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Centro Sócio-Econômico
Departamento de Ciências Econômicas
Disciplina: Introdução à Economia (CNM 5103)
Professor: Wagner Leal Arienti
Aluna: Tamara Siemann Lopes
A Economia do Ócio
I. Sobre a Obra
II. Resenha
1
A ideia que ele precisa ter será perseguida não apenas enquanto este cumpre hora de
trabalho. Vive-se para a labuta, mesmo quando tantas máquinas, computadores e caixas
eletrônicos existem para facilitar a vida e expandir o ócio.
O trabalho intelectual requer tempo de dedicação integral; assim, torna-se impossível a
dissociação entre a vida e o exercício profissional, como fazia o operário que após uma longa
jornada desligava a máquina e dali se via livre da relação com ela. Logo, tanto o operário quanto
o trabalhador intelectual compactuam da mesma situação.
A partir dessa interferência que o trabalho causa na sociedade, chega-se à conclusão de que
por uma série de fatores ainda não se sabe administrar o tempo e nem se livrar da carga que a
profissão causa na rotina de todos. É desse tema que diversos autores se ocupam, a fim de
encontrar uma razão pela qual atingiu-se o ponto em que não se consegue alocar o tempo e
desfrutar do ócio – o objetivo maior de todo o desenvolvimento tecnológico –. Segundo De Masi
(p. 22),
“As máquinas absorveram de forma crescente o trabalho humano, mas não
liberaram o homem do trabalho. Não lhe restituíram o tempo. Quanto mais o homem
delega à maquinaria o esforço físico, mais se vê tentado a preencher o tempo que lhe
sobra multiplicando suas preocupações intelectuais”.
A busca incessante pelo ócio delega cada vez mais esforços mentais, tornando o tempo
eternamente preenchido por atividades que cheguem a esse fim.
Na infância, o trabalho revela-se como prioridade da vida, enquanto ao ócio renega-se um
plano secundário. A concepção weberiana de que o homem é destinado a uma profissão e deve
dedicar-se a ela de forma árdua persiste na mentalidade do trabalhador. Entretanto, para alcançar
o ócio há a necessidade de uma preparação; o homem contemporâneo precisa ser educado para
preencher devidamente o seu tempo, – acostumar-se a fazer do trabalho parte da vida, em todos
os sentidos –. A jornada deve ser reduzida ao seu limite, e o ócio pode ser criativo.
Necessariamente não se enxerga um antagonismo entre ambos, mas duas formas complementares
de se viver e alcançar satisfação ao longo da vida.
Para isso, concebe-se uma ideia a respeito do ócio diferente daquela, a qual a humanidade
foi convencida ao longo da história. Russell defende que a modernidade permitiu uma diminuição
do tempo de trabalho. Durante a maior parte da história grande parte da sociedade trabalhava em
prol da vida ociosa de uns poucos.
2
“A classe ociosa desfrutava vantagens que não tinham qualquer fundamento na
justiça social, o que tornou essa classe inapelavelmente opressora, limitou seu sentido de
solidariedade e levou-a a inventar teorias para justificar seus privilégios. Isso fez
diminuir enormemente a sua excelência, mas não a impediu de ter contribuído para
quase tudo o que hoje chamamos de civilização. Ela cultivou as artes e descobriu as
ciências, escreveu os livros, inventou as filosofias e aperfeiçoou as relações sociais.
Mesmo a libertação dos oprimidos foi geralmente iniciada a partir de cima. Sem a classe
ociosa, a humanidade nunca teria emergido da barbárie”.(RUSSELL, p. 60).