Sei sulla pagina 1di 96

CIIK~'AS:!

W I\'EItSOS JORNAES

FL'NCWAL
TYPUC hAP1lIA FUNCHALENSL
c-

1883.
UM PRIVILEGIO INDUSTRIAL

Redaclor do Direito (*).


Ill."@S~nr.

V. S a que se presta sempre a advogar contra mim as


causas maiS 'injustas, especialmente ar goe podem perjmdicar
os meus interesses particulares, substituindo a raz-o que náo
tcrn pelos termos mais grosseiros, i sombra da sua irrespon-
sabilidade, vem, no na0 1:371 do Direito, de 7 de março
corrente, num artigo que iem por epigaphe-#A industria
fabril do snr. Visconde do Cnnnavial~,-arvorar-se em pa-
trono de quem se quizer apoderar de uma propiedade mie
nlia, e aconselha que se apoderem d'ella os que não pensam
em tal.
inr6n-
Quem for contra factor dos processos iiidastriaes
tados por mim, e de que tenho privilegio, ssá levado aos
tribunaes, que, estou certo, me farão justiça.
E' lá que a questão tem de agitar-se.
Trazel-a para a imprensa nos termos em que ellagappa-
rece no Direito i: demonstrar, evidentemente, a nenhuma
confiança na justiça da sua causa.
=Z====

(*) Esta carta foi publicada no Drnaio POPULARde O do março


de 1883.
pela il~inlia paite nada tcniio q!ie n c ~ i a i da . iti~prcnsa:
anks atimoter ocrasiso da piiiveri;ar as i.i-iicbs iiicxa-
[ l " ~ p ~ ~ o aji~icrcisatlrs.
s ou np:\ixunaJa.i i ~ i q ~ a l e tsi,-
n
bi.c o ~ssumpto.
fiQulros esrriptoç e nniitro prriorlica rcfiilasei tiido o
<IP~
do falso o Jc m 3 l p v o l ~n o primeiro ar ligo ~iubliçado
ao Dirriro, o o qiic ha ilo Iinser i i , ~mais ( I ~ I ' : Icai d': vir.
Aqoi s(, me prolioiilio a coiiimiinie;ii a V. S.' nlptins
hcfm rcletivo~ assrrçáo rliic (:ia ~ I c que nenlitim fabricari-
u de assucrr se prcsioii a t n c i ~ rcnmiiiigo para ser aueiorisado
a usar dos mciiç proci:ssos piiri!cgintlos.
Na oecrsiho eni quc eii czpc~lia aos diversos fabrienn-
Je ssstjear c aguardi!ijle (I'rsla i l l i ~a circulais qlio V. S.*
transcreva no ciindo numero do Dtrcito. prorurou-nie o snr.
Visconde do Ribeiro Real para nie dizer que o snr. W.
Hinton (o mais iiiiporiniiic lal~riranic de nssuenr d'esia ei-
dade) Ibe pedira p ~ r ame c o l l ~ i ~ l l l ~ ~ ique,
c a r tenrlo risto um
aviso aos jornaos solire o meu i 1 qiicria traelar eo-
nigo r essc respeito, e desejara saber em que eoridiçórs eu
qncria eoniraciar: kzentlo sentir cyic mt! eonoinltâ uma aveiim
com elle em eondiçi~cs mais i*asoaveis, porque estava conven-
cido de que, desde que os ouiros iiidusirineç soubessem que
dis tinha feito contracio comigo. ncnlliim laria qu~stáo.
Reapondi ao snr. Visconde do Ribeiro Real que não ií-
&vida em fazer uma avcnça com o snr. Hintun, ten-
do em eonsideracso as razúcs que levavam a erer que r
Irbora~ada siia filirica seitia csle aniir, meiior do que nos
4. mas que a base do cálculo para esse coo-
treeto n5o podia deixar de sw a rncsma que servia pata
os ou t rua industl-iaes.
Tendo ésia resposin sido trriismilida ao anr. Hinton
elo snr. Visconde do Ribeiro Real, a quem o mesmo sor.
fiinion foi possoalmenis procurar tio rlitl aeyiiiiite para a
saber, disse este seobor que, ein vista d'isso, me procura-
rir para tracbr 6<lbr0 O aaunqbt~.
N'alss circumslaiicias não jelguei necesçario enviar ag
a@r8Hinion 3 mencionada circular, qile en~iei, todavia, a tor
-0s ouiros fnbrieantes de assiiear ou ngii;irtiecite.
No i 3 do feicrciro tilii~iio,iiio iiie ieiit]o ainda o
dizebclo-lile
siir. Ili~iioii P F ~ C U I * ~ ~ cscrevi-ll~~
~O, que, toodo.
rnc coiniaiii~ic;i~io o snr. Visconde do Ribeiro Real que ellc
cll~(:ria lrlael:ii~ contigo ácerca do meu privílcgio, Iiie pedia
q 1 1 0 me tlisscsse se cjucri:l que eu o procurasse para esse fim;
no (["C mc i.espiiridcu que riáo tinli« u8zdu tido kinpo de peno
sccr ,,o assrr~ripto.
Tendo eii, porbiii, sabido, com toda a certeza, que o
Iiieymo r i 1 rios nnrios dc 1880, 1881 e 1852,
iiiilia feito iiso iin 5ii:i Iil~iica do invcrito de rjue lenho pri-
r iiiiciorisa~ão, tornei a escrever-lhe no
vilegio, sciii n r n i ~liri
(lia 19 de f t : i.,liro
~ 1)ni.a llie perguntar se estava disposto
a &i*-iiic n iiitli:irirrisncio a que eu ~inlia dii*cito; ao que me
i*cspou{leu q u w , r i i o tiiilia o~~pi*cgado,neni (lie concirhn ern-
~ / t . o ! j w, o S Q(luc c11 1161iidia.
I I I - U N S (1
l i i I I , n de r a perante os {ri-
I ) u ~ I ~ I o >O f n ~ d~i*ttiIt).
~i
0 snr. 1). hl;inucI (13 Gama, dono da Fabrica ATiciotial
(niiiiga I2nbticr dc S. JOGO), fez-me umn proposta sbbre o
rncsirio ol~jilcio:e o :!ir. Ciiilh~rme Wilbrlinrn, um dos dooos
dt: iiinn i tlc assucar na Poota do Sol, ficou comigo
tlc ir coiisuliar os seus socioe, para depois nr traclar do
:kj oste.
(Ira, scnila esiijs os principacs fabricantes de assucer d'es-
ic Jisii i(-to, j i V. S.' vc qiianio a suli asserc%» B infundada.
Coiii 1 ~ r l n ~ 33 ocslc poiilo s6 accrescenlarei que já toem
I i .h i~l o I i vI coiniao pessoas tão importantes,
roillo o snr. l'iscot~ilo do Ribeiro Real, edminisirndor da
rasa (10 snr. (:oi~ile ilo Casv;illirl proprictario tlc uma fibri-
cr nguni.ilciite i:u 1 5 . i [ i l do !liir, o snr. José l'inlo cor-
i*ija Iuul~rict nisici Ili: ~:iiia grande fibrica de aguardente em
S. Ilririiiilio, r o snr. Aluizio Cear do Detiencouri, Iam-
Lcrri I , i * i ~ ( i i i e t a r i i de
, iinia fabrica de aguardente cm S. Pedro.
Eailn tcrilia corli os inilustiiaes que, nHo querendo fa-
zcil iiso dos Ilrocessos tlc que sou inventor e de que tenho
Iu.iFilibi;io, si? ii,'to q i ~ i z ~ s e msproveiiar da disposiíáo em
cluc estou de iifinci3rcoin elles a esse respeito; 1113s as ~ U O
fizci.cin uso []'esses pi.ocils.;os seiii niirilia auclori~açáo1150
di! ri~spoiideicivil u ciilii iiia intnte; c as perdas e dimnos
y i e tcirlio tlircito a palirAliius,930 o qua eu tiraria pelo proe
1,
cesso contrafeito, se fbsse por mim applicado ao mesmo
a quo elles o applicarem.
Espero que V. S." publicará no primeiro nomero do Di-
reito ésta carta, de qiic envio cópia a outros jornaes.
De V. S.a
attmOvenerador
Funchal, 8 de rnaitço de 1883.
Vasco?zcle do Cnnnavial,

Ex."O Snr. Redactor (+).

Desde que o Direito, pile se presta a tudo o que lhe


dá interesse, sc apresenta a dcfcnder, com asscrçTies insxa-
etas e insinuações rnnlevolas. os contrafactores cle iim in-
vento meu de q uc ha j i muitos anoos tenlio privilegio nin-
da existente, e até lioje incontest:ido, a (1tgnitl:ide do meu
caraeter e os meus interesses, injiis~amciite feridos, euigcm
que eu venha á imprensa restabelecer â verdade que íie
pretende deturpar.
Todos os que conliecem a hisiorin da Coinpantiia Fa-
bril de Assucar hiadeirensc ç ; i b c i ~cpie o iriceritivo que me
levou a promover, em 1866, a fuoilnçáo cj'csia coii, panliia,
foi um sentimeiito patrioiico; foi, me!l~orar n il~iluslria fa-
bril de assucar ainda tiio atrazada então entre o6s; foi, fa-
zer prosperar a Madeira, estal~elecendo, sdlire bases segii-
ras e estaveis, a cultiira d:i cnrina, ci~izo esriiorecida; foi o
desejo de proporcionar aos Ira titni~ies d'esic disiriclo, por
preço commodo, sem porjuizo da a g r i ~ ~ u l ~ i ium
i ~ i , genero de
primeir a oeeessidiide.
----
---c.
Um discurso que pronunciei numa grande reunião pú-
(*) Carta dirigida ao Di.inro POPGLAR
e ~iublirada om 10 de março
tle '1883.
blicn. no edificio da escola Luncasleiiana d'esta cidade, no
dia 25 de niarco de 1870, e qcio foi logo publicado, prova
bem q u a i era a iiiira dos meus esforços.
Nesse iliscuiso encontram.se as seguiotos palavras:
((0meio, uriico a meu ver, cle estabelecer na Jfadcira a
cultura (Ia carina s6t)re bases solidas a cstavcis; o meio de lia-
ver compi~adoros qiic paguem a caiina por preço que ariirne 3
agricultura, e quo, ao rnesmo tciupo, possam vender o assuear
por preço tal qiic em ncnliiiuias circumstancias possamos re-
ceiar a eoneoirencia c10 assiicar cstrniigiilro em ponto algum do
reino, é a fiinda(;io de Cibricas com os apparelhos modernos e
aperfei~o;~dos.
a 0 E~l)iico do assucar na Madeira é ainda suscepti~el de
muitos niclliúranl(~nt~cs,110s qilncs t i Z o dc neccssariamei~tc re.
siillar çi.anilas vaiit3çeiis para a agricultora e para o commarcio
d'esta t ~ r r a .
a . 4 ~f&bi~iwsque existem são de pequena laboraçáo. D'aqui
resulta que a caiiiir, antes tlc sor reduzida a çonrapa, osti, muites
vezcs, dias a fermentar. 110s arrn:izens das fibrieris; o que dh logrr
a uina grandc p8i.cla cll! iissttcar, torria laborioso o fabrico e iníluo
para a n~iiqualidade do pr.octucto.
« Os tnuinlios enipregall:)~ para a sxfraeç3o da gusrapa, qrial-
quer que seja a sua Fbrça, ilcixarn sempre no baga@ uma quanti-
daila de assiicai, qric pbde ser 40 ou 5 0 7 , da totalidade do as-
siiçar da carina: e es ta assuear, yzle fica assim perdido, pbde ser
aprovei tado.
«Nãs fabi-icas que todos conheceis, a gtiarapa é evaporada ao
a r livre: quer dizer que é preciso eleval-a a temperatura de l,OQe
C. para ohier a sua eoncentracáo. Ors, nos apparelhos no vaeiio.
isto é, onrle a c v a p r a f 3 o n5o cncoaira o ol!stxii\o (1:) pressáo at-
mospherica, faz-se ri cu:icùr.trac2o ti temperatura de 50°, a 60" C,,
e poüpn-s;i, port:iiito, todo O ~uinliuslivcl que seria riecessario cm-
pregar para elevar desde essa tempernlura at6 100' o liqiiido que
se evaporasse ao a r livre.
((,S. erapurai;iio a iima temperatura assim baixa dá ainda a vnn-
tagem de se não clueiritar assucai*, conio acontece na cvaporaccío
ao a r livre.: donde resulta qiie. com 3 masma cluantidado tlc giia-
rapa, se obtem maior quantidade de assucar.
R A isto iccresee cpie o assucar fabricado com os upparcllius
modernos tcin muito mais valor i10 comrnei.cio pcl;i sua 1;cif;i e i ~ - s -
tailisa~áoc maiiii. (ji~aiitid:tr!l: p2i litciihs sncli;ii.iii;is.
r153

uOs apy:ircll~ui nio~lcroos c iipcrfcicf~utlus piiriiiitlciii, ljciia,


an f.ii~i*icnntc~ - ~ t i i . , com
~r, nicnor despesa de Iabora~.ão,de ama
njilsniu cliin~iiida~lc de mateiaia prima, maior quantidade de produ-
l ~ nnior raior coiomercicil..
~ 1 ~ C) . [ ) ~ . ~ l l l l ide
6 \ I,iIiricni d'esta iiatiii7cza $50 as que podcm hoje trazer i
1i:i.i~~ii o unia g ~ ~ ~ : , i pi'ospei-idndc;
lli sáo as que podem rssogurar a
c.slnI~ili~lnc!ccln ciil~ur.n cin cariiia c trazer urii bcrn geral, trazer
licr:cf;si~j par;i iclllos. 9

$ias ;'sias pnl.~rrns, que bcrn revelam o que me moveu


110s eslor~o': q i i c cmprrgiici ciii lSGli para :i fondaoão da
o i tlc ,\isocar hl:itlcit*erisc, mostram tambem ,
~ U C q, ~ a l i ( l oIi:ivin j i mais dc rliialro nrinos que eu m o occu-
Y o estudo da iiiciustria I:il)i*ildo assucnr na Madcirr
E (IDS I I I C I I I O ~ ~ ~ ~ C I I ~de
C S I ~ I I Cella era suscep~ivel,e qiiando
nem mo Iinssnva riirida pclã idcin, c o p o proi~arci, que hnviã
tlc v i r a iriroii:ii i i i i ~ iiicio ellienz c do fiicil npplieaçiio para-
n i osssiicni* qric o larninador deixa no bagaço
a p s o r c i ~ ~ i n ~ do
das caiinns que esprernc; -iiiosliSain tn:nbl!ni que, em 25 de
marco de i870, deixei publicameriie esitbeleeido o facto de
que na Blaclciir F c n w ell[fio perdida r20 bagaço a grande
,i~mtii<l~;tl~ tle osscccnr qrte ~tells deixaram os naoinlios aqui
e~~il~regados pro>nu extrbacc,íor!$ yurirnpa.
Ctiamo hoje a ntieny5o tlc V. Kx." esperinim~nte para es.
te Iacio, que lia de appareeer ceda vez mais evidente na se-
rie de eorrespondeiicins que sdbrc o aseumpto me proponlio d
escrerer; nas quaes prociirarcii sempre iião ser muitosxtensa,
para niio abusar da benevoleiicia dc V. Exeae da dos Icilores
do seu jornal.
De V. Ex."
muito at teo venerador e ~ b . ~ '
Funclial, 9 de março de 1883.
Visconde do Cannavial.
~ Redactor (+).
E X . *Snr.

A carta que tive a honra de enviar hontern a V. Er." teve


por fim dcrnor~slrasqiie náo foi a especulação, como pretende
o Direito, inas um pensamento patrioiico, o que me levou a
promover, em iâ66, a fundação da Companhia Fabril de
Assucar hladeiicnse; e bem assim fazor ver quc, em 25 de
inarço de 1870, - quando eu náo linha ainda a menor ideia
de que tiarin de vir a inveiiinr 0s processos indusirines de
que tenho privilegio; qiioodo havia já annos que esiava fun-
dada a i.eferid;c cornpsiiliin, e que eu iiie occupavn do esiiido
da industria f;ibi.il do assiicsr na Madeira e dos mellioramen-
tos de que elln ora susrcpti~o~.-deixei eslat~elecido,sem cone
testnção, numa grande reuni50 pública,-qrre t i a Illadeirn
ficava entao perdititi n grnnde quantidade de aasiiccir que o
iamr9zndor deixrivn ~ i obrigoço.
liojc, proscguiiido no inou camiiiho, apliello para (i rela-
iorio qiio, cri] nome da diiceção da Compriiliir Fabril de As-
sucas Madeireosc, foi por mim qreseotado 5 n~scmhloiage-
ral da mcstna cornpaiiliia, ein 12 de ju~hode 1870, c quo
foi imrnctiia~amc~iieimpi*esso.
Nesse relatorio cu dizia o seguinte:
«Em 1866, reconhecendo eu de quáo graude iriiporiai~çiasáo
para a !ladeira u culluio da eunna e o fabrico do assucar; c ton-
do-mc! demonstrallo o cstudo tlos traballios mais i ~ ~ ~ r ~ ~ r i i m c r i i l ; i v e i ç
sobre csto assuinl~lo(liii: riiii; acli:'!rncts airttla, cfcliai~o tl'estc pur~to
de vista, não sb cin ni:is cii-c~rmstaiiciasagricolas, ser150 tambcm, tt
sobi~e~u~lo, em 9ilds circ~i~~istat~ce'as tnclllsiricrt?s;. teado uinifo no cù-
ntiecimento do quo náo s6 ncio al)roveitdrnos da carilio d e iissrtcur
todo o prodeicto al~toaeitcsvei d'clla, s e n h tarnlicin nlo proilueiiiios
ainda assucar íie primcira cliinlitlaifc; tcndo odqiiirido n certern ila
que ba fibricas sssucnr iniiito mais ~icrí'eilnsilo que :ls quepor
ora temos na Madeira, f'ibricas cjiic oil'crecem muito niiiioi8ci \n;itn-
gens debaixo (10 ponto do vista do rendimonto e iI,i il\i.diil;itlu (10
3z1--=z=--

(.) Carta dii+igida ao DIARIOF O PLAR,


~ B i ~ ~ li id IIC
~ i ~ ~ l i l rlln ~ III;II+~:!,

no iss:1.
~'rnililclo: coiircnzi-ma de cjiie o rnellior meio de fazer prosperar a
hlad(3ii.a estaliclcccn~loa cultura de canna sôbre bases seguras e 6s-
iarcis, o meio uiiico (?e podeicm .os cultivadores ter a certeza de
\!"i. bom preço esle nosso tão importante producto
v c ~ i ~ p sc~i~pi.c
i.
agricilid, o in:io de podermos, todos (lue somos consumidores de
assucar, ter p!-,ilpr.eCi, corninodo, sem perjuizo da agricultura, um
grncio que i: Iioje tle primeira ncccssidade e que so esta vendendo
cai,issiiiio, i: o cstai)i:Iecimcirto iicsta ilha de uma OU mais fabricas
crim os aplinicllios modernos e aperfci-O~~OSD.
..,....,..**.......*. ' I . . . * . . . * * . * * *..***.**..
.Os ~ p p a ~ c l i i otlcs que se servem a s fhbricas de assucar que
temos a c t i i ; ~ i m ~ i i ilia
c >ladeira, e em geral todas a3 fabricas de a&
sucnr, para estraliircm o succo da canna, sáo altamente perjodieiaes
:I i a , o tcem mostrado, theorica e practiumeote,
i ~ i l l l ~ ~ t l ~como
honiciis crim~ietentissirnosno assumpto: guer dizer que, depois de
t i l * sido n coloia csj~~.ejnida pelos cgli~adros,/ica ainda nella unu,
grantle , ~ r t ~ t ~ : i i d ~dct l cflSs?!Cor,
a Pondo nosmo dc paiaic a consideraçao da fbrça dos cyliadros
e do s c ~ i diamelro, o que teia uma grando imporiancia sbbre a
quantidade dc assucar que estcs opparelbos extrahem da canna, per-
gunta-se:-coiiiii-nos-lia coolinuar a empregar, para 8 extracção
da guarapa. 05 ini3sinos npl>nrellios qtio esláo sendo geralmente em.
pregados, perdendo a qnai~ti~?nde consideracel d e ossucnr qrcc &ca
tia palha?
.Homens eomiietentes promcttem fazer apparelhos que, $04
guindo systeina clivcrso, deveni retirar da canna maior rendimento;
Nas, serão esses apparslhos manufactureiras, isto 6, ds uío facil
applzcnrcío prácticg como os niol)llros de espremer canias, de modo
que tenham sdbre elles rrma un?ztagon real?
#Se for aproceztaccl para a,qi<atndenteo asstccar qtre fiUa na
palha que sne do moinho, será mais simples empregnrmos tambem
rrm d'estes o~~pwelhos para reduzir a eufina a guarapa?~
Ve-se, pois, que, no dia 12 de junlio de 1870, eu dava,
perante a assembleia gcral da Companhia Fabi*il de Assucar
hladeirense, corno facto averiguado (que por ninguem foi na
dicta assernblcia contestado) que o larninador deixava no ba-
gaço urna grande qiianiidnde de assiicsr, que ficava arsim
perdido. E, commuiiicando então á mosma asscmbleia que
havia quem prometiia maior rendimenio da canna por meio
de apparelhos de systema diverso, eu apreseritava as seguin-
tes qucslões:
Corrsspondcr~o esses spparelhos 6s promessas dos soas
auctorcs?
Teráo nr práciica vantngei~srcaes sbbre o lamioador?
Se for ayrovcitarel para aguardente o assucar que o la-
minador dcira no bagaço, será mais rantajoso adoptar o la-
minador?
Quando esse assoear niio seja oproveilarel, será, ainda
assim, preferirei o lamioador'?
Ninguem nnquella asscmbleia se julgou habilitado para
resolver tncs rliies\ões; nem revelou o eoobecimento .de ne-
nlium prci*eLso cflicaz e dc facil applicação pari o aproveí-
tamento d:, rssucar do baga~o.
E, não tendo a companhia elemeiilos para resolver estes o
ouiros ~~roblernas importantes, quando desejava montar a sua
fibrica lias melhores condiçóes indusiriaes, encarregou-me de
ir a França cootraetar os apparelhos que eu, depois do neces-
sario estudo o exanic, reconlieeesse serem os mais convenientes.
Foi uma cornmissáo ardua, espinhosa, de gravissima re-
sponsabilidade, quo cu tive, todavia, o arr6jo de acceitar.
Paro hoje aqui, snr. redactor; mas náo lecbo és& carta
sem pedir a V Ex."que noie a nova -gentileza do redactor do
Direito, que, tendo-me aggredido injustamente no peoultimo
+

numero do seu jornal, se recusou a publicar a minha defeza,,


apezar de ser isso um dcter que impóe a lei.
De V. E%.*
muito a 1 t . O venerador obr.dO
Punchal, 10 de inarço do 1883.
Visconde do Cannavial.
Izs.-> Snr. Rerl~clor( e ) .

No clesempcnho difil:il comrniKío de que fui encarre-


pela assemblpia gei*al da (:ornl)anliia Bs bril de 3ssui:ar
irenso, na çiln çcçsiio tlc 12 tle jiinho de 1870, fiz qiinn-
em mjin ciju[le Iisrn q u e o fál)rica iie S. João fosse monta-
da com os app:liscllios modcrrios iiinis perfeitos.
~ ichainnrei
, aqui, iodarin, a aitcnráo do V. Ex.*para o
iespei(o extrac~ão tia giiar;ipa, e apioveitameiilo do
qaa fimiva perdido no Lagiiço da eanna.
Apenas elieguei a Paris occiipei-me immediatamenlc do
sdudo dc ~ a s i appnrelhos
~s c processos propostx para substi-
*em o lamiriadnr; mas, apesar i13 convicçào eni q u e i a de
oe acharia prclerivel ao moinho o apllni*ellio do engenheiro
!-r, goiodo o n8o fosse o do engeiilicira A. Piiilifipe, com
quem, desde 1866, eu esiara eiir correspondencia sobre o as-
sumpfu. f:icil riic fui sccurili:ccr que iiciiliiim dos i i o ~ o sappa-
rclfios, que, dc tllais, C S I ~ ? F~~i l[i :( l); ic111 ~ n ~ i i devia
i ~ , ser ado-
ylado por unia empiaeza q u e precisava dc caminliar desde o
prio~piocom u masirna seguraiisa. Reconheci qoc o moinho,
ap6z;ir dos seus defeito$, náo tiiilia ainda acliado eornpeticlor
na indosiria do assurar de cannn; porque, d'esses novos appn-
relhos cujas vniitagens tanto sc n lii.cgonvaiii, nenliurn era de
disposigso iáo biii~pics,dù trnbnllio 130 facil, dc i30 diffiril des-
arrabjo, k do ião gtandc expedimie.
Decidi-nje, pois, pelo iiininl~o,ou iamiriador.
R'áo RIC cariicijiri? poi.í.ii,, com uin moinho composto de
cyliodros de diaiiicbiiù o i coriio o dos clliridroç tios
moinlioe das fibrieas j i cxis~eiiiesiia bi~idcira,e cjuc es[bi.emiam
apenas a G03/,.
Nem quiz irii~bcino nioinlio de Pâveii de cinco cgliodi.os,
o qmal, apesar de hzcr I:;bssai. n taiin:; por qliaiso p i e s s õ e ~
euceessiras e de ser esia auioilccidii o amaciada pela injecção
-i==

(:) Grta dirigida ao Di~nroI l ~ r o , ~ nc~ pulilieada


, eni 16 de iiinrco
ctc 1&'55.
de vapor c de piiigos ci'agiia (goutfelettes d7ea21), o30 offerecia
rnnlngcns quc corresponiicssem no seu grande custo, grande
despesa de v;ipor, c ililliçil repai%açáo.
E, para provar que fiz bcni em não adoptar este appare-
Ilio iào cooiplicrdo, bnsiari ilizer que, num livro importante
s6bre o fabrico de assucar p~il~licndo cinco annos depois por
N. Bassci, aitiifa se Icem as seguintes palavras com relaqão a
r malgrC toiit I'arnntaçc: Iliéoi~ii~iic qiie présentcrait celte rnaciii-
iic, elle est pisesque restEt? ti I ' Ç l i r t de prujet B.
Adopici otn tnoiiilio de Ires cglindros; mas um moinho
que dcvia ~sprcn:cP a 70 o!] 72 C que, portanto, devia tirar
da canna mais 10 ou 12'1, dc guarapa do q o o então tiravam os
niointios das fríbricus da Madeira.
i\Ins, apernr (I'isso, eu cnieiidia que seria de toda a eonre-
iiicncin npi*o~eitnro ussucar que ainda ficaria perdido no bagaço.
Ti>;iciei,pois, de ror por que apparelhos e por que proces-
sos isso so poderia conseguir.
As noções ~Iicoricas que eu possuia sol>i*eo assumpto
Icvarani-me n procurar a soluç5o do problexa nos meios já c00
nliecidos de niaceraflo e de Icvigaçiío.
Náo pude, porém, achar, entre os apparelhos e processus
inventados, nenlium. qo8 me parecesse applicarcl, eoni vanta-
gem, a uma fábrica de Iiiboraçáo imporiaiite.
Pareceu-nic e i i l i i ~aproveitase1 um processo de Biigoulin,
dcscripto no Journal des Ft~bt*icantsde sucre de 3 de novembro
ile 1864, que consistia em fazer fcrmetifar o baguço que sae do
moinho, em grandes eyliodros de metal ou de madeira fechados,
e dcslocnr depois o nlcool fortnado por tinia corrente de vapor.
Isto ve-sc da carta que, crn 9 de agosto de ISTO, esere-
ri dc S. Quinliiio (França) i direcçgo da Companhia Fabril de
A ssiica r bladei rcnse, dando-lhe conta dos processos adoptados,
e das macbinas e apparelhos escoltiidos por mim.
Nessa carta, que se acha trai~scriptaa pag. 5 do relatorio
que a direcção da mesrns compnniiia apresentou á assembleia
geral cm 22 dc jiinlio de 1871, c que foi imrnediatamentc
publicado, le-se:
aLi fabrica comprelieiidc, em resumo, o seguinte:
ai ."EYTRACCAO o moinho; mas
DA (il:~n~~i~~.-Emprcjaremos
rim moinho qiie tira mais dsz oii doze por cento de guarapa i10 que
3.
os moinhos que temos na Madoiia. ti polhn i?ii d ~ l ~ o ni s f e r r i i y , , / n r
para se aproveitar o assucnr qice ctilada podcrci cotiter, para clyttar-
dente.
« 2 . O DEFECA~AOE CL~IRIIIICACÁO.-TCT~~O 3 Scal-hosatoccio ,To-
brado, operação muiiissirno vaiiinjosu, porque aiigrnenla o rendi-
mento do assocar e diminue a despeza tlo c a r ~ á o aniinal, para o
que temos um forno de acido carbonico e cal.
3." FILTRA~ÃO.-Aguarapa etc».
Eram, todavia, ainda táo problematicas para mini as vau-
tagens d'esle processo, em razão do custo da insta!lacáo e cio
espaço necessnrio, que não ousei me~tel-odesde logo tio proje*
cto da fábrica. Entendi que era qriesiáo para sei a i i d a csiiiti:i-
da e meditada, tanto mais quaiiio oada sal~íasbbi*c os rcsul-
tados praclicos d'este appa relho.
Já ve, pois, V. Ex.", stir. redactor, qnr! e112 9 de agosto de
1870, apesar do estudo tlieorico e pilictico q i ~ ctitilia feito da
industria do assiicar, na Madeira i! lói*a tla Ei!ladeii~i,eii qiuo co-
nhecia ainda jienhilm meio melhor de uproueittrv o ussucnr
que o lamit~adordeixa no bagaço da coma, do que fuzer f ~ r -
mentor e m reeipierite fechado esse nsstccnr no nmmo Iintpiri.
Peço a V.13x.' qiic sc digne rie toinar iiota d'estc Facto; e
por hoje não cansarei mais a srin nlicnção.
De V. Ex."
mt.' att.' venerador o l x d O
Functial! 12 de março de 1883.
Visconde do CanlzaviaE,

Premitta-me V. 1Sr.Qqiic Ilie f a ~ niiotni. cjlic as fil)ricns


que se acham em boas coiicli~iJcs de Iaboi.;rção !ecr» riiiiilo
(*) Carta dirigida ao DURIOPUPUI~AR, rtu
C ~,i~l)lieaclâ lii dc ninr(u
dc 1883.
mais vantagens em obkr o assucar da cnana debaixo da forira
de assucar crystnllisado, do que em Lnnrformlil-oem aguardcotc;
Se assim r~ãofosse os industriaes não montariam fábricas
de assucar, qiie erigcni o emprego de capitaes muito maiores
do que as fiibiicãs de aguardente.
01-a, n j o tcndo eu confiança no systema dc Iliigoiiliri;
ci~jos rcsulilidos prac~icosri50 conhecia; tendo adquirido a ccr-
teza dc quc a ii~dusiria i130 possuir aiiidr irieio algum efficaz
c sufficieiiternenta i~einuiicrador, para o nproreitamenio do as-
sucar que o larninadoi dcíxn no bagaço dá cannr; e, pensando
t l u a n " ~ seri;i vuiiisjoso que se achasse esse nicio, e especial-
1iieiite q11e o assiie,ir do bagaço.podesse ser obiido debaixo da
fóivrna de nssc:cnr cryst:~llisado;-puz-mc a cogitar para ver se
poiiciin i*c.iolver o p;oblci~in
Vi 1050 qrie a agiia era o agente por meio do qual se
1;~dcrianitiis I'acilnitiiiic o h e r o resultado que cu desejava;
mas que não era por meio de lavagem, qiialqiicr que clla
~OSSP, que se potleria eorisegoir rcsuliatlo vaii!ajoso.
Uina lur(rgcm s6 poderir exiraliir do I i : i j a ~ oo assuc,ilr
isolado das cellulas rompidas pelo iaminador; rii:is e7'tu o 3s-
sucar das ecllulas intactas, ainda qoando fosse einpregada a
ngun quente, como o tccm maairado os resultados pouco &-
iisfatorios de iotlos os processos de levigaçáo.
11 inneernqáo tioli:>-se apresentado nãluralrnen~oao espi-
rito dc todds os qiic tioliam inventado appaiellios para,. pai:
nieio ll'cila, exiraliii.ein o assuear das suhsiancias saellarinas.
%!as, i~áo sondo nenhum d'esses apparcl hos vantajosa-
menlc applicavcis ao Lavaço de uma fibrica dc nssiicni. ou
ag!lni.dei~tc de caniia, a tlifiolldntle estcici~e?,l trcl~a~a uiim nick-
tini ~ n c i oqualquer eficaz, oconoinico, dg
c l i i ~ t n ,I ~ I I«pl~(wdlko,
~
facil exec~tçiiu, que ~*esoluesseo probleraa, cegos d~tloscrntn
con!~ecidos.
i3 ri prova de que a sohiç%o d'esie pi~olleiuaera co~isidt?-
rada t$o itiiporlarilo como (lifficil, 6 qiio N. Basset, iiiirnn o-
bra de rncrcçimento, j6 eni5o poiiliçada, s6bi.c 2 iiidusii.i:i tlo
assiicar, dizia a este reapcito:
crTi':rn-s? tentado muitos enslios com CSL;;: íiiri, c t! Iii'oVaVi I
que !,i,ta\.eiii:>cii~ 3 iod;istrin s:ja dl.~ta!l:i ile iiili qqi'w:~!!!!~i ~ ~ ~ ~ l i i ~ t l ~
2s q.ia;idailzs dos I t u ~ ~ isiiib
i ciiiaiailos, c d ~ ~ ~ i i i l ~ ~ i t t(JUS
ti~tJu
pora o progresso; porque o
scus tlefcilos. Srrin ?rtii pnsso isi?)ie??.w
trabalho das pi*ensasmais pcifcilas d ~ i x aainda muito a desejar de-
baixo de vaiios pontos dc \ista».
P c ~ oa niietiçso do V. Er .", snr. rediitor, para os priiici-
pios que deixo estabelecidos, c que scrrii>aiii de base para o
invento do rppnrell~o e dos pitoccssos industriaes de que lenlio
privilegio, coiiio terei r Iionrn de expor na p r o x i n i a corres-
~:oniicnci;i.
Dc V. Ex."
muito a 1 t . O venerador obradQ

I < x . " 9 n r . Redactor (*).

Traetando, em agosto dc i 870, de resolver o problema


do apioveiiamento, industrialmeiitc rsntajoso, do assucar que
íieava perdido no bagaço da canna, pareceu-RH que a primeira
cousa u fazer era pbr o bn,oaço errl contacto com agua, fria oii
quente, por modo qut! &ta o humcdeeesse - bem, d~ssolvesseo
assucar das eeilulas esmagadas pelo Iaminador;é-náo dissolvido
pela seiva da canoa, e pcricirassc a16 o inierior das ceHulas qiie
tiriliam ficado intactas, para se apoderar, pela osmose, do assu-
car d'ellas; devendo Segiiir-se a erlracção econornicn do liquido
assucarado, com densidade sufficiente para ser vantajosamente
utilisado para agliardetite ou para assucar, sem sc perder o
bagaço como combusiivcl.
- 4

(*) Carta dirigida ao Drraio DE NOTICIAS,


e publicada em 46 de marco
do 4883.
Por dois meios me pareceu deado logo poder-se obter
tc resultado; como revelei mais tardo num certificado de ad-
diç%o ao rneit primeiro privilegio:
I .O- u Estal~eleccruma circulação constante d'agoa no bae
gwo aaiO ésia adqiiiiir urna doiisidadc suffieientc; sendo o lia-
gaço, dcoois de berii Invado, posto a seccar para servir de coms
busiivi:l;
2.O-gPbr o bagaço em contacto com unia quantidade do
'agiia apenas siificionte para o liumedecer c penetrar ai6 o in-
iciaior das cellulas ainda intactas, passando-o depois ao lamioa-
dor, ou esprcineodo-o ouma preiisa qualquer de f6rça sufli-
cienlc. r
Para o facil, cfficrz c vantajoso crnprhgo c10 priineiro meio,
mas p~(lciitlolambcrii servir fiara o segundo, iniaginei um ap-
~w~cllio coinpostc, de uma bomba de disposição especial, c dc
dois poços.
No primeiiv processo o bagaço, depois cle estar ein ma-
ccray5o crn n;;iin coiis!>iikme~ikdcslocada por um movimeiiio
eirculaioi.io esinbelccitlo por meio da bomba, devir ser traciado
por nosas agcins o posto r sceear.
No segundo processo o bagsco devia ser disposto em
mrd:is drlgadas n o satiir do moinho, o orvalbodo com agur a-
porias suficieiitc p;irr ficar bem molhado, e depois ser passado
opporiunaamentc ao lant inador.
Eiii uml,os esics processas o liqoido assucarado exlralii-
do podia ser utilistido i,& s6 para aguardetito, cano nb pro-
cesso de Hiigooli~i,senso iamljcin para asscicni; o tliic ern mais
v:iniajoso, eslicci:iltrictiic para n f3l1ricn da S. JO~IO,(1110 sc pro-
p i i t ~ l t ; i e i i i p (3g;1~*u cn~+liuiiat:i@o tlobrada, que exigia que r
gunrapa liisse clilui tln, paibn clarificar bem.
Logo quc, depois de inoitos dias de cstudo e de ieltcsiío,
ebeguoi a uni rcsultcido qiie nio pareceu scguro c impcriaiiie,
imioetliatatnciite dei parte ílo ineu aeliado á dircecáo da Com-
i l i dc Assiiçar hli~ditirense,como se-va da cnrin qtie
Ilie e s r i c ~ itle Paris, 6111data de 21 de agosto dc 1870, c qiia
sc nelia piil)iic.ad;i a png. 7 do rel:itoi.io já ciindo, nl~icseiltlitlod
assenil.dci;~gciinl i1:i siic!snin coinp;i~iliinciii "L tiIc jiiidio tln $871.
Nessa c;iiia cii tli~ia u :~~guiiite:
"J

=-, - O
a 2 z
=.
PI
x. 2
2 2
,
-
-. - z, 2 -
f3.
3
r*
G
4
E"
- c - . 5
-- =
=i 2 r,
+

V'Q%=)3
,

Crsog
2 S
r
-
- 0 2
O%$G,
a
ci:i..-o
2.25
%.r%
m
E3
-=I-. 7
o P ? c w
e
s,C Z U O
pga-CL
2CiO
0
%
O -
g z %=..r
13
R%
O

" m -
rn-25
2 SG*'
u, Q,'&
c<o 0
-9
bn
0.2 5 -3
=aw
09 $pt?
;-w n q
z:.&s
C" g 5.
0:
m o q si-
do ~ ~ O C C S S do O privilllgio qiie cnliio solicitei, 0 me foi conc%&-
do por i 5 aniios por dccrcbio de 10 do novembro de 1870, p u ~
blicado no Dirrrio do G ' o c c ~ ~ i on.9250,
, de 17 do mesmo mec.
Tendo en\Go muito ein visia dar principalmente vaotageng
6 Compnnliia ITabril de ~ i s s u c a r\la(lcirense, do que era funda-
dor c uiii dos maiores accioiiisias, pareceu-me que ósia com-
p~dliin,dcvcndo moril;ir na su:i fabrica a cnrbonalaçjio dobra-
(Ia, icrin grande conveiiiriicir cm podiir diluir a guarapa eom
agiia que já tivesse crii dissoluç~oo assuear que o Iaminador
tivesse dcixado no b:iyço; c este, indo depois a seccar 8th o
ponto ncccssario para servir do eombus~ivel,deveria chegar á
I'ornrilia em boas coiid i y ~ c s .
As razões qiic, o prioll, mc faziam crer que o segundo
processo sciiii melios vali tajoso tlo que o priineiro, eram:-! .O

tci. O 1)ngaço ile IinssJi. pcli, laiiiiiiador, o que exigia maior des-
p t ? x a ( \ l i vapor; 2.0r tiilticuldade para as fábricas de grande Ia-
I~ornyT~oq:ie iiressem utii moinlio sú, coino a I'5biiea de S.
Jocio, cm passar nelle caniin c bagaço; 3.0o receio de quo o
bngnço, passando no hminliilor. e fieaodo mais diridido, não
pcrdcsse iniiiio corno coinl)u.ciivel.
Erarn probleiiins aiiiilri a rcsolvcr; eram qoestües r eluci-
dar, (IUC cu Lciii elaraincnic nprcscnlci na minlici primeira de-
scrip~iiaddi:posiiatl.r no rnirii:~eiio das obras públicas, commercio
e iiitlusti*ia, coin dai:i tle 19 ile oulul~rode 1870; na qual não
julgiici oppoi0tunodar iiciiliuiiir ii~dicaçãoprecisa do meu se-
gti niio processo, mas onde o deixei, todavia, visitlelme~~te, de-
riiirici:hiio, coiii as dúvidas que ainda me offereeia, nos seguintes
lcrrtios:
nSc se ynssnssd de 1ini.o este bagaço pelo moinho, OU se sê M-
prcinussc por iiicio dc uiiia prtinsa qualquer, obter-sehia pelo me-
nos a m;iioi. liarte d'ozte lirliii(li~.
all:is, seiido o moinho de grinfla flrça, nZo licaria o bagaçu
ncssc caso tão dividido qiic náo podesse depois servir de com-
bustivcl ?
aN 3 0 demoraria isso o traballlo do moinho?
.--Nrio augnisntai*ia considuravelmente a mlo d'obra ?u
Nfio tronsercvo aqui ii~tegraltnenic, sns. rednclor, a de-
scripção de que faz par10 csto crcerplo, náo sti pela sua exlea-
s50, soci5o letnbem porclu': ella diz, l ~ r i ~ ~ c i p a l ~ ~ ercipeib
i)tc, a
:t
um processo que nãio está actualmente em questão, e porqur
um periodico d'esta cidade a está transcrevendo.
Em compensação farei outras tran-cripçóes que o mesmo
periodico se não dará, de certo, ao incommodo de fazer.
Reclamo de novo, snr. redactor, a benevolencia de V Ex?;
pois preciso de escrever ainda ~nuitas cartas para esclarecw
bem ésia guesião.
De V. EK.&
iiluito att .O venerador obr,%O

Funeiial, 15 du março de 1883.

Eram0Snr. Redactor (*).

Queira V. Ex."ermiitii.me que transcreva aqui uma carm


t a que dirigi á direcçáo da Çampanbia Fabril de Assucar Ma:
deirense, em 12 de dezembro de 1870, publicada a pag. 29
do citado relatorio de 22 de junho de 1871.
E' do ilieor seguinte:
~ E X .AemW
~ ~ 'e Snr.'-Esti hojo incontcstavclmente demoa-
etrado que o rnoinlio de espremer eannas, ou larninador, deixa cau
bagaço uma quantidade noiavel de assuear. ainda qtie variavel se-
gundo o moinho empregado.
aTemqse procurado remediar este incoiivenitnte aquecei~do-seo
interior dos cg~indrospor meio do vapor, arigrni3nt~indo-seo num*
ro dos cylindros, ou construinclo-se moinbos de um preço elevadis~
simo, cem .eylindros de mais de um melro de diametro. Todavia,
essas michinas immensas, que sO eskáo ao alcance das einprezan
quo podem dispor de grandes capilaes, com quanto augmeotem a e
tarelmente o rendimento da canoa, não resolveram ainda, nem po-
dem resolver saiisiactoriamcnt e o problema.
aDiversos processos de maceraçio e de lavagdm tesm Sido en-
saiados em paizes estrangeiros, com o fim, j i de entrahir o asSoear
q u e o moinlio deisa no bagaço, já de substituir ao moinho novos
apparelhos.
.)das é para notar que, com quanto todos estejam de accOrdo
em admiitir que por iaes meios o rendimento da canoa 6 maior do
que pelo empi$go do moinho sij, ainda ninguom propx. todavia,
rctn nredo de facil apt~licapáo, que permitia de se aproveitar o
grande quanti<lnde de assucar que Fca perdido no bagaço; sendo
ate alguns de o p i b o que não convem extrahir o assucar do bagaço
da canna, pretendendo que B o assucar qua elle encerra que o ter-
na bom combustivel, e que, se lh'o tirassem, n3o poderia o bagaço
serbir depois para este fim, o que causaria grande perjoiro aos fa-
bricanlcs.
.Se se considera que o assucar que fica no bagaço hicmido
que sae do moinho, 6 que 6 logo exposto ao ar e a um certo grau
de calor para saccar, E ~ Otarda a fermentar, produzindo alcool e
acido carbonico, corpos ambos volateis que depressa abandonam o
bagaço, deve-se adrnittir que este não cooibm jii P S ~ ~ quando,
UP
depois de s&cco, vom a ser queimado: todos sabem, no entrehnto,
que, nesta estado, o bagaço da colina arde bem, e empregado,
com vantagem, como combiistivel nas F&ricas de assumr.
aE' porque no bagaço da canoa que se d a j i . privada de
todo o assucar que continha, ha ainda um dea .per ceoto de sob-.
stancia linliosa, e, pelo menos, a agua que sempre encerram o$ te*
cidos vegetaes, por mais seecos que pareçam.
uEstas substancias são as que produzem o calor qus se desen-
volve no bagaço s6cco que é quciinado.
#Mas admittindo ,mesmo que o assucar que o moinho deixa
no bagaço da canna fbsse o que Ilie d l o vdor q u + 0 9 tem como
combustivel, e que sem elle não podessa rer iitilisado para tal
fim;-não seria melhor, ainda assim, queimar aotes carvso ou h-
nha do qae queimar assuear?-Não seria melhor. mesmo em tal
caso, aproveitar o assuear que fica no bagaço, ainda que este 86.
devesse depois ser utilisado como adubo?
.Julgo que ninguem com bom senso e boa fé poderá dar a 6s-
ta pergunta uma resposta negativa.
« A dificuldade está, pois, urticarnei~te em aclsar um meia de
facil aliplicaçno, capaz de ser caniajosun~enteemprsgado em para-
de escala, e pelo qual se possa aproveitar a notavel quantidade de
3,
assuear que, no systoma de e ~ t r a c ~ f inctualniente
o empregado, /ica
perdido no Bagop.
rt>rocurei, em váo, avidamente este meio em todas as obras
que pude haver & mio subre o fabrico do assucar; fiz quanto cm
mim coube, qurnilo estive ultimamente em França. para descobrir,
entre os apparelhos recenteinento propostos ou em ensaio, algiim
que offerecesse reconhecida vaiitagem com relação a este ponto; c
08 meus esforgos /oram baldados. Por isso é que, dando de máo,
por em quanto, 4 ideia da retirar, debaixo da fòrma do assuear, rt
assricar cluc o moinho deixa no bagaço, tire a honra de vos parti.
cipar, na carta que vos escrevi de Fiança eni data de 6 de agosto
iiltirno, que adoptariamos o moinho, ou laminador, para a extrae.
~ á oda goarapa, e que se faria depois fernieiitam bagaço para se
tirar d'elie aguardente.
d a s , tanto O corto que este meio me parecia offeroccr pou-
cas vantagens, em razão do custo da installaç30, do espuqo necessa.
rio, o d 3 m5o cl'obra indispensavel para o realizar, que ma nqo at-
Uevi a .mettel-o desde logo defiiiitivaino~iteno projecto da fibrica,
entendesdo que o emprego .de tal meio devia fazer o objecto de
maior @tudo e da mais reflec\ido examo.
, .. rEis a rax%oporque, no referido projeob da fibrica que vos
enviei de Franca, s6 vinha riccessoriamente apontado o cspaço que
s'e poderia desiinar para a fermentaiào do bágaço.
albdavia, este objocto prcoccupava-me muito; e, 4 f b r ~ ade
nelle reflectir, oecorreu-mo posteriormeiite uma ideia que ine [ia-
rsceu feliz, por mo descobrir um meio facil de resolvor o protjle-
ma; o que vos communiqnei do Paris, em data de &I do agosto.
~(Aincla que baseado em principias exactos, o meu iiivcnto
precisava de i ~ m ucoofirmaçáo p&ctici: .por isso, logo que cheguei
9 Bsta ilha, estudei experirneiitalmeiite, ainda qiic cm mis condiqóes,
o resullado cjue elle offereeia: e, achando-o s;itisfactorio, pedi logo,
e em breve ohtive de Sua Magestade privilegio de quirize annos, o
qual me foi concedido por decreto do 10 de nmeero iilkimo.
uE',pois, em vii3tudc d'csto dacreto; que me garante a yru-
priedade cl'esie invcnto e a sria apljiica~Go, náo sO d extrac~ijocio
assucar q u o~ moinho deixa no bagaço da carina, sonáo lanibcm h
srtraeçáo do assuear que contenha qualquer substancia susce~~tirel
de se deixar penetrar pela agua, que vcnlio propor h Conipanhia
Fabril $0 Asycar Madairense r adopção d'este processo, qiio ter1110
por muito vaniajoso, o que exige apenas, psra 9 siia egeciicão, uma
bomba e bis poços.
apara qiie a cornpanliia tenha o direito de utilizar-sé d'este
iavenlo,. náo peço rebihui~30eni t1iiiliciro:-so rlueio que a coui-
dd a torça parto do prodiiclo qiio tirar pelo meu proccs;
~ ' n i i l i i n me
RO, d o I~agaroda canna, oii da clii;il(jrier outra subsianei;~.
~Est6eneornmondada uma boiriba para este fim. Sc ii eom-
panhia se n5o quizer aproveitar d'esto meu invento, fico com este
aj)parcltio para mini e responsabiliio-me pelo seu ciisio.
.Se a diiccçá~)náo qoizer eonfraclar comigo sem ourii. a 2s-
scmbleia geral, espctlo que se dari pressa em pedir 3 siia coriro-
cayÁo, para esse effcito; e terei então a I~oiirade expor á rntl.srnr
assembleia este assumpto da uma inaneiia maij desoiivo1vida.-$ou
de V. Ifx.", com a maior considt.sn~~o-inuib afltttlto VCIIC~+;LIIOI'e
amigo muito olirigadci -Funclial, !d de dezembro do 1870.-Lir.
João tln Caninrn Lerrie, io
Er.', snr. rcdnetor, iomar-ltie Iiojc ienio
~ c s c t i l ~ ) c - t n cV.
'
espoyo; iiins V. Ex."~ciii vi: que nS.1 coiivirili'~ di\ idir csic do-
cunicr~lo.
ntsv. E S . ~

E%.@"
Srir. Ile!lacior (e).

12$io11 con~ciieitlode q ~ i cV. l $ ~ , dcpoi~


'~ do IJUO W ~ Ote-
nho cxposio. fica14 sorprehendido sabendo qiic, cni nssernhleir
gcr.11 da (:ornpnnliia Fabril do Asstienr IIailcircnse, tle "1de
tlazeriiliro do 1870, a direcçso (l'cçta conipanhir emitriu o pn-
recer de que a proposla por iiiirii fcib na carta qrtc Ilie dirigi-
ra cio data de 12 do lnesmo mc2 d~ dezembro, c do que a I'.
Ex.' dci coiiliccimen~ona minha iiltima correspantleiiriii, - f i f s -
--.,
_I-----
-- ---- -
-

(*) (:ni-la diiigiJit l]j,4~[" l ' t j p c ~ , \ ~ { , P ~i~iblit*,itlii


('li\ ?{) ~ 1 3 ! ' ~ ~ ~ ~
de itit$:I.
~ ft*rnie ~ ~ l a ç i do
se ,<~jci(:tdn;adol~fondo-seO p t . o c e ~ t (I« l o baga-
ço, co,?io cst(icn projectado.
As priiieip:ies razõcs em cjue a rcferida dirceçao baseou
siia opiniáo foram:-que 1150s a l ~ í ase seiia realmente vanta-
josa n es11*:icy8o do assurar do bagaço; que cnirava em ciúvida
sbbro sc eu tiiilia direito para iinpor coiidic0es i comparihia
e111 relrçzo 6 adopçáo do invento da que iintia privilegio 'por
15 anrios; c que, tendo ea ido a F r n i i ~ a ,por coiiis da compa-
nhia,. tractnr da acquisiçáo dos apparelhos paib:\ r fábrica, tu-
(10 cluniito eti fizesse coiii rclacáo a este objccio devia periencer
5 compai~iii:i.
Nãio é meu proposito, snr. red~cior,reproduzir 3 Iiistoria
das Qccoi.rencias que se acliani narradas 3 pag. 24 e seguintes
do c i l ~ d oi.elaiorio de 22 de junlio 4871. Mas 1-150 posso dei-
xar dc riic referir, cm abono da justiça dn minlia cnrisa, aos
factos qu6 a podem escl~icccr.
Náo posso dcixai* clc faacr sciitir quc, sc fdsse ejitcío co-
,~liccidoria iliodeira rttn ineio y ~ i c l l q u c ~ccl~dtrjoso
* de aproveitar
o assiicar íluc o larninador deixa no Lingn~oda canna, a direc:
çáo da rcferidn cornf)anliin i130 poria, de cerio, em ditvida a
conrenienci:i d'csse upi*o~citniiicri!o; c, q r r uin injusti-
ficavel despeito por eu iiáo dai. i çoriij~ariiiin;i pi*oprietlatle tlo
meu invento, ri rnesnia dirccciio era tf:i opiniso que a minlia
proposta deveria ser rejeitada, leria siilo csic tncio jh conliecido
que ella proporia em substituiç5o do meu procc~so;e n5o o pro-
cesso de Hugoulin, cujos graiiilcs iiiconreniei~los eu tinlia já
demonstrado.
Nesse tempo niiig'ueni nic coniesiava n origiiialidade do
iii~elilo;o iliic se me contestara era que elle potlcssc ser pro-
priedade miiilia, tendo ru ido a Fsnnya, por co~riada eoinpa-
nlria, coniraciar 3s mieliinas e npparellior para n Fabrica do
S. João.
A discussão d'este assumpto, snr. re(l;icior, occiipou uinn
longa e agitada sessáo de assernlleia geral da Compaiitiia Fa-
bril de Assuear Madeirense.
Argumenlos lia dos que nessa sessão produzi que teem
importaocia na quesiáo que actualmeiiie se debate; e por isso
peço liceiiç3 3 V. Es.' para os reproditzir nesteascoi~respondeii-
tias. Mas ha uma circuiuisiancia que eu doscjo que f i desde ~ ~ ~ ~ ~
ji bem conhecida:-é a quc eu nunca peai á Gompaiihil Fa-
bril de Assucnr Madeirensc, nem e113 me deu, remunera(;iic, al-
guma pelos serviços 4110 llie prestei; e, se ou tinha direi10 a
pedir qtialqiicr remiineração, renunciei i esse direito, no teinyo
em que o podia fazer valer, como V. Exeaveri lia mirilta pro-
xima correspondciicia.
De V. Exea
muito att." vetierador 0bi.r'"
Punclial, i9 do niaqo de 1883.

Ex."* Snr. lied~ctor(+).

Desde quc fui levado a dar canhecimenfo a V. Er."do


qoe uma direcção da Companliia Fabril de Assuear Madeircn-
re miitiu em asscmbleia geival a opiniao de que a propricdndo
$o meu invento devir pertencer i comprnhia pela circurn~ian~
cia de cu ter ido a Prnnça por cooia da sociedade coniractar
or apparellios para a fibrica, desejo que V,.En.' tenha tanibern
cooheeimeoto da seguinte declaraçgo, por mim leiia na sessão
da assembleia geral da rnesrnr compaohia, clc 10 do j:incii.o
de i87 1, exliarada na acta rcspcetirs, c ~iiiliiieridaa pag. YS
e 29 do citado relatorio 22 dc junlio de 187i:
Declaro qao, desde que, em 1866, se iandoa a omprnliia
fabril do assucar madeireos, a10 qoe, em julho do 1870, arlii da
Madeira; de& o dia em qiie, em septembro 'último. regressei a
&ta ilha, até o presente, tenho a eonscioncia do ter feito 6 eonl-
panhia serviços, todos gratuitos, q u sommarn
~ annos inteiros de in-
caslsaseisesforços;
.Que tendo-me a assembleia geral encarregado, crn 12 de ju-

(e) POPULAR,
Cartz dirigida ao DI,~RIO O publicada oin 31 dc inarçn
de i883,
ni;3 (!o nnno fiii,io, tlc ~ ~ mcommiss3o
a clificil, ardua, espinliosa,
d~ granilissiiiia ics~~oiiscrbili~ladc, aeccitei-a, bzendo nisso, sú cu o
sci, uin grni:Ji? saei*ificio; urceitei-a por dedicaçáo a ésta empreza
ilue coniitleio táo iiti!, pelo amor que Ilie tenlio, pelo desejo quo
iiiiii*o i!e a ver sealisada; acceiteia-a, cotn toda ri franqueza o di-
go, ~~on~i~mOll:antlo cm ro:la ile mim, iiáo via ninguem em cir-
ciiiiistançias de n dcscrnpe!iliar mcll!or;
i c tlci:,nrit!o n mirilia iamilia, e a miiiha clínica, sem
~ ~ i pai,ti,
ulliar, nem para os porjuizos que soffridm os meus iiit~resses, nem
~~u~imsiiiicoinmo~los e riscos da \.ilig-em;
.Que ;í Diya tlo mais aclivo e zeloso traballio, consegiii para
u riocco cstal~elccirncr~to, coin economia de muitos contos de reis,
as mnrimas raii!agcns coinpaii~eiscom o capital da companliia, o
c ~ i mo cstatlo actual (13 ir~di~st~-ia; consegui tornar já uma rculida-
(?c o que, pnrS3 (luasi todos, 1190 passaria de uma ideia, d e uma il-
I , 1 unr i)liantaimn cjiie nao podoriamos nunca attingir;
d ~ i i ca tlerlai-açao q i i o u dii-ercGo fez i assembleia geral na
iiliiifia sessão, do que f u i :i i:i8;in~:~ por canta cla companhia, p r o u
bem que ii;i» csicse nui:ca nu inente dos que ino eiicarregaram de
to1 comrnissiio qiic dcvesscm ser gratuitos estes serviços, que po-
dern ses a\:ilic:ilos, náo s0 pelos sncrificit~sque fiz, pelos incommo-
dos que sofiri, c iiilos cslor~os cjuc cni~iicguci, sen9o lambem
~ic!osi ~ ~ u i i u i lciiic
o ~ c o n s v ~ u iI'nr J 3 cnrnpanliia;
«Qiie i!, tudavia, ccisto, qiie, atS o presente, não recebi da
companl~iuremiiiieraç5o alguma por taes serviç~s;
((Que, terido reccl~ido da direcçSo, na occasião da minlia par-
tida, dirilieiro psi.a as dcspezas da viagem, fiz por conta da compa-
nhia unicamenle as qLie foram indispensavcis, c, i minl~a chegada,
entreguei o que ficou;
a Q o e , anlcs de partir, declarei 4 tlircc1;3o q i i ~ so ? ésla em-
preza se 1120 realisasse, t ~ á oqueria qt1e a eo~iipanhia me desse re-
it.iliiii~%it algliiii:~ pelo rnm tiabcillio e perjuizos;-mas .hoje, qiie.
corisidero 3 e r x ~ p w n j3 i.c:ilisada, pr*escindo lota1me;t)te do dzrcito
que possa ter d~ pedir (i coijipn?~liioqlc~ilqiterre~iilrtlcraçáoque me
seja devida pelos scrcicos que atú o yi,essute Ilrr iotlhu prestado nega
ia zlhn, oii /dra d'ella, os quaes lodos llre ofiercco.~
Em srgiiida a ésta declnraeáo encontra-se, na acta da
mesma sessão, o srgiiinle:
«Pediu eniáo a palavra o snr. Dr. Manoel José Vieira, e pro-
poz que a assembleia, agradeezndt ao snr, Dr. Camara os importan-
tes serviços cluc elle ha prestado s esta compaiiliia que a elle deve
to<lo o que hr conseguido, lhe désso ~ I I U roto de loiivoi., c quo esse
se consignasse na acta; o que foi appio~ntlopor onaiiitniilada.B
Conlinuaiei, na proxin~a correspoiidencia, a chamar a
allenção de V. Exea,siir. redactor, para o niencioiiado parcçer
da niesma diiecçáo.
De V. 1 3 ~ "

Func.l,nl, 20 de março de iS8:I.

D3 acfa da sesstio da assombleia g c r d da Compaiiliia Pa-


bril de Assucar Madeirense dl? 28 de dezctnbro cfc i870 con-
sta que, nessa scssão, respondelido ao parecer da direçcáo SOO
bre a minha proposta, eu apresentei, enire outros argumentos,
as ~eguinles;
u Qua não podia comprehcnder como a direeç80, sendo corn-
posta da homens i\lostrados, podia siistei~tari 1 t i ( ? , pelo farto d c t ~ r
ido Franca por conta da coinpanliia encarreg~do de eseollier os a[)-
parelhos para a fAbrica, e de trazer oti enviar o projecto d0 cortira-
cto para a compra d'elles. devia pertencer á companhia o seu inren-
to, quando 6 doutrina tão trivial e cerrente que o invento perten-
ce sempre ao seu auctor, e 6 propriedatle táo sagrada, respcifsda,
o protegida das leis, corno o 6 a propriedade irnmovel, e qna iiiri-
guem tom direito de o privar do gdzo oii exploraç80 do tal vi-o-
priedade, sobre q~ialquerpretexto, por maia arpeeiose que seja, (Ia
indemnisa@o ou de recompensa.
~ Q i i eri50 podia coniprcbenller como 6 i j r ~ ca mesma iliree-
qão duvirla tfo clirci\o que assiste ao i i i ~ c i i t c rcle propor :is condi-
(8es de qcialilurr eontracto sôbre o seu i i , v ~ r i t o , q u n i ~ ( l o6 tambeni
certo t' douirini~corrcrita em direito ciiic sc iião ptjtlc conteslar. ao
inventor o uscfructo do seu trabalho, c que mesmo niriguem Ilie
p6de impor o modo de exploiaçáo ou de gijzo, que elle deva se-
guir a respeito (I'essa sua propriedade. D
Da mcsma acta consta tambern quc, em seguida á apre-
seiita~áod'estes argiirnenies, eu leia, crn apoio d'clles, cscriptos
de ruciores irnporlantcs sbhrc o assumpio.
Ora, snr. redactor, sendo de prcsuinii iliie rnuiios cios Ici-
tores do seii joriial náo conlieç:ini bem douti iiias que pniecisni
1120ser bcm conliecidns de algrins dos accioiiisias mais illus-
tiados da Companliia Fabril de Ass~icni. hlndeircnse, julgo qiic
iiáo srri Idra do proposilo rcprodiizic aqiii algiii~sdos pcriodos
11or miin lidos nrquella asseniltl(1in siil)ie os cfi~cilosdo ijiuen-
tor, e s p ~ c i d ~ t ~ equando
nlc s liiados dc uma
esics ~ ~ c i i o t l ocSo
obra iinjiorlank sobre o fabrico do assucar.
Qucni Enlla é N. Dassct, iiivoeantlo a auctoridade de CIi.
Laboulayc:
n o direito do incentor 6 gei-alniente rceonheeido; porcli~anlo,
3 ittilidado ila inven~áosendo incontesta~cl,i: adiiii\tido uni~crsal-
iiionto ~ I I " éecessario animal-a. blas qlie se deve para isso fazer?
Na0 ba outra recompensa hoje admissivei si:iiáo a propriedade con-
quistada prlo trabalho, pela sopciioridade si, do iriventor sem pro-
iceçáo nern binevolencia de niiigucn~; propriedade que lhe asse-
gura a indcpendeneia o a liberdade.
~ E s i edireito a, de mais, til0 incoiitestnvc! cliianta 6 cei.io que
rlle pbde i*oiisi?rvara sur'dascoberta secreta c explural-a iridefini-
dnincnte, sem que ninguern pense eni diipular-lli'a. O iii\lentor tcm
direito a tirar pi.oveito da siia descoberta; por isso é da maior in-
justiça que a sacicdadc se apodrre do sc« privilegio, e a garantia
(10 seu direito ser4 a certeza adquirida da teiideiicia rio progresso
por todas as irltelligencia8 B todas as energias.
<(Sendoo invento uma propriedaile, nao so podem impor ao
inventor contlições alguma? alEoi das Icis e regulamenlos sôbrc a
propii~laiie.»
Mas, SDP. rednctor, n5o desejando tornar muilo exlciisn
ésia coi~rccpoiidencia, paro bojo aqui, poJirido l i c e i ~ ppara, i!a
minlia primeira esrla, transcrever mais alguns periodos d~ mcs-
I110 auctol',
De V. Es."
muito ntt." ~encrador
Fiinclinl, 2 2 de marco de 1883.
Viscoride tlo C(~~~iii,iar:itd.

Descidpe-me V. Es." se canso a stia nítcnçzo; mas, clcse-


j:iiidodeisar ésia qucs!So bem esclarecida, pnrecc-me o[lportu-
iio 11-nnscrc~csaqui mais os seguiiites periodos do ciiado livro
de Bassct, por mim lidos na referida assenibleia geral da *Corri-
paiiliiu Fabril de Assucar bladeirenso:
.E' iiccessario comprelicndcr bem o direito cle propriedade
é~idrl.s!í.inl.
a Q i ~ a l6 a raiz (10 direito de propriedade immo\~clldiz G snr.
Ell. Lnboiilnjw-i: o trabalho que cria, que constituo um valor, :i
custa dus secis esfori;os applicados a um terreno qae o tr;iballintlor
comprou d soçiedatle. Debaixo da influencia da siia iiitcllige:icia i?
do seu labor, esçc terreno h r n d'clle porque ella o comprou pala
.
que valia, nilrjuirz iini valur rniiltiplo.. A quem pbde purtenc~r
ésta pri~l~ricdacle,sciiáu áquelle que a creou? Os risinlios, qiie nada
fizeram, não teem nells nenhum direito, assim como o ntio tcm a
socie~laileque recelicu o preço do que vendeu, e que ainda beiie-
fii:ia pitlo iinposto $16 iiin exectlontc de adquirido, Ircicto cs-
clusiro do trnbali~o. O solo pertence iqiielle qtie o fccundoii; r
I,ci.tei~ec-lliepara sempre. Aqiielie que fecundou o solo, creou, irisli-
tiliti, para ?i e para os seus, 6 custa do seu trabalho u das huas priva-
l.~i,s, pxistiriarii sem e l l ~ ;ningcicm tem direito a
y 3 1 i , , s ~ ~que 1\50
~ ~ ~ sd'elle s c i ~ ã oaqi~cllespara
css,?s y n l ~ <I-l,ois quem traballjoll.
ry31 c a foiilp d;i 11ropi.icdade c da hrança; a jusliça quer
~,,ip 3 socicdii<lc 0s proleja; ésta protecçáo C, além (l'isso, uma con-
,licrio {l;i sua csistencicl; @porqueella vive (10 trabalho dos seus n ~ c m -
, , irrbnlho seiio quando propriedade e a s ~ c c ~ s s ã o
s30 ~ I I C 10s.
C ~
(4.3 essericin tlo diicito de propriedade 8, pois, uma creaçáo
[lc sob a fórnin mais sensivel, a propriedade é um valor crea-
(Iri. iimcorpo cet to, iini funilo que nao se ù ~ s t r o equando se Ilie des-
tai:3,1i OS fi.11~10~.0 s taesmos caracteres se encontram na pioprie-
Jallr movcl; ~,crrqi~e o fi~rido do clireito E; o mesmo e a prolecçáo
i1:i Ini pbtle esellccr-se do mesmo modo que com respeito P pro-
III ieilntli? iminorel.
a.Issim, quaiirlo o legislndor interiliz a contrafacção, é sempre
J pi~opi.irilade qiie rlle protege e eeleiide; 6 iim genero parlicular
11,. ,,r>ctlo ~IIP persrçue e piiiic tle unia moneiiva particular; o fun-
(10 clo tlit.cito 1150 \31'i;l.
.h lei tcimn uc111i sob siia guarda a intlustria, a invençzo, a
ideia; i? sssiiri com rcla@o ;i toda a propriedade. E' o heniern que
a lei defriride c nzo a cousa. Na invençáo b a um corpo corto qiie
ronstitue ;i propi.icdade, e a coiitrafacç30 reprcsenis talvez um de-
Iieto mais grave do qiie certos atleniados contra a propriedado irn-
move1 rcpi.imidos pela lei.
.E' c~idcnieque o direito de propriedade se appliea e m to-
dos os pontos ao iiivento indrislrial; pois que 1i.i tambem ha o que
constitue a cssencia do direito, 3 creação dc um 'valor. Quaesquer -
que sejam os soccorros tirados pelo inuciitor das descobertas d'ou-
iro o que elle accrescenioti nem por isso tcm n i e n ~ smorecimento;
e 6 uma poryáo da sua iniliriilualidade, da sua actividade, da sua
intelligencia, da originalidade, que se Lixou i10 seu invento, no va-
lor novo ou no ausniento de ~ a l o rque creou.
a.4 lii-opricdade de l;m inrcnto industrial n8o 4 mais contcs-
tavcl ao seu auctor, (10 qiie a pi*opricdadc immovel, litleraria ou
artistiea; o direito e o mesmo, 6 um direito de creação, de collo-
caçáo de valor; e O direito social deve-lhe a mesma garantia.
aNáo se p6de contestar que o inventor tenlia direito ao fru-
cto do seu trabalho, e qiie d e ~ aser protegido contra os contrafa-
ciores* O titulo que sociedade deve fazer respeitar 6 a patente de
in~eni;ão.
aDepennen(l0 a propriedade induslrial de um direito eslri-
Cto como a propriedade irnnio~el,a patente náo 6 s e ~ ua g ~ titulo
de propriedade. u
O que fica Ir a ~ wIcipti), S O ~ .r e J tor,
~ psrccc-nic suficicn~c
para fazer w r os fu!ld;im~nlosJa propriedade inJusirial.

1:s ."" L;iiiu. Ilcilac~oi- (e).

Se bem qiic (icnsst.in iIc pe os argiimcbnlosconi que, na


rsGo da asçcmbleia geral tln Con~panliia 1:aI~ril dc Assucar
bladeirenw, de 98 de dezembro do 1870, combati o pareccr
da dirccyso da mesma companliin, a qual, pelos motivos já deela-
dos, queria qiie a miiilia yroposta fdssc rejeitada; o se bem que
me parecesse disposta r meti favor u inaiorir da assembleia, es-
pori&?,lncnmenieuiodifiquei ;ipropoeia nos scgaiates tesinos coii-
sianies da acta respectiva:
.Que, visto que a direcyio r120 esla~aconvencida <Ias v3111a-
gens do seu invento. acliaia ollc, i i e w c.;ibu, iiit:llior fazer-sc o ell-
saio anicç (]c eiltrai. ein i1~1;ili11ii,i.; ~ j i i ~ l c .
@Queíornn.;$c n c.om[i:iriliia OS c~ciarecimcntosque sbbre o as-
sumptu ju lgassc nccossarios; p r e ~xl~c'riitar tlrdasc tambem qrralqcie>*
outro p r w s o gr4e lhe pureetsse rnttinjoso; e qtre se, so fim dc to-
das aa iRdogugdes, o scci iniye,ito fiísae cotisirierodo preferite1 a quul-
qaw oulro meio. cnlúo se eslaí~eieceriii~rr as condi~8cs do cotirruao;
e se. depois da crperiencir. JC corihcccsse que o seu processo n5o
offcrccia vantaFelis, elle C S ~ : I V ~1)tSori1ptoa satisfazer as tlespczas (lua
a compa!iliia iiicsse com issu Seiio. R
=====

dc i
A) &$ta diritlili r) D~ARKI
~ ' Q I Iiin, r iiultiii.aAi rin 28 do r n i i t o
Parece que, cm visia d'csia moilificnç'io da minlin pito-
posta, dcrcriam cessar lodas as opposições;. era de esperar q iie
ninguem se insurgisse conira o que, em caso nentium, podia Lra-
zer perjuizo á conipantiiii.
Nio succedeu, porém, assim; porquanko iiiio Iiouse em-
baraços que não poressem, não tiouve rlocslócs cjuc o50 levriii-
iassem os mcmbros da clireccao, que ilunca sc satisfariam c o m
cousa nenIiurna.
E ianto içlo 6. exacto, que o relriorio dc 22 Je junlio de
1871, referindo-se a este fucto, exprime-sc assim:
~ D C V C scm
~ S , d i i ~ i d a ,lembrar- os que os mcmbros da direc-
çáo prolongaram por tal moda a scss80, o cansaram tanto a assem-
blcia, gim vaiios accionistas se rcliraram de cnladados quando vi-
ram que ir ji adiantada a noite, sem quo se tivesse podido consc-
guir votar esta mateiia, »ztlito tempo depois de ella ter sido jtilgada
discztiickr pela assenibicia e poslu ti cotiicõo!))
Tendo eu, em vista de tzo estrai~hoprocedirnento, reiira-
do a rninbr preposta, mciitos accionistas instaram e consegui-
ram que eu consen~issc em que ella fosse votada na asseinl~leia
geiul do 10 do jaiieiro di: 187 i, sendo approvada por unani-
f~zidadc.
Na mesma assqrnbleia cu fui eleito director por ctnani-
midude, niio sc contundo os meus rotos.
Resolveu, pois, a Companbiri Fabril do Assuear Madei-
rense, por proposta minha, em 10 de janeiro de 1871, tornar
iodos os esclai*ecirnentos qiie julgasse necessarios s6bre o apro-
~eitameiitodo assuear do I~agaçoda eanna; experimentar, além
do processo de que eu lirilia privilegio, qualyiier ou~!*oqiiu
Ilie parecesse vaniajose; c, no fim de todas as indagaçaos, ae-
eeitar ou rejeitar o meu processo, segundo que elle offereccsse,
ou não, mais vantagens do q u o qualquer oulro.
E, não s6 nessa assemhleia ilinguern rcrcloo conliociíiieii~
to de oerihum processo que podesse ser ensaiado, senão iam-
bem, rnezes depois, nas assembleias gei8acs ile 22 de junlio e
22 de jueo de 187 1, quando foi apresentado e discutido um
relatorio da direeçso da companliia, em que este assurnplo foi
longarncntc tractado, ninguein linlia ainda acliado ncnhum pro-
cesso que pudesse propor cm subs~itui~.ão ao meu, a<pezai. do
ser evideiile que, em tacs cireurns!ancias, dcvia Iinvcr qiieni ii-
vcsse desejos de fazer tal acliado. -
Parece-me, eni. redactor, qcc ningiiciii podcri drixar de
vcr nestes íiic~osunia clarissiiiia tlcriionstra~50de que tido ertc
1)teio anatojoso de apro-
eritiio conliecido na ili«dei~*trfioil~rr112
veitar o assucar que o iiioiiilio dcisa i10 bagaço da cannn.

Para eonfirmaçáo das minlirs palavras, c cspccialmcnte de


que, quando obtive o privilegio em qiiesião, i~ãosó náo era do
a d o cot~hecide
dominio ptiblico, ser150 ,ia0 Era aqict ~ i ~ t p ~ * e gsem
nenhttm pi*ocesso varctícjoso parcr o aproccitomoito do assucar que
ficnca perdiclo no Dícgn~oda cama, permilta-mo V. Ex.' que
eu Ilic apresente um cxiracio do citado relatorio tlo 22 de ju-
nlio de i87!, dr direcção da Con~panliin Fabril de Assiicar
Madeirense, no qual V. Ex.' rer:t repciiilos pula iiicsnia direc-
qáo f;ictos de cliie j5 (lei conlicciiiiciiio a V. Ex.'
N i o dcvo occril~ara V. 15x." quo eu mesmo fazia parte
d'essa dirccçáo, junctun~entccom os snrs. Dr. Joaquim Ricardo
da Trindade e Vasconcelios (o maior accionis~asda companliia)
e o snr. Vicenle Gomes da Silva; mas julgo convcnien~edizer
iambem a V. Ex." que o referido relaiorio foi distribuido im-
presso aos accionistis d'aquella companliia no mesmo dia 32
de junlio dc 1871, e que, passado um mez, isto 0, no dia 22
fi-v---- - -
(*) Carta dirigida ao D i ~ n l u Pc~rri.in, e publicatln i.m 49 tio 111;try
cic ,1883.
de jultio de iS71, depois do coi\seIlio fiscal, composio dos snrs.
Joio de Sant'Annn da Vaseoncellos Lfonir Bciteneou r I, Canditlo
Haoriques de Freilas e Francisco Antonio de Iireilas e A breu, [ar
dado parecer façot*uvel, iambem disiril~uidoiinprcsso, foi nppro-
vado por todos os accionistas presentes na mesina assemlileia;
teodo-se apenas abstido de votar o snr. Silvano de Freitas
Branco, que deçlai*ou, todavia, como consta dn acta respectiva,
que nada tinha que olscrvíir a resprito do relato~io,scnão
com relaçáo á qiiestáo fin~neeirr.
Nesse imporiarite documenio n (lii*ccç%o,depois de ter
exposto as excellentcs coiidi~fics iirtlus~iiacsque rcuníia a f i -
brim de S. Joáo, diz a pag. 20:
uMas, sldm de tamanlias vantagens que o Dr. Camare sabia
que eram realisaveis, o seu estudo s0bre o assump!~.lhe tintia leito
eociliecor que o larninador, ou moinho de espremer cannas, quaes-
quer que sejam a siia força e diametro, dcixa ainda n o bagaço da
caooa orna nolave1 qoanii(lat1e de assucar que depressa so transfor-
ma em aiçooi e acido carbonico, corpos volateis que nem sequer
chegam a ser aproveitados como carnbustivel: e por isso compre-
hendia quanto seria iitil acliar-se uin m e i ~de aproveitar com van-
tagem o essucâr que assim fica pcrilido.
aElle sabia que do lamiriatlor nada se podia esperar al8m de ter-
tos limi{es; sabia que diccrsos processos de lacagem e maceração en-
saiados para esse Fni ?jüo tinham dado resi<ltado eanta joso, já por
d@eadicsos, jd porqiie o bagogo ficava perdido como combnsiinel:
SAB~AQUE NPNmib1A FABRICA DE ASSCCAR DE CANSAS UTILISAVA AINDA
O ASSCCAR I)O BAGACO, POR NÁO TER M 6 I O DE O APLtOVEITAR, QUE VA-
LFSE A PENA; mas trmbem compiehendia que, sendo já coiilieci-
dos iadot 9s elementos do problerra, de um momcnio para outro,
podia este ser resolvido, e acliir-sc iim prtxesso suseey~ivelda ser
empregado com vantagem em grande escala.
a h r isso, tendo visto recentern~nteannunciacfo no Jornnl dos
f M c a n t e s de assijcar um a p p r o l l i n para u qiial aeabarla (li! obter
patente do iovençáo um engenheiro chimico du [%ris, o sni*. Pos-
soa, que promoitia-uexiracçdo e c o ~ ~ c m i cdoa sriee da Belerraba e
da tama de assucar por meio de mnceracdo meclinnica com pou-
ca d q e ~ 4o u ~ g t ) a e ~ ~del o rendimento de assuenr, »--concebeu
esperafie de encontrar para a companhia um meio de Ille tl.azer
mais uma vantagem, pieferivel a oulro qiio lhe tinha sido proj)os-
por O I J ~ ! 'engenheiro,
~ o snr. A. Pliilippe, e CIUP, pela deçcripção do
apparelho, feita dicio engenheiro, lhe inspii~ayripouca cocfiança,
niiins, Iciido fallado coiri o proprio cngciiliciro Ib;ij.;oz, t. yjsto
fiinecionrir u m spacimrn r10 npparcllio, dc q 1 1 ~trouxe at; o t i c s c ~ ~ h ~ ,
convenceu-se tlc que tcil pioccsso i i i d pci,!in pic!iziicl~cr o fim
sc tinha eni \.is13; C, (jua:~IIo in?si:ic) ~)oilessi:lei. aigunln yaotagem
s eOo ( I 6 , I I C I , q > C Z 3 1 ' d o i SCIIS (lefci-
tos, um apparcllio de t i r b a l l i ~ kicil, da (lifticil dcsnrr:ii~jo, o cio
grande erpediciite). seria tanto iiiaior iinpruclou r i3 ndniil til-o, cluaii-
to era certo qiic cstava npcnas fin c n s i o , c ncnliumri libi.ic;l o ti-
nha ainda adoptado, c qiic n iiiiss;i ~ii'ccisnsa i:?caniirilur dcsdc o
principio com toda a aepraiiqa.
aFoi nestas circiimstaiicins cjubo Dr. C3mni:a cc dcciliiu pelo
inoinho; mcs um moiiilio í l i i o iicvc tirar (12 caniia 7 0 a 72 por 100
tle guarapa, c, portanto, mais 10 ou 1% por cciito d l qiia tiram
os moinlios das fcíbricas acluars da Ji:iilcira.
a v i a bem o ih-. Cainaia que, as>iiii, ficaiaia ninda no baçn~o
unia quantidade ii~)t;ivcl tli: assiicnr, piisto cpio iiiciior: o, qiicrendo
evitar clc algum mudo cslc lwr,jiiizo, pensou, ri rniliglitr de tina meio
renlrnn~íc canfajoso, ciii se aproveitar o que so poilessc d'csso as-
suear, fuzeado fcrr~ioirrtro Goqoco; npczar dc s3LIi:r, C (10s mos-
mos conslructores llie ti!rcm ol>sor~ntlo,qtic ejjc 1i1.cci.sso exigiria
grande espaço e enil~i-('$0de viciitos brotos, c sc, ia, portn,ito, niidi-
to d ispendioso .
rPorbm, tendi, o Dr. Camara adqiiiritlo a ce~.leaBde que a in-
dustria não possciin ninda tim tn:io dc iilrlisar, com s u f i c i e ~ ~ con- te
tagem. o assuccar qcte fica 11crdiilg I ~ UGngogo da cnuna, poz-se a.
meditar sbbri, o nssumpto, liitsea?2do-se sr;bre os co~rlir~cime?ltos que
possuiu das sciencins q i t c liuciii cslridado; c, dthpois da luoga re-
flexão, aecudiu-lho uma ideia que Ilie pareceu resolver um proble-
ma, crrja solu~doera eonsideradn pelos Iiotne~rs teçh 11 icos corno una
pus80 i»imsnso para o progresso ~l'rsrcr n i l i n clc i,jd~cst,ict,por isso
que rodos os ~~rocessos e o l ~ p~-cllim
(~ a'n cri»rln
p i ' q ~ c u i v i.<i~i~ím
tfiuito a desejar.
.E, coi~ap<o)lro a pr(iiricn ai/rtla lhe »<o riresse dado a cer-
teza <le qiic o p~*ucessoqiis conceht?ro (lai*id o rcsiiltítilo desejado,
deu-se presa em communicai-o 5 dirce(;;io d'csla coiiil~aiil~ia,como
ja viçles, por uma das eai.ias qiie Ilic dirigiu (li: I:ilaii~a, ~)crsundiilo
de que esta noticia seria agratlavel i cum[~anlii;r, [)ela espcranca do
aoferir d'aqiii mais uina vantagem.
tambcm o Dr. Caniars conlicciinento d'osl;l sua idr?ia
aos çnrç. Lccoirjtc Fières R Villettc, rltic 3. ju1garar-n INJ~IC dig,n;l
de ser ensai,itla, e cornprorncttcrriiii ;i r139 3 COnimilliiC~r3 !lili-
guem. ."
pCiiegatJo i Jladeirn, o Dr, Cnmnin fez lr::i, um en-
ii:~ll?~'GQ

5
saiu do se11 processo; e, tendo-sc con~encido por este eiisaio, A-
pezar das cireumstancias desfarorarcis em que era [cita a cxpericn-
cia, de que o meio era bom, tractou de obter (10 Governo de Sua
Maagestade privilegio exclusivo por 15 annos, clue Il~c foi concedi<lo
por Decreto de 40 de novembro de 1870, publicado no Diario do
Gooer~~o, n." $260,da 47 do dicto mez.»
Desculpe-me V. Elea, snr. redactor, sc bsla transcripçso,
qnc & dão desejhra cortar, me obrigou a pedir hoje a V. E R . ~
mais espaço no seu jornal do que dcsejira occupar.
De V. Ex."
ln1.O rr1t.O ~vcnerador01)r.~"
Funchal, 28 de março de 1883.

E X . ~Snr.
. Rcdacior (+).

Creio ter posta em toda a 1iiz da evidencia que, até 22 de


j h d i ~do 187 i, não só niio en do domiiiio público, scnão não
-mr~aewnhecido, . na Madeira, nenhum meio, além
d'aquelfe i% @ qde ti-linho privilegio, para se aproveitar ranta-
josamente o assucar que o moinlio deixa no bagaço, e que ei3-
táo se perdia.
Agora posso dar conliecimcnto a V. Ex.", em vista das
obras que tenho na minha bibliotlleca, de qual era li FOrr, ai6
essa data,-o estado da industria fabril do assucar de canna,
com relaçáo ao ponto de que ma oeciipo.
&ir+ V. Er." remontar eoiiiigo aiti ha pouco mais do
vinte annos.
----
- 3 - -

(q) Curta dirigida ao D i ~ n i oPOPULAR,


e \~nl~lirndnrm 30 de niaiv$o
de 1883,
Tcnlio diante dc niim a 1.9pnrle clo Guia prtictico do.
[abricniitc dc nssuc(lt*por N. Brissct (Gcticle p~ntiqctcd z ~'fn-
bricant de strc?-e), obra i r n ~ ) o i l ~ r i l[~iibiicadr
e cni Paris em
1864.
A pag. 4 17, e segiiinics, occup3.s~da csiracçèo da gua-
n p a . Falia dos l i i ~ ~ t i i ~ n d o ~ou , e sí~ioiillios,
, certicoes c horisoli-
iaes; desci-cve OS iuoinlios de ires cyliiidros; indica o melliora-
mcnto introduzido por I'ayeii, consisiindo cin nqitecer, pelo va-
pov, o i~iteriortlos cyliiicl~-is;e termina rnciicioiianilo o moinlio
tlo cinco rolos proposio pelo mesino Pnyen, no qual as cannas
seriam osprcmitlns quatro rezes na sua passagein por entre os
ciiico rolos, e seria a pressGo auxiliada pela injccçso sijbre as
cannas, duraiiic essa pnssagcm, tlc vapor misturado com piti-
giri~iliosd'ngirn jgoit tlelettes (I'eozc).
Accrcsccnia, todavia, quc 6s'las disposições, riiçaiadas por
Nillus e depois por Deiosne e Cail, niio podernm ser adoptadas
tias coioni3s francezts, em razáo da sua complica~iio,c da dif-
licuidade de reparnçso: de tiiodo que cstc nioiiilio quasi que
iiàb passara do estado de p~.ojecto.
Em todo o caso, condemna os laminadorcs como um pes-
simo meio de ontrahir a giiarapn, por deixarem no bagaço não
menos dc rnciadc do assucnr da caoiia. Cliaina-llies .maus ap-
ptwellios, e s s ~ n c i c ~ l ~ s i e ei i tdiunleli-al~neiite
e oppostos ao qtre coj2-
vcilh d ircrltírczn d l c ctoatio .
Na sua opinião seria rnuiio nicllior que a canoa fhse di-
vidida por um corttc-palha (Iinclic-p;iillc), c qiie, em vez da
ser espremida pelo moinlio, f6sçc sul~inctiidaa uni hom syste-
ma do mecerayiio.
Ja ve, pois, ir.Eu." ssiir. rcil~cior,riiic cni 1861, um CS-
crip~or,ta0 illusirado, urn s d i o iiio distincio como N. Basset,
náo só não coiibccia nci-jllurn processo sariiajoso para O npro-
veilamento do assucar qiie o nioii~liodcirn perdido iio bagaço,
sciiáo condemnava todo o moinl~o,cjualrl~icrqiie elle fdsse, co-
iiio um pessimo nppn rellio industr id, porcliie deixava no l~aga-
ço ums grantlc i111aiiiit1;idctle ;issiicar ~ I I " C U ~ ~)crtlido.
[Sst:í ailili um Ili*cict(cilo tLrs nlti~iiij~os 11mb[1 o /hl)/-iu~ do
t(SS?[(y()*,~0l,l[,l.~l,cnil~1Id0 OS s ;it1;.<1 (>.LIr(í Idi1. e t e p l l U?'

L I ) ciímiu,
O ~ S S ~ ~ L drl . pelo C ~ I ; C I I ~ ~ C ~ I 3.
. ~ ) 1). 11~1r;\1, p t ~ l j l i ~ a t l ~
cin LonJrcs ciij i 8(i3 (..l ' i O i ~ ~ i n c k i i i9c /ilr c-fic-
C
1).
-d% tlie proccrs of producing stignr from tlre i a l t e r e f i ~ t i t c ~
mmf and loaf szcgar home and cololiicll).
No capitulo primeiro, fullando dos pr6cessos coloniaes, diz
que o apparellro ,usado nas colonias para a extracçáo da gun-
rapa 6 o moinho, e que o de tres cyli~lc?~os é o eiclhor (tkc threc
rolled stiga~-niillhaving bee~zproved to be the best).
Não se referc ao assuear que fiei no bagaço, nem a ne-
nhum processo para o seu rproveilamenlo.
Em i865 N. Basset publicou a 2."parte do seu Guia
pructico do fubriculite ds aosucar, na qual estuda a quesiáo da
grande quantidade de assueir que o iiioinlio deixa no bagaço
da canna; e, combaicndo os argumenios dos que diziam que,
ainda quando se podesse enirahir esse assucar, se n5o devia tal
fazer, porque isso tiraria ao bagaço uma pari0 do seu valor
eomo combosiirel, sustenta que haveria grande conreniencia
para o fabricante em pracuwr uni processo mais van~ajosopa-
i a a extrreçãio da goarapa, o qual, llic parccia, devia ter por
base a maeeri-@o; mas que, se, por falta de material, ou de
meios d'acçáo, se não podesse evitar que ficasse ao bagaço uma
qum"iidadc de assocar imporiante, lirircria sempre meio de a
aproveilar, fuzendo-n fernientnr no a~csliiobagaço, c oblendo-
a debaixo di f6rrna de aguardeiile (tnfin).
Foi ésia opioiao de Basset que, quando em 1870, m o
resolvi a adoptar o larninador para r fibrica de S. João, me fez
propor, á falia de melhor meio, o processo de IIugoulin, de que
já dei conliecirnento a V. Exea
Mas, snr. redactor, vejo ainda deniita da mim viirias obras
o qne desejo referi?-me: e ~ ã oo podaria fazer hojc sem ean-
sar a attenção de V. E&."Amanhã continuarei.
Acabo de pweorrer uiii livro iliio tetil por t i ~ u i o - ~ i /[is-
torta do nssticnr e das pla~itcisqite pro8il;ein ossit&,, C01]23)1'(?-
hcndendo u),i rcsrlnio de todos os processos fiotnccis de cst,-nr-
ão manufact irrn do nsstrcnr dcsclr. os t s ~ ~ y ~nlnis o s reiriolus
at8 o presejrte (The histor,~/of suyni* arid sugar yieiding pbz~ils,
together tuitlt ali E ~ ) ~ ~ O I )ofZ C e ~ e r y notable p,-bccsc of srcgcl*
extrntioa, alid t12nr~ic/actui*e, from tlic cilrliest ti,ricls to the pre-
sofit), por U'illiani lc., piiblicado eiii Lonlli-ci cm 1S(iG.
Diz e ô l c livro qiic o i i i o i i i l i ù dc ssprcrncr cnniias, cin iiina
ou outra das muitas ~aiicJnJcs,O o meio usado por toda a par-
t e para extraliir a guarnpe; nlns que esic systcmn d i um graotlc
perjuizo porque nZo extr3lic, provarclincotc, niais tlc 507,,, tle
90 1, de sumo que tcm a cnniin. (Tlrc trnsle depe~l<leillof this
cause is vercy 9,-eaf: pi*ohably not aiojlc Iltuu / i / t i / pcr ccnt. o[
juice i s cxtracted otlt uf tlre tiitiety /ler cerlt. toliich Iins becu
knocnii ta esist in tlic cane).
Náo diz, porEm, quo eni parie ncnli!iinn sc nprorcilc, por
qualquer modo, o assucnr rjiio o moinlio dcisn no bagaço.
Abrindo o 2." volnii~cda 3."cdicçGo dr fliir*yloperlia le-
chriolo9ica ou Dicciorinrio das Artes e ozci~~~c/'í~ctnraa, por Gli.
IJaboulaye, publicado em Paris cm 1867, iicllc vuju tsiiil~cm,
num Iorigo artigo sobre a industria do sssiicar tl3 clinnn, ciia-
do o moinlio como uriico mcio iisado para n cxíi8:iiy50 t l : ~gwi-
rapa; podendo 6 ~ ~ C3 ~, ~ ~ I ~I sI ~~ )Oc r i c ~ l çii a i CIII 4. i r ~ u i -
ntios, ser de r>?,"? 6 1,s ~ { r l ~ iiC'O - c dc caiinns.
E C~1âobra (anhem rico Cnlla em iiicio nciilium eonliaci-
ù~ do aproveitamento do assticar do bagaço.
Aqui esli o-Novo ~ ~ l n i ~ i coi,iplet[~ cril tio [(iõricmte dc ns-
srtctrr e do refinador, da 12iiei-clopiidia I:orc\, i)ublica~locrn 1858.
Falia esicnsainciitc do.; divi!i*sor nioiiiiios (li: csprcrncr
eannai, desde o de (;oiiza!cç dc \.'elosa 316 O tlc Cai! t!k C..'
ires cylindrog dc i nlclro de diaiiieiro c 'L, 10 iiiciros do com-

(*) Calta dirigida ao L I i . i ~ u i'oipc~.i~,c ~ju1,iit,i,l& ciii 31 de HI,LII;U


tb! 1883.
piiniento; podendo produzir atS 400.000 liiioç dc guarnpa
por dia e exigindo iima força de 00 carallos.
Dá, pelas proprias palavras dc Payan, nolícia (?o moinliu
do cinco rolos rnendado construir por Nilliis e por Dcrosiic c
Cail;segu~do as indic~cfies dadas- pelo nicsmo - Payen no seu
curso, em 1861; recebendo a cnriiia mais duas pressões do
(pc ~noinliodo Ires cglindros, e sendo nmollecida por in-
jeeçõcs de vapor misinrado com pingztútl~os tl'oysia (goiittelet~es
d'oru) andes de eheiior ao illtimo par de íyli~tdros.E cita Iam-
bcni 3s ~ a l a r r u sdo" rncerno Payen'condcmnando estc riioiiilio o
dizendo 'cjue cllc devia scr a bhdonado.
bs,não 86 não menciona nenhum proccsso empregado
oii aeonselliado para o, aprovei1:imento. do assucar do bagaço;
n50 96 diz que, o bagaço, ao sair do inoinlio, é levado para cn-
rrs proprias onde sécca e se conserva para servir tle combosli-
vel;-scn5o ve,'no erigmciiio dos iiioinlios npcr fciçondos, iiina
deprecia@ mal compensada, do valoi* do b i l g a ~ o como com-
bustiwl.
Na primoira eorrespondencir, snr. redactor, cliamarci n
ailcnçiio dc V. Ex.' parri-iiiais algumas obras a que rne desrjo
rcfcrir.
De V. Ex."
muito a1t.O venerador obr?~
Poneiial, 30 de março dc 1883.
Visconde do Cuiz~a~viaE,

N& faliarei do Trnct(lilu tia fabric(i~iioe re/inaic?o do


assitcar, por L. Waikhoff, de que possiio a edicção franccza,
-----
--_.v-

(*) Carta dirigidn ao D i ~ n i oPOPULAR,


c pub1ie;ida eiii 3 de abril
de 1883.
publicada cm Paris em 1870 c 1871; pois qiic u b c i o de ri30
rnencioiisr ésia obra ncirliurii proccsso para o aprovciiariieiiio
do assucar do bagaço, náo prova q u o o scu auctor iião potlcs-
se eooheeer algum processo vantajoso para esse liin, porclum
to occuprndo-se oxclusiv~mcniedo assucar da I~etcibraba(i't*ni(é
complet de fabricatioti et rafinagc dih S U F I * de ~ be~lcrnrcs)iin-
da di; com relação i extracçáo do assuear da cnrinn.
Não est.i no mesmo caso o-Tractndo co111-plcto,theor*ico
e prúctico de fabricnçiio do nssricar -Cii ia do fnbt-icn~ite(Trni-
16 eompler tIiCoriclue et praiique do Ia labricrtion du sucrc-
Cuide do fabrieanl) por Cliarles Siaiiiiiier; pois quc, se bcrn que
cllc tracir especialmen~e do assucar da beierriibn, occiipn-se,
com tudo, da enniia dc assucnr nuin suppleniciiio relaiivo aos
annos dc i870 o 1871.
Faltando da extracçáo da guarapn, descreve, com as pn-
lavras de Payen, os aperfcicoainentos do moinlio dc trcs cylin-
dros, augmeoiando o rcndimeiito dc 49 a 70 ou 73'/,,, nias di-
miiiuido o calor do baqaço t,orilo co~~ihitst ire!. hlciicioiia trm-
bem o moinlio dc ciiic~c~liridroscniistruido por Nillus c por
Derosne c Cail, e cuja acçáo deveria ser auxiliada por iojcc-
ç6es de vapor e de phgui~liosde agita (goutielclteç d'eau) sb
bre a raaaonas, antes de e1~egal*emao i i l t i ~ ~ par i o íle cy!i~idros;
moinbo ao qual, todavia, a indusíria colonial deveria renunciar.
Depois accroscentâ :
aSc 8 vaniajoso para o fabricante coloniill cxtraliir tla cacna 3
quasi toialidade do sumo que ella tem, n i o se deve, comtutli), luvur
% exiraeçáo ai6 o íiltimo limiic; porque as caiiiins csl~i~crriiilns (ou o
baga~o), unieo combustircl dc que se iIisp;iri iin i i i : i~ i ~ rp:ii*iu tl:is
eolonias, seriam por vcros insullicic.iitt:s i1,:b:iiro d'cste p o i i t o ile vis-
ta, se náo contiveasem urna *ria cluatitidaile de asnucar. E' noecs-
~no,,at4aid'isso, ovitar do partir muito as cantias na presszo, por-
que depois diaoil eisregar as fornalhas com fragiiienlos iliui-
to miudos,~
De modo que, em 187 1, Siammer iião s6 niio coriliecia,
porque náo mencionou, ncnliurn processo vanliijoso para o a-
proveitamento do assucar que o moinlio deixa 110 hagsr;o da
eannr, seii,'io cr3 de opiniáo quo csso assucar [ião devia ser rc-
tirado do bagaço para Ilie iizo diniinuir o valor coiiio coiii-
bustivet,
Mas vejamos o que, r eslc respei!~,diz um dos homens
mais illustrados de Portugal, um saiiio distiricto, o snr. conçe-
Ilieiro Jogo Ignacio Ferreira Lapa, ria 3.aparte da ~ua-TecI~no-
logia riiral ou Artes chimicns agrico/as e florestoes,-obra de
subido mereciinenio. poblicada em Lisboa ein 1871.
O snr. Lapa, tractaiido neste lirro dos novos sperfeic;oa-
mentos na extrncçiio do assuear de canna, diz, fallando do no-
vo syçttma de moagem da canna:
= O bagaço f~*acamenteespremido ficava com 75 a 80 dos $60
a i90 do assucar contido em 1000 kiiogrammas de canila, isto 6 ,
ficava por extrahir mais. de metade do assuear. Era preciso au-
gmentar a i6rça de pressão dos moinhos, e dar á cama o amolicci-
nrento -coriomiciat~para se deixar csnlaga'ar e espaloiar bem gnlre
os cylindros.
novo modelo de moinho, fig. 4. que realisa estas duas ran-
byeos, ú composto de trcs c) lintlros- armados em posiqáo tiorisonial
A, que Ihes d;i maior f6rça de resisiciicia: sáo o c ~ s ,e mcilidos
dentro do uma m i r a oodc çirct11a O vapor. A canna sitlfve, pois, duas
espremeduras e durante estc tempo 6 an~ollocida pelo capor. Em
voz de tres cylindros podcm ser cinco, e nesta euso s canna soffre
quatro espremeduras, sendo além d'isso amaciada por riiais lcmpo
pelo oopor.
aO fabricante do assucar que não tem outro combustivel, a-
lém do bagaço da propria eanna, lucta com a gravo alternativa de,
ou não poder concentrar todo o xarope, se espremcr bem a canna
ou de lhe ficar metade do assucar por extratiir, se quizer ter com-
buslivel sufflcienle para as operayões ~ilterioresda extracção. Com
cffeiio, nas espremedurns aperfeiçoadas o fabricante tom' 0,4 de
guarapa r mais para evaporar; e 0,3 dc comliustivei a menos
para o fazer. P
f1are~c-nicque o facin de iiaodallar o snr. Lapa da exis-
teneia de nenlium proccsso vaniajoso para o aproveitamento do
rssucar do baga~oda canna, e dizer que o maior rendimento
que C canna d6 nos moinhos novos, sendo mais fortemente cs-
premida e amaciada pelo vapor, tem contra si ficar o bagaço
com mewr fbrga calorifica,-prova bem que nem era do durni-
iiio p&$lico, nem estava deseiipto nos auctores, neoliu tn pro-
cesso vantajoso para tal aproreiiamento.
Tenlio ainda aqui uma obra moderna, snr. redseior, qric
merece scr consultada. Tem por tiiulo-As mntnvillias da in-
dtistria, cii detcripçdo das pvi~icipnesindrr strios t ~ i tletarias
o (Lcs
merveilles de I'industrio ou discription des principalcs indus-
tries modernes). E' seu auctor Louis Iiigniei*, auctor das Ma-
ravilhas da scieticin, do A~ii,iinrioscie~iii/icoc i~idiisti-inl,e do
militas ou~rasobras imporianies que teetii dado Iniila celebri-
dade ao sabio illustre qiie as teni produzido.
A industria do assucar í! o que abre o 2.' ~oiuma; e es-
tii iractada com baslanie dcscnvol v iinenio.
Depois de ier falhdo dos moinl~os de trcs c ~ l i n d ~ * o s
mais aperfeiçoados consiruidos por Cai1 6 C.', Louis Fi-
guier diz:
.A canna, depois de ter sido espremida pelos tres cglindros,
sao numa massa esmagada, a que sc (14 o nomc de bngnp. Ao sair
dos cylindros do moinho o b o g « p ú Icvntlo por rncio clc uma ca-
deia sem fim siinilhante 5 que scive para trazer as eannas para o
moinho.
.Serve para alimentação dos aiiimses, ou para preparar o
rhum, em virtude da pequena quantidade de suiiio ~ssucriraJoPile
retem.
E, mais abeixo, acerescenta:
cDos 18 a e0 por 100 de assacar que a ennna encerra, a
sueraria eolooial extrahe somente 7 a 8 por 100. Gsta perda 4 oc-
asionada pela impossibilidade de estrahir por espremedura todo
o sumo do bagaço, e pela imperfeição dos processos de defeeaçáo
e escumagem, em fim pela formaçao de molaço, ou assucar na
crystallisac7io.
.No bagaço @com6 por 400 de assucar; pela defecaçao o
escumagem, perdem-se 2; fiam no melaço 3; [ião sc oliteem, pois,
sengo 7 no e,ctâdo do absucar bruto.»
&sias palavras demonstram cloramenlti, snr. redactor, que
Louk Figuier tanibem não eonlieeir em 1871, quando foi
~ubliesdaaqnella obra, wohum nleio vantajoso para o apro-
veitamento do assnear q u ~o larninador deixa no bagaço da
eanna; pois qae o dá por perdido.
Tendo voliado ao ponto de partida, isto i., ri data da as-
sembleia geral da Companliir Fabril do Assuear Madeirenso de
22 de julho de 187 i , parecesme, snr. redactor, que deixo bem
demonstrado que, nessa data, niio era executado ncni corihccido,
quer na Medeira, quer f6ra, nenhum processo vaotajoso para
6
aproveitamento do assoear do bagnpo, senão o de qiie eu jB
tinha privilegio.
De V. Ex."
inuito atteO venerador O L ~ . ~ ~
Funehal, 30 de março de 4883.
Vsconcle do Camaavial.

Ex.""Snr. Redactor I*).

Tenlio demonslrado exliuherantemenle que em 187 i não


Era, por modo algum, conliecido do público, nem na Madeira,
iiem fóra Ir Madeira, nerihum processo industrialmente vanta-
joso para o aproveitarneiilo do assucar que o lamindor deixe
no bagaço da eanne, além do invento de que já então eu tinlia
privilegio, e que puz em práctica na antiga fábrica de S.1050,
d9es&acidade, no anoo de 1878, primeiro anno em qiie a mese
ma fábrica laborou: e edrca de dezeseis rnezes depois do dia
em que. cr =mm privile?io f6ra rssignado.
Se bem que bouressernuiio mais de um anno que a Com-
panhia Fabril de Assucar Madcirenso tiaba por proposls mi-
nha, resolvido ensaiar, eomparaiivamenie com o meu processo,
qualquer outro que podesse parecer vaniajoso, afim de ser ado-
piado o processo qoe .désse mellior rcsiiliado, nrrit~umde t a n ~
tos ioieressados, nem mesmo dos qiie tinham rnanifest-da O taii-
ta vontade de me fazer opposiçáo, indicara direçla, ou indirc-
ciameeie, a&-o mornenio em que a fábrica começou r laborir,
outro processo a ensaiar: o que bem demonstra que não era
= 3 :
ainda entso conliccido lia hladeirn nenhum processo ~aniajoso
o de fâcil cxecuc8o para o aproveitaincnto do assucar do ba-
gaço. O meu processo foi, pois, o unico poslo crn exeeiiç~o.
Se V. Ex." considarri, snr. redactor, que fora por caiisa
da fábrica dc S. Joáo, c pcria a fibiicn de S. Joáo qcic eu de-
sejava p6r nas melhores rundi(óes indusliines possivcis, que
o meu processo privilegiado tiiilia sido por mim procurado,
Ira de V. Ex.' comprctic~~dorqiie eu tractasse de o apropriar
ás eondiçaes especiaes tla mesina Iibrica.
E' isto o que, desde logo, bem revelou a primeira notí-
cia que de França dei á compaiiliia do meli acliado, na qual
dizia, como V. Ex.', de certo, se recordari,--que jiilgava ter
achado um meio de facil execução, pelo qual se aproveitaria
poro assucar o assucar do bagaço, c que estava convencido de
q u e el!e daria excellente rcsultatlo, e fncilllu~'ioo fabrico, isto
é, a defecaçíío.
Ha de V . Ex."irmbem recordar-se de que, na minha car-
ir escriyta de S. Quiiiiino, ein 9 dc agosto de 1870, eu dizia
que, para a defecaçáo e clarificaçáo da guriiapa, tcria a fábri-
ca de S. Joáo u cat~bonntaccio dobrudn, opcraçso muitissimo
vantajosa, pela qual sería auginenlado o reiidimeiito do aseu-
car e diminuida a despeza do carráo uniiiiai, e para u qual
haveria um forno de ncitlo cnrbonicu e cal.
A facilidade que traria á defeca~ãoda guarapa o proces-
so por mim imaginado foi objccto de rcparo para quem me não
podia comprehender. Vou explicar o enigma.
Sabondo que o emprego do acido carbonieo para saturar
a cal no clarificação linlia sido um rne1lioi~;irncn~ocle grandis
simo alcance na fabricu~fio do ~ S S U Cdc~ lielci*raba,
~ eu, quan-
do estudara os processos que mais conviria adoplar na fibri-
ca da S. João, afim de a montar com os aypnrellios apropria-
dos, tractei de investigar porque era que tal niellio~amentonao
estava ainda adoptado rias fibricas de assocar de eaiins, sen-
do certo que a guarapa, tendo meiior quantidade de materias
mioeraes e organicas estrlirilias ao assucar do cjuc n beterraba,
parecia dever prosiar-se mcllior ao erripisi.gode tal incio.
Sube que os primeiros erisaios fecios riào tinliarn dado tão
bons resultados coiiio se esperaram; nias IIW, (lcpois, so 're-
eoiiheedra que isso era devido i mjior delisidado da guaila-
pa;*porquanio ou iros ensaios feitos com guarapa tornada me-
nos densa por meio da agua, tinbain dado resultados saiis-
fa torios.
Entendi, pois, que con~iiiliaque a fá'brica de S. Joáo fds-
se montada com apparelbos apropriados no emprego do ncido
carbonico na clai~iticaçá~ da giiarapa; sem, todavia, deixarem
de ser ianibem proprios para os processos oidinarios de de-
fecagão.
E a prova de cjue nso enlendi mal é que, tiuma obra pue
blicada cinco annos depois, N. B w e t clizir que-o ernpt*&go
do ncido ca~*bo~iico para e!iminnção da cal na fribricuçito do
asstpzr da cailitu era o unico aperfeiçoamento i~tcontestnvelzd-
t h a q e n t e introdiiaido nesta f«hricoção, e que se tiao compre-
hendia qiie ainda Iiouuesse fabiicaittes que niío empregassem a
saburcição.
Tendo, pois, miiifo ein vista, desde o princípio, no meu
primeiro processo, realisar o aproveitamcnio do assucar do ba-
g a nas ~ ~condicões mais favoraueis i fhbrica de S. João, peo-
sei 'logo em diluir a giiarnpa que tinha de ser iractada pelo
acido carboiiico eoni a agua que tivesse j i em dissolução a-
quelle assuear, fiiciliiaiido assim a defeeaçâo, e ol~tetidoo mcs-
mo riasucrr debaixo da fórma de sssucar crgstallisado, o clue
em muito mais vniitajoso do que reduzil-o a aguardenle.
Poí por isso que tractoi de por as cellulas intactas do ba-
gaço nas condiç~esmais favoraveis a uma rapida ertraoçáo do
assqcar pela úw)tose, realisando no liquido macerador um con-
stáde movimenta cii*culalorio por meio de tima poderosa bom-
bi'db k p o s i ~ á oespecia\ por mim inventada para rsso fiin, e
que, com dois poços. constituo o apparelho neeessario para o
erecu~iiodo incu primeiro processo, podendo tambem, corno
fiz Dotar r V. Ex." servir para O segundo, sem ser indis-
peioavel.
A eonveniencin que havia em qiie o liquido macerador se
niio demorasse milito cin cot~tacto com o bagaço, era porque,
$e'\Ua dcmora fdssc além de um certo tempo, desorivolvor-som
bia n fibeniafio, e já niio poderia esse liquido misturar-se
com a giiarapa desiinada á 'fabricação do assiicar.
Peço a V. Exba,snr. redactor, que se digne de tomar no,
i 3 dos ose~arec~montos que nesta carta ficam consignados, e
Te s%o neccssarios paro a intolligencia do que na miiiba proe
xirna correspondeiicia ino proponlio r dizer.
De V. Il:xea
muito attS0veenerados
Funchal, 3 de abril de 1983.
l'isrotide) tlo C ( i n ? i ( ~ ~ ' i ~ i l .

Ex."" Siiiw.Redactor ( b ) .

Quem passa pela margem da ribeira dc S. Josn ue, ao


lado oeste da clinniioi? da fabrica construidr pela Cotiipniiliia
Fabril do Assucar iladeircnsc, os muros ous de uma casa
sem teclo.
Era no eeiitro d'csis casa í p c se prujeeiava coiisiruir o
foroo de acido carhoriico c cnl p3r3 a clariticaçáo dn guwapa
pelo carborzainçao; for i10 que niiiiça se cliegou a eoiiçtr uir.
No muro da ctiamini? que tfá para o interior (!:i inesiilã
iasa, nota-se orna gianilc janella tuliada por uiiia eliapa de ferro.
E' porque aquellc lugar cr3 des!inndo par:, uinn csiiiki,
qne devia ser aqtieciila o c o f ~ i * n dc
o c31 u : ~ : i < lÇ~
;~I.-
bonico e pclo fiiiiio d n ~ I i n ~ i i i n G .
&ta estufa projuiaíla era cspccialcttenle dcsiiiiada a scc-
cgf o bagaço que Idsse iractacto pelo meu prirneii*~jiisocc;so,
'&o ir molliado para as fornal lias.
J& V. En.' ve, snr. rcdactoi*, qiic, em 1873, n í o se tcnilo
podido concluir a iristnll;iç~oiieccssnria para ser posta cm exc-
c ~ ã ao C O ~ - ~ O ~ ~ R ~ C I Çdobradri;
&~ o50 havendo guv:,pa (/!ir I3 isc
aekeqgario diluir, nem estiiía qiic scccasw o l~ag:~ço, o meii
s;ZP-===
yoceaso privilcgirdo foi posto em esecuçiio crn coiidiçóss dilTe-
rcnBs d'iqtiellas para que IOra crendo.
O npyarciho iunccionou com b o n ~resultndo; obiendo do
bagaço, eni duas iioi*asdc niacera~iio,uma grantlo quantidade
de liquido inareniido 3", e 3O,5 ao areometro de Baumé.
E, se bern que niio convinlia, sem a cai bonaiação, mis-
turar r agiia do bagaço com guaiapa, porque seria aiigm$t:tr,
sem vanisgens sofficientements cornpe~isadoras,o liquido a cin-
rificar, a fillrar, e a oraporar, podia, todavia, faeilniente apro-
veiiar-se em aguardenie o assiicar do bagayo, -ou iracianílo
bagaço novo com o liquido que já tiliha 3"ou 3",5Baunió (riso
havendo neste caso grande mal cm que a ieiineniaçáo se co-
rncgosse a desenvolver), ou misturando com esse liquido algiirn
melaço, para o p6r em- 5. Baurné, sfiiii de obter uma boa fer-
rsenlaçiio e uina distillnção mais vaniajosa.
. M a s apresentou-sc iiin grande iiicoiireiiiente que obsiou
a que BB seguisse qoalquor tl'esies camiir tios.
. O bupw que saía da mnceração ciisopado em agiia, não
podia ser queimado sem ser posto a seccnr. Náo tiarendo s es-
tufa propria, foi esfendido sobre o leclo dn fáb~~ien.A ernpo-
ração era demorada, e a fiilia d';iquelle combiisiivcl nas fiirna-
I l ~ a snugrneniara coasideravclmenic n despezn do earyáo. Além
d'isso, uma grande cliura que nessa occasião caiti sobre o ba-
gaço ~ U Bestria a seccar, augmer~íouconsideratclnienle o pêzo
que este fazia sbbro o lecio, que deu logo manifestos signnes
de que o não podia supportur; e não havia rio esiabeleciineiito
outro logar onde o b:ig-aço podesse ser posto r seccai.
Foi, pais, ~ecessarioinierrompci o apioveiiarnenio do as-
suear do bagaço nestas condiçúss.
Apeznr de serem iáo d~sfavoraveis as eireurnstancias em
que, pela primeira vez, linha sido posto índusli*ialmenieem exe-
euç3o o meu processo, os resiilindos obtidos provaram que elle
satisfazia beni o fim para que era destinado.
A laboraçáo de 1872, com quanto fbsse para n fábrica de
S. João apenas uma laboraçáo de eiisaio, e demonstrasse bern
U. e&ce%aeia*Hae apparelhos com quc estava montada ésia fá-
bilica, trouxe, comiudo, 6 Companhia Fabril de Assuear Mlidei-
reosè, por diversas razaes que não é necessario referir aqui, dif-
ficuldPdas com que muito lho cust+ouenlzo a luciar.
Em coosequencia ct'isso o plano dr fibricr não pctdo es*
tar ainda completo na laboraçáo de 1873; náo havia ainda for-
no de cal e aeido carbonico; não havia ainda esiufa para sec-
car o Bagaço.
Mas a companhia tinlia adquirido, nas proximidntles da
fábrica, um terreno onde se podia pbr o bagaço a secear:- eu
puz de novo o meu processo em execuçáo.
Tive, porém, ainda assim, de o interromper; porque, náo
tendo o terreno sufficien~esupei*fieie, o bagaço ficava em eanin-
das muito espessas que riso perrnittinm que seceasse com a ne-
cessaria rapidez; scndo, a1Cm d'isso, certo que, neste caso, o
iransporte do bagaço dava iim excesso de despezn, c os que me fa-
ziam opposiçao náo clcixavam dc o fazer sentir, com-lanto riiaior
rffeiio nos inlcrossados, quanto maior era ainda a incretiulidatlo
de que, no bagaço da caoila bem espremida pelo moinlio, ficas-
se quantidade de assucar que valesse o traballio de o cztraliiis.
Obtive, todavia, como no anno anterior, liquidos coin deti-
sidade sufficienie para poderem ser vantajosamente uiilisados
para aguardente ou para assuear; e até conservei, por meio de
cal, duraiiie semanas, sem fermentar, uma grande quaniidade
#esses liquidos de qiic depois se fez assucar.
Tendo-se tornado cada vez mais com plicsdas as ci~*cum-
eta-neias da companliia, o forno de acido qarbonico e cal e a
estufa não poderarn estar ainda feitos para a Iaboraçáo de
1874; o eii, em visia d'cssas ciiciimstuncias, nr<IO O I I S Z L V ~se,
bem que esiivesse coiivencido das grandes vantagens da carbo-
nobactio, impdr sâerificios a urna ernprcsa que lucta~acom dil-
flcolda(les, para pdr em cxecuç2o uni yroecsso, qiic, rifio c$-
!ando ainda seniio em ensaio 1x1s fil~ricasde aesilcar de canria,
podia, se ri30 li')sse desde o oriot ipio coroado coo) um resul-
iado feliz, aggravar essas uiniculdades.
Se, pois, n8o empreguei, em 1874, o meu processo privi-
lqgiado, n8o foi porque náo qiiizesso aproveitar-me d'clle; niio
foi pwque o considerasse mau e o abandonasse; foi porque nùo
~ t a r a r nrealisadas as coridi@es em vista das quaes ellc tiril~r
&do imaginado. E ainda hoje esiou convencido de que, dadas
taes condiçBes, esse processo é o mais vantajoso.
hias, snr. redactor, quando, em 1874, não sendo eniprc-
gado o referido meu processo na fibrica dr! S. Joáo, i)ão'lo~,
nesse aiii:o, iIc r.ciil:um n:otlo, aprurciiado nesir Fi1)iica O assii-
c:iiq que o la~niiiadcti*cleisii rio bai;uço, riao é evidenle que, se
fosse cniao c~iilicci<!odo púLiico ria h1:itlei rn oiitro cjual(1uer
~ ~ o c ~ vs ms i o: ~ j o s t ~mr'.a
~ czsc :ipi~oreii;\rneiiio, 1150 deixaria rt-
guiii dos nreionisius da o r i i i de Assiicnr Xladei-
rensc dc o indicar para qiic fJsse posto eni execucáo lia irlesma
fibrica?
Piinguem se nprcscntou, t o d a ~ i a ,a fazer uma indicaçiio
qualquer -nesse sentido.
Dignc.si: V. Es." do toninr iiola de mais ésla circurii-
slancia.
De V. Ex."

Ex."@§nr. Redactor (e).

A fábrica de S. João foi montada com uin moinho s6 de


espremcr cnnnris; mas um moirilio qiie, eiii ~ i ~ a i ) n lconiinuo
l~o
durantc 2' l~iorns, pilotloz mais giiaralja do que os outros ap-
paicllios iln dicta fibrica podcni, no inestno tempo, reduzir a
assucar.
De inodo que, por m:iis nrtivo e regular que seja o traba-
lho d'estn fábrica na sua Iiiboraçko de asscicar, náo póde o moi-
nlio deixar dc inierrornl~ci a mo:i,nem das enniiaç..
Nas laboraçõcs de 1872, I873 e 1874, logo que os ela*
rificadores estavam clieios, o moinho parava alé que um cla-
-e===

(*) Carta dirigida ao Dianio POWLAR,


e publicada em 6 de abril
de i883.
rificador ficasse m i o , para criizo torilar a moer; e assim nun-
ca estava muito iempo andando, nem rnuilo tempo parado.
Porém, na laboraçáo de 1874, n5o taiido empregado o
meu primeiro processo pelas razões que j i erpendi, tractei de
esiudar o meio de p6r rnntajosamente em práctíea o segundo
processo que eu tinha imagii~ndo.
Verifiquei que o moinho, depois do ter trabalhado 12
horas seguidas, podia estar 8 lioras parado, sem cluc a labora-
ção f6sse interrompida.
Calculei que, nas 8 lioras, o moinho devia podêr espre-
mer, senãg iodo o bagaço da canna espremida nas 12 horas,
pelo menos a niaior parte.
Depois, uma noite, puz de lado uma pequena quantidade
di? bagaço e orvalhei-o com u m aguador, de modo que ficasse
todo niolliado. Passadas tscs horas, quando n moinlio, depois
de ter parado, ia recomeçar a andar, mandei passar, antes das
caniins, o bagaço qiie estava impregnado d'agua; e verifiquei
que elle não ficava dividido dc modo que nAo podesse servir de
combustivel, e que o liquido espremido do bagaço marcava
h0,5 a o areometro de Baumó.
Náo pude entáo calciilar, nem que quanlidade de liquido
a 40,5BaumZ daria uma certa quantidade de bagaço, nem que
dcspeza faria a moageni d'estc bagaço.
Nem, por isso, dcixci de ficar mais Brme na ideia de que
o meu scguiido processo devia dar bom resultado industrial.
Estando convencido de que o emprêgo da carbonata~iio
dobrada traria 6 fibrica de S. João grandes vantagens; e náo
tendo perdido ainda a esperança de que, no anno de 1875 ella
podcsse ser posia em execução; fiz alguns esiudos para o em-
prbgo do meu segundo processo, de modo que passassem, quan-
to possivel, desappereebidos; porque, no caso em que ellc se náo
pozesse em práetica, não queria que outros se apropriassem do
meu trabalho.
Mas, acliando-se a fábrica de S. João, quando conieçou a
laborn$io de 1875, nas mesnias condições em que csiavn na
laboraçáo do anno anterior, eu fiz enião o primeiro ensaio in-
dustrial do referido psoce2o.
E esse ensaio foi coroado de ião feliz rcsullndo, que im-
mediatamente pedi yrivilcgio d'elle, por meio de uma addição
ao meu primeiro privilegio, eiiviando para o minisierio tlns
obras póblieas a seguinte descripção, qiie foi aultienticada pela
direc~âogeral do conimercio e indusii*ia em i 6 de jiinlio de
1875 :
uAddicçSo ao invento para o aproreitamon!~ ~antajosoe appli-
cave1 em grande escala do assiicar que fica tio bagaço da canna de
assucar que saa do inoiiilio do esprcnicr cannas; invento de qiie
tem privilegio por qtiinze annos o Dr. Ju3o da ,Camara Leme Ho-
mem do Vasconccllos, por alva4 reçio da dez de dezembro de mil
oilocenlos c scpteii ta.
aPur alvarfi regio do mil oitoce~itose septonta foi concedido
ao Dr. João da Camara Leme Hometn de Vascorrceltos, doutor cnl
medicina sobdito portugtiez, com domici!io na cidade do Funcbal,
privilegio por quinze annos como inventor de um appareliio desti-
nado a entrabir o assoear que fica no bagaço da canna doce depois
de espremida pelo moinho, ou larninador, geralmente empregado
para esse fim, bem como da applicaçáo dos principias sôbre que o
nesrno spparelho se baseia a extracçin do asscicar que conteuha
qualquer substat~cia'siusceptivel de se deixar penetrar pela agua.
@Aprimeira operação, no systoma do Dr. Camara, consiste
em pOr o baga60 em contacto com agua, por modo qiie 6sta hu-
medeça bem o bagaço e penetre no iiitcrior das cellulas que ainda
o moinho tenha dei'sado ii~taetas. A agua p6de ser queriie, se o
procliicto B destinado para aguardente; -deve ier a temperatura nor-
mal, se se quer fabricar assucar.
&?pois de ter u agun penetrado no bagago e dissolvido o
assucar qus este ainda continlia, scguerse ertraliil-a economicamen-
k, e com sufficiento densidade para ser vantajosamente utilisada pa-
ra z g d e a r e s~ para asruwr, sem se perder o bagaço como com-
bustivet.
a Dois processos pareceram ao Dr. Camara applicavcis com
bom resultado:
I l.O-Eçlabel~cer uma circulaç~o constante d'agcia no baga-.
ço até esta adquirir uma densidade suflieiente; scndo o baga~o,de-
pois de bem lavado, posto a seecar para servir de combustivel;
u2.O-Pbr o b a g a ~ oem contacto com tima quantidade de agiia
~ P B N A SSUFFICISNTE para o humedeeer e penetrar ai6 o interior t1:is
cellulas ri& intactas, passando-o depois no Iaminador oil eslire-
meado-o nnma prensa qualquer de f$~a sufficiecte,
e 0 receio de que o bagac~,passindo por um moinho de gran-
de @rga, ficasse tão dividido que r190 podesoe ser titilisado coigo
r 0 bagaço que sae da moinho é disposto por camadas delga-
das num dos piiços qtie J'azcii~ pai.ie tio apparellio de que o Dr. Ca-
marn tem pa\ciiie. Sijhre csic !:*;syo $c i.;!cair cocsiantementr: por
meio cla lioml>;i (:i; i!it:io 1:];.urcii:i~ agiia cm ci~ii\a tina ern quanti-
dade sufficiente para bcni o iiun~edecer. Quaotio seja lançada sbbrc
o hagaço mais agua do qiie elle pórle ahsorver e ésta se accumulp;
rio fundo do poço, esgbtada pela bomba que com pste cornnauniicn
8 lançada sobre as nosas camadas de bagaço.x
comhustivcl; a inlcrrupc5o que poderia causar ua Isb0:~aç5oo tem-
po einpregado nesta operaçáo; ou o augmeiito de casto de instal-
Iacão que traria a acqiiioáo de apparellios cspeciaes para espremer
o hagqo;-fizeram com qrie o Dr. Camara considerasse a priori
mais vantajoso o primeiro processo; e foi este o que elle poz em
prictica ern mil oitocentos e septerita e dois e mil oitocentos e sep-
teiita I? Ires.
a0bteve assim uma quantidade de liquido relativamente çrao-
de com a rlensidade de 3" a 3',5 do a~~cometro de BaumB; o que
ji permiltia o seu vantajoso aproveiianieiito. Como, porém, náo ha-
via, rio estabelocimento onde o Dr. Camara operava accomii~odacões
sufiicienles para fazer seecar o baga.0, e este náo podia, molhado
como se acliara, servir de ccmhiistivel, o que trazia notavel au-
gmeiito de despem, náo pôde olle empregar este processo em gran-
do escala; e ilesde logo pensoii em emprcgar o segundo processo.
~Circ~imstanciasiridepeiidentes da sua vontade impediram-o
ilo levar a efleito o sei1 projecto em mil oitocentos e septenta e qua-
tio; mas acaba de o pôr em priclica coni o mais briiliante resul-
' lado e vâe conliniiar a emprepl-o.
(<Quando o poço G U rccipicieiite do bagaco esli cheio 6 este =?
passado pelo Iaminador do qiial sae, como a esperiericia o tem de-
nionstrado, em muito bom esiailo para ser utilisado como com-
biistivel.
((0moinlro da Iábrica da Companliia Fabril de assucar ma-
deirense, ondo o Dr. Cainara está actualmente pondo em práclica o
sou systema em grande escala, é um dos moiiihos de mais forte
pressão empregados nas fábricas de assiicar; teem os cylindros oi-
tenta e seis ccntimetros de diametro e espremem a septenta por
cento. O bagaço sae seqiiissimo; parece qiie d'elle se não póde.
extraliir mais nada. Pois o Dr. Camara tira airida d'este bagaeo,
pe!o seu processo, riiite por cenlo do assucar contido no primeiro
:;i~ccoextrahido da canna pelo liiiniiiador.
"0 bagaço ile 54:800 Itil. de canna, que prodiizem 37:000
litros do licjuido a '10" B;iun>é, dá 14..500 litros do liquido a 5*
Baumé, correspondendo a 7:250 litros a 10"aumé, isto é, u m
quinto approaimadamcnto. O moinho espreme em nove horas o ba-
gaeo correspondente.
a 0 liquido do baga-o póde ser utilisado immeiliatamente para
aguardente ou para assucar, ou conservado, por meio de cal, para
sar traballiado mais tarde. Na j i dias que se conserva por este
meio o liquido que se tem cihtido da bagaço, para f a ~ e rassncar em.
separado: e elle não tem alteração.
.O pessoal empregado a o syslema do Dr. Camara coiisiste em
9.
qustro~liomensem quanto é Bsprenlida a canna, e em yualorzo ho-
mens em qun;ito é espremido o baçaço. Este pcssoal será dimin~ii-
do quando o Dr. Camara estabelecer, como projecta, um conduclor
de bagaço para o moiriiio.
CA despeza em carvão para fazer trabalhar o moinho nove
-horas, queiroando-se tambeni begaço, é do seis a scpte mil reis.
«De modo que, para se obter do bagaço, pelo systema do
Dr. Cainara, uma quauiidade de liqnido qiie valc: diizentos mil reis,
as despczas náo váo alCm dc dez a doze mii reis.
aSendo este resultado Ião vantajoso quan~loa canna i: ospre-
mida eni laniinador de alla presszo, não é iiccessario demonstrar
de quanta vanlagcm deve ser a eslracçáo do assucar do bagaço
da eanna nos paizcs onde os noinlios só tiram 55, 50, e luesmo
A5 por cento do assuear que Bsta encerra.
« O Dr. Caniara espera fazer seiilir 6st3. verdade e conseguir
que so aproveito em breve lambem fhra da i&Zndcirao assucar do
bagaço da canna, que náo li18 consta seja ainda hoje exlrabido van-
tajosamente em parte alguma.
«Funchal 24 dc março do 1875.
Dr. J01í3 da Camavcb Leme Honaena de ,F'a'asco7zcellos.a
Foi r?cçte mesmo anno de 1875, e depois de repetidas,
muiias vazes, na fibrica de S. Joio, sempre com bom rcsul-
tado, as experiencias co~s!antcsda precedente descripçáo, que
a asçcmlileii; gcrril d a Companbis Fabril do Assi:car M;l;ideiren-
se resolven, por zi,iza~~iinidade, adoptas o meu processo para o
apsoceitamen!o d o assnsar do b a p ç o , d a n d o m e a terça paiie
do produeto bruto que por 121 nicio d'elle obiivesse.
Note-se que liavia já mais d e ciceo aniios que, por pro-
pasta miolia, n assernhlcia geral da mesma c c m ~ ~ ã n l ~linha ia
~ o l a d o ,por unanimidade, que se ensaiasse, compzraiiramenic
com o nieii processo, q u a l q i ~ e rou!ro que parecesse vantajoso;
e n8o só durante os eiiico a m o s ningoem appaieeeu a indicar
á adminisiraç$o um processo qiia!qoer que podesre ser cnçaia-
do, çetiáo tainburn, tendo sido feitas pziblicanzente, na fábrica
de S. Joso, as experienciaç a q u e ha pouco m e referi, e t c n d o
sido concorridas e notorins essas crperiencias, nii:g?er?, toda-
via, entáo recl$mou, para si ou pura otitro, a prioriijado do
processo; ninguect disse entáo, por palavra ou pela iniprensa,
quo i a r processo ji fbsse coiihec,ido; oinguel?~enino cxciarnou:
-nssi~?$já c i j se fizzic~f
Wio sería essa a occasiZo projriii para reclamar conlra o
meu privilegio quem para isso tivesse iaiidaii~enlo?
O que muitos então nianifesiaiam, snr. redactor, foi urna
grande admiracáo por verem que, do bagaço que saia scqtiis-
simo do iiioinbo, se tirava uma dissoluç&o c!o assucar marcari.
do 5" e mcsmo 6'. a o aereomeiro de Baumé, e prodoziiido
uma grande quantidade de aguaideiitc.
E era isto cousa qiio parecia 1x0 exlraordinsiia, que rnrjl-
tos ouiras coniinuaritm a ficar convencidos, conio lia quem tine
da Iiojc eaiejn, de quc iaes res!:ltados se náo poderiam obier
seiláo sendo a caniia mal espreniida.
Qiicira V. Eu." deseolpar-me, snr. redactor, sc i~oju foi
tão longa a minli:. corrcspondencia.

muito ali.' vcneratlor ol~i..~"


Puncbal, 5 de abril de 1883.
Yiscoiau'e clo C:in?iitüitr!.

Em novembro do 1877 o rcdackor do fiiccr.%o do Eliltzc?icziF


tornou a peito demonstrar q u e eu n8o era o irivcolor dos pro-
cessos de que tinha privilegio para a uproveiiainenla do assu-
car do b a g a ~ oda canna, e que, em iodo o caso, essas procos-
sos dava121 um resnllado ?auElo e negnlivo,
TJisiiilio e amigo íntimo do doiio d a f i ù ~ i c ada Foiiie Nu-
va, que, além de me n.50 dever e s h r agiadccido par !!?c gticr-
rear a elciçao de camarisla, jh mesmo mo n%aqueria bcrn por
---
(*) Caita cliriçids ao Drrnio POI~UL).P~
e [iublieada em 10 da abri:
n'a 4883.
eti tsr sido o princip:il fundador da fibric: 14c S. doso, ninguem
estaua em mcilior circrimsiancias clo q i ~ eac113eiie r~:daclor para
podEi. prodiiuir, eni apoio da sua tlicsc, iotios os argiimeiiios
c prosas que a nr>imosirlads e os conliccimenios espcciaes d o
iiitiustrial oniigo q n c o inspiravn podessem descobrir.
Pois ouca V. Ex." é élle qucrn fai!â :
«Tcr;í, realmente, o snr. Dr. Camara privilegio para lazer a-
gnardeiile do bagaru da cama de assuear?
aParecc-nos que i~áo.
aE' promsso gerelmenie corihcc.itlo e ji n:riilas vezes ensaiado
na blndcira, o d:i laoagctn ern agiia, do bagaço da canile logo de-
pois cle csprciiiiil;~. Levando-se novamente a csl)rt:n>cr nos cylindros,
lira% urn Iiqiiido ~iouco denso ou guarapa f r a ~ a ,que depois do
fermentada. se reduz a aguardciitc.
"Este precc~so tem sido e n ~ ~ i a r l~m o qunsi todnç as fábricas
de ;issucar ila Rladcira, e a pi'inieii.;~[icssoa qiio o ensaiou, lia mui-
tos annos, f i ~ io snr. Ilenriijiie !Jrili-~raham, na fábi.ica !lu snr. Hio-
ton. Náo fez, 6 certo, ;rguartlenli? do liqi~i~lii rcsiiilunle da lncflgcm
do bagaço; mas fez vinagre duraiile alguns anrlos.
<Em 1872, nu Mbrica de Ferraa Irrnái~s, fez-se a saçliinte
e~p~rieileia:
e 2 0 ceslos (dos cle ~inilirna)ci~eiosde bagaço de canna laca-
do ein 25 alniudes de a g u a , e passado novaineiilk aos cglindros,
produziu 21 alainrles dc caIí!a ou liquido ern h- graus e maio, que
depois de fermciitado e disti!l!xlo prudwiu 5 ga!õcs de aguardente
em 23 graus.
a J i se r&, pois, qiie náo s6 é contlecido, mas que até j i teem
sido feitas eaperiencias e ensaios da reiicic~;io a agiiardcnte do liqui-
do resultanle da lavagem em açcia do I~agarn da eanna.
n$!as prrgunta~rios-1\20,pori;ue não fazc!m as outras idbricns
o mesmo qiic o snr. Dr. Camara e s i i lazenclo 1x1 fabrica de S.
João, deduzindo da palha assucar uu aguardente?
$Por uma razáo miiilo simples, re~goiideremos,porque Ihes
- -

náo faz conta.


<Viram os leitores, no exemplo que acima démos, que o pro-
duclo da lavageaa de %O cestos de bagaço foi de 6 çalões de aguar-
detite que valem, termo medio, Ires mil reis.
Pois, scri crivel, clue se possam fazer torlas essas operações de
lacayes, da passagem nos cylindros, de ferinentaçao, de distillaçáo,
e a despozâ de combi~stivelpara todo este tralrallio com tres mil reis?
«Não.
aE o pcrjuizo que soffro o bagaç.0, perdendo os rnelbores ele-
mentos cooibusti\.eis7
Por isso todas as fAbricas abandonaram essc iiicio de oxplc-
raclo de a~uzrifente do bagaço, que, além de exigir mais compli-
cada ItibricaçZo, graiides a diçpendiosos dcposilos, dava uni rt:siil-
lado nuilo e ?iegciri~:o.
.Mas o snr. [!r. Camara tira interesses fabiilosos d'essn es-
plora~áo?
«Est6 nisso o seti segredo.
n A esse se,nre:!o chama o snr. Ibr. Gamcira-seu g?riaa'leyio,
....-......~,~...........*...~...........,..
«3lostrámos comi, B tririalissiino r já ensaia?^ na iilacicira, lia
mliitos annos, o processo de lauar. o b;~gaço da canria, e icc!uzir a
agua d'cssa lavogetta a aguardente.
~Demonstraiiloszte e i q ~exemplo príiciico qiie cra i 6 0 d i o f ~ ? ! i -
dioso o procesro e exige laiilo malcriai, que o producta d a agiiar-
deritè que se tira do I?as~o3 1 . 4 ~CHEGA PAIIA F.~ZI;I~FACE A DESPCZA
com todo esse trabaliio.
uNein pbde Iiarer si?ui~~oos para fazar qrie o bagaço shcco (16
mais siicca do (jus a canna I
ePe!o menos sAo o coxr-rsc~% AS ~doícrcas <lua colipiiaal A
GNN!. POOn AL1iODE.D

Aqui tem V. Ex.", snr. rcdnctoi, tuci:is as expcripncias a


iodos os aiçornentos que, em 1877, rioderam dcscohrir o reii-
nir o s cluc iiriliarn o m:;ior en;periiio cin poddr de:iionslrar qirc
mo n5o pei.!cncc a pinpricclade do invenio, <te que eu j i tiniia,
e a i i ~ d nhoje lenho priviiegio.
Vou fazer ver a V. Ex: o qiie valem iaes nllegachci;.
Alas, para iiáo tornar muito longa bsia cariccpoi;det!ci:i,
p . Iiojc
~ terniino aqui.
De V. Xx.'
~ n u i l oRLL." veize?âdor o!ir.?'

Fu!ictlal, 7 do abril de 1883.


Visc.oi:tJo do <Ttciinrá~iai.
Eii vou apreciar a s allegações d o Dinrio do If'tincRab tran-
srriptas iia miiilia ú i i i n ~ acorrespondeiieia; e espero dcmonsirar
o nenlium valor qiic ellas teern. Mas, arties d'isso, permitta-
m s V. Eu." que eii Irnnsereva aqui os sognintes excirptos de
escripios piitiiicado~ em novembro de 1877, no Disti.icto do
Fzinchal, refutando a s asserçõcç infundadas d'aqnelle jornal :
~ Q u e r c i sprovar que o snr. Dr. Camara náo fez descoberta
iienhuina, achando um meio industrial, de fncil np11licnçno, de fa-
zer ca?itnjosamentc aguardente ou assiicar do baqu~oda cannn; e
trpresentaes, corno unicos argumentos, que o s n i WTilbra!iam fizera,
ha annos, vinagre de bagaço, e que 'os srirs. Fcrraz, ern 1872
(qi~andoo Governo já l i n h cnncedido privilegio ao siir. Dr. Ca-
ma*, e este senlior já tinha feito ensaios puhlicos na fibrica do
S. Joáo), fizeram 6 çalóes de aguardente ern 23 graus (c(iie graus?)
de 20 cestos de r8iiidima de ba~aeo, - e que o prodiicto náo [leu
para a despeza ! ! l
aNáo vedes, vindo confessar que, antes do pritiiegio do snr.
Br. Camara, niiinuem aqui fizera d i baçaço scilãi oinag~.e,indus-
tria que, ainda assim. foi abandonada (de certo porque náo offere-
cia srandes vantagens),-que náo fazeis c o a isso: senáo provar que
o siir. Dr. Camaia foi realmente o inventor do processo dt: que
tem privilegio?
«Não redes, dando conliecimento ao piiblico de que fizesacs
um peqricno ensaio de aguardente de bagaço quaiido já o snr. Dr.
Camara tirilia o sei] privilegio,-que náo fazeis senao provar que o
sur. Dr. Camara foi rcnlmettfe o incentor do seu processo; por
cpanbo fica claro que, a16 alli, nenz suspeitav~is que do bagaço se
podesse tirar aguardente com vantagem.
«Não vBdes, vindo declarar ao público que, ainda hoje, estaes
convencidos cle que o prodlicto qiie se póile retirar do baga~o,em
assucar ou aguardente, não conipensa as dcspezns da laboragão,
-que não fazeis, com isso, senáo provar que o snr. Dr. Camara
roi ~,eciln~ente o iilventor do processo dc que tem privilegio, e por
-----
(*) Carta dirigida C publicada eni 11 cle
ao Di~nroPOPULAB, abril
de 1653.
meio do q i i ü l reiii'a do bogaco q!ie sae do moinbo scçuissiiito, des-
contadas tcclas as dispezas de iaboração, um grande lucro?.
..............................................
nsahei yae, apezar de lo!los os esforços q ~ tem c empregado
a industiia, ni!iguen~,ai;tcç do inr. IIr. Jo30 da Camara Lonie Ro-
mom de Vasconcclloç, consegi~iu aproveitar vantajosaalente o a s ~ ~ -
car quo todos os homens coiapcteiitcs sabem que Bca, e náo pódo
deisar d e ficar, no bagaço da cani:a, depois cio passada psios cylin-
dros ou Iamioadores, por ma& Eorle q:e seja a pressùo.
nSabei, qw, aii:Ga Iioje, eni parto ceniin!r,a do nioado é apso-
veitado com iaalegem o assi:car cio b a g a ~ oua canna.
nO snr. Dr. Caiiiara, clepois de rni!j:os annoç de estudos sonro
a ciiliura da caniia o o fabrico d o assocar, tendo-se cunrencido cjuo
ncriliom dos meios propostos para utilisar o açsucar (10 bagaco po-
dia ofEer~,cervantagens práclicas 5 iridostria, deceobiio, pela appli-
eaçáo da sua inlelligencia c caiiIieciii:eijtos ao :sitido que tio!],? do
assampto, um processo de h.cii ex*cu$io rjue llle pareceu dever
dar boni resultado; fez isperienciâs e essas foi.ü:ri a;;irnedoras. Con-
venceu-se de que tinha feito Unia grande dc&cober?u! resolvido am
gra:;de problema l e requereu a,: GovcrnO do Siaa i!Iagas/ade pa-
tente por $5 annos do sei1 iuuenlo.
« A patente fci coiicedida; e o direito do iniwtor á sua pro-
priedade ficou gnranlido perante a l o i . ~
............*e...... . . . . . . . . s . . . . < . . I I P . . . . . . .
«Quando a fdbrica de S. doso tiabaliia as poria'. Irem estado .
sempre abeiias e todas as p3rles do eslu?~eIecimeiitoaccessireis ao
público l todos que Ia toem eiiirado teem podido verificar que o
Sagaro sae do moinho seqtiissimo.
10 bagaço, depois cio eicprhgo do processo do snr. Dr. Ca-
n a r a , contintia a servir de combiisiiv~l, como antes do omprêgo
$este processo, apenas com insigi:ificaote diKereiiça.»
s ã o longos, snr. redactor, os aiiigilç q'ie o Bis!r.icforlo
Funchul então piibiicou 86bre o a s s ~ n ~ i > apresentando
ta, argu-
mentos que náo foram combaiidos; mas n%o uie parece necej-
sario transcrever aqui mais nada d'eiies ' ~ 0 b r ceste ponto.
De V. Ex."
muito a!t.O iiencrador o b ~ . ~
Fonchal, 60 de abril de 1883.
lri'as~o~de
do C~xrancsoiaí.
8
P a r a se podêr bem apreciar o valor, com relaçáo ao meu
piivilcgio, das !av«gens de bagaço feitas pelos snrs. \Vilbrabana
e ITerraz Irmãos, é iiecessario conticcer as seguintes disposi-
ções do art." 632.' do Codigo civil psrtugnes:
aSáo nullos os privilegias coiiceilidos nos casos seguintes:
a l . ' S e os invenlos ou descobrimeiitos forem conhecidos d o .
ptrblico, práctica ou llieoricamenle, por alguma descripçáo tochnica,
d i ~ ~ i l g a dem
a escriptos nacionaes ou estrangeiros, oia por qualquos
outro modo;
~ 9 . " IIarcndo carta anleriorments concedida sobre o mcsmn
projecto; etc.)]
Convindo ter egiialmente bem presenie a disposi'ç~o,d o
art."3'5." do mesmo codigo, q u e diz qiie # a acção de nullida-
de, no caso do n . 9 20 ort.' 63?."pl~>screve pelo lapso de um
anno sem .ol)posiçno dos interossados~ .
E', pois cvidciike que, ainda qciando o meu invento privi-
legiado não [&se senáo a mesma lavagem de bagaço anterior-
mente executada polo snr. Wilbrnharn, isso não podia laser-
mo perder a propriedade do meu invento, se~iáoquando se tra-
etasse de um processo industrial ja contiecido d o pz'cblico, ja,
por qtralqirer moilo, diut~lgado.
Disse o Biario do h't~~zchal que o snr. Wilb~:aham n5.o
fizera da agu:i da lavagem do bagaço senso vi~~agr6;-eu que-
ro admitir que fizesse tan3be:n agtiurdent~..
Disse o mesmo jornal q u e essa lavagem tiplii. sido feita
havia ja miiitos annos, senz precisar o an~zo;-em guero aámit.
tir que fbsse onlerior á data do meri privilegio.
Vejamos agora se era conhecirlo do pz'cblico, se estava d s
qualquer modo d~valgadona Madeira, nessa data, algum pro-
cesso vaniajoso para o aproveitamsnlo do assucar que o Ia-
iiiinador deixa no bagaço das cannas,
C====-

(.) Carta dirigida ao Dianro P ~ P ~ Ac Bpuhlirad-


, em 4% de abril
do 188:.
Etilre laiilos argumentos prod:rsidos nus minlias anterio-
res correspondencias, que p e m este ponto fóra de dúvida,
basiari lembrar uril só, para $e seja evidente que a lnvcgei~a
do baga50 operada pelo sol:. ivilbi~aliam não tinha dado cri-
gem a nenhum processo iridosiricit vaniajoso, qrie fosse conheci-
do do público, que esiiuesse diaillyado em 1870.
Bastará Icmbrar que n direccâo da Con?pnniiia Fabril de
Assucar Madcirense, no seu relat-rio npressntado á assem-
bleia geral d a mzsina companhia, cm 22 de jor!i!o dc 3$7$.
(que E0.i nessc rneçino dia disLrihnitJo impresso aos accionistas,
e, depois de examinado p i o respectivo conseifig iiscai, approva.
do iinaniinemente n s asseab!eia geral de 22 cPc julho de 1872,
e distribuido profusamente nesin cidade), disse, a pag. 24,
sem contestaçào de niiiguem, qiie, em $870, eu asubia que
nenhzima fabrica de ussiicni de cannas ulilisava airida o nssu-
car do bagaço, por szüo tcr meio de o uprousitar que valesse a
pena B.
E, se o. snr. tVilbrslian: tirilia descoberto, para o apiovei-
tameuto de assucar do bagaço, um meio qriâlquer rantajoso,
cjue, em 1870, não era conhecido do público, porcjue 6 que,
tendo elle fundado a sua fabrica de assucar na Ponla do Sol
antes da fábrica de S. João, nzo aproveitoil dcsde logo, o as-
suear do bagaço por esse meio, e 36 uliirnamente, segundo ago-
ra me coiiçia, tem feito agcrardente do bagaço, contrafazerido
uin processo do que lenho privilegio; pelo que mo verei na ne-
cessidade de Ilic pedir a respoiisal~ilidade legal?
E u tive, snr. redactor, a curiosidade do indagar (parido
foi que o snr. V{. Wiibraliarn Tez tal laangem, do bagaço; e,
scgurido o que me disso o proprio snr. Williraiiam, e outro an-
tigo empregado do estrhelecirnento do snr. Hinton, foi iia &r-
ca de 15 para I 6 annos, isto é, em 1867 oi: iMF8.
I l a perto de dois mezes, o snr. \Irilhraliam, em dia em
que parecia tão disposto a traciar comigo sobre o meu privile-
gio que ficou dc ir fallar com os setis socios a e&e respeito e
mandar-me resposta, conlou-me que, uma noite, na fábrica do
snr. Hinton, estando o inoinlio de moer cannas parado, eile
mandára deitar agua s6bro uma porção de b a g a ~ oe passai.o
depois ao moinho; pondo eu] vasos separados o liquido que
obiivora.
E).
O snr. Binion, y n n d o chegou, foi informado do que sc
tinha fk,io; e promeltei~ dar ao snr. Vv'iibratiain uma parte do
que acji~eileliqiiiciii produzisse; mas n n n c a i h e deu iiada, se-
gijndo me disse o tr;esri:o snr. 'lTCilbr:iiixm.
De modo que a $:ir. Wiibiali:irn fez urna descorberla táo
impor2aotz; acl~ouum processo vaiilajnso para o aproceitamen.
EO da grande quin?,idade de asçiieai qiis o snr. Hiu%on perdia
ilo b a g q o da canoa; e o silr, Eioicn n2o deu, seqrier, unia po
quena rernünerag8o ao snr. Wiibrai;am!
Foi p a g ~bem mal i;io impuriaiiie servigof
&Ias, o qiie 6 ? x i s noir.ro1, é que, tlepois de %ao preciosa.
descoberta, ainda duracre n~iliiobae~ioi;,u !cagaço das canoas
moidas na iibriea do snr. Bioron, coiltinuoii â ir, ccmo prova-
sei, para os foriiallias, sem passar For iicohnin proce,cso para
se I!ie exliai!ir o assoear?
aeri!io ainda muito c;oe dizer, snr. rcdacior, sobre a ta?
"7

Iavagem de E~agaçoiiiveil!ada pelo snr. Wllbraiian~; mas Eea


para a proxime corre~pondsncia,
dJu r.Ex."
m k . h t ~ ,v~e ~ e r ~ d obs.PO
or
Fonciial, j k de sSrii de i883.

Quando, em 27 de juniio de I8C6, foi fuodnda, ~ o t '


iniciaiiva minha, a Compauliia Fabril de kssucar i%laciciier!se,
havia ja muito que eu nie cccupala do estudo da fabricação do
-----
-----
($1Carta dirigida ao DIAPIOPOPULAR~
C p:iblicad~ em da de abnl
dc $883.
assucar, e, especiaimenlc, d o est;tSo em que sc aciizva na
Madeira este ramo dc inu'ciçtria, e dos mel!roi.amen!os do que
cEle e l a suseepkivel,
$3. eriláo eu liniin eonbecido, pela iciiura de o b r a nspe-
citieç, e principalmente pelo Guiiz Práctico 630 fnbi::tc!ige dp
assehcnr de N. Masset, publicado eni i861 c kSíi3, qw d a -
n i n a d o r Ueixâ no bngaco das canoas uma aratide qunlliidada
da assueai.. J a via então procurara appaieilios e processas iii-
dusiriaes que e~viiaçsctnc : dini~iiiissein~ esxa porda, !C, twido
risto no mes1210 Iivro de Bassct qne ens::ios foilos por iim pro-
cesso de lcuigugüo de k f o ~ ~ c i l a - D u rtitlbani
ii~ dado resu!iadns
vanlajo~os, escrevi a engenheiros E 3 C O ~ S ~ ~ I U C ~c!o~~~~Cl pÇe i c t i -
ies, [)ddiiiilo-ihes,ea!:c octros erciar~.cimeriios,iiifoimafi0es sd-
bie o ~slor.práctico d a j)i.ocesso de h I o r ~ n l ~ - B a r l ~ ~ .
TeíiRa á n:áo uma carta de 3 de waaio tie $866, eoi iiiio
Nillus %s iTilhos, importa:ites constri1ctoi.i.ç d o Iiivrc, ma ?tis-
poridiam, s6bre esse ponto o çrgnlri-íe:
aNXo con!ieccmns o apperuiho 23 M o r e ~ u ; não o tendo visto
e m idbrica nontloma, náa nos proi:iioçi.iremos sdíoro a sua i;tiii<iads.
Seria, todaria, pare n6s rno;ix:o de stirpreza que siie i i r o s l e "'0 .
qtatlrn
valor, euosidcranda qos não O mais en~picgridoclcpoir, da oito aa-
ROS de ~xisIe!?~ia.u
A. P l i l i p ~ a ,engii!ziieiio cujo nono ja t i v e o a a s i ã o (I:? ci-
tar nestas correr-~oiidcncias, escrevia-iinc do Paris, ein i0 do
nlesiizo nxtz de mo30 c'c 1856, iT,rrra caiia que tnri,i)czi 1cn110
pi'cseriic, em cjae n;e dizia que o processo tiz liloiea~i-DaiE~ie;
tiiiiia sido ensaiado em Paris; rnas que 6s:;: saslemn, náa $6
offcraeia a ineoi~vsniente 2 0 iiitiiiiisar o lia!:níù ,, 8 c o x ~ oen;nbo:;-
."
iiuei, scnzo era indclsiiiaiii~a:iio irilpi.acticakel pcrqila cxcg:&
nliuiras i~~axiipula$ões.
Por csse tempo, rractnndo eu do pro:rri?çcr a fiand:)çZo da
Gompâiihia Fabril de ,!!ssacar h4,deiic:tse, fazia ver $qoei!aç a
quecn ooaii,idava para serem úeeionistaç, a8 at4rmiagcns qi,e te-
ria, s6bre a s antigas Fihrici~s aqi3.a eniáo cxisienlcs: r : f i -
biica montada eorn os uppaicliios motdrri;cç mais parieii.os; e
dizia-itieç iemi~em que o ~ i o i ~ i h deisa-a o no bagaço tima
grande cjiia~;iiiladc de assucur, cujo aproieiiaixcoLo sciia
sercão de que o bagaço, por mais sècco qao saisse tlo moinlio,
encerrava nii~damuiio asquear.
Uiii accioiiista com quem eg mais conversava a este re-
speito era aniigo pariicular dos snrs. Wilbraham.
Nso será, pois, proravel que a lnvngeln do bagaço qiic o
snr. W. kVilbraliam fez por esse tempo (1867 ou 1 8 M j fosse
suscitada pelo quo cn espnliiava enláo a esse iespeiiu?
Mas, quer fbsse, ou não, isso pouco importa para a questão.
O que é cerko, é que, depois tla espcriencia do siir. Wil-
liraham, e, em qeaiiio correu o processo da licença para a
fábrica de S. João, em quanto ésta fibrica se nâo installoii, o
assucar do bagaço coiiiinuoii a náo ter quem o aproveiiasse:
-o q u e é mais uma pr0t.a de que a tal experiencia não deu
resuliado que parecesse vantajoso.
Chegou, ~ioi'éiii,o atino de 1 8 7 2 . A fábrica de S. João
comecoli a laborar; o eii puz em execução o meu priinciro
processo, pelo cjriiil veiifiqiici que, eiri curlo espaço de tempo,
se podia 'faci!i;iciite. dar, a urin ccrta qiizntidade d'agoa, por
riicio de Invsgem e niacliraçZo, bem ordenadas, do bagaço, Lima
densidade de 3",5 Baumé.
T e u d o e diviilgado esle resi~llndo,os snrs. Ferraz Irmãos
quixerain veriíical.~. Fizeram eriiao a tal lavagem de 20 ces-
tos de uindiiiza do bagaço em 25 odmzides d':r,viia.
E que concluiram d'essa experiencia?
Elles mesriios o declararam ein iX77, pela bocca do seu
oigam, o &.a,.oi do Funchal, sem que iiinguen~ corilestasse tal
declaração:
n O prodzicto náo datia p a r a ns despez~s. Por isso todas
us . fdbricas abaizdonnram esse meio de exploração dt. ogiiur-
d e i ~ t erlo b a y a ~ o ,que a l i ~ nde exigir mais co?npliçada fabrica-
ção, grandes e dzsper~diososdepositas, drcva itn resultado NU&
L0 E BEGATIVO. D
De modo que, depois dn lavagem do bagaço feita em
1872 pelos snrs. Ferraz Irrriãos, como depois da que fizera o
snr. Wilbrxham em 1867 ou 1868, como depois do umti expe-.
riencia similhante que, segiiiido uitimamcnto mo corisiou, Iam.
hem.fizera, lia eêrca do 2 7 annos, o pae do snr. Aluizio Cesar
Beliencourt, o bagaço das cannas que não eram moidas ria
fábrica de S. Joiío, eoniinuou, ainda por muitos anaos, a
gtlerdar o se0 assuear para o'eniregiir i atinosphera, sob a
Ç6rma de vapor d'alcool e do acido ca~.iioiiico.
Vejo, snr. redactor, que ainda hoje não posso terminar
a analyse da tal lctvnyenz do bagaço. Amaniia prosegoirei.
Dc V. E%."
muito 111." venerador ~ b r . ~ "
hulizal, 11 de abril de 1883.
Viscontle do @%ntaaoinl.

Es.""Sur. Redactor (+).

A unz'ca expel-ieucia que os snrs. Ferra2 frmios poderain


apioseniar eni 1877, contra a originalidade dos pFoccssos do
que tenlio privilegio, foi a que elics tioltrirn feito ern $872, la-
valido em 25 alinudes d'agua o bagaço contido eni 20 cestos
da vindiiiia, e pnssagdo-o denois no lamiii:iilor.
Eni primeiro lognr é preciso notar que a ideia de passar
o bagaço ao Iaminador depois de Iractado pela agaa csiá cla-
ramerite indicadana minha desciipção do 1870; e a ciict~nisbn-
cia de ter a experieocia dos snrs. Ferras Irmzos sido feila em
1872, quando eu piix em execiiçjio o mcii p;iinclro Iiroeesso
logo no principio d a laboração, :r,ostra bem o que foi que a
provocou.
E, com relação ao resiiltacio, ainda mcsmo qiiaiido os snrs.
Ferraz Irmãos não tivessem deciafado que tinlia sido az~llue
negativo, basiaria, para o demonstrar, o' facto de não terem os
mesmos fabricantes m a i s pensado, dura1110 cinco nnnos, em
aproveitar o assucar do bagaço.
E qrier V. Ex." sabor, snr. redackor, porqiic 6 que o
-----
(e) Carta dirigida ao DXARIO e puúlreada em ik de abri4
POPULAR,
de 1883.
' h a g s ~ atnqado e csprsrnido pelos' snrs. Fe:.raz Ii.mãos n30 ara
iesiiitndo rrtniiijoso, s ~ r :qon:>to que o daria, senm davida, o bn-
gnço que íds" tracltido pelo meu p r i ~ e i r oprocesso e pasçzdo
:?o ini~liriador~conio irjdiquei'?
T7
& p i na er;perier,cia dos sars. Ferrsa Ii:mãos sS
haove kiiuagem d o bagayo, em q u a i i t o que nnijuciie nieii pro-
cesso' tia tn!n!)em niacerc~ylfo,podcrosiimin:e favorecida pela
circiiEa~nod o licjaido rnaicr:idoi.
E o i::l-i é eirio, srli.. iedac:oi, í! (;ri(? iiáo p6de Iijver i i ~ =
iihiiil~ f;i.mmsa i11dti%:ri31que* por m i o cla lauayeoa $6, seja
capaz d'csirâilir 5 3ssi:cnr das eeilulas d o L a g a ~ oqire o moi.
iiiio (leixorm i!~!:x!as.
E s ~ efacto é sfGinado por PiT. Basset 110s segiiintes termos:
«Sabemos, com rclaç%o á c s t r u c ~ 5 odo 3si;i~ar.qiic os diver-
sos pi.uci.ss~s de lot;i:s;em 2 0 i 1 1 tirar serião O assucai. lisrc,
jnG~ e..-posto
i ecti'c as [;aiticc!as i;;m?iilus dos teuidus: ' s2riclo abioiiila-
merite impossivci estialiir por m i o d't:ll?s o ;!ssiicar ericer:.at;o tias
colluias iiit;ic!~s. Tom-SI?, pois, j!-ocr!ra:!o obuiui. Y este i!icnii\.e-
nieiile peia ?i>:rci?cc@o; isto i:, peia acç9.c da agua sul?icicnteiiic:ii~
prolorigada p.a:; ilissoirer o açsi~tai.no interior das cei!~!las e Eor-
n;l-o livi-D.D
Os e&itol- cln macei-nç~csáo tinuitlos á trndencia qiic trem
a a - ee z d:ts inu::i~:~riasos lfi~idos da de:,siIar!e
diífcrcnte, scsuc:jitiveis dr mistiira, eslabc ecendo.se correiites
do exterior paia o interior, e i:ice-s~rsa,qiic es designsrn na
sciencia pclns dei;omii!rções cle endosu~osce cxosnzose.
Dizer que os plieooaie!i~se!i~losnio~icosfoi:!m ohseivados
pela primeira vcz, em i826, por Diitrnclit:!, 6 dizer qiio eri não
posso te;. 3 prel:.tigáo de os lei. dessorberto, e do ter inventa-
do a ril;?ceiaçCo.
hlas eu lirili:; a raningem de os coohi:cer; e pnr isso vi qllB
n5o podia, por uma siinples li~viccjent, exiiahir o asçucni das
ee!lolas iiitacias do h:~g:iço.
Além d'isso, o coni!ecin;eiiio qne eu tirilia da iadi~striado
asslicar fez-me ver faciliri~ijieqtio um processo de aproveita-
njetiio, pela agua, clo assiicar do bagacc, n5o podia s r r pso~ei-
toso, senso seiido simples, d e faeil eseci~çZo,e produzindo li. :
quidos em cnncliçócs convenientes para serem trai~sformadoç
e m prodilc@s inciiiskriacs, sem grand: deçpeza,
Poiam Bstas a s prioeipacs eonsiíieraçocç cjos riar guiaram
na descripg5o do processo coixlanie da adiliç8,o que ern i875
fia ao meu invcnlo de 887'0, ciiian!i0 iaiiic;iici como devia ser
disposto o bagaço qirc saia do moiiii;~, F; q!ao devia sei orva-
Ihaiio com a quai,tidaiJe i l ' a ~apz~arçsufilcietile para o ha-
medceer e penetrzr até o irilerior das ceiiialas irataelas.
E u bioe tanto em visia e~~iiiirque se dcilasso sdbre o ba-
gaço agua em quantidod., dernilsirdd que reeon~mcnclciquo, sso,
isso succedesse, agua EOsçe re.cebida.yeia bam'ii3 c deitada
sobre o bagaço novo.
M o dei-e, lodâr:ia, o ha-aço ir para o moioiio táo pouco
molhado que o liquido nXo seja sufiicianle para operar a dos-
locaçao; por isso iia fibrica de $. .Toá0 era o bagas0 dd novo
orvalhado na occasião de ser espremido, senlpre que isso se
entendia iiecesçario.
Estas disposicócs sao 130 importanlrs rjiie, scm a ohser-
vancia d'ellas, o processo deixa de se? proveitoso.
E', pois,, fóra do diarida, snr. redactu?, qoc na daia em
que os meus processos foram privilegiatlcs, uso era coshecido
do pziblico nonliuni processo vunrajoço para o aproveilamento
do assucar do bagaço. E essas duas o11 ires ex;ierie~~cias,sem
valor legal, com quc os conlrafaciorcs do men invcnto pretm-
dern encobrir-se, e que sso, eridc:iien?intc, !iiiias dos moo5
irahailios, só provam que os que as execiltaiaiu riso tiniiam oç
conhccirnentos necessarios para coiriproiiendereni as condi~óes
indis[~ensaveispara o bom resiliiaio que náo poderarn obter.
De mais, çnr. redactor, quem iitvenla náo 6 qiiern expe-
rimenta; é quem dcscobre, quem i ) i o d ~ z ,qoèm realisa um
melhoramento proveitoso.
E u não descobri os principio5 em quc o meu invento se
baseia; mas realissi um melltoramento qiie ailles de mim nin-
guem tiiiha consegniclo realiçar:-consegui aproveita? vanta-
josamente, por meio do processos simples, de Eacil execuç20, O
assocar que ficava perdido no bagas0 das cannas.
Do V. E x . ~
multo alLo venerador obr.'"
Filflclial, 13 dc abril de M83.
'Viseonde ido CannclviaE.
9
Ex.-. Snr. Redactor (+).

Os 0."' 1 e 2 do art." 632." e art." 6 3 5 . q o Codigo civil


portiigiles esrnbe?cuem ijiae sao r;t~ilt~.sos inrentos que ja forem
conhecidos do pulrlicq, qiic j:i e s i i r c i ~ mdivi~lg-dos; ou que
fizcrena o oiijpetii de cnrlcl ts~!te:ioi~nlazj~leconcedida, se os in.
~ereseados pi.o[)oa6Licilia iirção tia 1)iiiiiddíl~deirtro de um u9zno
coijiai;:o destie o d i a ila :~ssigijatiii:~ilo plii!i'gio.
Ora, sendo iricoi;iesiart~l cjr?:: os m e u i;i.ciiesins privilc-
giadoç naO erum conliecidus L!O ptihiico na datu drt asíigitntu-
ra do pvivilegio, e que deiltro (Íe eitn ( r ! r i i o t1cpo:s ri'esiii d a t a
niizgitem se apreseiitois cünt curta rrilteiiorinmtc co:ztedtda s6:
bre o mesnzo objecto, 6 claro q:ie, aitida qi~:iri:&~ o snr. \Vil-
braliam, ou os snrs. Fcrraz Irm3os, ou i;riali[uvi. outro po-
desse agora ailegar, e provar, que tiniia ~iosloern osecoção um
processo, náo só sinzilliante, mas idoilico ao rneui, n5o só urna
vez, mas cem não scí dcpois, rnas cciltes do meti privile-
gio, isso não podoria, de modo alguf~i,tirar-me o direito a o
gbzo exclusivo da ~ninliaproprietiacie.
Desde qiie o meu iiiveirlu n50 era i111 tiomi~iio público, e
ninguern rin:in patenic anterior sbbre o objecto d9e!la, i~inguena
tem direito a reclamar prioriilade.
A l~ropricdade de c ~ n i dcaeoF~.imenio qurtlqtier pertence
áquelle que primeiro se inscreveir como dcsr:obri~liir na re-
partição competente, quer f i t ~ s c dle, qiier nùo, quer:~o de$*
cobrisse*
Nem podia deixar rlo ussim ser; porqrie, de oiilro mo-
do, ninguern podia ter garatilida a piopriedadc do seu iii-
vento.
Eu obiiiilia hajo pnlenie de insençlit? por iima desco-
berta qiialqucr, ùciiois do ter dcposiiadu, aa eonfüroiidade da
!ei, a descripçáo comlieieriie.
Amanhz outro itidiriduo, iendo podido ler conliecimcnlo
-E===

(a) Carta dirigida ao DIARIO~ O P C L A R , e puhlicad~ em $5 de abril


de 1883.
dos termos ds minha descripf,áo, ou, mais tarde, tcndo podido
saber como eu punlia cm c x e c o ~ 5 o o meu invento, arranjava
tcstiniunbas qiie dcpoacssem q a e elic tir:tia feito, muito antes
de mim, a niesma dcscobcrta; e extorquia-me a minha pio-
priedade I
Niio podia a lei coiiier disposições que auctoiisassem uma
lal expolia$ão.
Mas, sni. redactor, lia oiiko disposição do Codigo Civil
Portuguez, pela (11131os coii:iafaclores do meu invento jiiigam,
segundo me eyisla, poderem escspnr á responsabilidade d a
contrafacção. E o artigo 633.", que diz assiin:
aQuern nào (ler a' e;cecucüo o seu invento dentro do dois an
nos, coiilados d ~ s d eo dia da assiçnztrira do privilegio, ou cessur de
se nproceitar d'este por dois annos coiiseeiitiros, excepo jusii/ican-
do l e g i ~ i , ~ aimpedimento,
o perderi o dito lirivi:e,nio.o
E' preciso não esqnccer que o q i ~ oa lei tem principal-
mcnle em visla é animar, 6 proirger ailiielle qiie i)encficioil a
sociedade com i ~ mine!lic~sairien~oq u ~ l e eoin , iari1 iiivcnto
proveitoso; e, quaiitlo liaiiiou :a uiii certo niirnero de annos o
direito de prcpiiedade d o iriventoi., ri30 ~ C F C , (Ir! eerlo, o pcn-
çamenio rescrrado d e lhe aririar ciladas p a i s I!ie extorclu'ir o
usofriiio d o se0 irab;illio.
Quando a lei fixa dois annos para ser dado Q oxccni.áo o
invento, é porque enicode que este espaço d c tempo i, em
geral, snfficiente p:ira qiie aquelle que Fez uma di:scoberta'
uril, possa po1.a em exccncáo; e quer foiçnl-o a não d~,ixar
perder, por indolencia, um mellioramento do qual podem pro-
ia; grandes beneficias á sociedade. E a prova que tal é o pen-
samento d a lei, e não o de expoliaçáo, é que lá es:i a proprie-
dade do inveritor protegida pela ercepçâo de haver legititxo
inspedintento.
E seria iniusta a lei nile assim náo urovidencinssc:. nor- ,
que, como diz Labo~ilnye, r 0 inrcntor ri50 perjirtlica a eocio.
dnde em não f:,zer uso. d'ailiiillo qiie riso existiria sc;n t'lle.
E' necessario considerar q11t3, se o iiireritor i t j o ~ i õ ac i i ~exeeu.
$30 a sua descoberra, rrso é 110rq1ien2o querpéporqrie ti,%opdde.8
&Ias eu vejo, snr. redactor, qiie siso posso concluir hoje
o que tenho a dizcs sobre este ponto, sem esquecer as pe-
9.
quenas dinieos5cs do jornal oade tem de s ~ pubiicada
r esta
corresponiiencia, Na ininlia proxirna carta conlinuaroi o as-
sumpto.
De V. Er,"
miiilo ait." venerador obrado
Funcha!, I h do abril de t583.
Kscofzde ($0 CunnaeiaB.

Queir:, V. Ex.Qnolar qoe o art." 633.O da nosso C o d i g ~


Civil diz que perde o seu privilegio aqcclie que, sem legitimo
impcrlitaento, não der euect;cão ao s e i ] ini,eii!o deillro do dois
atinas, ou eessc:r de SI apioceilur d'd!!: por dois annos coo:
sccu1ia.o~.
Ko priri~ciroe m diz--qzter)~ ?ião der (b b;~ectjçZ~;--e, no
segunilo caso,--qucrja cessar tie se cprot:eitar,-e não-guens
deixar de czeczrlar.
Ora, cono as leis não vali2:ii os tnimos unicamente pa"
ra fazer csiylii; coiiio náo s:aci.ificain á i~arrno~iinda phrase, a
sua clareza, o seir pc:nsnhento: paroco-me fOia de dúvicla qiie
a capree~sáo-!zGo tirr ú arecziçrlo--n5o icgi exactameiilc o n:os-
mo scnliclo jtie-ccsar de -se oproueltnr.
Quaildo orn .in:iustriai: depois i3e ter posto em execoção
um inveoto privilrgiatlo, deixa de o crniiri.gac' .~ na siia indi~siria
por dois annos coirseeu\iros, çein i:npetl:rnrnlo legitimo, nbnn-
donand0.0, sirbçliluindo-o por Oiiiro meio; e n l e ~ d ea lei que,
neste caso, deve esse ir:des[rial perder n propriedâtic de um
invento c!e q u e cessou di! se o ~ r o ~ e i t uel ; de yiie outro poderá
querer aproveitar-se.
-v----

(8) Farta dirigida ao DIARIOPOPULAB, de abril


e p'rlhlieada em %'i
de 1883.
Parece-me cjye é assim que dcue ser iriterpretads a ex.
press2o-cessar de rrp,.o:.eiiur-se-do cilado ar.t.qêr3.O du,
eodigo civil.
O que 6 , porém, fdra de diivida, Q que o inieníor só
pcrcle o seu invento por cessar de S. aproveitar rl'elie, quaíido
não tiver para isso i~?ipedij)zentoFegii»io.
Quanto a mim, six. redactor, de qiinlquer inodo que ge-
ja interpretada a disposiçáa do relirido artigo do codigo civil,
em caso neiihuw ele é applicarel a pena qilo elie cstabciicco.
Tendo siiio assigziado o alvar:~ do privilegio ern noi.cmbia
de l870, cii puz em eiecoçZo o meu ii:venlo i?:\ f $ i ~ ~ i de c i S.
3050 ein $872, dssescis Rezes depois d'aqiiella data. Logo
não posso ter. perditio o priuiiepio [,:ir não Icr Gado exeeii@o
a o objecto d'ciie dentro dc dois annbs coniados da daia (i:! as-
sigaatura d o alrarà.
Etnp:egtici na mesma fibvica o meu invcnlo erii 12373.
Háo o ernpregiiei em 1874. Em 1875 pox em cxecuç%o o oh-
jecto da adtlic,no que então fiz ao iiiilento; e, dosdo enijo ai6
1879, foi elle erripregado, setn inierrupçáo, ria fibrieã do
S. João.
Em 1879, tendù sido leciiada &!a Mbi.icr, em viriinflo do
processo jtidicial, foi neila iii\errompida, por Bnpedlm~nlokegé-
tlino, a exeeu$io do meli invento.
Quando é ccrio que cu estava iiiaiido loci.os do uso do
mcil privilegio, 6 euitier!ie q!ie não foi porqiie eu itdo q i i i z , ni:às
siin i)wq~~'"e eia 7 ~ 8 apude, qiie n8o canti~iueia auferir os mcs-
MOS J U C ~ O S ~
Ilm 8880 e 1884 servi-me, como pi~dc,do mc!l invcn-
io, irauianào por meia da agan, e cspiemendo, com :irlxf!io (!c
mácliiilns cjue mandei vir de Fiyinça,.cannas e bekci.raba.
p m $880 veio epicrjder-se comigo urn fabricarite de n-
guardeale, para c e m p r ê g d o ornei3 invento; r, d'aiii para ca
tem-se iiiiiisxdo sempre d'clle.
No correple ano:, en~eaderam-secomigo diversos ouiros
fabricantes.
V e m , pois, qile, qilando mesmo n%o houvesse O impedi-
mento legítimo tle tcr a iibiicn de S. João sitio obrigada a fe-
eiinr as snss porias; ainda assim, c iridependen!emenle da uso
e .
oZo a~cioaisailoque os eoniraf;i;iu!or~s teail1,íeiio do piec ira~?en.
to, 080 me po~lia, tom jusiiça, ser appiicada a pena de perda
d o privilegio por interrup~áoda ~ x e c u ~ ãdoo invento.
Mas, sor. redactor, o ari.' Bih," do Codigo civildiz assiiii:
cDn propiicdade do invento deriva o direilo exelicsico de pro-
Snzir, ou de frrbricar os ohjeeius, c p o conslituem o dito invento,
ou em qae este se manifesla,~
Se, pois, d u r a n h a cxiskocia do meli pririiegio, alguem
piodt~ziuou fabricoi~ o q u e eii tiaiia o direito exei~isiuo de
prodiizir ou de Fabricar, 6 evidente cíiie isso o50 póde deixar
de SE^ coosiilrrado, para tcidos os effeiios, como se tivesse sido
feito por mim.
:
Ora eii esiou bem informado do eeFuinle:
Ein 1878, anno ein q o ainda ~ laboiiiu n iibrica cle S.
Jojo, o snr. Visconde da C:iIç:id:i r:oniralea, pela lirinirira vibz,
o rneu invento na siia fi!ii.ica da C;iliiciia, c tem coiitiiiuado a
faze1.o cm Lndos os annos d'alii p n r a e;i.
No atino seguiiite, serião no rnesino nnno, começou Iam-
bem o meu inveiito a ser ohjixto dc ronir:if;ieçáo mima fibrica
de Santa Criiz de um fiilio do srir. Visenndr da Calçada.
EID 1880 conicco~ia coiitrafaceão na fábrica do snr. Rin.
lon d'esia eiilndo.
E n i 1881 elia eornccou na IiDrica do srir. Wilbrriliam na
Bonia tfo Sol.
Por este 1150 q ~ i ccertos I:rbricnnit.ç teem feito de i ~ mob-
jccio de qiie eti ienbo o direi10 csi:liisiro de usar, voo pedir a
-todos prrdas e <I:i!ririos eor:~csprintlenies aos I!icros qiic eu li-
rniia d o mesmo bagaço de cujo assiicar sc aprorci1nram prdo
rneu iiirento.
Portanto, yciando mesmo tivesse sido inlerroinpiclo, sem
impedimet~lolegiiirno, o eii~pibgr, i30 rricu in\.rnto, cirsde qtio,
antes de dois annos, isto é, cjli:iirilo cri, em r~eobuma bypoilie.
se, podia ler pcrdido o meu pririlcgio, alguem [!oz ern execu-
ção o objecto do mesmo privilegio, basiaria isso para nit! não
podbr ser applicauel a pena do art." 633; d o Corligo ciril.~
De V. Es."
rnrrilo a k o venerador obr#**
~ k n e h a l , de 16. abril de 1883.
Vas'isconde do Camnavial.
E~.°"nr. Redactor C.)

S a t ~ eV. Ex.' q u e o meu invento para o apeoveitamcnio


do assoear que o moinho deixa no liagaco das eaiinas nasceu
do desejo q u e eu tinha do p6r em boas coni!i~ões irid:isirises
a fibrica da Gompanliia Fabril de Assiicar M:ideirense, do que
eu fui o prlncip:il fuiiciotloi.
F o i pela Eibiica de S. Joáo, c para a Iibrica d e S. Joáo,
que cii deseolrri uni meio ftacil o puiico ciispc~ridiosode obier uig
prcldvcio importante qoc ficava i ~ e ~ d i d a .
Deve, pois, V. Ex." comprzlieia~lcrpor qric razno, em f 875
e anoos seguin!es, cliiirido o meii inyeriio estava en, ezecil-
ção oaquella liiiricn com ião boiis ~.esultados,eu 1150 propuz
nos outros f:thi.icanics a adopçáo do mesmo inuenlo, nem pro-
ciirei convcnccl-os das vantagens Ù'elle qcinrido, ainda enião,
riáo acreditaram, pela maior parte, riessas vantagens.,
Para que a Compani~ia Fabril de iissiicar Madeirense po.
desse prceriçlier o iim que tinha em vista, prrcisiiva q u e a siia
fibrica podesse laborar em condições de podbr pap:ir o produ.
CIO ag!.ico.la por bom preço a o cullirndoi,
As difliculdaiies com que ésta cornpniihin linlia iiictado, o
os emb;irncos qiie todos os dias lhe levaiitararn os que queriam
eiiibarg:sr~llieo passo, nào l11o periniiiiain sustentas aiiiilrn com
vaoiagcm a gijoira qun lhe fariam algumas [ibricas.
N a i a s cireurnsiancias enitendi que, embora fd'6sso pcrj~i-
ilicado, nào deria dar armas aos outro3 Snbriraai\cs para com-
baiereni uma emprcza (pie eu tiniia crcndo, e que eonsiilerara
da rnurima importancia para a açriculiiíira d'osta terra.
, muitils nc-
Ninguern ine agradeceu ésta d ~ ~ d i e t a ~ cá oa16 ,.
gavam a vantagem prihlica d a fái~rica tle S. Jriáo. Quan*,
porérri, ha pouco iernpo, se espalhou riesta ciilndc .a nolfcia do
qiie o machiiiismo doesta fibrica ia ser vci~diilopara @noarias,
todos lameiiiavain que tal suecedesse, e diziam qite isso seda
urna desgraça!
==i-==

(e) Carta ùirigida ao Dii~rro P a ~ u b a ~u, pub!icada em i 8 do abri!.


de 4883.
Em rjuatitu rorico a processo da cnecilí:ão contra a Com.
p"n\iia Fabril de Assuear M ü ó e i r e ~ ç oeu n5o pensei em i i i ~ e s -
ligar se, cm aigorna GU algumas iiibiicas, se cciií.raf:izia o ob-
jecto cio mcu prir~icgio; ja porque 8x9 cuidava que os fabri-
cantes f&sern capabes de usar d o mcu inrento sem minba
ailctorisaçZo; ja porque s:ihín gim, em geral, eram de opi~)iáo
q u e se n2o potiia apr.o:ciinr \~arii:ijosameriic o assucar do ba-
gaço; ja porqile, por esse tempo, eu tiniia a allençáo muiio
preza aos negocios [-jalilicos, especialii~enle e!n quanto tive a
ineii cargo a admirrisirsçxu supcrior G'esie districlo.~
Qiiando, poréin, tendo a fábrica i"; S. JoZo deisnilo de
pertencer A íhniparil:ia l'nbril de irssiicar Madeirense, tioha
desaiiparericlo a razão pelaaqi~aleu ífio tinha cjiierido qiie o
mcu infento f&se uliiiaado por ouii.os rabrieanies; e devendo
laiiorer no corrcnlc aiiiio a.ji~eI!a &\?rica, 2 que o meu piiiil9-
gio linha cs;ado ligado;-eriir:idi.que n5o liavia ja n~otivoque
deressn impedir-me dc procurar generalisar o eiiípi.i.yo dos
~ c u sprocesso3 privilegiados.
Fiz ca!iio tias jo~,:!aes o S P ~ ! I ~ I I I @3ni)úiicio:
nO '17iscoi!ile (1'3 Cannaiinl ~irevinc,a ti:dos os fabricaiiles de.
assiicar, ou uguardeiilc, de can:;as tl'este distric:n, da que tem, ain-
da por Ires annos, privilegio exc!usiro do uiiroveilamcnto do assu-
car que fica rio bagaço das cannas, cspreniitlas no moinlio, ou Ia-
ninado?, segirr~doos processos descriptos pelo inventor e pubiica-
snente postos pw etle e m pr.dciicrc ear grande escala n a [abriccs
de S. JoZo.
apura esclar~.ci:nento dos qiie Icem inleressc neste assuropto,
julga que basta transcre\.er, rlas descripefies exisiei,les na reparti-
~ â ocoiilpctente do minisierio das obras pirbiicas, o seguinle
pcriodo:--.
" P d r o liagiiço em contarto conz cima quaniiilnde d'agtia
apenas suficieale porra o l~urned~ccr c Iienetrar ai8 o interior das
celliilas a i ~ ~ di?itccctas,
a pnssa?ido-o depois ou larninador ou esprc-
wendo-o numa prensa qualquer de f61.ea s u f i c i e n l e . ~
aQueni quizer conhseer qiiaes sáo no nosso pãiz os direitos
do inventor, c qual é a respcnsabilidads eni. q11e inçorrprn os con-
trakctores, veja a parln 2.; /livro i.", ittaio 5." caprtulo 3." do
Codigo Civil Porltrgeiez.
o 0 Visconde do Cannavial convida a traetsrom com clle as pes-
soas que quieercm u~ilisar-so do seu invento durunle a esistencin
do $eu p i i v i l ~ g i o . ~
E pouco depois, dirigi aos fabricanles de assucar e de
aguardenle d o districto a circular seguinte:
nlll."" Snr.-Com quanlo eu convidasse pela imprensa, como
V. S." poder4 ver no jornal qae ten!~o a honra de Ih0 remeiter, a
tractarem comip;o todos os iodnslriaes que quizerem aproveiiar o
assucar que o moinho deixa no bagaço das cannas, segundo os pro-
cessos t s que tenlio ainda s privilegio p o r tres annos, e que foram
postos em pràctica coin o melhor resirliado na Eihrica de S. Joáo,
dirijo-me direclaaente a V. S." para liie assesusar que podcri, por
esse meio, tornar muito mais vantajosa a siia iniliisiria.
#Tendo j6 contraclado com alguns induslriaes em receber cin-
co reis por cada quinze kilogrammas cle canoas entradas no eslabe-
lecimento onde fbr utilisado o meu invento, estou disposto a Ira-
ctar com \'. S." nas mesmas coodições; ou fazer sobre a mesma
base uma avcnça, f u i ~ d a d ana média da lahoracáo nos ullinios ties
aniios, segiindo a escripturaçáo do eslabelecimeiito.
aApezar'de serem os meus prmessos muito simples, e terem
sido execo~ados publicamente, ha neiles algtcnz~sparticu!aridades.
que podem fazer variar o rendimento, de que V. S." seri devida-
meiiti! irifirrmado. Sou de V. s." com muita consideração, etc.-
Tisconde do Ca~znavial.D
De V. E X . ~
mt: a1t.O veiierador ~ b r . ~ "
Fnnichal, t6 de abril de 1883.
%conde do CnnnauiaE.

E X . "Snr.
~ Redactor (+).

h,pela miriba correspondencia publicada no Diario PO-


pular de 9 do março úllitno, tem V. E x . ~conliecimento de
=i=i=S-

(*) Carta dirigida ao DIARIOPOOULAB,


B publicaia em 80 de abril
de 1W.
que, quando, no priucípio d e ferereiro, o snr. Hinton, om visia
do meu anriúncio, procurava arcnçar-se comigo para usar d o
meu invento na soa fibrica, oo correntc anno, o snr. D. Ma-
niiel Teiles da &ma, dono da Fabrica Naciotaal (anliga fábrica
d e S. Joao) fazia-me cima ~rroposiasôbre o mesmo objecto, e o
snr. 6. \Yilliraharn, dooo de uirn iábiica dc assucar na Porita
do Sol, ficava cornigo de ir consultar os seus soeioç para depois
vir traciar do ajilsle.
Da niesrna corresp~ndeneia eor,sla que o snr. flintnn [a-
zia cniáo sentir que mc cori~iiilia unta arenca com elle em
eoiidiçõcç mais raz~aíois;porque esiava convencido d e que,
desde que os outrus ioiiustrinps souh~sssinque elle tinha feito
eoniiacio comigo, nenhum faria qnesráo.
O que é certo é que, coastnndo-me que o çnr. Kintun
ja ti,i?lia tcilo uso 110 objzcto do mcii privilegio, sein minha au-
, arinos de i880, 181i e i883; e nBo tendo
c i o i ~ s a ~ Z onos
querido elle dar me a indemnisaçào que me é por isso dc-
vida, re~pon~lcndo-rne que nüo tmhn cinprcyado, nem lhe con-
vinha emprrgnr o proccsso a que ou aE'~~dra;-i>iio só não
fz,rnos aecôrdo algum, senáo frii para jiiito fazer valer o meu
direilo,
Dopois d'istu, o sni. D. hlanitel Lelleç dri Gama desligou-
se d o nccôrdo cin que comigo ficara; e o çni.. Wilbratiam náo
veio traetar do ajusle.
E m 7 de fevereiro último o snr. D. Manuel dirigiu-me a
seguilite carta:
aFonehal "de Fevereiro di, 1889.-, . . Snr. Visconde do
.
Çannavia1.--Eçtimaria.,ter com V. . unia entrevista, se V. .
quizesse Eer a bontliicle de me fixar a hora a qiio devo pi.ocural-o.
.
-Se a V. . . conviesse !nais passar gelo esci.iptorio da fibrica
onde estou ali: 5s 4 lioras teria goslo em a q u i o receber.--
.
Çoi~com a maior estima, De i'.. , muito allenlo ~eneradorobri.
gado-bl. Maizuel Telies. da .Ga1an.u
Procurei riesse mesmo dia o snr. D. Manuel na Fábrica
Hi~acio~al;e adiei-o dirposto a traciar eorr!ipo i a i a se ufilisnr
do m a u , l)ri,+~gio; como, poréni, en pedia 5 reis por cada 1%
kii. de c a m a s qi,é'entrassem no esfsbrleciinetito, e S. Essadi-
zia que só.ibe convirilia dar uma parkedo producta iiqiiidoque
retirasse do bagaro. não pociémos en%o ficar d'accôrdo.
Comtudo, passados poucos dias, tendo ou proe!irado o
snr. D. Manuel ria sua fábrica, ficou accordado erii1.o nSs que
ae faria uma elperiencia, dirigidu por niirn, c:ijo resuiiado sar-
viria de base a nrn coriiraclo definitivo; d~veiiijopertencer-me
u m ierFo do pioducto liquido da experiencin, e depois um (par-
to do prodii~toliquidn que se ol~iivesse.do bagaço, se o cons.
tracto definitivo se realisasse.
E om seguida fornos ainbos ao Iogas onde se tinha de
fazer o trabailio; e estive ilaitdo iiidieações sbbre o modo por-
q u e a s eousas se deviam dispor para eiie.
Tendo eu, nossi? mesmo dia, pedido ao snr. F). Manoel
uma declaraçno escripta do que c-iitre nós Gcára convencionado,
S. Ex." disse que me faria essa dcclara$io numa çaria q u e ma
escreveiin.
E! com effciro, no dia 14. do mosmo mez de fevereiro,
escreveu-me o snr. D. hfanuel a seguinte carla:
. «Fuuchal tk. d e fevereiro de 1833.-.'. . Snr. Viscondu do
.
Cannarial.-Em virtude do aviso de V. . a'im de que ninâuem
possa usar da inlprognagão do bagaco por agoa, e passal-o poste-
riormente ao moinho ou laminacior, e da conversa qnc a esse respei-
to iivemos tenho n ciieer a V. E x . o~ segtlinte:
«Farei experiericia do mencionado processo sbbre o bagaço da
fabricação de ires dias na mesma fibiica, e feita ésta, direi o que
rne parecer a V. . .
« § c ii rninliz resposta entáo ibr no sentido do n2o querer con-
tinuar no provisorio accbrdo ein que honlem eiilrei com V. .. ,
.
darei a V. . a ierça parte do prodrieto liquido que eu tiver tira-
do d a experiencia: se do contrario cjuizer entrar em transacçjo de-
fiiiitiva, fico scientc de qiio V. . . quer ficar recebendo %"/, do
producto liquido de lodo o bagaço submettido ao processo de que se
tracta, devondo da data da experiencia por diante obter-se o produ-
cto liquido, por meio de uma percentagem que a LiLiilo de despezas,
se deduzirá do producto bruto. Se não chegarmos a accbr(lo na
importaneia em que (leveri sei' fixada essa perecntasom, ficâmos
inteiramente desligados, e livres para proceder como eiitender:nos
com relação ao assuinpto.-Sou ..
de V. , muito atlerilo creado
-D. Manuel T~llesda Gama. o
Niio me parecendo ésta carta bem precisa em ponlos im-
por:aut~s, nem em porfelia I~arinoniacoiri as ideias com que eíp
90,
fieira sdbre o aecdrdo feito, escrevi ao snr. D. Manod, no dia
inarnediato, nos seguintes termos:
~ F u n c h a l15 do fevoreii.~de 1883.-111."" e E X . ~ Snr.
" D.
8lanuel.-Accusando a recepção da caha de V. Ea." de 14 do cor..
rente, permilla-me 8: Ex.?jiie resuma e precise bem os pontos
em que e indispensavei que fiquemos bem do aecbrdo:
ri.'--V. Ex.' farn uma experiencia de tres dias, dirigida por
mim, para servir de base a iim conlracio definitivo para a la-
lioraçso do corrente anno, dando-me V. Ex.", em genero, a terça
parle do produclo ci'essa experieiicia, descontadas ao despezas rs-
specli~as;
a9.'-Por despezas respectivas entendem-se as d q e r a s quo
V. Ex." fizer com o aproveitaniento do assucar do bagaço, a maia
do que as que raria se o não aproseitasse;
~3."-Se V. Ex." reconliecer que essas despezsi: sáo, appro-
ximadamente, as que constam do cálculo do direchr da labora-
vão e macliinista Foulon relativo ao aimo da 1 8 7 8 (iiltiino da la-
boração da fabrica de S. João), quando eu me achai,a e m França,
e quando a mesma iibrica trabaliion debaixo cla inspeci.áo dos snrs.
Viuva Abndariiam & Filhos, cálciilo de que V. Ex." se acha d e
posse, de certo, por lhe ter sido ministrado pela referida casa
commercial, e que me parece offerecer totias as garantias de exa-
etidá3;-comprometto-me a fazer eriláo com V. Ex.Qm coniracto
defini1ii.o para a laboraçso ??a sua fabrica no corrente anno de 4883,
recebendo 25"/, do produclo iiquicio que V. Ex.Veiirar do baga.
ço em trabalho regular feito segurrdo as minlias indicações, ou d e
pessoa qae eu encarregar de velar por esse trabalho; ficantlo erilão
deterrilinadas as despezas para ioda a iakoraçao, por meio 4% uma
percentagem do produeto bruto, 4 quêlmais approxiroadamenfe cor-
~ -

respondirem;
uh."Para o c8lciilo alas cleepezas dar-se-lia a cada Ires litros
e meio da aguardente rcelilicada ,?rn '30TC., o valor de 950 rkisy
a5."-Se, depois dos t1.e~dias de espciiencia, e em quanto
n30 8 conhecido o resultado deiin(iivo d'esia, V. Es." qiiizer conli-
nuar o aproveitamento do assucar do liasaco, as condiCões seráo,
pelo que respeita á parle que me Ira de ser dada, as mesmas que
as da referida 1.Qeliperiencia;
e6."-Se náo viermos a ac,cbrdo para o contraclo definitivo, e
estando salisfeitas as condições do coiilraclo [iro!.isorio, ficaremos
desligados; não 6c;iiiilo V. Ex." ariclorisado a continiiar a aprcreitar
o assucar do bagaço pelos processos de que tcnbo privilegio.
~ E s g e r omerecer a V. &."a fineza de @e &eçlarar 80 sso bem
dstas as suas ideias.-Sou de V. Ex.; nmuito atlonlo venerador o.
Brigado- Visconde do Cunt~itve'ala.
Passados 25 dias o snr. D. %anue1 mandou.iile a segi~in-
to resposta:
.
tiPunchal 12 de mai'ço de 1883.--. . Snr Visconde do Can-
navia!.--Quiz evitar quanto possirel enirsr em qocstõee com V. . .
chegando esse meu desejo a ponto de propor a V. . . u m accbrdo
provisorio pelo qual, com qilun!o V. . . usi:friiisse de certo ber.eR-
cio, eu náo reconliecia o direito que V. .. julçu ter acerca [!o a-
.
proveitamento do assuear do bagaço. V. . , poróm, 1180 se conten-
tou corii isso, e por carta de $ 5 de fi?vereiro irnpne-me (mesmo pa-
ra o provisorio accardo) taes coiidições que, s e f6sse:n por mim ac-
ceilas, ficaria iiliplicitamente reeorihcciilo o ja ciiado direito.
«Entendi, pois;qoe não devia [jioseguir nessa transacça~scrn
consultar advogados, e a esp6i.a de resposta cl'cstes (lcu logar a
qiie s6 agora podesse tsmbcni responder o V. . . , pe!o que peço
desculpa,
nos advogados consi~itatlosForam dc opinião, qiia não p6do
.
ler cffeito o privilegio de V. . . e por isso sinto diz1.r a V. . que
não podemos entrar em accbrdo alçitiii sAbre esse assiirnplo.-Sou
.
com muita corisideraçáo, de V. . ., muito attenlo venerador obriga- '
do-E). iIfo?itrel ;irlles da Gnf>aa.s
No dia i 3 do riicsano mez de março escrevi ao 801.. o$.
Manuel o que segue:
' ~ D. Xanuel da ama.--~end&rnc V. Ex." escri-
B G x . ~Snr.
pto, no dia 9 de forereiro úilimo, pediililo-me iima entrevisis, OU
tire a hoiira do o procurar na sua ELiLsica. o i'.E.i.Vinostron.se
. .. dis-
posto a tractar comigo para se utilisar do nieu pri\.!reyio; rilus di3-
se-me que lhe nZo corivin!~a seiiGo dgr-me uma parte do pcoducto
liquido q ~ l etirasse do bagaço.
uNssse dia n%o podhmos ficar de açcbrdo.
«Alguns dias depois torilei a procurar V. Es." na saa fabrica;
a Ecoii aceordado entre nós que se Faria uma osperlencia, diiiçida
por mim, para servir de base a urn coiitracto dcfiriitivo; devciid»
eu ter um terço do prociucio liqiiirlo da exl~ericncia,e depois iim
''

quarto do prodocto liquido, so o con!raçto detinitiro se rcalisasse.


R E taiito B certo que isso assiiri iiciiu accordatlo ciitre n6s, qirs
Fornos ambos ao logar onde se linha de fazer o traballlo; o es:iro
darido indica@es a V. 'Ex." s$i>se o modo porcpe as cuiisas se doi
riai8 dispor para elle.
aV, Es.' ficou de me escrever uma carta declarando-me o que
eoniigo havia traclado.
*E,com efldito, no dia 88 do mesmo me; de fevereiro V. Ex.'
p.ccrereii-me sblire o assumpto; mas o que V. E x . b e dizia pare-
cendo-me nalguns poutoç tio pouco claro que poderia dar legar a
dúvidas, euteuùi dever eserevcr-!he rio dia immediato especiíican.
do bem os pon!os eni que nOs tinhamos ficado da accbrdo, e pe-
dindo a V. Ex." â fineza de mo diaer se eram bem acjueilas as suas
ideias.
«Agorz, depois do viiike e siiica [lias ele silancio, V. Ex." es-
creve-me clizendo-me que, tendo cor;sullado a:?vogados sbbre o as-
sumpto, elies são de opinizo que riáo pódti ter eiyeilo o meu pri-
vilegio; e qun, por isso, náo póde entrar em accbrdo alsum c o m i ~ o
a esso respeito.
aConfesso a V. Ex."que Bsla commuoicaç5o mo surpre-
bendeu.
((E'para mim fóra dc clhiida qoe os advogados que doram
tal parecer a V. Ex.Qi,ãa co;iliecem a qucsi3o; pois a mim, lodos
aquelles a quem tenho coiisiiltüilo, me teein ciicto eaactaiiiente o
contrario.
iEo lambem náo deseja'a Ler cjoesiões com V. Ex."; E por
= isso sinto ler d3 declarar-lhe que, se 1'. %x."zer uso,sem a mi-
rilia arietorisaç3o, dos proeossos indiislriaes de qoc tenlio pri~rile-
çio, me verei forçado a pedir-ihe a rcponsa'uiiidatla perante os tri-
bunaes.-Di: V. Ex," moito a1tont.o obrigado. Fanchal, 23 de mar-
ço de 1883.-V'isooside do Cavnacinl.~

Finalmente, o snr. 19. bínnuel, em i4 de março, escreveu*


me uma carta a qrie não jrilguei necessaiio rssponder. E do
theor seguintc :
ai. . . Snr. Viseando
do Cannavial.-Acciiss recebido o favor
de V. . . com clala d'iionten,
e i rista c10 seu coniheudo, direi a
V. .. que vou aproveilar a parta sachariiia do S a s a ~ o usaiido
, do
processo descripio em livros estrarigeiros lia m:iito tcrnpo.
rSe por este facto V. ..
entender cjoo me deve pedir respon-
sabilidatle perante os lribunaes, que reinedio lerei eu senão defen-
der-mo!-18 de março clc 8883.-De V. . . , m u i h altonlo ve-
nerador,-U. Maauel Telles da Gama.n
Ora, constando me que n a Fábrica Nacional se está fazens
do uso, sem a minha auctosisação, do objecto do meti priviie-
gio, exactamente como e u jazi6 mesma ftibrica, ver-me.
hei na necessidade da pedir a responsabilirlatie legal aos coa-
Irafactoros.
De V. Ea."
MU~IOatt.Vvenerador obr,b9
Funchal, i 9 de abril de 4883.

Ex."" Snr. Redactor í s j .

O SIN. Guillierme FYilbraham, qoe táo 'disposto parecia a


eracfar eoniigo para ser auetorisado a fazer uso do meti inventa
na sua fábrica da Ponta do Sol, avliou depois que devia tam-
hem seguir o exemplo do siir. Biiiton; respondendo-mo, etn
caria eni que p e n ~ o u muitos dias antes de a escrever,--que so
náo avcnçava comigo para o einpybgo do meu prociçso, por- . .
qlie, @,To aclinitiinilo a sua fabnca os. apparelhos para ella
aecesâarios, continilava a adoptar, para o upi.ouei!aniaiito do
assucar do baçago das carinas, inetl~odoha nlttih adopintlo rio
seu eâlabclecimento, no do s : ~ Bi%inton,
. e ?$o dos sn7.s. E'ei?,na
Irmáos; pelo qual apenas se procura aprooriiiar do.; residzdos
6?a hminu6ão da caizna o assucw que ttze bccc; ilpezai de Ihc
eu ter dicto qne havia tos meus proi:essos, conz quanlo sim-
ples, algi~masparticularidades que podiam fazer variar o ren-
dimerlto.
Essa carta, em q u e o snr. Vilbraham acliou eonvenienlo
não pôr data, é , d o tbenr seguinte:
eSnr.-Em vista da srposiçáo giic V. ..
me fez do seu
invento de aproveitar o assucar do bagaço das cannas, seguodo o8
-==ri=

(*) Carta dirigida ao Dianio P o i ~ ~ ~ ke npublfc3d;a


, em 25 de abri:
da zi883.
processos qiie tem piiTilegio, os quaes foram posios ein práctica ná
.
fabrica de S. Joáo, como V. . me disse com o mellior resnlta-
do, inanifestando-me assim por essa ovcasião o desejo do eu ado-
ptar em minha fábrica sçse processo, tenho a Iionra de dizer a
V. . . ciüe não o posso adoptar, por opphr-e e issso a capaciilade do
eçtubeiecirnenlo. iio qual iino 6 l~ossirel adnziitir os appareliros ne-
cessarios, nas co?:diçòes dos a1litc:idns processos, por ~ u j omolifio
participo a V, . . qrrs cotz!;~~uo col~i o niesi;io melirodo adoprado
ha anfios fio meu esiobelrciinenro e jci tainb(,m cadoplodn acs tios
snrs. Guiil~erisnPIi??!on e Ferra2 Irtnão.~,niethodo desde hu muilo
conhecido, pelo qual apenas se pri~r:trn api.oi*ei~ardos residuos
da lnaainaçdo d a canrra, o assucar que /fie fica.
a E ' quanto posso dizer a V. . . em respo~ta ao seu convite
para contractar sbbi-e a base na areriça de ijue ine fallou, visto não
.
pnilèr utilisar.me do seu invenlo, apeznr de Ií. . me ler dicto
rue os seus processos eram inui sin~plese hncer nclles algnnaris par-
siculrtridades que podem fazer uaricr o rr~~di~iie~~lo.-Soii de V. . .
com muita consideraçZo, altento veiieradur oliriçado,-0 Gerente
-G. lVil5rahanl.o
N o modo porque esti redigida éstn carta ve-se bem um
contrafactor qiie procura escapiwse á re'ponssbiiidade da
contrafracç-io, cobrindo-se eorii um marito curto: transparente,
e roto!
Na circular q u e dirigi em fevereiro fillirno aos diversos
fabiieanies rle assucar e de agiinrd"ti!e il'esle dislriclo, dizia-
Ihes, como V. Ex." viu,-qite, apezar de seretil os meus pro-
ccssos nzibito simples e de trreni sido eseccltridos publicamente,
h a nelles algumus partzculurad'zdes que podein fazer variar o
rendimeato.
Ora o siir. Wilbrnlinm e o snr. Plinion rem, ncsta minha
commiiriicaç~o,uriin grande arr!iaconirâ mim; e por isso foram
encaixadao, tanto á l o r ~ n , i i acait:i do FIII.. \Yilhrabarn, aqucilas
paIla\,ras Bn:ies. E jir!gam que, á soitrl~ra d'ellaç, pcaerão apo-
derar-se irnpiiiiemente ilo meii p i i ~ i l ~ p i o !
E' c~.rloq u e o n." 5." tio ait."32." do Codigo Civil Por-
tugtiez diz q u e é niillo o inveiito-esc 3 "d'desciii~çãoapresen-
tada não indicar lo,lo o qiie 6 neccssniio parca c exocuçáo do
incento oci os verdrideiros mcios do nuctor. r
A lei tem em vista m i a disposição iiripedir qiie o in-
ventor,-quer seja com o pensamento de evitar á contrafracção,
quer s?ja para a j o ter que reseiar a concorrci~eiaqiiando, findo
o prazo do privilegio, o invento for do dominio do pú:ilico,-
oeculle ardilosamente, na siia dosciipçSo, cousa iiecessaria para;
a execuçáo do invento, ou c150 dcclare os verdadeiros meios
que pae em prictiea para obter o objecto da descoberta, o u
para realisar o melhoromento privilegiado.
Mas, snr. redaelor, se, GOC!O a mesma cireo!ar diz, os meus
processos são simples; se foram crecukados pzkbl:'camente fica
fbbrica de S. Jazo, durtsnte aiz~ios; como posso cii ser accusa-
do de ter lido o pensamento reservado de occultar alguma par-
te essencial, ou os vordadciros meios d'esses processos? l
Os processos por mim descriptos são os meus verciadoi-
ros processos; e R ~ Oleniio ootros.
As taes particularidades, como bem e1,aramenio o diz es-
sa circular, náo siío de natureza a impedir a e x e ~ u p ã odo obje-
cto 110 meu invento; podendo s i i fazer varzar o rendimento. São
sirnp!es esclarecimentos de práciica, q u e p0iIe dar aqrrelle que
ja [em exercido qualquer indnstria. Tal 6 a demora que a prá.
ctica tem demonstrado ser mais con\enisnte enlre o momenlo
em que foi liumedecido o bagaço e aqueile em que deve ser
espremido.
E' lamentavel, snr. redactor, que os contraiactores do meu
invento procurem, com taes fundamentos, apoderar-se d a mi-
nlia propriedade I e é ridieulo qiie allegilem que eu occulto par.
ticularidades necessarias para a execução de um processo in-
dustrial que elles estão executando, e com grande proveito, sem
que eu Ihes communicasse essas parlicrilaridades I
Oe V. Ex.l
muito att." venerador obrad"
Funchal, 22 de abril de 1883.
Viscoride do Co:tiovissl.
E X . ~Snr.
O Redactor (e).

Pelo mesmo tempo em que recebi a carta do snr. C. Wil-


braliam tanscripta na minlta última correspondencia, procurou-
rne em minha casa o snr. Visconde da Calçada, governador ei-
vil subsliluto d'este disiricto.
Vinha siia ex.", como proprietario de uma fibrica de as-
sucar e aguardente ila Callieta, responder, de viva voz, ao con-
vite quc ou lhe dirigíra para se avençar coniigo, para poder
usar, na sua fabrica, do invento de que eu tenho privilegio.
Um criado trazia um saco; e deotro do saco vinliarn dois
livros impressos, e um manuscriplo.
Um dos livros era francez; e o snr. Visconde d a Calçada
mostrou.me nelle uni desenho representando o rnoinho de cinco
cylindros de Payen.
O outro livro era inglez, e, se me não engano, uma obra
de Leonard Wra-j, publicada em 2888, que o snr. Iiinton aca-
ha de juiicrni ao processo da acção que lhe poe como contra-
factor do meu invenlo.
O ixanuscripko continha a traducçáo de uma passagem do
mesmo livro inglez, qae descreve um moiiiho de cinco rolos,
muito similhante ao de Puyen; e cujo valor industrial é bem
indicado pela eireumstancia do não rir descripto nas obras
rnodei.nas especiacs mais importantes, pelo menos nas que eu
coriheço.
Na leitura rapida que então fiz da mesma traducção não
fiquei coni~eoendobem o apparolho em todos os seus detalhes;
mas compvehendi bem que se tractara de un; moinho, no qual,
como no de Payen, a s caiiiias eram molhadas com agua e vapor,
antes de chegarem ao último par de cyiindros; ficando estes no
moinl~odescripio no livro inglcz um po:ico maia affastados dos
ires primeiros cyiindros do que no moinliode Pageo; dando isso
em resiillado soffrerem a s caniias uma espremedura de menos.
-----
----e

(*) Carta, diriçida ao DZAPIOPOPOLAB,


e publicsda cm 27 de abril
de 1883.
Não me recordo como é que na traducç'io que me aprê-
sentou o snr. Visconde da Calçada estão traduzidas as palavras
-ex?)ressed cones,-ezpressed canes-stalks. O que, porém, sei
é que, na traducç5o da mesma passagem juncta pelo snr.
Hinton ao referido processo, só uma vez foram traduzidas essas
palavras por cannas espremidas; em todas as outras vezes fo-
rsm traduzidas, iizexactumente, por buyaçol
Eu não quero suppor que o facto de não estar a traducção
neste ponto tão fel como a considera o consul de Sua Magcs-
tade Britannica, f6sse devido ao proposito de fazer crer que
aquelle moinlio molhava e espremia bagaço, quando tal não
fazia; porque isso nãg seria boa f6.
O que devo pensar é que o traductor não sabe que o que
se chama bagaço de cannas é o residuo das cannas espremidas
que sae de um moinlio qualquer; quer esse moinho seja o moi-
nho primitivo de Gonzales de Velosa, de tres cylindros verti-
caez, ou o grande moinho de tres cylindros horisontaes de Cail
& Ca,ou o moinho de Payen, ou outro sitnilbarite ou mais
complicado; quer esprema a 40Y1,a 6O0/,, o11 a 80"/1,.
Payen diz, fallando do seu moinho de cinco cy1indros:-
einjectando vapor misturado com golinlias d'agua subre as
cannas, ariles de chegarem ao Último par de cylindros~.Não
diz bagasse; diz car,nes.-~en injectant de Ia vapeur mélée
de goiittelettes d'eau sur les cannes, avatit qu'elles p-vinssent
a 1a dernière paire de cylindres. B
Ora no moinho de Payen a canna á espremida quatro
vezes; e no moinho do livro inglez, só tres!
O snr. Visconde da Calçada vinha com todo aqnelle ap-
parato para me persuadir de que, muito untes de eic ter obtido
patcizte de invenção, elie j a cosl~ecia,e executava na sua fábrica
na Caltieta, pelas descripçóes d'aquelles auctores, os processos
de que eo tenho privilegio.
Tentei fazer ver ao mesmo snr. Visconde que o meu in-
vento era cousa inteiramente differente do moinho de Payen,
do moinho deseiipto no livro inglez, ou de qualquer outro moi-
nho. Mas não me foi possirel conseguir que S. Ex." se désse
por conren~ido.
Disse-me que me informasse eu de um caldeireiro clia-
mado João José da Cruz, que tinha esiado iiã sua fábrica mni-
tos anrios; que elle me diria se era, on não, vordade, que 15
se aproveitava o assiicar do bagaço pelo mesmo processo que eu
empregava, muito antes de ser executado na Fihrica de S. João.
nespontli ao snr. Viscondc que Ir;ivia nelie, de certo, en.
g a n o mas que eu conhecia o tai caidcii.eiro, c o inierrogaria
a esse respeito.
O esludo que eu linlia feito da indiistria do assucar na
Madeira quando, em 1866, fuildára a Goiiipanliia Fabril de
Asçucar Madeirense, dera-me a certeza de qiie, a esse tempo,
náo era empregado nem conlieciiio, nas fibricas de assucar e
aguardente d'este diçiririo, processo algiirn raiitajoso para o a-
pro~eitaaienio do assucnr do l~agaço. Sod:i~ia,s maneira táo
poçiiira porque o snr. I'iscoiide me fal!ou fez-me ir procuras
iuin~ediaiarnenteo rzl caideireira,
Ora quer V. Ex.h:iber, sai.. reilaclor, o que este mo
declarou?
Que, eni virtude d o seu offício, tinha entrado em quasi
tadas, senão em todas as fábricas de assiicai- O ~ Iaguard~riteda
Madeira; mas qne em rieiiiiuma ctra rzrsizccl firzcr, nern lhe cotz-
stann que se fizesse, aguardente do bagaço d a anles de
o Eazcr'a fibrica de S. Jo5o;
Qae o snr. Luis Beitencourt, pae do snr. Aluizio Betten-
couri, fbra o uaico que Ií~cdissera qiie tiniia feito uitia exrie-
riencia d'isso havia ja muitos armo. mas qne não lhe fez conta;
Que estivera dirigindo a Gb!.ica cio 5nr. Visconde da Cal-
çada durante aimos, ierido saiilo de 12 quando jn iam rnuito a -
dianiados os irahallios da fabrica de S. $030 (isto é, q ~ i a n d oeu
ja tinha pateste do n c u inve~io); nlas que niiixa atB cotão se
fizera aguardeiiie dc bagaço naquelia fábrica;
Que, tendo entrado no trabalho da fabrica de S. João,
d r a li, pela primeira vez, lazcr aguariicnie do b:igaço; e que
s6 milito depois, talrez annos dcpois, de se espremer 'nesta fi-
brica o bagaço no moinho, I! r!!ie, indo unia vez 5 Eibiiea d a
snr. Visconde da Galgada, via que ja 15. se fazia o mesmo
traballio;
Qrie se leinbrava de que no tempo em que dirigia a fá-
brica do sar. Visconde da Calçada, ellc lhe dissera que liavia
um moinlio de cinco eyliiidros.
De modo que, por estas c oulr8i: infowa@es que posis-
ríorn~enletenho colhido, mesmo de individilos ornl)regados na
fábrica do snr. Visconde da Caicada ha muitos anrios, vejo que
foi S. E x . ~quem primeiro se utiliçoli do meu invento sem a
minha auctorisaçâo; tendo começado a faze1.o em 1878, quan-
do havia ja aniios que elle eslava em erecu&io na fibrica dc
S. João.
Vcr-me-hei, pois, forçado a debandar lambem o snr. Vis.
conde da Cal~ada,como conirafactor do objecto do men pri-
vilegio.
Eu não pensava, snr. redactor, que pessoas, como o snr.
Grisconde da Calçada, que occiipam posição elerada na eocie-
dadc, se quizcsçom apoderar de uma propriedade rniniin; mas
o que, sobretudo, me surprel~endcé que pretendam livr.ai.-sc
da responsabilidade do seu delielo, dizendo que não é do meii
inreilto que usam, mas sim de nm processo qiie esli ligado a
um moinho de cinco egiinds,os, que êlles náo teem!
isto náo B serio.'
h descripção da addiçxo que Bz cm 1873 so meu in-
vento começa pelas segclirrtes palavras: uioddi~zoao inrento
para o al)risc-itamento v~nirijoso,appiicsvel ern grande escia-
lu, do açsucas qoe fica no bagaço dia eanna de asçocar que saa
du tnoinho de espremer c~!E?LII~.:,
Ora éstas palavras bastam para denlonsii.ar que O mcu
inreiito é um sr~p~riernenloao moinho; apio~eitao que moinho.
não aprovdila; coineca ande as caniins acabaram do ser csprc-
midas e appareccii o bngaço, que s6 era ialilisado como coiri-
busiivei o u como adubo.
O meu ins~eato6 applicavcl ao baçnço qrre çae de cfiin!.
cqoer minlio, antigo ou moderoo, de i,de 3, de 5 cyliiidros,
pa de mais, se bouvcr, e (jüaescjiier cjae sejam os apeileiços-
mentos nelle introduzidos para fa~oreeerema espiemedura das
cannas. E nessa mesma applica~ão geral es55i nula das siias
grarides vantagens.
O producto obtido pejo meu invento pçidc variar segundo
o n~oinl:og mas lia de ser sempie rantajoso, quniques que seja
Q moiiiho, porque náo ha nenliiirn quo não deixe as caiinas
uma grande quantidade dc assucar.
Se qualquer dos indrislriaes d'este disiricto qirizer rlesen-
serrar e pbr a girar na saa Iridrifi!ri:, 0 moinho ilc cinco cy-
linciros de Payen, ou a variante de TVoods & 6.0, nada tcnPio
corri isso, corn tanto que não aproveite, pelos meus procesÊos
pririlegiados, sem a minlia auctorisação, o assucar do bagaço
que sair de qiialquer d'esses moiiilios; que estjo, todavia, fbra
do nso, e que ningueni tem na Madeira, porque são maus ap-
parcihos.
Quando me foi dada patenio para o aproveitamen[o do.
assucar qiie o moinlio deixa no baçago das caiinas, não era
conhecido na Madeira, nem fóra da Madeira, nenhum processo
vantajoso para esse aproveiiamenlo.
E eu piiz em execu~ãoo meu processo entre sorrisos dc
mofa; c luoiei com a incredulidade, e com a maldade, e com a
inveja; e; quando, no fim de muitos annos e de muitos esforços,
consegui tornar evidenle o benefício,-náo falta quem ja quei-
ra aproveitar se do objecto do rneu invento. Mas, desde que é
bom, ja não é meu; e, se é nicu, i130 rale, porque nos moinlios,
de Pagen e cle J. \.7;00ds & C.Qe deilavam jactos de vapor e
d'agua sdbre as eannas antes de cbeyarern ao úliimo par de
cylindros f
Quando mesmo os principias em que se baseia o meu
invenlo não fhssem inteiiarncnle dii'fereníes d'aquelles em qric
se ftindarn os que acanseliiararn jactos d'agua ou de vapor
shbre as eannas em quanto passam entre os rolos de um moi-
.nho, isso mesmo n i o era motivo de nuliidade p a r a u m privi-
Iegio que realisa um nielharamento utél; pois que não ba i ~ v e n -
to que se não baseie em dados anteriores.
Num diccionario encyclopedico riniversal, publicado em
Paris, em 1867, sob a direccão de 5. Dupioey do Votepierre,
e redigido por urna sociedade de sabios e de litteratos, le-se o
seguinte, num longo artigo sobre os inven1os:-gNiàáo i ~ ainren-
to que não seja composto de elementos empres~adosem gran.
de parte, muitas vezes mesmo na toialidade, ao fundo com-
mnm, ac,cummulado pelos seculos, e que ccnstiue o dominio
piiblico. Com effuito, uni invento não é nunca obra de um so
homem; e, com um pouco de boa voiitade, é sempre possivel
achar o germen d'elle iioma m~iltidáode ensaios anteriores,
muitas vezes muito futeis, que, por qualquer motivo, náo pode-
ram dar resullados apreciaveis. a
N. Basset, na 2."parte da i." edição do seu Guia Pra-
ciico L ~ c Fabricante dc Assucar. diz: cNZo comprehendemos
q w se invoque contra um privilegiado os conhecimonios que
elle pôde colb8r em obras publicadas anteriormente á sua pa-
tente, mesmo quando essas obras sejam do proprio reciamanre,
a não ser que a obra da paiente seja uma c6pia servil. Sc lia
trabalho novo, esforços novos, resultados novos, numa palavra,
creação nova, uma tal causa de nlal!idade oioln o direrto e a
eqiczd«de.s-~Nous no comprenons pas que j'on invoque con!ro
um breveté les renseignements qu'il a pu puiser dans des 0uvi.a.
ges puOliés antérierirenlent i sou brevei, inbme iors que ces
oiivrages sont les siens, i moins que I'auvre du breve1 ni. soit
qu'une copie á peu près servile. §'i1 y a noziveau travail, izozb-
veaux eforts, nouveaeiui risultafs, ~zouucllecrécition enlii), nnc
ielle cause de nullilé azole le droit et I'eqsiitt?.
Rlaç, snr. redactor, uni dos fins da agua quente lancada
sôbre as cannaç, untes chegar a o último par de eylindros no
nioinho de J. Woods & C.", era obter aqualquer materia
saccharina ainda nellas existenten; ora C l~oje facto prova-
do, e incontestavel, que o contaclo d a agoa imniediaiamen-
te seguido de pressão n5o póde obter scnão o assucar livre
das cellulas rompidas, e náo o assucar, em maior quantida-
de, das cellulas inlaclas; e, portanto, é evidente que tal pro.
cesso iiáo reaiisa, senão eni muito peqricna parte, o fim quo
tem em vista.
l'c-ço licenca para transcrever ainda aqui a s seguintes pa-
lavras de N. Baçset:-~Subemos, com relaçáo i extracção do
assuear pelos melhodos de deslocamento, que os diversos p1.o-
cessos de dealocainenlo ou de lauagem não podcm tirar sor!Tio
o assucar livre interposto entro as particulas rompidas dos te-
cidos, mas que é absolutamente irnpossivei extrahir por tars
meios a materia saccharina encerrada nas cel!ulas que estão
intactas.. ~ N o u ssavons, I'égard de I'exlraclion das sucres
par ies méthodes de dhplacemerit qiie les divers procédés de
déplacetne~itou de laouge ne peuvent enlever que Ie sucre li-
bre, inlerposé entre les particules dticliir6es des iissus, mais qil'sl
est absolutnzent impossible d'extraire par leur moyen Ia ma-
tihre sucrbe renfermée dans les cellules rcstées intactes n.
E', todaria, para notar que iio moinho Woods, a agun,
tendo lambem por fim iliinpar c conservar io\eira:iieraie Iirra
-88- ,
d'acidos a cadeia sem fim (Iravellor band) I , 6, necessariamen-
te lançada eiii qualliidade náo só sufficientc para humedrcer
a s caii~iaç,senão para as saturar d'asua e lavar a cadeia que a s
transporta; sendo a agua que escorre d'esta lavagem recebida
iiijrna tina pata ser iizutilisndu ou' etzviada paro o alambique,
era qilailiu qoe o piodueto aquoso da espremedura do rillinio
par de cylindroç se mistura com a guarilpn.
D'iqili iesultaam grandes inconvenienies.
E m primeiro logar, a agna da lavageiil recebida na tina,
e que cont&n, necessai.ianieo!e, urna certa quantidade d e assu-
car, quer seja deitada fóia, qoer seja enviada para o alambiqne~
em grau baixo Tire torea dificil e dispendioso o seu aprovei-
tameuio, representa uma pcrila.
Em segundo logar a mistura eotn a guarapa do prodrieto
aquoso que sac do úliimo par de cylindroç augmenta o volume
e dirni~iiea densidade da gilaraps, tornando. eonsideravelmcn-
te niaiores as despezaç d a Iabora$io.
Além d'isso, 6 Pambeiti para considerar, com relação A in-
dustria da Madeira, q u e os labric:intes do aguardente, qiie tra-
balham em geral por conia do dono d ~ i scannas e querem apro-
veitar o assucar da bagaço (qw, segundo a práctica geralmen-
te seguida, fica para o dono da Fábrica) não o podem fazer.
Note V. Ex.* bem, snr. redactor, que, da descripçâo do
Leonard Wray, claramente se r e que a agua lançada sobre a s
cannas no moinlio de Flroods tinha a soa fonte num êrro de
prinoipios, que era a sitpposiçso do que bás!aria nioltiar a s
cannas antes de cliegarenl ao último par de c ~ l i n d r o spara que
uma espremedura imrnediata extraiiisse o assuear que eslá era-
cerrado nas cellulas.
Ora o meu invento baszia-se, pelo contrário., no conlieci-
men!o que eu tiniia dc que, aprzar da ser a canna de assuear
maravilliosameiite disposln para f;icilitar a penetração dos li-
q u i d o ~ uma
, lavagem seguida de uma pressáo irirmediaia, quen.
do os pkienonierios da osmose não podem ter limpo de exercer-
se, uáo arrasta senão o assucar livre, o assucar qcre já se acha
fóra das ce~llulas.
Por isso, no meu processo privilegiado em 1870, o baga-
ço é mergelliado orii agua, opportunanieute renovada, na qual se
estabelece um rnovimsnto circulatorio para facilitara maceraçzo.
No meu segundo processo, sendo diversas as circumstm-
eias a que tinha do aitender, vi que, para tornlr vantajoso, nes-
sas eircumstancias, o aproveitamento do assucar do bagaço, era
necessario obte1.0, economica e industrialmente, em soluy.ão bas-
tante densa para poder ser transformado, facilmente e sem gran-
de despeza, em agiiardente. Vi que não podia tractar o bagaço
ser180 por uma s6 agua, e essa em quantidade apenas suficien-
te, como expressartiente diz a rcspecliva descripção, para o hu-
niedecer, e peneirar nas cellulas intacias.
De modo que é fóra de dúvida que a agua dc que, neste
meti processo, é impregnado o bagaço, não s6 arrasta, quando
este e passado ao larninador, o assucar que encontra livre (o
que unicamente faz a lavagem), senão tambem, pelo menos em
grnrade pai te, o assiacar encerrado nas celltilas intactas.
Já se vo, pois, qual é o fim util, que tive em vista na
disposiçáo por camadas delgadas do bagaco que sae do moi-
nho, afim de ser todo suficientemente liumedecido com a a-
gua apenas necessdria; bem como no tempo que deixo passar
entre o momento em que o mesmo bagaço é molhado com a
a y a em cliuva fina, até aquelle em que é espremido pelo ia-
m~nador.
Aquelles que consideram estes preceitos apcnas mudan-
ças do forma prejudiciaes á industria, mostram bem que nem
compreliendem ainda o proprio processo ds que são conlrafa-
dores, nem os bous principias sbbre que elles assentam.
E B para notar qiie, iiesie segundo processo, não ha, co-
mo no primeiro, verdadeiramente maceração, pelo menos como
esta se entende, applicada á canoa de assucar; mas simples im-
pregnuçno, o que é um meio especial.
tApplicada á canna de assncar, diz Basset, a rnaceraçEo
eorisiste essciicialmen~eno contacto scfficientemente prolongado
(I:,eannu, dividida em pequenas parcellas, com iiquidos extra-
cioles de densidade decrescente até qzre os tractamentos succes-
siws lenhnsn esgotodo n materia d a totalidade dos seus ele-
merrios.-Al~plicl~iée B Ia canne, Ia macérrrtion consiste essen-
n ~ ie coulact suffisamment prolongi des coseises
c i t ~ l l ~ m edaiis
de c:iiliie avec Ies liquides exiraeieiars, de densitd dècroissants,
j~l~qu'à ce qlid 1e.c traitmenls successafs aient $zlis& ZQ niati8rs
de Ia totalite de scs èidk'me~tssolubles.3
12
Mas, snr. rcllac!or, ha outra c o n ç i i f e ~ a g ~ o ~ i n ~ p o 1sbbre
ta1~~0
$ ($a1 desejo cliamar a a'i!eo@u' de V. En." '
'Leonard Wray diz.,(p;'299) qiie, no passo quo os moi-
~ h O sentão geralmi:n\e en~preg:idas
, , . 113s Wesl-In~liasrsrissirnas
.i-eses exirnikiarn das cn:inas mais de 60 por eefito de sueco, o
tal rnninho de J . Woods tiraxa 70, e. podia c!iegar o reiidiinen-
to a 75 por CCDIO,sendo 03 eyiindros bem aperindcç.
'
Ora, nao sG é certo quc este rcr:dirncnto r120 excede em
quantidade a guarapa obtida [:eli:s moi~iiosde f6rç.a o diametro
iguaes ao da at~tiga f:ibi.ica de 6. 3020, que espreme a 70 ou
73 por 8011, senso b evidente que, sendo esse rendimcnio de-
rido, cm parte, i acç5o d:~ngua sBbre a canna em iavagem ra-
nida. não &de o sucço obtido deixar de ser merios densa do
& ,

que a guaraps.
De moilo quc, se o meu processo Mssr: emprrga20 no ba-
gayo saido do moi~iho tle \troo'ootis, aiiids iiraria d'esse bagaço,
como iiia do bagaco que sae da moioiio d a mesnta fabrica do,
9. Juão, uma qriariti<ladetio liquii!o coriespondenÍe a iim quin-
to da guarapa obtida em 10 graus Baum6, como ien em geral
v -
guar:ipn.
' L C ~ oB rnen Invciito faz çubir o fendimeuia da canna em
guarapa, ou iiyi~idoerjuiuainnie, de 60 ou 70 por 1 0 0 , si-
$,!tido o inoinho empregùú'o, a 80 66-SO p o r 1OOl Quer dizer
que, pilo riikii inrenin, a canna cln !+ladeira pede render ane
riilalmenle mais c6rca i!e 50:000$000 réls !
Resunilndo as èonsideraç6es quc acnho de oipender, paro*
cem beiri 'salikiiles as segtiin!es differenças i
b."Nos rnoia!~osde cinco cglindros do Pagen ou do J.
Woods & C.", o repor e a a ç i ~ a s à oiançidos sbbre a s cnnnas
em qiianio passzin de uns p a r a dutros cyliiidros do mcsnie
moin!io.
- No meii processõ a aGua é.laiçada sdhre o reçirloo de
moinho, sdbre o t i a g u ~ oque ia'ser qieimado 'nas forgaili:is, ou
i a 'kertir de adilbo;
2."-No tnoinlro ciz J.'Woorls & C." a mzteria regada
nunca pdde fiear mais tcmpo i i ~ o i i ~ n dcio a qiic o curio eepar,o
& iempo que,- gas:a 'em passar do i."jogo de e,y-yiir~dros para
o 2>, -com o nioi'in~eiiio uoifo~meque iire é impsiu~idonu$
ãpparelho &jiisspastis s i 'molem iodàa ii~neiameoie;
em que se baseia, e os resultados que obtem, o appareito de
woods &C." e os do meu processo são tamanhas, e de tal or-
dem,que não é possivel, de modo algum, confundil-os, nem
sequer achar-lhes simiibança; porque não lia confusão; nem si-
milhança possivel, entre um mero desusado e abandonado por
inutil, e um meio tão proveitoso como é o meu invento.
O que é tambem muito notavel é que os que pretendem
&ar usando de um processo que esiá, inseparavelmente, ligado
aos moinhos de Payen ou de J. Woods, que não teem, allegam
que não podem estar contrafazeiido o objecto da addição ao
meu invento de 1870, porque não possuem nas suas fábrisas
o apparellio especialmente inveriiado para a execução do meu
primeiro processo, appareltio que não é indispeusavel para a
a execução do processo que contrafazem !
De mais, snr. redactor, para que haja eon[rafracçZo, nZo &
neceçsario que ésta somprehenda lodo o objecto de um privile-
gio; basta que haja imitaçào.
F. Coré, engenheiro civil, antigo constructor, e peiito do
tribunal do primeira instancia, em Paris, publioou, em 4867,
a edicção de um livro que tem por titulo-C Guidc conimer-
cial des constructeurs mecaniciens, des fabricants de sucre et
des chefs d'itadustrie,t--no qual (pag. 195) diz o seguinte:-
aA conti.afacção póde comprehender a lotalidade do privilegio,
ou dimmitar-se a uma ou nzais partes especiaes.-A conirafac-
@o, de qualquer modo que ella se opere, por imitacão ou por
reproducçiio, é considerada um delioto; pois isso, alfm das p e ~
das e darnnas e penhora dos objectos contrafeitos em benefi.
cio do invenlor que tem pat~ute,ella dá logar a u m mulcla,
á afiixação do julgamento, e mesmo a prisão no caso de rein-
cidencia. .-ala contrefar,on,-peut-embrasser i'ençembie du bra.
vet ou cz'en concerner qu'uns ou plusiems parties spêciaEes.-
La contrefagon, de quelque manibre qu'elle soit opésée, pap
imitation, ou par feprodsction, esk considirée eomiile un ddit;
à ce tilre, outi!es les dommages-intérêls, et Ia confiscation des
objects contrefaits, au prolit de I'inveuteur brevete, ellk entrâi-
no une amende, I'afficbe du jugement,
'
et meme I'eaiprisonne-
ment en cas de récidive.~
Snr. redactor, eu tinha ainda diversas coniideraçaas cjiie
fazer com relação ao assiimpto de que me tonl~o oecug)ada pâ4
c.
correspondcncias que tenlio tido a Etanra de dirigir a V. EX.~;
mas, parecendome sufficiente, para esclarecer ésia qiiestão, o
que, ha mez e meio, tenlio publicado sem contestação, não quc-
ro abusar mais da bencvolericia de V. Ex." e da aos leitores
do seu jornal, que. sendo essencialmente nokieioso, não pdde
occupar-se, em longas eolrininas, do mesmo abjecto.
Dou, pois, hoje por terminadas éstas ininlias correspon-
dencias; a n%o ser que algiima circumstancia superveniente mo
obrigue a tornar a incornmodar a V. Ex."
Creio que deixo evidentemente derno%trado que eu sou
o inventor do invento de quc teoi~o patente; que este invento
realisa um grande melhoramenlo na induslris de assiicar ou
da aguardenle dc eannas; e que nenhuma eircumstancia me
esbulhou da propriedade d'esse inreiilo,
A prova tesiimunhal confirmará éçta dernonstrag.ão.
De V. Ex."
mt." ate." venerador ohr.*"
Fuinebal, 2%de abril de 1883.

Potrebbero piacerti anche