
as seqüências mais complexas podem ser vistas como resultado da
conjunção de duas seqüências simples, a partir da alternância de
unidades numa sucessão com unidades numa outra, ou de uma
ordenada destes modos de combinação.
Por outro lado, além de mostrar que as ações e os processos podem
agrupar-se em determinadas classes (funcionais) e que nelas os
participantes podem ser categorizados de acordo com papéis
fundamentais, eles exploraram as técnicas através das quais os
caracteres são estabelecidos e descritos (Chatman, Hamon).
Finalmente, eles analisaram como uma estória pode ser
caracterizada semanticamente como um mundo constituindo-se de
domínios (conjuntos de movimentos ou ações pertencentes a um
dado personagem, chamado de um problema, e representando um
esforço em busca de uma solução), cada um dos quais é governado
por um constrangimento modal (ético, epistêmico, axiológico ou
de) que determina o que “acontece” (Pavel).

Como para a integração do estudo da estória e o estudo de discurso,


seguem geralmente a direção indicada pelos trabalhos dos
Formalistas Russos no tocante às relações entre fabula ("basic story
material") e enredo ("plot") e, ao mesmo tempo, adotam uma forma
gramatical (Príncipe, Narratology): se os lingüistas almejavam
instituir gramática da língua, os narratologistas desejam instituir
uma gramática da narrativa.

Por último, uma tal gramática poderia consistir nas seguinte quatro
partes interrelacionadas: uma componente sintática, por meio da
qual um número finito de regras geram as macro e microestruturas
de todas as estórias, e somente delas; uma componente semântica
interpretando estas estruturas, caracterizando tanto caracterizando o
conteúdo narrativo tanto da macroestrutura global quanto das
microestruturas parciais; uma componente "discursiva" por meio da
qual um número finito de regras opera sobre as estruturas
interpretadas e responde pelo discurso narrativo (ordem de
apresentação, aceleração, mediação narratológica etc.); e uma
componente pragmática especificando os fatores cognitivos e
comunicativos básicos afetando a manifestação, o processamento e
a narratividade do que se passa nas três primeiras partes. Estas
componentes, que constituem a própria gramática narrativa,
articular-se com uma componente permitindo a tradução dos dados
gramaticais provindos de um determinado médio (digamos, o inglês
escrito).
Das críticas dirigidas contra a narratologia e suas posições,
reivindicações e ambições, pelo menos quatro merecem a atenção.
Discute-se, às vezes, que os modelos narratológicos são redutores e
que não podem capturar muitos aspectos (importantes) dos textos
narrativos. Mas talvez esta carga excessivamente geral de
reducionismo não toma em consideração o fato de a narratologia
esforça-se para explicar todas as narrativas, e somente as narrativas,
até onde elas sejam narrativas: os narratologistas sempre deixaram
claro o fato de há muitos elementos que não são narrativos num
texto narrativo (por exemplo, atos patéticos, forças filosóficas,
penetrações psicológicas).

Argumenta-se mais incisivamente que modelos narratológicos são


também estáticos e incapazes de caracterizar o próprio motor que
conduz uma narrativa à frente rumo ao seu desenlace, com a mesma
dinâmica que dita a sua forma. É de fato verdade que as análises do
mito de Lévi-Strauss ignoraram completamente a dimensão
sintática, que o seminal modelo propiano, com sua ordem fixa de
funções, era estático, e que as gramáticas da narrativa
freqüentemente concentraram-se no isolamento das unidades
mínimas da estória em vez de capturar o dinamismo de sua
configuração. Por outro lado, deve ser notado que o Lévi-Strauss
nunca foi, nem já reivindicou ser, um narratologista, que Bremond
criticou anteriormente os aspectos estáticos da Morfologia de
Propp, e que seu próprio modelo do narrado enfatizou a lógica
progressiva das estórias. Além disso, tentativas recentes de
descrever a estrutura da estória estiveram explicitamente
preocupadas com sua dimensão dinâmica. A gramática do enredo de
Thomas Pavel, por exemplo, sublinha a primazia da ação e da
transformação e esquematiza o sistema de forças, tensões e
resistências de que enredo se constitui. Similarmente, Marie-Laure
Ryan desenvolveu um modelo inspirado na inteligência artificial
que obtém seus potenciais devido aos momentos de suspense e
surpresas, avanços e retardamentos, obscuridade e iluminação –
para o movimento emblemático de complicação do enredo.
Argumenta-se também que a narratologia negligencia o contexto
em que as narrativas acontecem, a situação que determina
parcialmente sua forma e contribui para os seus objetivos, os fatores
pragmáticos que governam parcialmente seu funcionamento.
Esta crítica não é injustificada. A submissão da narratologia às
estratégias importadas da lingüística estrutural ou transformacional,
a preocupação em capturar a especificidade da narrativa (um poema
lírico, um silogismo ou um ensaio pode, afinal de contas, ocorrer no
mesmo contexto como um conto); a dificuldade de incorporação de
fatores contextuais num descrição sistemática, e as ambições
"científicas" da disciplina (seu desejo de caracterizar universais de
narrativa) resultou na relutância dos narratologistas em deixar a
pragmática tomar parte em seus domínios investigativos.
Entretanto, nos anos mais recentes do desenvolvimento da
narratologia, nem mesmo as noções pragmaticamente
fundamentadas deixaram de ser levadas em conta. Mais
recentemente, talvez por causa da insistência das repetidas
referências da sociolingüística acerta da importância dos contextos
comunicativos, do crescente interesse em relação às práticas
decodificativas e do aumento da consciência de que narrativa não
deve ser vista apenas como um produto, mas também como um
processo, os narratologistas começaram a formular questões mais
explicitamente pertinentes à pragmática. Assim, Susan Lanser
esboçou as fundações para um narratology socialmente sensível,
feminista; Ryan argumentou que algumas configurações de eventos
constroem a estória melhor do que outros; e foram feitas propostas
no sentido de considerar o contexto narrativo como parte texto
narrativo (Prince, "Narrative Pragmatics").

Finalmente, a própria possibilidade de um narratology coerente, que


sucedidamente integra o estudo de o quê e de como, foi posto em
questão pelos teóricos pós-estruturalistas e pelos críticos, evocando
a chamada dupla lógica da narrativa. Esta dupla lógica compreende
dois princípios organizacionais em relação aos quais toda narrativa
presumivelmente opera-se. Um dos princípios enfatiza a primazia
do evento sobre o significado, quer dizer, insiste sobre o evento
como a origem do significador; o outro salienta a primazia do
significado e de sua requisição, quer dizer, insiste sobre o evento
como o efeito de um desejo de significar. O primeiro princípio
enfatiza a prioridade lógica da estória em relação ao discurso; o
segundo acentua o reverso, e faz da estória um produto do discurso.
Cada princípio funciona no sentido da exclusão do outro; mas,
paradoxalmente, ambos são válidos e necessários ao
desenvolvimento da narrativa, seu impacto, sua força. Isto significa
que a narratologia, embora bastante desenvolvida e refinada, será
sempre deficiente: nenhum princípio pode conduzir por si só a uma
consideração satisfatória da
narrativa, e os dois princípios não podem ser sintetizados. O
argumento é interessante, mas não inteiramente persuasivo, porque
combina problemas que não deveriam ser talvez combinados: o da
avaliação da veracidade narrativa, por exemplo (Entre a narrativa
historiográfica e a fictícia há uma diferença? A narrativa é uma
conseqüência dos eventos que apresenta, ou vice-versa?); o das
práticas hermenêuticas (de texto para evento e de evento para
texto); e o da dinâmica da narrativa.

Quaisquer que sejam as deficiências da narratologia, sua influência


tem sido considerável, tanto assim que trabalhos críticos e teóricos
compartilhado o corpus narrativo são frequentemente chamados de
narratológicos, ainda que não focalizem nos traços especificamente
narrativos, e ainda que não tenham quase que nenhuma ligação com
os métodos dos narratologistas.

A narratologia pode ajudar a considerar a distintividade de qualquer


narrativa, a comparar qualquer número de narrativas e instituir as
classes narrativas de acordo com características narrativamente
pertinentes, explicar certas reações a determinados textos (se
Madame Bovary é esteticamente agradável é talvez,
particularmente, porque Gustave Flaubert usa cena no meio de
sumário e sumário no meio de cena), apoiar certas conclusões
interpretativas (o privilegiar a narração iterativa no romance Em
Busca dos Tempos Perdidos, de Proust), e até mesmo – provendo
certos pontos de partida – inventar (novas) interpretações (a
chamada crítica narratológica começa com – e é baseada em –
descrição narratológica).
Contudo, través de sua preocupação com os princípios condutores
da narrativa e de sua tentativa de caracterizar não só os seus
significados particulares, mas também o que faz com que ela tenha
significados, a narratologia tem provado ser um importante
participante na contenta contra a visão dos estudos literários como
devotados unicamente à interpretação de textos. A narratologia tem
também desempenhado um significante papel numa outra batalha,
afetando a forma dos estudos literários. Através da investigação dos
fatores que operam em todas as possíveis narrativas (e não de
pequena dimensão, ficcionais ou reais), ajudou pôr em
questionamento a própria natureza dos cânones, mostrando aquele
muitas narrativas não-canônicas são, narrativamente falando,
justamente como as como as canônicas.

De modo mais geral, as ferramentas narratológicas e os argumentos


têm sido usados em domínios que excedem os domínios dos
“estudos propriamente literários”: em análise cultural, por exemplo,
traçar os modos pelos quais várias formas de conhecimento
legitimam a si mesmos através da narrativa; em filosofia, analisar a
estrutura da ação; em psicologia, estudar a memória e a
compreensão. Então, narratology tem importantes implicações para
a nossa compreensão dos seres humanos. Explorar a natureza de
todas e possíveis narrativas, responder pela infinidade de formas
que elas podem assumir, considerar como nós as construímos, as
paráfrases, sumariza-las ou expandi-las, é explorar uma das
maneiras e singularmente humanas fundamentais nós adquirimos
sentido.

José Fernandes da Silva


Goiânia, 18/08/2009

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