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NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

NOÇÕES DE ÉTICA
&
ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

CONCURSOS 2007/2008
TST 2007/2008
TÉCNICO JUDICIÁRIO
V_RG_S

CONCURSO 2007 – V_RG_S 1


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

NOÇÕES DE ÉTICA

ÉTICA: Conjunto de normas e princípios que norteiam a boa conduta


do ser humano.

MORAL: Conjunto de regras de conduta ou hábitos julgados válidos,


quer de modo absoluto ,quer para grupo ou pessoa determinada.

Segundo Valls “ética pode ser o estudo das ações ou dos costumes, e pode
ser a própria realização de um tipo de conhecimento”1. Neste espírito
necessitamos compreender estas duas dimensões do conceito.

A ética “é a intenção da vida boa para si e para o outro, em instituições


justas”, conforme conceito descrito por Paul Ricoeur2. Estes são os três
elementos básicos da intenção ética. Ou seja, é a intenção de uma vida
realizada sob o signo das ações estimadas boas; é o cuidado consigo e com o
outro para que possamos viver bem.

Este conceito de “viver bem consigo e com o outro”, conforme Ricoeur3,


evoca, ainda, a idéia de estima e solicitude que contribuem para estabelecer a
igualdade entre as pessoas. Esta intenção do bem-viver deve envolver de
algum modo o sentido da justiça, isso é exigido pela própria noção do outro.
Para isso é preciso entender por “instituição”, nesse primeiro nível de
investigação, como sendo todas as estruturas do viver-em-comum de uma
comunidade, com suas relações interpessoais e específicas. E a justiça
consiste, precisamente, em atribuir a cada um a sua parte.

Éticai vem do grego ethos, que significa analogamente “modo de ser” ou


“caráter” e “costume”, assentam-se num modo de comportamento que não

1
VALLS, Álvaro. Ética.Editora Brasiliense:São Paulo,1994,p07.
2
RICOEUR, Paul. Em Torno ao Político. Trad. Marcelo Perine. Edições Loyola: São Paulo, 1995, p 162.
3
RICOEUR, Paul. Em Torno ao Político. Trad. Marcelo Perine. Edições Loyola: São Paulo, 1995, p 164.

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corresponde a uma disposição natural, mas que é adquirido ou conquistado por


hábito4

De acordo com Vásquez5, a ética é a teoria ou ciência do comportamento


moral dos homens em sociedade. Ou seja, ela estuda uma forma de
comportamento que os homens julgam valioso e, além disto, obrigatório e
inescapável para a convivência. A ética não cria a moral. Conquanto seja certo
que toda moral supõe determinados princípios, normas ou regras de
comportamento, não é a ética que os estabelece numa determinada
comunidade.

As questões éticas estão cada vez mais visíveis na cena pública brasileira
dada a multiplicação de casos de corrupção e, sobretudo, a reação da
sociedade frente a um tal grau de desmoralização das relações sociais e
políticas6. Com os escândalos e as denuncias de corrupção expostas pela
mídia, refletir sobre essas questões traz à tona os conceitos éticos que
envolvem a busca por melhores ações tanto na vida pessoal como na vida
pública.

A ética é pautada na conduta responsável das pessoas. E a importância


da escolha de um político com esse caráter é a fim de diminuir o mau uso da
máquina pública e evitar que ele venha auferir ganhos e vantagens pessoais.

As normas morais apenas fornecem orientações cabendo, apenas ao


político determinar quais são as exigências e limitações e decidir-se entre
a melhor alternativa de ação. Essa preocupação relaciona-se com a
responsabilidade que eles têm em atender as demandas, com integridade e
eficiência, no papel de representante democrático.

E esse ato de “pensar moralmente” é que introduz o senso ético das nossas
ações, ela deve ser entendida como esta reflexão crítica sobre a dimensão
humana - o compromisso diante da vida - que contribui para o estabelecimento

4
VASQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. Trad. De João Dell’ Anna. 19ª ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1999, p 24
5
VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. Trad. De João Dell’ Anna. 19ª ed. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 1999, p 22
6
ROSENFIELD, Denis. A Ética na Política: Venturas e desventuras brasileiras. 1ª ed. São Paulo:
Brasiliense, 1992, p 43-44.

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das relações do ser humano com o outro, numa convivência pacífica a fim de
evitar as vantagens desleais e as práticas que prejudiquem a sociedade em
geral.

Diante destes conceitos, sobre a necessidade da adoção de um


comportamento correto do homem e levando-se em conta a proximidade das
eleições, verificamos a necessidade de uma investigação sobre a opinião das
pessoas com relação à ética.

Partindo do conceito de ética, que implicar em “conhecer porque certas


coisas nos convêm e outras não”, ou de “saber distinguir entre o bom e o mau”7
é que pretendemos verificar qual a visão que os eleitores têm da ética na
política, tentar descobrir o que eles entendem por ética e ainda, o que eles
esperam de um político ético.

"A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não
são fáceis de explicar, quando alguém pergunta”.(VALLS, Álvaro L.M. O que é
ética. 7a edição Ed.Brasiliense, 1993, p.7)

Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda, ÉTICA é "o estudo dos


juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de
qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à
determinada sociedade, seja de modo absoluto”.

Alguns diferenciam ética e moral de vários modos:

⇒ Ética é princípio, moral são aspectos de condutas específicas;


⇒ Ética é permanente, moral é temporal;
⇒ Ética é universal, moral é cultural;
⇒ Ética é regra, moral é conduta da regra;
⇒ Ética é teoria, moral é prática.

7
SAVATER, Fernando. Ética Para Meu Filho. São Paulo: Martins Fontes.

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Vários pensadores em diferentes épocas abordaram especificamente


assuntos sobre a ÉTICA: Os pré-socráticos, Aristóteles, os Estóicos, os
pensadores Cristãos (Patrísticos, escolásticos e nominalistas), Kant, Espinoza,
Nietzsche, Paul Tillich etc.

Passo a considerar a questão da ética a partir de uma visão pessoal através


do seguinte quadro comparativo:

Ética Normativa Ética Teleológica Ética Situacional

Ética Moral Ética Imoral Ética Amoral


Baseia-se em princípios e Baseia-se na ética dos fins: Baseia-se nas circunstâncias.
regras morais fixas “Os fins justificam os meios”. Tudo é relativo e temporal.

Ética Profissional e Ética Ética Econômica: O que Ética Política: Tudo é possível,
Religiosa: As regras devem ser importa é o capital. pois em política tudo vale.
obedecidas.

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Ética empresarial
A ética empresarial pode ser entendida como um valor da organização que
assegura sua sobrevivência, sua reputação e, conseqüentemente, seus bons
resultados. Para Moreira, a ética empresarial é "o comportamento da empresa -
entidade lucrativa - quando ela age de conformidade com os princípios morais
e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade (regras éticas)."

IMPORTANCIA

Aplicar a ética nas profissões e organizações, é considerado um fator


importantíssimo para a sobrevivência das mesmas, inclusive de pequenas e
grandes empresas. Estas vêm percebendo a necessidade de utilizar a ética,
para que o “público” tenha uma melhor visualização do seu “slogan”, que
permitirá, ou não, um crescimento da relação entre funcionários e clientes.

Desse modo, é relevante ter consciência de que toda a sociedade vai se


beneficiar através da ética aplicada dentro da empresa, bem como os clientes,
os fornecedores, os sócios, os funcionários, o governo... Se a empresa agir
dentro dos padrões éticos, ela só tende a crescer, desde a sua estrutura em si,
como aqueles que a compõem.

OBSERVAÇÕES IMPORTANTES

Quando a empresa tira vantagem de clientes, abusando do uso dos


anúncios publicitários, por exemplo, de início ela pode ter um lucro em curto
prazo, mas a confiança será perdida, forçando o cliente a consumir produtos da
concorrência. Além disso, recuperar a imagem da empresa não vai ser fácil
como da primeira vez;

A ética na empresa visa garantir que os funcionários saibam lidar com


determinadas situações e que a convivência no ambiente de trabalho seja
agradável.

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A ÉTICA DO LUCRO

O lucro é a parte sensível de uma organização, por isso exige cuidado no


momento do planejamento para a obtenção do mesmo. Isto significa que ser
antiético, enganando seus clientes, não é uma boa idéia para a empresa que
almeja desenvolver-se e crescer perante à concorrência.

Assim, pode-se deduzir que a obtenção do lucro é um dos fatores advindos


as satisfação dos clientes, pois o lucro é objetivo dos negócios, que as
empresas desenvolvem para cumprir sua meta, tendo como retorno o resultado
dos serviços prestados. [3]

VALORES ÉTICOS

São um conjunto de ações éticas que auxiliam gerentes e funcionários a


tomar decisões de acordo com os princípios da organização. Quando bem
implementado, os valores éticos tendem a especificar a maneira como a
empresa administrará os negócios e consolidar relações com fornecedores,
clientes e outras pessoas envolvidas. [4]

CÓDIGO DE ÉTICA

É um instrumento criado para orientar o desempenho de empresas em suas


ações e na interação com seu diversificado público. Para a concretização deste
relacionamento, é necessário que a empresa desenvolva o conteúdo do seu
código de ética com clareza e objetividade, facilitando a compreensão dos seus
funcionários.

Se cada empresa elaborasse seu próprio código, especificando sua


estrutura organizacional, a atuação dos seus profissionais e colaboradores
poderia orientar-se através do mesmo. O sucesso da empresa depende das
pessoas que a compõe, pois são elas que transformam os objetivos, metas,
projetos e até mesmo a ética em realidade. Por isso é importante o
comprometimento do indivíduo com o código de ética. [5]

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Ou seja, o conceito de ética empresarial ou organizacional (ou ainda de ética


nos negócios) tem a ver com este processo de inserção. A empresa ou
entidade deve estar presente de forma transparente e buscando sempre
contribuir para o desenvolvimento comunitário, praticando a cidadania e a
responsabilidade social. Atentam-se contra a cidadania, ferem a ética
empresarial.
A ética social se pratica internamente, recrutando e formando profissionais
e executivos que compartilham desta filosofia, privilegiando a diversidade e o
pluralismo, relacionando-se de maneira democrática com os diversos públicos,
adotando o consumo responsável, respeitando as diferenças, cultivando a
liberdade de expressão e a lisura nas relações comerciais.

Ainda que se possa, filosófica, doutrinaria e ideologicamente, conceber


conceitos distintos para a ética social, há algo que não se pode ser contrariado
jamais: a ética social é um atributo indispensável para as organizações que
querem manter-se vivas no mercado e a sociedade está cada vez mais alerta
para os desvios de conduta das organizações.

Valer-se do abuso econômico, constranger adversários que exprimem


idéias distintas, desrespeitar os funcionários, impondo-lhes condições adversas
de trabalho, agredir o meio ambiente, não priorizar a qualidade na fabricação
de produtos ou na prestação de serviços e usar procedimentos escusos para
obter vantagens a todo custo (corrupção, manipulação de balanços, formação
de cartéis etc) são alguns destes desvios que afastam a empresa de sua
verdadeira função social.

" A ética não é um valor acrescentado, mas intrínseco da atividade


econômica e empresarial, pois esta atrai para si uma grande quantidade de
fatores humanos e os seres humanos conferem ao que realizam,
inevitavelmente, uma dimensão ética. A empresa, enquanto instituição capaz
de tomar decisões e como conjunto de relações humanas com uma finalidade
determinada, já tem, desde seu início uma dimensão ética.
Uma ética empresarial não consiste somente no conhecimento da ética,

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mas na sua prática. E este praticar concretiza-se no campo comum da atuação


diária e não apenas em ocasiões principais ou excepcionais geradoras de
conflitos de consciência. Ser ético não significa conduzir-se eticamente quando
for conveniente, mas o tempo todo".

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ÉTICA NO SERVIÇO PÚLICO

Discorrer sobre o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil


do Poder Executivo Federal é o objetivo do presente artigo.

O Decreto n° 1.171, de 22 de junho de 1994, aprovou esse código.

Vamos iniciar a nossa exposição técnico-informativa falando sobre


alguns aspectos do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil
Federal. As Regras Deontológicas, presentes no Capítulo I, desse
ordenamento cita que a dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência
dos princípios morais são primados maiores que devem nortear o servidor
público federal. O inciso II traz a seguinte regra: O servidor público não
poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Assim, não
terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o
conveniente e o inconveniente, o oportuno, mas principalmente entre o
honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e
§ 4°, da Constituição Federal.

A moralidade da Administração Pública é clareada, no inciso III do


Código Ética Funcional, quando relata que aquela não deve se limitar somente
com a distinção ente o bem e o mal. O fim almejado deve ser sempre o bem
comum. O agente público tem o dever de buscar o equilíbrio entre a legalidade
e a finalidade na tentativa de proporcionar a consolidação da moralidade do ato
administrativo praticado.

Entre os deveres do servidor público federal (inciso XIV, c) tem-se que o


mesmo deve ser probo, reto, leal e justo.

O inciso XIV, d, menciona que o agente deve ter a consciência que seu
trabalho é regido por princípios éticos que se materializam na adequada
prestação dos serviços públicos.

Outro dever fundamental do servidor público é resistir a todas as


pressões de superiores hierárquicos, de contratantes, interessados e outros

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que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens indevidas em


decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las.

Esse código estabelece, também, algumas vedações, presentes na


Seção III, inciso XV, que devem ser observadas pelos servidores públicos
federais. Destacamos algumas condutas proibidas, quais sejam:

a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e


influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de


direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda


financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer
espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua
missão ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;

j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular;

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de


seu serviço, em beneficio próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a


empreendimentos de cunho duvidoso.

No Capítulo II está prevista a criação de uma Comissão de Ética,


encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do servidor
público, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público,
competindo-lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento
susceptível de censura.

O código serve para estimular o comportamento ético do servidor


público, já que o mesmo é de livre adesão.

É de bom alvitre se mencionar que esse código não foi instituído por lei
em sentido estrito. Assim o descumprimento desse código não acarreta

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nenhuma responsabilidade administrativa do agente público que violar os seus


preceitos. A penalidade prevista nele é a de censura. Por outro lado, o código
serve para estimular o comportamento ético do servidor público, já que o
mesmo é de livre adesão. Urge que se divulgue, amplamente, os deveres e as
vedações previstas através de um trabalho de cunho educativo com os agentes
públicos federais.

Aliás, como membro de órgão correcional, sempre defendi e continuarei


defendendo com energia e entusiasmo a tese da prevenção antes da punição
disciplinar. Acredito na orientação pedagógica como ferramenta indispensável
para estabelecer normas que impeçam a proliferação de procedimentos
disciplinares. Porém, mesmo sabendo que a abertura de um processo
administrativo disciplinar, que recepciona os princípios constitucionais do
contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal (due process of
law), deve trazer o sucesso da apuração efetiva dos faltosos, não vejo com
bons olhos a defesa de que o trabalho de “apagar incêndio” possibilita a
presença, a um só tempo, da ação correicional repressiva para os acusados e
preventiva para os demais servidores públicos.

Por outro lado, mesmo tendo ciência de que os servidores federais, em


sua esmagadora maioria, foram recrutados através de concurso de elevado
nível, perfeitamente conscientes, pois, das normas disciplinares estatuídas nos
artigos 116 e 117, da Lei n.º 8.112, de 11 de dezembro de 1990, ratifico o
pensamento da reciclagem constante de todos na área disciplinar.

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INSATISFAÇÃO COM A CONDUTA ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO

A insatisfação com a conduta ética no serviço público é um fato que vem


sendo constantemente criticado pela sociedade brasileira. De modo geral, o
país enfrenta o descrédito da opinião pública a respeito do comportamento dos
administradores públicos e da classe política em todas as suas esferas:
municipal, estadual e federal. A partir desse cenário, é natural que a
expectativa da sociedade seja mais exigente com a conduta daqueles que
desempenham atividades no serviço e na gestão de bens públicos.

Para discorrer sobre o tema, é importante conceituar moral, moralidade


e ética. A moral pode ser entendida como o conjunto de regras consideradas
válidas, de modo absoluto, para qualquer tempo ou lugar, grupo ou pessoa
determinada, ou, ainda, como a ciência dos costumes, a qual difere de país
para país, sendo que, em nenhum lugar, permanece a mesma por muito
tempo. Portanto, observa-se que a moral é mutável, variando de acordo com o
desenvolvimento de cada sociedade. Em conseqüência, deste conceito,
surgiria outro: o da moralidade, como a qualidade do que é moral. A ética, no
entanto, representaria uma abordagem sobre as constantes morais, aquele
conjunto de valores e costumes mais ou menos permanente no tempo e
uniforme no espaço. A ética é a ciência da moral ou aquela que estuda o
comportamento dos homens na sociedade.

A falta de ética, tão criticada pela sociedade, na condução do serviço


público por administradores e políticos, generaliza a todos, colocando-os no
mesmo patamar, além de constituir-se em uma visão imediatista.

É certo que a crítica que a sociedade tem feito ao serviço público, seja
ela por causa das longas filas ou da morosidade no andamento de processos,
muitas vezes tem fundamento. Também, com referência ao gerenciamento dos
recursos financeiros, têm-se notícia, em todas as esferas de governo, de
denúncias sobre desvio de verbas públicas, envolvendo administradores
públicos e políticos em geral.

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A questão deveria ser conduzida com muita seriedade, porque desfazer


a imagem negativa do padrão ético do serviço público brasileiro é tarefa das
mais difíceis.

Refletindo sobre a questão, acredita-se que um alternativa, para o


governo, poderia ser a oferta à sociedade de ações educativas de boa
qualidade, nas quais os indivíduos pudessem ter, desde o início da sua
formação, valores arraigados e trilhados na moralidade. Dessa forma, seriam
garantidos aos mesmos, comportamentos mais duradouros e interiorização de
princípios éticos.

Outros caminhos seriam a repreensão e a repressão, e nesse ponto há


de se levar em consideração as leis punitivas e os diversos códigos de ética de
categorias profissionais e de servidores públicos, os quais trazem severas
penalidades aos maus administradores.

As leis, além de normatizarem determinado assunto, trazem, em seu


conteúdo, penalidades de advertência, suspensão e reclusão do servidor
público que infringir dispositivos previstos na legislação vigente. Uma das mais
comentadas na atualidade é a Lei de Responsabilidade Fiscal, que estabelece
normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal.

Já os códigos de ética trazem, em seu conteúdo, o conjunto de normas a


serem seguidas e as penalidades aplicáveis no caso do não cumprimento das
mesmas. Normalmente, os códigos lembram aos funcionários que estes devem
agir com dignidade, decoro, zelo e eficácia, para preservar a honra do serviço
público. Enfatizam que é dever do servidor ser cortês, atencioso, respeitoso
com os usuários do serviço público. Também, é dever do servidor ser rápido,
assíduo, leal, correto e justo, escolhendo sempre aquela opção que beneficie o
maior número de pessoas. Os códigos discorrem, ainda, sobre as obrigações,
regras, cuidados e cautelas que devem ser observadas para cumprimento do
objetivo maior que é o bem comum, prestando serviço público de qualidade à
população. Afinal, esta última é quem alimenta a máquina governamental dos
recursos financeiros necessários à prestação dos serviços públicos, através do
pagamento dos tributos previstos na legislação brasileira – ressalta-se, aqui, a

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grande carga tributária imposta aos contribuintes brasileiros. Também, destaca-


se nos códigos que a função do servidor deve ser exercida com transparência,
competência, seriedade e compromisso com o bem estar da coletividade.

Os códigos não deixam dúvidas quanto às questões que envolvem


interesses particulares, as quais, jamais, devem ser priorizadas em detrimento
daquelas de interesses públicos, ainda mais se forem caracterizadas como
situações ilícitas. Dentre as proibições elencadas, tem-se o uso do cargo para
obter favores, receber presentes, prejudicar alguém através de perseguições
por qualquer que seja o motivo, a utilização de informações sigilosas em
proveito próprio e a rasura e alteração de documentos e processos. Todas elas
evocam os princípios fundamentais da administração pública: legalidade,
impessoalidade, publicidade e moralidade – este último princípio intimamente
ligado à ética no serviço público. Além desses, também se podem destacar os
princípios da igualdade e da probidade.

Criada pelo Presidente da República em maio de 2000, a Comissão de


Ética Pública entende que o aperfeiçoamento da conduta ética decorreria da
explicitação de regras claras de comportamento e do desenvolvimento de uma
estratégia específica para a sua implementação. Na formulação dessa
estratégia, a Comissão considera que é imprescindível levar em conta, como
pressuposto, que a base do funcionalismo é estruturalmente sólida, pois deriva
de valores tradicionais da classe média, onde ele é recrutado. Portanto,
qualquer iniciativa que parta do diagnóstico de que se está diante de um
problema endêmico de corrupção generalizada será inevitavelmente
equivocada, injusta e contraproducente, pois alienaria o funcionalismo do
esforço de aperfeiçoamento que a sociedade está a exigir. Afinal, não se
poderia responsabilizar nem cobrar algo de alguém que sequer teve a
oportunidade de conhecê-lo.

Do ponto de vista da Comissão de Ética Pública, a repressão, na prática,


é quase sempre ineficaz. O ideal seria a prevenção, através de identificação e
de tratamento específico, das áreas da administração pública em que
ocorressem, com maior freqüência, condutas incompatíveis com o padrão ético
almejado para o serviço público. Essa é uma tarefa complicada, que deveria

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ser iniciada pelo nível mais alto da administração, aqueles que detém poder
decisório.

A Comissão defende que o administrador público deva ter Código de


Conduta de linguagem simples e acessível, evitando termos jurídicos
excessivamente técnicos, que norteie o seu comportamento enquanto
permanecer no cargo e o proteja de acusações infundadas. E vai mais longe ao
defender que, na ausência de regras claras e práticas de conduta, corre-se o
risco de inibir o cidadão honesto de aceitar cargo público de relevo. Além disso,
afirma ser necessária a criação de mecanismo ágil de formulação dessas
regras, assim como de sua difusão e fiscalização. Deveria existir uma instância
à qual os administradores públicos pudessem recorrer em caso de dúvida e de
apuração de transgressões, que seria, no caso, a Comissão de Ética Pública,
como órgão de consulta da Presidência da República.

Diante dessas reflexões, a ética deveria ser considerada como um


caminho no qual os indivíduos tivessem condições de escolha livre e, nesse
particular, é de grande importância a formação e as informações recebidas por
cada cidadão ao longo da vida.

A moralidade administrativa constitui-se, atualmente, num pressuposto


de validade de todo ato da administração pública. A moral administrativa é
imposta ao agente público para sua conduta interna, segundo as exigências da
instituição a que serve, e a finalidade de sua ação: o bem comum. O
administrador público, ao atuar, não poderia desprezar o elemento ético de sua
conduta.

A ética tem sido um dos mais trabalhados temas da atualidade, porque


se vem exigindo valores morais em todas as instâncias da sociedade, sejam
elas políticas, científicas ou econômicas.

É a preocupação da sociedade em delimitar legal e ilegal, moral e


imoral, justo e injusto. Desse conflito é que se ergue a ética, tão discutida pelos
filósofos de toda a história mundial.

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ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL

A prática da ética nas organizações vem se caracterizando por

manifestações concretas, dentre as quais destacamos:

Filosofia Empresarial - clara conceituação de missão, princípios e orientações.


Comitê de Ética - grupo definidor e de controle de políticas e estratégias.
Credos - divulgação das crenças institucionais para funcionários e clientes.
Códigos - coletânea de preceitos sobre comportamentos.
Ombudsman - ouvidores ao alcance dos clientes para atenderem aos seus reclamos .
Auditorias Éticas - avaliações periódicas sobre condutas empresariais.
Linhas Diretas - circuito aberto à críticas, reclamações e sugestões.
Programas Educacionais - aproximação da empresa com seus públicos através de iniciativas
que eduquem.
Balanço Social - divulgação dos investimentos da empresa em benefício do público interno e
da comunidade.

Para que essas práticas tenham um sentido verdadeiramente ético e co-


responsabilizador é vital que se apóiem na atitude dos dirigentes. Se as
lideranças não confirmarem a lógica da atitude, a lógica formal não garante a
necessária credibilidade.

Ser ético, como atitude na gestão, significa, em essência: reconhecer


necessidades, reconhecer o desempenho funcional, propiciar participação nos
resultados, estimular o compromisso social e favorecer a educação continuada.

Ser ético no comportamento de gestor significa: dar a informação


relevante, avaliar e fornecer feedback, abrir espaço à contribuição
criativa, institucionalizar canais de comunicação, delegar, delegar e
delegar (pois além de instrumento eficaz de gestão, implica dignificação
do homem, pelo poder decisório), comemorar o sucesso e recompensar.

Tais práticas irão transformar a ambiência de trabalho numa cultura


ética, na qual se realiza a comunidade vivencial de aprendizagem, em que
todos realizam função educativa, num intercâmbio enriquecedor em que a
solidariedade torna-se valor espontâneo. Aí há equipe, pois exercita-se a
liderança integrada.

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Os desafios da era tecnológica exigem essa postura de liderança: todos


são potencialmente líderes, a serem motivados ao aprendizado contínuo.

Só assim a empresa responderá com eficácia aos múltiplos


compromissos que fazem de cada empregado um agente vivo da organização.
Qualquer empregado, ao decidir, está comprometendo a empresa como um
todo. Caso não tenha consciência ética, está agravando o conceito
empresarial. E pondo a perder conquistas importantes.

A ética na era tecnológica é a estratégia para tolher males que vêm


minando as organizações, como:

Robotização social - a tecnologia condicionando o comportamento


humano.

Sociedade estressada - pela velocidade acachapante, é exigido esforço


redobrado para acompanhar as exigências de rapidez nas decisões.

Desemprego e violência - o ganho obsessivo como meta sacrifica


valores humanos e gera o comportamento violento.

Empresa infeliz - o ambiente de insegurança e injustiças induz à


competição predatória e à cultura egocêntrica.

Infelicidade social - o caos reinante, quando falta a consciência ética,


enfraquece o espírito.

Tais indicadores negativos mostram a importância vital das empresas


investirem em seu conceito público, através de manifestações concretas de
responsabilidade social.

Responsabilidade Social/ Voluntariado

A Responsabilidade Social é uma exigência básica à atitude e ao


comportamento ético, através de práticas que demonstrem que a empresa
possui uma alma, cuja preservação implica solidariedade e compromisso
social.

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A imagem institucional é um bem que significa para a empresa a


aceitação pública de sua atuação e propostas. São seus ativos intangíveis, a
força que garante sua perpetuidade.

Uma das linhas de ação empresariais mais significativas, nesse sentido,


vem sendo o Voluntariado, ou seja, a disposição dos empregados em se
disponibilizarem à acões solidárias de assistência.

Vem crescendo o apoio efetivo das empresas ao engajamento de suas


equipes em projetos e obras sociais. Isso é excelente, mas requer organização
para que não se percam esforços e motivações.

Recomendamos, para tanto, a formação de Clubes de Cidadania nas


Empresas.

O Clube de Cidadania consiste em criar uma espécie de " ong interna"-


grupo que se organiza para o esforço integrado e coordenador das ações
sociais. O Clube do Cidadão, preservado em sua autonomia, deve ser
estimulado e apoiado pela empresa.

Cabe ao Clube de Cidadania:


Estabelecer estratégias e programações sociais na empresa
Promover Campanhas Motivacionais ao Voluntariado
Cadastrar as adesões, planejar ações e as escalas de atendimento
Selecionar as obras sociais
Debater idéias, buscar soluções criativas
Avaliar resultados
Treinar voluntários

O Clube de Cidadania é um esforço concentrado e uma inteligente


estratégia de criação do espírito solidário na empresa, que certamente
influenciará concretamente no trabalho empresarial, em reforço ao sentido de
equipe e a produtividade.

CONCURSO 2007 – V_RG_S 19


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

CONFLITOS DE INTERESSES

Existe quando à intensidade do interesse de uma pessoa por


determinado bem se opõe a intensidade do interesse de outra pessoa pelo
mesmo bem, donde a atitude de uma tendente à exclusão da outra quanto a
este.

Também podemos dizer que o conflito de interesse existe sempre que


dois ou mais indivíduos compartilham recursos escassos; ou quando há
divergência no mundo das idéias, devido às diferentes formações morais de
cada um. Existência de interesses dirigidas ao mesmo objeto, sem que os
sujeitos chegam a um consenso sobre eles.

O conflito de interesses pode ocorrer entre um profissional e uma


instituição com a qual se relaciona ou entre um profissional e outra pessoa. Em
diversas áreas, área da saúde por exemplo, os interesses de um profissional
ou de seu paciente podem não ser coincidentes, assim como entre um
professor e seu aluno, ou ainda, entre um pesquisador e o sujeito da pesquisa.
Quanto melhor for o vínculo entre os indivíduos que estão se relacionando,
maior o conhecimento de suas expectativas e valores. Esta interação pode
reduzir a possibilidade de ocorrência de um conflito de interesses.

Inúmeros exemplos de conflito de interesse podem ser citados nas áreas


de ensino, assistência e pesquisa. Uma situação bastante simples, que pode
servir de exemplo para a identificação destas possibilidades, é a internação de
pacientes em um hospital universitário. O interesse primário do paciente é ser
adequadamente atendido. Os profissionais responsáveis pelo seu atendimento,
desempenham um duplo papel: assistencial e educativo. O interesse primário
dos profissionais é atender adequadamente estes pacientes. Nesta situação
ocorre uma plena convergência dos interesses dos profissionais e pacientes. O
conflito pode surgir quando o interesse secundário dos professores e alunos,
que é o aprendizado que esta situação pode possibilitar, assume o caráter
prioritário. Uma possibilidade é a de manter o paciente internado em uma
unidade de internação, mesmo quando já tenha condições de ter alta, com a

CONCURSO 2007 – V_RG_S 20


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

finalidade de expor o caso para um maior número de alunos. Esta situação,


também configura um conflito de interesse entre o profissional e a instituição
hospitalar, devido o aumento de custos decorrente desta prática.

VOCABULOS

Ética: (ethos) disciplina filosófica que estuda o valor das condutas humanas, seus
motivos e finalidades. Reflexão sobre os valores e justificativas morais, aquilo que
se considera o bem. Análise da capacidade humana de escolher, ser livre e
responsável por sua conduta entre os demais. Para alguns autores, o mesmo que
moral.

Antiético: contra uma ética estabelecida ou contra a idéia (da ética) de estabelecer
o que devemos fazer ou quem queremos ser levando os outros em consideração.
Muitas vezes, o antiético tem idéias éticas próprias.

Aético: sem ética, mas não contra uma ou outra ética.

Moral: (mores) conjunto dos costumes, hábitos, valores (fins) e


procedimentos(meios) que regem as relações humanas, considerados válidos e
apreciados, individual e coletivamente. Embora possam variar entre grupos e ao
longo da história, tendem a ser considerados absolutos. Podem ser justificados pelo
costume, pela natureza, pela educação, pela sociedade, pela religião. Pode ser
considerado o mesmo que ética, com a diferença de que a ética acrescenta a
reflexão e o estudo continuado sobre aquilo que se faz ou o que se deveria fazer,
pensa sobre o bem e o mal, a felicidade, o prazer, a compaixão, a solidariedade e
outros valores.

Imoral: contra uma moral ou a idéia moral vigente. Muitas vezes, o indivíduo que
questiona uma ética dominante tem idéias morais próprias ou diferentes.

Amoral: sem moral (aquém ou além dela), mas não contra uma ou outra moral.

Deontologia: estudo dos códigos de condutas considerados válidos entre grupos e


classes (profissionais) de pessoas.

Legal: aquilo que está conforme a lei civil de um estado nacional.

Ilegal: aquilo que contraria a lei civil de um estado nacional.

Autonomia: auto (próprio ) nomos (lei humana ). Literalmente, do grego, fazer a


própria lei, seguir a lei feita por si mesmo. Na antiga Grécia, esta era a prerrogativa
dos homens livres, cidadãos, que faziam as leis da cidade onde viviam e conviviam
entre outros iguais. Autonomia é um princípio de liberdade civil, mas também
significava, como hoje em dia, aquela capacidade de responder por si mesmo,
prover-se economicamente e ser emancipado.

Heteronomia: hetero (outro) nomos (lei humana) O contrário de autonomia, o


termo significava na Antigüidade grega aquele que segue a lei feita por outro, o que
se aplicava aos homens que não eram livres, como os escravos, os prisioneiros de

CONCURSO 2007 – V_RG_S 21


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

guerra, as crianças menores de idade. Além de indicar um princípio de exclusão ou


submissão civil arbitrária, também se refere a uma exclusão ou submissão
econômica e moral, a incapacidade de prover-se e de responder por si mesmo. Não
emancipado.

Cidadania: (polis, civitas, cidade) A cidadania se refere às relações entre os


cidadãos, aqueles que pertencem a uma cidade, por meio dos procedimentos e leis
acordados entre eles. Da nossa herança grega e latina, traz o sentido de
pertencimento à uma comunidade organizada igualitariamente, regida pelo direito,
baseada na liberdade, participação e valorização individual de cada um em um em
uma esfera pública (não privada, como a família), mas este é um sentido que
sofreu mutações históricas. Um dos sentidos atuais da cidadania de massa, em
Estados que congregam muitas diversidades culturais é o esforço por participar e
usufruir dos direitos pensados pelos representantes de um Estado para seus
virtuais cidadãos; é vir a ser, de fato, e não apenas de direito, um cidadão. Os
valores da cidadania são políticos: igualdade, eqüidade, justiça., bem comum.

Trabalho: (ergon, tripalium, lavoro, labor, serviço) Atividade que produz riqueza
econômica e articulação social entre as pessoas, embora possa não ser remunerado
(voluntário ou escravo). Remunerado, pode não corresponder ao esforço
empreendido; assalariado, gera mais-valia para quem detém os meios de
produção. Não confundir trabalho com emprego, que é o trabalho remunerado e
reconhecido socialmente. Trabalhar significa aprender a fazer e saber fazer alguma
coisa que transforma a realidade e a própria pessoa que trabalha. Do mais simples
ao mais complexo trabalho, pelo corpo humano (mãos, braços, voz, olhos, ouvidos,
cérebro...) criamos o
mundo à nossa volta e participamos, conscientes ou não, de um movimento social
que tanto conserva e regenera quanto muda a realidade. Ainda que não se
compreenda bem o que se faz, o trabalho pode revelar o que somos capazes de
fazer, para o bem ou para o mal. Os valores do trabalho são instrumentais,
técnicos: competência, eficiência, eficácia.

CONCURSO 2007 – V_RG_S 22


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

LEGISLAÇÃO ÉTICA DOS SERVIDORES PUBLICOS EM GERAL

VII – código de ética (DECRETO Nº 1.171, DE 22 DE JUNHO DE 1994)

Aprova o Código de Ética Profissional do


Servidor Público Civil do Poder Executivo
Federal.

0 PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o


art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo em vista o disposto no art. 37 da
Constituição, bem como nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro de
1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992,

DECRETA:

Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil


do Poder Executivo Federal, que com este baixa.

Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Federal direta e


indireta implementarão, em sessenta dias, as providências necessárias à plena
vigência do Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da respectiva
Comissão de Ética, integrada por três servidores ou empregados titulares de cargo
efetivo ou emprego permanente.

Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética será comunicada à


Secretaria da Administração Federal da Presidência da República, com a indicação
dos respectivos membros titulares e suplentes.

Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência e 106° da República.

ITAMAR FRANCO

Romildo Canhim

ANEXO

Código de Ética Profissional do


Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal

CAPÍTULO I

Seção I
Das Regras Deontológicas

I – A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a consciência dos princípios


morais são primados maiores que devem nortear o servidor público, seja no
exercício do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá o exercício da vocação

CONCURSO 2007 – V_RG_S 23


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

do próprio poder estatal. Seus atos, comportamentos e atitudes serão direcionados


para a preservação da honra e da tradição dos serviços públicos.

II – O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua


conduta. Assim, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas
principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art.
37, caput. E § 4°, da Constituição Federal.

III – A moralidade da Administração Pública não se limita à distinção entre o


bem e o mal, devendo ser acrescida da idéia de que o fim é sempre o bem comum.
O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, na conduta do servidor público, é que
poderá consolidar a moralidade do ato administrativo.

IV- A remuneração do servidor público é custeada pelos tributos pagos direta


ou indiretamente por todos, até por ele próprio, e por isso se exige, como
contrapartida, que a moralidade administrativa se integre no Direito, como
elemento indissociável de sua aplicação e de sua finalidade, erigindo-se, como
conseqüência, em fator de legalidade.

V – O trabalho desenvolvido pelo servidor público perante a comunidade deve


ser entendido como acréscimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode ser considerado como seu
maior patrimônio.

VI – A função pública deve ser tida como exercício profissional e, portanto, se


integra na vida particular de cada servidor público. Assim, os fatos e atos
verificados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada poderão acrescer ou
diminuir o seu bom conceito na vida funcional.

VII – Salvo os casos de segurança nacional, investigações policiais ou


interesse superior do Estado e da Administração Pública, a serem preservados em
processo previamente declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de
qualquer ato administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando
sua omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a
negar.

VIII – Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor não pode omiti-la ou
falseá-la, ainda que contrária aos interesses da própria pessoa interessada ou da
Administração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou estabilizar-se sobre o poder
corruptivo do hábito do erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniquilam até
mesmo a dignidade humana quanto mais a de uma Nação.

IX – A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dedicados ao serviço


público caracterizam o esforço pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga
seus tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe dano moral. Da mesma
forma, causar dano a qualquer bem pertencente ao patrimônio público,
deteriorando-o, por descuido ou má vontade, não constitui apenas uma ofensa ao
equipamento e às instalações ou ao Estado, mas a todos os homens de boa
vontade que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas esperanças e seus
esforços para construí-los.

X – Deixar o servidor público qualquer pessoa à espera de solução que


compete ao setor em que exerça suas funções, permitindo a formação de longas
filas, ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do serviço, não caracteriza

CONCURSO 2007 – V_RG_S 24


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

apenas atitude contra a ética ou ato de desumanidade, mas principalmente grave


dano moral aos usuários dos serviços públicos.

XI – 0 servidor deve prestar toda a sua atenção às ordens legais de seus


superiores, velando atentamente por seu cumprimento, e, assim, evitando a
conduta negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo de desvios tornam-
se, às vezes, difíceis de corrigir e caracterizam até mesmo imprudência no
desempenho da função pública.

XII – Toda ausência injustificada do servidor de seu local de trabalho é fator


de desmoralização do serviço público, o que quase sempre conduz à desordem nas
relações humanas.

XIII – 0 servidor que trabalha em harmonia com a estrutura organizacional,


respeitando seus colegas e cada concidadão, colabora e de todos pode receber
colaboração, pois sua atividade pública é a grande oportunidade para o crescimento
e o engrandecimento da Nação.

Seção II
Dos Principais Deveres do Servidor Público

XIV – São deveres fundamentais do servidor público:

a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo, função ou emprego


público de que seja titular;

b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e rendimento, pondo fim


ou procurando prioritariamente resolver situações procrastinatórias, principalmente
diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso na prestação dos serviços
pelo setor em que exerça suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao
usuário;

c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a integridade do seu


caráter, escolhendo sempre, quando estiver diante de duas opções, a melhor e a
mais vantajosa para o bem comum;

d) jamais retardar qualquer prestação de contas, condição essencial da gestão


dos bens, direitos e serviços da coletividade a seu cargo;

e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços aperfeiçoando o processo


de comunicação e contato com o público;

f) ter consciência de que seu trabalho é regido por princípios éticos que se
materializam na adequada prestação dos serviços públicos;

g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e atenção, respeitando a


capacidade e as limitações individuais de todos os usuários do serviço público, sem
qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, sexo, nacionalidade, cor,
idade, religião, cunho político e posição social, abstendo-se, dessa forma, de
causar-lhes dano moral;

h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor de representar contra


qualquer comprometimento indevido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;

CONCURSO 2007 – V_RG_S 25


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

i) resistir a todas as pressões de superiores hierárquicos, de contratantes,


interessados e outros que visem obter quaisquer favores, benesses ou vantagens
indevidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las;

j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigências específicas da


defesa da vida e da segurança coletiva;

l) ser assíduo e freqüente ao serviço, na certeza de que sua ausência provoca


danos ao trabalho ordenado, refletindo negativamente em todo o sistema;

m) comunicar imediatamente a seus superiores todo e qualquer ato ou fato


contrário ao interesse público, exigindo as providências cabíveis;

n) manter limpo e em perfeita ordem o local de trabalho, seguindo os


métodos mais adequados à sua organização e distribuição;

o) participar dos movimentos e estudos que se relacionem com a melhoria do


exercício de suas funções, tendo por escopo a realização do bem comum;

p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas adequadas ao exercício da


função;

q) manter-se atualizado com as instruções, as normas de serviço e a


legislação pertinentes ao órgão onde exerce suas funções;

r) cumprir, de acordo com as normas do serviço e as instruções superiores, as


tarefas de seu cargo ou função, tanto quanto possível, com critério, segurança e
rapidez, mantendo tudo sempre em boa ordem.

s) facilitar a fiscalização de todos atos ou serviços por quem de direito;

t) exercer com estrita moderação as prerrogativas funcionais que lhe sejam


atribuídas, abstendo-se de fazê-lo contrariamente aos legítimos interesses dos
usuários do serviço público e dos jurisdicionados administrativos;

u) abster-se, de forma absoluta, de exercer sua função, poder ou autoridade


com finalidade estranha ao interesse público, mesmo que observando as
formalidades legais e não cometendo qualquer violação expressa à lei;

v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua classe sobre a existência


deste Código de Ética, estimulando o seu integral cumprimento.

Seção III
Das Vedações ao Servidor Público

XV – E vedado ao servidor público;

a) o uso do cargo ou função, facilidades, amizades, tempo, posição e


influências, para obter qualquer favorecimento, para si ou para outrem;

b) prejudicar deliberadamente a reputação de outros servidores ou de


cidadãos que deles dependam;

c) ser, em função de seu espírito de solidariedade, conivente com erro ou


infração a este Código de Ética ou ao Código de Ética de sua profissão;

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NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

d) usar de artifícios para procrastinar ou dificultar o exercício regular de


direito por qualquer pessoa, causando-lhe dano moral ou material;

e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao seu alcance ou do seu


conhecimento para atendimento do seu mister;

f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, caprichos, paixões ou


interesses de ordem pessoal interfiram no trato com o público, com os
jurisdicionados administrativos ou com colegas hierarquicamente superiores ou
inferiores;

g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qualquer tipo de ajuda


financeira, gratificação, prêmio, comissão, doação ou vantagem de qualquer
espécie, para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumprimento da sua missão
ou para influenciar outro servidor para o mesmo fim;

h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva encaminhar para


providências;

i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite do atendimento em


serviços públicos;

j) desviar servidor público para atendimento a interesse particular;

l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente autorizado, qualquer


documento, livro ou bem pertencente ao patrimônio público;

m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no âmbito interno de seu


serviço, em benefício próprio, de parentes, de amigos ou de terceiros;

n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele habitualmente;

o) dar o seu concurso a qualquer instituição que atente contra a moral, a


honestidade ou a dignidade da pessoa humana;

p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu nome a


empreendimentos de cunho duvidoso.

CAPÍTULO II
DAS COMISSÕES DE ÉTICA

XVI – Em todos os órgãos e entidades da Administração Pública Federal


direta, indireta autárquica e fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que
exerça atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser criada uma Comissão
de Ética, encarregada de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do
servidor, no tratamento com as pessoas e com o patrimônio público, competindo-
lhe conhecer concretamente de imputação ou de procedimento susceptível de
censura.

XVII – Cada Comissão de Ética, integrada por três servidores públicos e


respectivos suplentes, poderá instaurar, de ofício, processo sobre ato, fato ou
conduta que considerar passível de infringência a princípio ou norma ético-
profissional, podendo ainda conhecer de consultas, denúncias ou representações
formuladas contra o servidor público, a repartição ou o setor em que haja ocorrido
a falta, cuja análise e deliberação forem recomendáveis para atender ou resguardar

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NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

o exercício do cargo ou função pública, desde que formuladas por autoridade,


servidor, jurisdicionados administrativos, qualquer cidadão que se identifique ou
quaisquer entidades associativas regularmente constituídas.

XVIII – À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos organismos encarregados


da execução do quadro de carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta
ética, para o efeito de instruir e fundamentar promoções e para todos os demais
procedimentos próprios da carreira do servidor público.

XIX – Os procedimentos a serem adotados pela Comissão de Ética, para a


apuração de fato ou ato que, em princípio, se apresente contrário à ética, em
conformidade com este Código, terão o rito sumário, ouvidos apenas o queixoso e o
servidor, ou apenas este, se a apuração decorrer de conhecimento de ofício,
cabendo sempre recurso ao respectivo Ministro de Estado.

XX – Dada a eventual gravidade da conduta do servidor ou sua reincidência,


poderá a Comissão de Ética encaminhar a sua decisão e respectivo expediente para
a Comissão Permanente de Processo Disciplinar do respectivo órgão, se houver, e,
cumulativamente, se for o caso, à entidade em que, por exercício profissional, o
servidor público esteja inscrito, para as providências disciplinares cabíveis. O
retardamento dos procedimentos aqui prescritos implicará comprometimento ético
da própria Comissão, cabendo à Comissão de Ética do órgão hierarquicamente
superior o seu conhecimento e providências.

XXI – As decisões da Comissão de Ética, na análise de qualquer fato ou ato


submetido à sua apreciação ou por ela levantado, serão resumidas em ementa e,
com a omissão dos nomes dos interessados, divulgadas no próprio órgão, bem
como remetidas às demais Comissões de Ética, criadas com o fito de formação da
consciência ética na prestação de serviços públicos. Uma cópia completa de todo o
expediente deverá ser remetida à Secretaria da Administração Federal da
Presidência da República.

XXII – A pena aplicável ao servidor público pela Comissão de Ética é a de


censura e sua fundamentação constará do respectivo parecer, assinado por todos
os seus integrantes, com ciência do faltoso.

XXIII – A Comissão de Ética não poderá se eximir de fundamentar o


julgamento da falta de ética do servidor público ou do prestador de serviços
contratado, alegando a falta de previsão neste Código, cabendo-lhe recorrer à
analogia, aos costumes e aos princípios éticos e morais conhecidos em outras
profissões;

XXIV – Para fins de apuração do comprometimento ético, entende-se por


servidor público todo aquele que, por força de lei, contrato ou de qualquer ato
jurídico, preste serviços de natureza permanente, temporária ou excepcional, ainda
que sem retribuição financeira, desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer
órgão do poder estatal, como as autarquias, as fundações públicas, as entidades
paraestatais, as empresas públicas e as sociedades de economia mista, ou em
qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado.

XXV – Em cada órgão do Poder Executivo Federal em que qualquer cidadão


houver de tomar posse ou ser investido em função pública, deverá ser prestado,
perante a respectiva Comissão de Ética, um compromisso solene de acatamento e
observância das regras estabelecidas por este Código de Ética e de todos os
princípios éticos e morais estabelecidos pela tradição e pelos bons costumes.

CONCURSO 2007 – V_RG_S 28


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

VIII – PERGUNTAS INTERESSANTES SOBRE O CÓDIGO DE ÉTICA

Nota: Perguntas elaboradas pelos professores Ana Míriam Wuensch, Carla


Bordignon, Ubirajara C. Carvalho e Wilton Barroso Filho para o Programa
Permanente de Capacitação e Atualização de Pessoal da UnB – CESPE – SRH.

Pergunta 1: Que relações entre cidadania, serviço público, moralidade (ética) e


legalidade podemos verificar no texto do Código de Ética do Servidor Público?
R.: Cap. I, Seção I, itens IV, V, VI, XIII.

Pergunta 2: Que conteúdos da ética (moral) são destacados como os mais


importantes no texto? Em que medida nele a ética (moral) se relaciona com o
trabalho do servidor público, a cidadania e o direito?
Cap. I, Seção I, itens I, II, III, IX, X; Seção II, itens c, f, g.

Pergunta 3: Como se relaciona o princípio hierárquico do trabalho do servidor


público com a ética (moralidade)? É possível cumprir ordens, respeitar hierarquias e
ser ético, ou seja, responsável e autônomo?
Cap. I, Seção I, item XI; Seção II, itens h, i, m, t, u.

CONCURSO 2007 – V_RG_S 29


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

IX – LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE 1990 (ARTS. 116-117)

Dispõe sobre o regime jurídico dos


servidores públicos civis da União, das
autarquias e das fundações públicas
federais.

PUBLICAÇÃO CONSOLIDADA DA LEI Nº 8.112, DE 11 DE DEZEMBRO DE


1990, DETERMINADA PELO ART. 13 DA LEI Nº 9.527, DE 10 DE DEZEMBRO
DE 1997.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

(...)
Título IV
Do Regime Disciplinar
Capítulo I
Dos Deveres
Art. 116. São deveres do servidor:
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo;
II - ser leal às instituições a que servir;
III - observar as normas legais e regulamentares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais;
V - atender com presteza:
a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as
protegidas por sigilo;
b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou
esclarecimento de situações de interesse pessoal;
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
VI - levar ao conhecimento da autoridade superior as irregularidades de que
tiver ciência em razão do cargo;
VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público;
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição;
IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa;
X - ser assíduo e pontual ao serviço;
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder.
Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada
pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é
formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.

Capítulo II
Das Proibições

Art. 117. Ao servidor é proibido: (Vide Medida Provisória nº 2.225-45, de


4.9.2001)
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do
chefe imediato;
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer
documento ou objeto da repartição;
III - recusar fé a documentos públicos;

CONCURSO 2007 – V_RG_S 30


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou


execução de serviço;
V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição;
VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei,
o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu
subordinado;
VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação
profissional ou sindical, ou a partido político;
VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança,
cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil;
IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em
detrimento da dignidade da função pública;
X - participar de gerência ou administração de sociedade privada,
personificada ou não personificada, salvo a participação nos conselhos de
administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou
indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa
constituída para prestar serviços a seus membros, e exercer o comércio, exceto na
qualidade de acionista, cotista ou comanditário; (Redação dada pela Lei nº 11.094,
de 2005)
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas,
salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes
até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro;
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie,
em razão de suas atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
XV - proceder de forma desidiosa;
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou
atividades particulares;
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa,
exceto em situações de emergência e transitórias;
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício
do cargo ou função e com o horário de trabalho;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado. (Incluído
pela Lei nº 9.527, de 10.12.97)
(...)

Senado Federal, 18 de abril de 1991. 170° da Independência e 103° da República.

MAURO BENEVIDES

CONCURSO 2007 – V_RG_S 31


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

X – LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992. (ARTS. 10-12).

Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos


agentes públicos nos casos de
enriquecimento ilícito no exercício de
mandato, cargo, emprego ou função na
administração pública direta, indireta ou
fundacional e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte lei:

(...)

Seção II
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam Prejuízo ao Erário

Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial,
desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das
entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:

I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a incorporação ao


patrimônio particular, de pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou
valores integrantes do acervo patrimonial das entidades mencionadas no art. 1º
desta lei;

II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize


bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das formalidades legais ou
regulamentares aplicáveis à espécie;

III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente despersonalizado,


ainda que de fins educativos ou assistências, bens, rendas, verbas ou valores do
patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no art. 1º desta lei, sem
observância das formalidades legais e regulamentares aplicáveis à espécie;

IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação de bem integrante


do patrimônio de qualquer das entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior ao de mercado;

V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem ou serviço por


preço superior ao de mercado;

VI - realizar operação financeira sem observância das normas legais e


regulamentares ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea;

VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a observância das


formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;

CONCURSO 2007 – V_RG_S 32


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente;

IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não autorizadas em lei ou


regulamento;

X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou renda, bem como no


que diz respeito à conservação do patrimônio público;

XI - liberar verba pública sem a estrita observância das normas pertinentes ou


influir de qualquer forma para a sua aplicação irregular;

XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se enriqueça


ilicitamente;

XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço particular, veículos,


máquinas, equipamentos ou material de qualquer natureza, de propriedade ou à
disposição de qualquer das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem como o
trabalho de servidor público, empregados ou terceiros contratados por essas
entidades.

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha por objeto a


prestação de serviços públicos por meio da gestão associada sem observar as
formalidades previstas na lei; (Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)

XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público sem suficiente e prévia


dotação orçamentária, ou sem observar as formalidades previstas na lei. (Incluído
pela Lei nº 11.107, de 2005)

Seção III
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam Contra os Princípios da
Administração Pública

Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os


princípios da administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres
de honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e
notadamente:

I - praticar ato visando fim proibido em lei ou regulamento ou diverso daquele


previsto, na regra de competência;

II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício;

III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em razão das atribuições
e que deva permanecer em segredo;

IV - negar publicidade aos atos oficiais;

V - frustrar a licitude de concurso público;

VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a fazê-lo;

VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de terceiro, antes da


respectiva divulgação oficial, teor de medida política ou econômica capaz de afetar
o preço de mercadoria, bem ou serviço.

CONCURSO 2007 – V_RG_S 33


NOÇÕES DE ÉTICA – CONCURSO 2007 – V_RG_S

CAPÍTULO III
Das Penas

Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e administrativas,


previstas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade
sujeito às seguintes cominações:

I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente


ao patrimônio, ressarcimento integral do dano, quando houver, perda da função
pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez anos, pagamento de multa
civil de até três vezes o valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar
com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios, direta
ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de dez anos;

II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou


valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância,
perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco a oito anos,
pagamento de multa civil de até duas vezes o valor do dano e proibição de
contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da
qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos;

III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do dano, se houver, perda


da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento
de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos.

Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei o juiz levará em
conta a extensão do dano causado, assim como o proveito patrimonial obtido pelo
agente.

(...)

CAPÍTULO VIII
Das Disposições Finais

Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho de 1957, e 3.502,
de 21 de dezembro de 1958 e demais disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da Independência e 104° da


República.

FERNANDO COLLOR
Célio Borja

CONCURSO 2007 – V_RG_S 34

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