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Universidade Federal de Santa Catarina

Centro Sócio-Econômico
Departamento de Ciências Econômicas
Disciplina: Introdução à Economia (CNM 5103)
Professor: Wagner Leal Arienti
Aluna: Tamara Siemann Lopes

A Economia do Ócio

I. Sobre a Obra

RUSSELL, Bertrand; LAFARGUE, Paul; DE MASI, Domenico. A economia do ócio. Rio de


Janeiro: Sextante, 2001.

II. Resenha

Na obra “A Economia do Ócio”, Domenico De Masi procura entender de que forma o


conceito de trabalho foi construído na mentalidade da sociedade ao longo da história e tenta
perceber o ócio sob uma perspectiva diferente do lugar comum. Ao longo da obra, o autor faz
uma análise histórica do trabalho e do ócio, procurando encontrar as origens da percepção que
cada um deles provoca na sociedade. Além disso, dois textos são apresentados em seguida: “O
Elogio ao Ócio” de Bertrand Russell e “O Direito ao Ócio” de Paul Lafargue, que sustentam a
tese apresentada por De Masi e dão sentido à obra.
No período industrial, o proletariado estava fadado ao exaustivo trabalho fabril. Com o
desenvolvimento tecnológico e a robotização de indústrias, o enfoque das relações trabalhistas se
modifica. Hoje, é a venda de idéias que dinamiza a economia, e o Homem, como empregado
intelectual se vê fadado a outro tipo de exercício, que toma não só o tempo da sua jornada de
trabalho, mas também sua vida. As problemáticas levantadas durante a rotina de trabalho, não
cessarão ao fim do expediente; mas, ao contrário, acompanhá-lo-ão em seu santuário de
descanso, e até mesmo no Elísio dos sonhos.

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A ideia que ele precisa ter será perseguida não apenas enquanto este cumpre hora de
trabalho. Vive-se para a labuta, mesmo quando tantas máquinas, computadores e caixas
eletrônicos existem para facilitar a vida e expandir o ócio.
O trabalho intelectual requer tempo de dedicação integral; assim, torna-se impossível a
dissociação entre a vida e o exercício profissional, como fazia o operário que após uma longa
jornada desligava a máquina e dali se via livre da relação com ela. Logo, tanto o operário quanto
o trabalhador intelectual compactuam da mesma situação.
A partir dessa interferência que o trabalho causa na sociedade, chega-se à conclusão de que
por uma série de fatores ainda não se sabe administrar o tempo e nem se livrar da carga que a
profissão causa na rotina de todos. É desse tema que diversos autores se ocupam, a fim de
encontrar uma razão pela qual atingiu-se o ponto em que não se consegue alocar o tempo e
desfrutar do ócio – o objetivo maior de todo o desenvolvimento tecnológico –. Segundo De Masi
(p. 22),
“As máquinas absorveram de forma crescente o trabalho humano, mas não
liberaram o homem do trabalho. Não lhe restituíram o tempo. Quanto mais o homem
delega à maquinaria o esforço físico, mais se vê tentado a preencher o tempo que lhe
sobra multiplicando suas preocupações intelectuais”.

A busca incessante pelo ócio delega cada vez mais esforços mentais, tornando o tempo
eternamente preenchido por atividades que cheguem a esse fim.
Na infância, o trabalho revela-se como prioridade da vida, enquanto ao ócio renega-se um
plano secundário. A concepção weberiana de que o homem é destinado a uma profissão e deve
dedicar-se a ela de forma árdua persiste na mentalidade do trabalhador. Entretanto, para alcançar
o ócio há a necessidade de uma preparação; o homem contemporâneo precisa ser educado para
preencher devidamente o seu tempo, – acostumar-se a fazer do trabalho parte da vida, em todos
os sentidos –. A jornada deve ser reduzida ao seu limite, e o ócio pode ser criativo.
Necessariamente não se enxerga um antagonismo entre ambos, mas duas formas complementares
de se viver e alcançar satisfação ao longo da vida.
Para isso, concebe-se uma ideia a respeito do ócio diferente daquela, a qual a humanidade
foi convencida ao longo da história. Russell defende que a modernidade permitiu uma diminuição
do tempo de trabalho. Durante a maior parte da história grande parte da sociedade trabalhava em
prol da vida ociosa de uns poucos.

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“A classe ociosa desfrutava vantagens que não tinham qualquer fundamento na
justiça social, o que tornou essa classe inapelavelmente opressora, limitou seu sentido de
solidariedade e levou-a a inventar teorias para justificar seus privilégios. Isso fez
diminuir enormemente a sua excelência, mas não a impediu de ter contribuído para
quase tudo o que hoje chamamos de civilização. Ela cultivou as artes e descobriu as
ciências, escreveu os livros, inventou as filosofias e aperfeiçoou as relações sociais.
Mesmo a libertação dos oprimidos foi geralmente iniciada a partir de cima. Sem a classe
ociosa, a humanidade nunca teria emergido da barbárie”.(RUSSELL, p. 60).

Nesse contexto, anterior à modernização do processo produtivo, somente uma pequena


parcela da sociedade desfrutava do ócio. Com a crescente tecnologia e substituição do
trabalhador pelo robô, necessita-se de cada vez menos força de trabalho. Contudo, a falta de
regulação sobre o que é produzido permite que haja super-produção enquanto uma massa de
trabalhadores é demitida. A ética do trabalho e a falta de controle sob o produto permitem a
perpetuação de longas jornadas de trabalho.
A conclusão que se chega é que a tecnologia e a modernidade permitem que o lazer possa
ser estendido para todos da sociedade. O ócio em muito tem a contribuir para a produção criativa
e o bem-estar de todos. Como citado anteriormente, foi no ócio que uma pequena classe permitiu
que se emergisse da barbárie. “Através do direito ao trabalho, o homem realizou a sua condição
industrial; através do direito ao ócio, o homem realizará a sua condição pós-industrial” (DE
MASI, p.14). Nessas palavras que o autor expressa sua tese, de que evoluímos para a situação em
que o trabalho desocupa a posição de detentor das relações dos indivíduos.

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