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Atuações e qualificações
(1) Doutor em Direito - PUC / SP, Mestre em Direito - Universidade Federal de Pernambuco,
Juiz Federal, Professor da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG
I - INTRODUÇÃO
Discussões estéreis são travadas, na maioria das vezes carentes de um mínimo de rigor lógico
na defesa das várias posições que fazem praça.
Tanto pior é o quadro quando se tem em mira que, sequer, se questiona o conteúdo semântico
do vocábulo quorum como premissa necessária e anterior a qualquer disquisição.
Reputa-se, porém, de bom tom que preliminarmente se busque aclarar o conceito de quorum
como condição inafastável de encaminhamento correto da problemática.
Uma visão semântica vulgar da palavra quorum, ou da linguagem natural para os mais
refinados em semiótica, conecta a ela apenas o entendimento de que se trata de um número
de pessoas exigido para instalação de um órgão coletivo.
Teses desse matiz não esclarecem em absoluto a dimensão holística do conceito de quorum na
medida exata em que ele não se circunscreve apenas ao funcionamento inicial de um órgão
coletivo.
Com efeito, a instalação de uma sessão é ato qualificável como de funcionamento inicial de um
tribunal, por exemplo, mas não pode ser havida como ato de deliberação ou decisório. Acresce
que tanto se fala de quorum em um quanto em outro caso. Logo, mister procurar outra vertente
conceptual.
Tirante opiniões em contrário, tem-se que o termo quorum comporta uma espécie de
bimembridade conceptual: é o número de pessoas necessário para o funcionamento inicial e
para a deliberação de um órgão colegiado.
Então, qualquer discussão envolvendo a idéia de quorum, para ser produtiva, deverá
esclarecer o sentido em que a palavra está sendo empregada: quorum para funcionamento
inicial ou quorum para deliberação.
São espécies de quorum: o quorum para funcionamento inicial e o quorum para deliberação. O
quorum para funcionamento inicial diz com o número de pessoas exigível a fim de que se abra
validamente uma sessão.
O quorum para funcionamento inicial de órgão colegiado não abre ensanchas para indagações
outras que não aquela já declinada pela simples razão de que a própria abertura da sessão é já
funcionamento do órgão colegiado. E isto é assim porque se o quorum de funcionamento inicial
não for atendido não poderá haver sequer a aludida abertura.
Em angulação jurídica somente pode ser considerada abertura de sessão aquela posterior ao
preenchimento do quorum exigido. Por outras palavras: a verificação de atendimento, ou não,
ao quorum necessário é mero procedimento preliminar da abertura da sessão.
O ato jurídico de abertura da sessão supõe que se tenha investigado sobre a existência de
quorum, de tal modo que somente haverá tal abertura se o quorum exigido houver sido
implementado.
Quando se diz que uma sessão foi aberta, está-se a dizer que o quorum necessário à sua
abertura foi atingido. Não é possível abrir uma sessão, por exemplo, de modo condicional:
abre-se a sessão e aguarda-se que o quorum seja alcançado. Isto não existe. Ou há o quorum
para funcionamento - e neste caso a sessão será aberta - ou não há.
Superada a fase do quorum para funcionamento inicial porque seu atendimento variará
consoante a matéria objeto de deliberação. Esta espécie é logicamente posterior ao quorum
para funcionamento inicial porque seu atendimento variará consoante a matéria objeto de
deliberação.
Determinada realidade da experiência poderá ser havida como gênero relativamente a outras
realidades. Vale dizer: gênero e espécie são noções relacionais que dependem
fundamentalmente das realidades contrapostas.
Isto permite que dada realidade que figure como espécie possa ser tomada como gênero para
outras realidades. Portanto, o quorum para deliberação também é gênero que comporta as
seguintes espécies: quorum por maioria simples e quorum por maioria qualificada.
O quorum por maioria simples, ou relativa, consiste na maioria dos presentes à sessão, desde
que presentes pessoas que representem a maioria dos membros.
O quorum por maioria qualificada consiste em número superior em função da maior dignidade
de certas matérias que reclamam, por isso mesmo, uma vontade final representada pela soma
de um maior percentual de vontades individuais.
A maioria por três quintos e por dois terços não tem maiores problemas de compreensão.
Todavia, a denominada maioria absoluta ainda desconcerta alguns. Impende, por isso mesmo,
colher escólio doutrinário de José Afonso da Silva: "Maioria absoluta é mais da metade,
constitui-se a partir do primeiro número inteiro acima da metade, sendo erro considerá-la como
metade mais um, como não raro se ouve e lê, visto que será impossível apurá-la quando a
Câmara se compuser de número ímpar de membros" ( Curso de Direito Constitucional Positivo,
8ª edição, São Paulo, Malheiros, p. 454).
Resumindo: quando se cuide de quorum para deliberação ele poderá ser por maioria simples
ou maioria qualificada. O quorum por maioria qualificada poderá ser por maioria absoluta, por
dois terços e por três quintos à luz da Constituição Federal vigente.
Diga-se, de pronto, que o quorum para instalação poderá ser estabelecido para deliberação,
em sua compostura qualificada.
Uma visão superficial sobre o artigo transcrito identificará a fixação de quorum para deliberação
que, no caso, será de maioria simples como regra.
Tal compreensão, entretanto, restará prejudicada pela sua parcialidade, uma vez que também
aí se encontra a fixação do quorum para instalação: maioria absoluta.
Coisa diversa ocorre se se tratar de lei complementar porque ela reclamará para sua
aprovação o quorum por maioria absoluta (artigo 69 da Constituição Federal).
Portanto, dependendo da matéria a ser objeto de uma deliberação, o quorum para instalação
poderá ser o mesmo quorum exigido para a deliberação (caso da lei complementar) ou poderá
ser diferente (caso da lei ordinária).
Isto permite a conclusão de que o quorum para a instalação não poderá ser confundido com o
quorum para a deliberação. Ambos poderão considerar aspectos numéricos idênticos, porém
são juridicamente distintos.
Tal distinção legitima a conseqüência jurídica de que o quorum para deliberação haverá de ser
perquirido no momento da votação e não no momento da instalação da sessão.
Pode-se, portanto, ter o quorum para a instalação e ao depois não dispor do quorum para
deliberação, notadamente em razão das ausências "ocasionais".
Repare-se que neste caso a instalação terá sido incensurável juridicamente. Entretanto, daí
não se segue que a deliberação o será se for necessário o quorum por maioria absoluta para
aprovação, por exemplo. E isto porque já não haverá maioria absoluta na medida em que as
ausências "ocasionais" no momento da votação desqualificaram o quorum por maioria
absoluta. Mesmo que exista o quorum por maioria simples, ele não será suficiente para aprovar
uma lei complementar.
Conseqüência: do atendimento ao quorum para instalação de uma sessão não se pode extrair
a ilação inexorável de que o quorum para deliberação estará automaticamente atendido.
Poderá estar, o que é coisa diferente.
Se no momento da votação de uma lei complementar, por exemplo, se verifica que inexiste
quorum por maioria absoluta, a deliberação deverá ser suspensa por força da ausência de
quorum. Haverá um óbice intransponível representado por essa ausência de quorum
pertinente.
Pode suceder que mesmo atendido o quorum de instalação - maioria absoluta - o número de
votantes pela aprovação da lei ordinária poderá não configurar o quorum da maioria simples,
caso em que essa lei terá sido rejeitada. Igualmente se se tratar de lei complementar e o
número de votantes não corresponder ao quorum por maioria absoluta.
Tem-se, assim, as seguintes conseqüências:
b)se o número de votantes não alcançar a grandeza matemática requerida para a aprovação
de uma lei, por exemplo, tem-se que ela foi rejeitada ( o quorum é por maioria absoluta e a
votação somente alcançou o quorum da maioria simples).
É de mister perquirir, ainda, a natureza jurídica do quorum, uma vez que somente a partir desse
dado se poderá ter fundamentação razoável para a tese - já antecipada - de que o
desatendimento do quorum gera nulidade.
Crê-se, por isso mesmo, que o quorum tem a natureza jurídica de um pressuposto de validade
do ato dependente de sua observância no momento em que é praticado.
Nessa dimensão teórica, o quorum se apresenta como algo incontornável: sua presença é
obrigatória, nos moldes em que requerido, e a sua ausência é fatal para o ato colegiado
praticado.
Imagine-se uma lei complementar sendo pretensamente aprovada pelo quorum de maioria
simples. Tal jamais poderia ser qualificado como ato anulável. A caricatura jurídica daí
decorrente é tamanha que a nulidade se impõe de forma evidente.
Pense-se, ainda no campo dos exemplos, em uma lei ordinária que foi aprovada por maioria
simples, porém em uma sessão instalada com quorum de maioria simples e não de maioria
absoluta. Novamente a nulidade dessa aprovação se imporia por defeito insanável quanto ao
próprio nascedouro da sessão. O vício radicaria no quorum de instalação.
O quorum de instalação não tem merecido maiores cuidados legislativos no que diz com as
sessões de julgamento dos Tribunais. Suficiente que se dê revista nos vários preceptivos legais
que regulam a matéria.
Ao que parece o legislador deixou para cada Tribunal, pela via do Regimento Interno, o
trabalho de cuidar do tema versando o quorum de instalação da sessão de julgamento. Daí que
se tem um tratamento casuístico porque dependente de cada Corte de Justiça.
Há exceção, porém, representada pela jurisdição trabalhista. Por força do artigo 672 da
Consolidação das Leis do Trabalho há de se observar, a título de quorum de instalação, a
maioria absoluta.
Deveras, isto deflui da exigência contida no caput do artigo citado de que esteja presente, além
do Presidente do Tribunal, a metade mais um dos juízes, aí incluída a representação classista
em sua inteireza (pelo menos um representante dos empregados e um dos empregadores).
O quorum de deliberação, porém, nem sempre se encontra balizado pelo mesmo critério. Com
efeito, por força do artigo 97 da Constituição Federal também se exigirá maioria absoluta para a
declaração de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do Poder Público. Somente
neste caso específico é que há concordância entre o quorum de instalação e o quorum de
deliberação.
Fora daí, porém, a regra a ser aplicada diz com quorum, por maioria relativa, ainda por força do
artigo 672, § 2º, da Consolidação das Leis do Trabalho. Ou seja: os julgamentos se apoiarão no
voto da maioria dos juízes presentes no momento da votação.
O Código de Processo Civil, de seu turno, no artigo 479, cuida do quorum de deliberação nos
Tribunais para efeito de uniformizar a jurisprudência através do expediente técnico da súmula.
De notar, entretanto, que o artigo citado diz com a composição do quorum aludido por
substituição de juiz em caso de ausência ou impedimento eventual do titular.
Uma pergunta de modo imediato surge: como a lei aludida fala quorum para deliberação, será
que dispensa a convocação de juiz para compor o quorum de instalação?
A negativa se impõe. Com efeito, nenhum julgamento poderá ser validamente feito se o quorum
de instalação da sessão pertinente não for atendido. Tal julgamento seria nulo por defeito no
quorum aludido. Desse modo, não se pode pensar na convocação de um juiz para compor o
quorum de deliberação se o preenchimento do quorum de instalação é prévio e tem natureza
de pressuposto de validade no julgamento subseqüente.
O lastimável estado teórico da técnica legislativa brasileira é a única explicação possível para
tamanha barbaridade legal.
Tirante as hipóteses de regulação regimental da matéria, que por ser casuística não merecerá
exame, pode-se assentar os seguintes pontos:
a)o quorum de instalação da sessão dos julgamentos nos Tribunais é o da maioria absoluta;
Fique claro, contudo, que o afirmado diz com Tribunais em sua composição plena.
Não raro, surge a possibilidade de um juiz presente a determinado julgamento ser colhido pela
suspeição ou pelo impedimento. Qual o reflexo disto quanto ao quorum de instalação e de
deliberação?
Explica-se. A princípio, a suspeição ou o impedimento do juiz não obsta a que ele componha o
quorum de instalação porque nesse momento não existe ato decisório a ser contaminado com
essa suspeição ou com esse impedimento. Tais óbices processuais se manifestarão por
ocasião do julgamento, atingindo portanto a validade do quorum de deliberação.
Entretanto, frise-se que isto somente é factível se o julgamento se fizer com quorum por
maioria simples, uma vez que nessa hipótese o juiz suspeito ou impedido é afastado da
votação sem causar nenhum prejuízo na composição do quorum de deliberação exatamente
por ser de maioria simples.
Por outras palavras: considerando que o juiz suspeito ou impedido não poderia se afastar da
composição do quorum de instalação da sessão e também não poderia votar no julgamento,
segue-se que o quorum de deliberação não seria atendido por ausência de identidade
matemática no número de juízes a fim de que a maioria absoluta fosse atingida. Sobremais,
isto importaria também em não se ter a quantidade de votos configuradora de maioria absoluta.
b)se o julgamento for feito com juiz impedido ou suspeito integrando o quorum de deliberação,
ele será nulo.
Portanto, somente haverá nulidade se o julgamento for feito com a presença do juiz impedido
ou suspeito a fim de compor o quorum de maioria absoluta em virtude de insuficiência de juiz
que pudesse viabilizar o quorum da maioria absoluta.
IX - CONCLUSÃO
1)quorum é o vocábulo que designa realidade matemática ligada à instalação de uma sessão e
às deliberações tomadas;
6)o juiz impedido ou suspeito poderá compor o quorum de instalação se o julgamento reclamar
quorum por maioria simples. Entretanto, se o quorum for o da maioria absoluta, tal não será
possível sob pena de nulidade do julgamento.
Simples e Absolutas
By Didi
Depois de tanto tempo com esse post abaixo falando da pessoa física do Einstein
(pessoa física! hihi), voltei! Estou em clima de semi-férias (meio horário de trabalho,
meio horário de férias) e as postagens tendem a seguir o ritmo. Ou não!
Vamos falar de coisas simples como, por exemplo, o que é maioria simples e o que é
maioria absoluta?
A maioria simples é o primeiro número inteiro
após a metade. A gente não deve usar o vulgo
“metade + 1″ porque metade de número ímpar
não é um número inteiro e não há como
considerar pessoas com números que não são
inteiros. Chega a ser assustador exigir a
presença de “41 senadores e meio” para
deliberação… É a mesma questão dos
brasileiros que têm, em média, 2,2 filhos. Ou
seja, ninguém tem 2, 14 filhos. Tem?
Fica combinado que a maioria simples do senado que tem 81 membros é de 41
senadores se todos os 81 comparecerem (como bem apontado pela Dani), mas pode ser
inferior a 41 se menos senadores estiverem presentes!
A maioria simples é necessária para aprovação de lei ordinária (adoro esse nome),
decreto legislativo e resoluções.
A maioria absoluta tem o mesmo raciocínio do primeiro número inteiro depois da
metade, mas trata-se da metade dos membros, ou seja, mesmo quem não for, conta. Por
exemplo, a Câmara dos Deputados Federais tem 513 membros. Sua maioria absoluta
será sempre de 257 votos, enquanto a maioria simples pode variar de acordo com os
presentes. A absoluta vale para coisas como rejeição ao veto do presidente.
1. Introdução
A estrutura básica da organização do Poder Judiciário está descrita na Constituição
Federal a partir do art. 92, sendo que o art. 94, seguindo orientações das constituições
anteriores, dispõe que um quinto dos lugares nos tribunais serão preenchidos por
advogados e membros do Ministério Público.
A regra do quinto constitucional do atual art. 94 é repetição da regra do art. 144 da
Constituição de 1967, com a emenda n° 1 de 1969, do art. 104, b da Constituição de 1946
e do art. 104, § 6° da Carta de 1934. Ou seja, o objetivo do constituinte de "injetar nos
tribunais o fruto da experiência haurida em situações outras que a do juiz" ( FERREIRA
FILHO, 1993, P. 534) já estava presente em ordens constitucionais anteriores, e reflete um
pensamento que até hoje vigora: de que a pluralidade das experiências vividas pelos
profissionais não oriundos da magistratura de carreira é essencial ao revigoramento dos
tribunais e ao dinamismo do Direito.
Dessa forma, tal mandamento, permite sejam transformados em magistrados profissionais
que já integraram os quadros do Ministério Público e que já se dedicaram à Advocacia,
pública ou privada, ambos com mais dez anos de exercício efetivo da profissão.
Ora, justamente por permitir uma forma de ingresso na magistratura diferente daquela
legalmente prevista (aprovação prévia em concurso de provas e títulos, conforme art. 92, I
da Constituição Federal), muitos magistrados e, surpreendentemente, advogados e
promotores, insurgem-se contra a regra do quinto constitucional.
Dentre as críticas feitas a tal dispositivo, sem dúvida, a principal é a que entende ser o ato
de nomeação dos novos magistrados um ato eminentemente político, o que atentaria
contra a independência e neutralidade do Poder Judiciário (1).
Outras questões também poderão ser suscitadas com relação à regra do quinto
constitucional. A título de exemplo, apontamos a dúvida de se saber se os magistrados
egressos da Advocacia ou do Ministério Público conservam sua origem para efeitos de
promoção para tribunais superiores. Ou ainda, a dúvida quanto à interpretação da regra
expressa de um quinto para advogados e membros do Ministério Público contra a regra
implícita de quatro quinto das vagas restantes para os magistrados de carreira.
Esse tipo de controvérsia, ainda muito comum na doutrina e na jurisprudência, leva-nos à
conclusão que o assunto ainda não foi devidamente digerido, por advogados, promotores,
magistrados, professores ou qualquer jurista que se aventure e traçar um paralelo entre as
regras insculpidas na Constituição e sua real efetividade prática.
O presente texto por escopo principal trazer uma contribuição para o estudo da matéria,
enfocando a atividade do magistrado egresso da Advocacia, no desempenho de seu papel
de representação da classe e de operário das transformações que levam ao
aperfeiçoamento das instituições jurídicas.
Por derradeiro, resta destacar que a finalidade do quinto constitucional é garantir acesso
dos advogados e membros do Ministério Público à magistratura, e não garantir um
determinado número de vagas aos magistrados de carreira, razão que autoriza a
existência de número de magistrados oriundos daquelas profissões maior que o número
de magistrados de carreira.
7. Conclusão
Diante do exposto, podemos tirar as seguintes conclusões:
I. A existência do quinto constitucional é essencial, não apenas para a oxigenação do
Poder Judiciário, através da coexistência, na mesma função, de profissionais que atuaram
em diversas carreiras jurídicas, como também traz significativa contribuição para a
transparência desse Poder, garantindo que as decisões tomadas serão justas, e dialéticas,
posto que levarão em consideração também as pontuações trazidas por aqueles já
atuaram em atividades diversas da função julgadora.
II. A crítica de que o ato de nomeação para cargos nos tribunais superiores é um ato mais
político que jurídico não se sustenta, uma vez que, para a elaboração da lista sêxtupla
participam o maior número possível de Conselheiros da OAB, os quais terão acesso a
todos os meios idôneos permitir sejam analisadas a capacidade técnica, bem como o
conhecimento jurídico e a reputação dos candidatos. Destarte, a elaboração da lista
sêxtupla em nada difere dos demais processo seletivos para outros órgãos de Poder do
Estado, inclusive dos concursos de títulos e provas para investidura em cargo na
magistratura.
III. Por outro lado, entendemos não ser saudável a participação dos tribunais no processo
de indicação dos candidatos a magistrado. Isso porque, conquanto o processo seja sério,
e pautado pelos ideais de objetividade, não se pode assegurar que da lista tríplice
oferecida pelo tribunal a partir da lista sêxtupla não tenham sido eliminados aqueles que,
por um motivo ou outro, não tenham a simpatia dos magistrados. Para evitar que sejam
aberto espaço a razões pessoais e subjetivas, propomos que o Tribunal não participe da
elaboração da lista tríplice, e que a mesma seja oferecida diretamente pelo órgão de
classe ou direção da instituição ao Chefe do Poder Executivo.
IV. Com relação ao número de magistrados oriundos da Advocacia ou do Ministério
Público em tribunais cujo número de componentes não for múltiplo de 5, entendemos que
a fração obtida pela divisão por 5 do número de lugares no tribunal deverá ser
arredondada para mais, sob pena de haver subrepresentação de advogados e membros
do Ministério Público nos tribunais. A exegese de que ao quinto reservado aos advogados
e promotores corresponde quatro quintos reservados aos magistrados de carreira não é
correta, posto que inverte a ordem lógica de interpretação, permitindo-se que uma regra
constitucional implícita (regra dos 4/5) prevaleça sobre a regra explícita (regra do 1/5).
V. Para efeitos de promoção para os tribunais superiores, os magistrados oriundos da
Advocacia e do Ministério Público, uma vez investidos no cargo, desligam-se de sua
origem, passando, para todos os efeitos, a serem considerados magistrados de carreira,
sendo que seu acesso a tribunais superiores (notadamente nos estados em que coexistem
Tribunais de Justiça e Tribunais de Alçada) deverá se dar através dos critérios de todos os
magistrados, quais sejam, antigüidade e merecimento, consoante regra do art. 100, §1° da
Lei Orgânica da Magistratura Nacional.
VI. Finalmente, defendemos a extinção do Supremo Tribunal Federal, atualmente
escravizado e monopolizado pelo Poder Executivo, para que seja criada a Corte
Constitucional, não subordinada a nenhum dos poderes do Estado, mas que seja
constituída por Ministros indicados por cada um dos três poderes, na proporção de um
terço. Nesse caso, as vagas do quinto constitucional seria, garantidas, desde que
respeitada a participação dos órgãos de representação da classe e da instituição, através
de lista tríplice encaminhada ao Poder encarregado de fazer a nomeação.