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Adeus razoabilidade! Ricardo Henrique Andrade Prof. de Filosofia da UFRB Amargosa Email: reseandrade@gmail.

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O Congresso encerrou as atividades de 2012 com dois episdios to burlescos quanto suposta profecia maia. Final dos tempos? O fracasso da CPI do Cachoeira e a tentativa de votar de uma s vez mais de 3 mil vetos ilustram bem o nvel da sandice. O primeiro mostrou que a rede de corrupo to intrincada que no possvel puxar um fio sem que os demais sofram com o aperto do n. O segundo indicou at onde vai leviandade utilitarista dos parlamentares: quando a questo envolve dinheiro, a lgica da farinha pouca... soberana. No tenho iluses quanto observncia de preceitos ticos na poltica. Polticos jamais sero santos. As linhas que demarcam a distino entre as esferas pblica e privada no so mais to ntidas como na antiga polis ateniense. A modernidade as fundiu na esfera social, um espao hbrido de contornos indiscernveis. Portanto, natural que nas esferas sociais a poltica se nutra de interesses pessoais ou de alianas das mais diversas afinidades ideolgicas. Um complexo jogo de poder atravessa as legendas partidrias e alinha os agentes polticos em centros de gravidade momentneos; religiosos, regionalistas, ruralistas, ambientalistas: corporativistas de quaisquer qualidades se atraem e se repelem nos vaivens dos consrcios e rupturas. Essa dinmica, embora legtima, quase ininteligvel para uma sociedade mal escolarizada como a nossa. E fica ainda mais inexplicvel quando os polticos deliram na defesa de proposies sem p nem cabea. Nossa democracia ainda carece dos padres elementares de racionalidade e probidade. A participao poltica deveria ser negociada no confronto de argumentos e no em dinheiro, como numa feira livre de votos (o mensalo foi apenas o episdio mais notrio). Uma turba de grotescos no Congresso tem feito da poltica uma arte de escarcus. Um espetculo de cinismo e incoerncias que afeta a necessria expectativa de que exista alguma racionalidade no funcionamento da nossa casa legislativa. Temo que o adeus razoabilidade seja um convite sutil violncia.

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