Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
1. O Realismo
1a. O Realismo/Naturalismo
O Realismo/Naturalismo apareceu por volta de 1870 como uma
derivação do Realismo. Recebeu profunda influência de algumas das
teorias e doutrinas que estavam no auge naquele momento, sobretudo do
materialismo e do determinismo. O Naturalismo considerava a vida do
homem resultado de fatores externos (raça, ambiente familiar, classe social
etc.). Influenciado pelas ciências experimentais, o escritor naturalista
tentava demonstrar, com rigor científico, que o comportamento humano
estava sujeito a leis semelhantes às que regiam os fenômenos físicos. Se o
Realismo pretendia ser objetivo e imitar a realidade, o Naturalismo desejava
fazer uma análise histórica, social e psicológica da realidade, um estudo
profundo a partir de uma ampla documentação prévia.
2. Meio Social
4. A Idealização Romântica
4a. O Herói
É nesse ambiente que chega a São Luís o jovem advogado
Raimundo, sobrinho há muito afastado de Manuel Pescada. Sua descrição
em tudo contrasta com a de Luís Dias. Mas ambos são personagens
planas, superficiais, e servem apenas para que Aluísio Azevedo prove sua
tese anti-racista:
Raimundo saíra criança de São Luís para Lisboa. “Em toda a sua vida,
sempre longe da pátria, entre povos diversos, cheia de impressões diferentes,
tomada de preocupações de estudos, jamais conseguira chegar a uma dedução
lógica e satisfatória a respeito da sua procedência. Não sabia ao certo quais eram
as circunstâncias em que viera ao mundo; não sabia a quem devia agradecer a
vida e os bens de que dispunha. Lembrava-se, no entanto, de haver saído do
Brasil bem pequeno e podia jurar que nunca lhe faltara o necessário e até o
supérfluo.
Esse jovem rico e virtuoso regressa a São Luís, depois de anos na Europa,
formado e com o intuito de desvendar o mistério de seu passado. Antes, passara
um ano no Rio de Janeiro e agora voltava a São Luís para rever seu tio e protetor
distante, Manuel Pescada.
Raimundo é bem recebido pela família do tio, com exceção da sogra de
Manuel, a racista radical Dona Maria Bárbara. Estranha alguns olhares enviesados
da população, mas imagina-os fruto do estranhamento causado por um forasteiro.
O sedutor advogado, como não poderia deixar de ser, logo cai nas graças de sua
prima Ana Rosa que, arrebatada, declara-lhe seu amor. Raimundo corresponde à
paixão da prima, mas os jovens encontram fortes obstáculos, principalmente a
oposição de Manuel Pescada, que queria a filha casada com Luís Dias, da avó
Maria Bárbara, racista intransigente, e do cônego Diogo, velho amigo da casa
e adversário não-declarado e ardiloso de Raimundo.
Ao contrário dos amantes, seus três grandes opositores conheciam as
raízes negras de Raimundo. Aos poucos o leitor vai tomando conhecimento das
origens do herói que, no entanto, permanece ignorando tudo.
5a. O Segredo Encoberto
Raimundo é filho do irmão de Manuel Pescada, José Pedro da Silva,
com sua escrava Domingas. Depois de seu nascimento, José Pedro casa-
se com Quitéria Inocência de Freitas Santiago, mulher branca e impiedosa.
Enciumada com a atenção especial que José Pedro dedica ao pequeno
Raimundo e à escrava Domingas, Quitéria ordena que a negra seja
açoitada e que suas partes genitais sejam queimadas. José Pedro,
indignado com tamanha crueldade, leva o filho para a casa do irmão em
São Luís. Voltando à fazenda, flagra a mulher e o então jovem e sedutor
padre Diogo em pleno adultério. Enfurecido, José Pedro mata Quitéria e
forma um pacto de cumplicidade com o padre Diogo: esconderão a culpa
um do outro. Desgraçado e doente, José Pedro refugia-se na casa do
irmão. Ao se restabelecer, resolve voltar à fazenda, mas, no meio do
caminho, é assassinado por ordem do padre Diogo, que já começara a
insinuar-se também na casa de Manuel Pescada.
5b.O Desfecho
Obcecado por desvendar suas origens, Raimundo insiste em visitar a
fazenda onde nascera. Após diversos adiamentos, seu tio finalmente o leva
até a Fazenda São Brás. No caminho, o mulato começa a obter as
primeiras informações sobre o passado trágico de seus pais. Ao pedir ao tio
a mão de Ana Rosa em casamento, tem seu pedido recusado. Perplexo,
Raimundo acaba descobrindo que a recusa se deve a suas origens negras.
Na fazenda, Raimundo é abordado, à noite, por uma velha negra de
aspecto fantasmagórico que o quer abraçar. Assustado, por pouco não
mata a estranha aparição. No caminho de volta a São Luís, descobre que
se tratava de sua mãe, Domingas. Ao retornar à capital do Maranhão,
Raimundo resolve voltar para o Rio de Janeiro. Não suporta mais viver com
o tio e muda-se de sua casa, enquanto se prepara para viajar. Pouco antes
do embarque, manda uma carta a Ana Rosa confessando seu amor. O
amor pela prima o impede de partir. Os amantes encontram-se e Ana Rosa
acaba engravidando. Contra tudo e contra todos, armam um plano de fuga.
No entanto, o cônego Diogo usa das confissões de Ana Rosa e da
colaboração subserviente do caixeiro Dias, que intercepta as cartas do
casal, para, ardilosamente, impedir a concretização da fuga. No momento
em que planejavam partir, os amantes são surpreendidos. O cônego Diogo
orquestra o escândalo e se finge de protetor do casal. Raimundo volta para
casa atordoado e, ao abrir a porta de casa, é atingido nas costas por um
tiro disparado por Luís Dias, com uma pistola que lhe emprestara o cônego
Diogo. Ana Rosa, desolada, aborta o filho de Raimundo. “A nova firma
comercial Silva e Dias nasceu, entretanto, no meio da mais completa
prosperidade.” Seis anos depois, no Clube Familiar, vemos Ana Rosa e seu
marido Dias saindo de uma recepção oficial.
Bem ao gosto naturalista, a ironia final coloca por terra toda a idealização
romântica de Ana Rosa e Raimundo. Morto o primo, a prima acaba por se casar
com seu assassino e parece levar, ao lado do marido que tão ferozmente rejeitara
anteriormente, uma feliz e próspera vida burguesa. O Mal triunfa, associado à
Igreja corrupta e ao comércio burguês.