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ENQUADRAMENTO HISTÓRICO – GEOGRÁFICO

Cabo verde é um arquipélago constituído por dez ilhas, sendo nove delas
habitadas e alguns ilhéus. Está situado na costa ocidental africana a cerca de quinhentos
quilómetros do cabo do mesmo nome no Senegal.

Segundo a tese oficial, Cabo verde foi descoberto pelos portugueses no ano de
1460. Mas ao longo do tempo surgira várias hipóteses sobre uma eventual ocupação ou
passagem de alguns povos para o nosso país antes dos portugueses. A hipótese mais
difundida surgiu no século XVIII, em que diziam que a ilha de Santiago já tinha sido
ocupado antes da chegada dos navegadores portugueses pelos Jalofos vindos do
Senegal. Estavam a ser perseguidos e durante a fuga a corrente marítima trouxe-os até à
ilha de Santiago. Entretanto, até ainda não foram encontrados nenhum vestígio que
ajude a comprovar esta hipótese. Outra hipótese levantada é que as salinas do Sal eram
exploradas pelos árabes antes da chegada dos portugueses, mas no entanto não queria
divulgar a descoberta para evitarem a concorrência.

Quando os portugueses chegaram a Cabo Verde disseram que não tinham


encontrado “nem homem nus, nem mulheres espreitando por de trás das plantas”. Isso
para afirmar que não tinham encontrado gente no arquipélago.

Relativamente a quem foi ou quem foram os verdadeiros descobridores do nosso


país, também temos vários relatos. Um desses nos dá conta que algumas ilhas de Cabo
Verde foram avistadas por Dinis Dias na década de 40, mais concretamente no ano de
1445, quando este regressava de uma expedição à costa africana, uma forte corrente
afastou-o da frota e deste modo, avistou algumas ilhas. Mas, ao chegar ao reino, a
notícia do descobrimento do arquipélago já tinha sido divulgado por outros
navegadores.

Todavia, a tese oficial diz que Cabo Vede foi descoberto no dia 1 de Maio de
1460, pelos navegadores Diogo Gomes e Diogo Afonso. No ano de 1462, Diogo Afonso
descobriu as ilhas do Norte e Brava. Mas actualmente, a maioria dos historiadores
discordam, afirmando que António da Noli foi o verdadeiro descobridor de Cabo Verde,
contudo, não lhe foi atribuído o mérito, na altura, pelo facto de não ser português.

Santiago foi a primeira ilha a ser povoada, devido à sua localização geográfica,
abundância de água (em relação às outras ilhas), bons portos naturais, etc. A sua
4
ocupação não foi nada fácil, uma vez que os portugueses queriam seguir o mesmo
modelo que adoptaram no arquipélago dos Açores e da Madeira. Isto é, queriam povoar
Cabo Verde apenas com colonos brancos vindos do reino, mas aqui não tinham as
mesmas condições climatéricas que os outros arquipélagos, pois, não havia: bons
terrenos para a prática da agricultura, sobretudo, para a produção dos produtos aos quais
os portugueses estavam habituados como o trigo, a cevada e a vinha; e os produtos que
estavam a procurar como o ouro, o marfim e as especiarias. Além disso, Portugal
também tinha pouca gente.

Devido a sua localização queriam ocupá-lo para continuarem o projecto dos


descobrimentos e comerciar, sem perigo, com a costa africana. Ciente disso, o rei
publicou várias cartas para incentivar o seu povoamento.

Com a carta de 1466, o rei deu muitos privilégios aos vizinhos 1 de Santiago com
o intuito de incentivar a fixação das pessoas na dita ilha. A carta de 1472 limitou os
privilégios destes e os obrigou a comerciar na costa da Guiné com os produtos “nadus e
criadus na terra”, ou seja, os produtos produzidos em Cabo Verde. Essa normativa
obrigou os vizinhos de Santiago a voltarem para o interior para produzir tais produtos,
para isso, era necessária mão-de-obra. A solução foi transformar parte dos escravos que
antes em Santiago eram apenas mercadorias em mão-de-obra e povoadores do interior
de Santiago e Fogo.

Em suma, podemos dizer que são esses dois grupos que contribuíram para a formação
de aquilo que hoje é Homem cabo-verdiano. Explicaremos como no próximo tópico.

II. POVOS QUE CONTIBUIRAM PARA A FORMAÇÃO DO


HOMEM CABO-VERDIANO

1
Aqueles que residiam na ilha de Santiago por mais de quatro anos com as suas respectivas famílias e que
possuíam bens na dita ilha.
5
Como já tínhamos referido anteriormente, para a formação do Homem cabo-
verdiano contribuíram inicialmente povos vindos de duas áreas geográficas bastante
distintas. Em função da sua procedência vamos dividi-los em dois grandes grupos,
brancos europeus e negros africanos, e tentaremos averiguar a identidade étnica dos
indivíduos que entraram na composição de cada um.

Gostaríamos de dizer, a priori que tentar estudar e compreender a composição


destes dois grandes grupos não é nada fácil na medida em que as informações da
sociedade cabo-verdiana quatrocentista e quinhentistas são escassas e os poucos que são
encontrados apenas faz alusão aos portugueses. Segundo o historiador Ilídio Baleno,
isto se explica pelo facto de que “eram eles que detinham a soberania do arquipélago e
que, além disso, desde cedo se autonomizam enquanto grupo”2. Quanto aos outros
europeus sabe-se alguma coisa, mas não podemos dizer o mesmo relativamente ao
grande número de africanos que para cá vieram. Eles eram referidos apenas como peças.

1. Europeus

No que dizem respeito aos europeus, os portugueses eram em maior número,


como é óbvio. Sobre eles, há algumas contradições, uns dizem que são oriundos do
norte e outros dizem que são do sul. Mas ainda os estudiosos da matéria não
encontraram nenhum dado que nos ajuda a afirmar ou infirmar tais informações.

Conforme tínhamos sublinhado no primeiro ponto, na origem do povoamento do


arquipélago encontram-se incentivos comerciais concedido pela coroa com o intuito de
atrair gente do reino para Santiago. Entretanto, este atractivo, a priori, atraia os
comerciantes. No entanto foi isso que aconteceu. Estes homens de negócio foram os
primeiros a povoar Cabo Verde, começando por Santiago, na esperança de poderem
comerciar com a Guiné e enriquecer rapidamente. Tudo isso dependia da posse de cada
um.

2
BALENO, Ilídio – “Povoamento e formação da sociedade”. In: ALBUQUERQUE, Luís de e SANTOS,
Maria Emília Medeiros (coord.) Historia Geral de Cabo Verde. Vol. I. 2ª ed. Lisboa / Praia. Edições
conjuntas do Centro de Estudos de História e Cartografia Antiga e Instituto Nacional de Investigação
Cultural, 2001. P. 129.

6
A população de origem portuguesa logicamente não era composta apenas por
gentes ligados a actividade comercial. À medida que a sociedade ia se desenvolvendo e
estruturando iam surgir outros agentes para o controle e regulamentação das actividades
comerciais que ai se desenvolviam, para a gestão político-administrativa, para a
assistência espiritual, para assistência sanitária, etc.3

Esses indivíduos desempenhavam funções de almoxarife, feitores, vedores da


fazenda, ouvidores, missionários, padres, almotacés, entre outros. Alguns estavam
apenas em missão temporária e regressavam ao reino assim que terminava a sua missão,
outros ficavam mesmo terminados a sua missão e por vezes tornava-se vizinho de
Santiago.

Do reino ainda encontramos indivíduos que eram degredados (em virtude de


crimes cometidos eram enviados para Cabo Verde), profissionais de diversos ofícios
mecânicos e homens do mar.

Temos ainda uma outra categoria de pessoas, também de origem portuguesa,


que, apesar de não apresentar uma permanência efectiva nas ilhas, tem uma presença
bastante regular nelas, o suficiente para aspirar à condição de vizinho: São os estantes . É
constituído por mercadores, marujos e pilotos. Eles tinham um papel importante dentro
da sociedade já que eram eles que abasteciam os moradores dos géneros de primeira
necessidade, que vão desde alimentos, a outros variados bens de consumo, sem os quais
seria difícil a sobrevivência.

Para além dos portugueses contribuiu para a formação do Homem cabo-verdiano


outros povos de origem europeia. O primeiro que todos nós já ouvimos falar são os
genoveses, já referidos na documentação de 1466. Presume-se que são acompanhantes,
amigos e familiares de António da Noli.

Os europeus não reinos que estiveram em maior número nas ilhas são os
castelhanos, quer como moradores específicos, quer como estantes. Exerciam uma
grande influência na sociedade. Eles eram os principais compradores de escravos em
Santiago uma vez que eram proibidos irem resgatar na costa devido ao acordo celebrado
entre Portugal e Espanha mas esse acordo não os impediam de comprar em Santiago.

3
Idem. p.131.
7
Eram também excelentes fornecedores de mantimentos e outros bens de consumo não
que não se produzem aqui.

Um outro grupo de brancos que encontramos aqui era os cristãos novos (judeus),
vindo do reino. Eram comerciantes e aqui continuaram a se dedicar a essa actividade.
Mas eles nunca eram bem aceite pelos dirigentes locais e pela igreja. Prova disso é a
proibição em 1515 da fixação de cristãos novos nas ilhas sem licenças especiais, mas
alguns investigadores acreditam que essa proibição não teve qualquer efeito, na medida
em que continuaram a vir e morar em Cabo Verde.

Para fechar esse tópico, gostaríamos de dizer que estes são os principais grupos
europeus que contribuíram para a formação do homem cabo-verdiano, sendo os
portugueses constituindo a maioria da população branca.

Pelo facto de maioria deles se dedicavam ao comércio, os indivíduos de origem


europeia se encontravam concentrados em maior quantidade na Ribeira Grande e em
menor número no interior.

Finalizando o estudo sobre os brancos europeus, resta nos dizer que o seu
número nunca atingiu grandes proporções relativamente ao dos africanos. É de salientar
também que quase não havia mulheres brancas e aquelas poucas que havia (quatro em
1513) ou eram degredadas ou eram prostitutas.

2. Africanos

Como é sabido, os africanos eram os principais povoadores do arquipélago na


medida em que eram maior número dos restantes povos que para cá vieram. Mas é
muito difícil saber cabalmente as suas origens étnicas, uma vez que eles eram
mercadorias como qualquer outro e por isso não se preocupavam em identificar as suas
origens étnicas. Os portugueses não preocupavam nunca em saber se os escravos eram
Mandjacos, Fula, Papel ou qualquer outra etnia que fosse.

Mas alguns historiadores afirmam que a possibilidade de tentar ter algumas


pistas sobre as origens dos africanos que vieram para Cabo Verde são através dos portos
de resgate. Por outro lado, sabe-se que os marinheiros portugueses e cabo-verdiano
faziam resgate na zona comummente designado de costa da Guiné, que ia
8
aproximadamente desde a margem sul do rio Senegal ao rio Orange, no limite norte da
Serra Leoa. Esta região também onde os moradores de Santiago estavam autorizados a
resgatar produtos e escravos, de acordo com o estipulado na carta de 1472.

Nas regiões acima referido foram inventariados vinte e sete grupos étnicos e
alguns subgrupos. Entretanto, os comerciantes de Santiago tinham restrições de
mercadorias que podiam levar para a costa, e eles só iam em zona onde os seus produtos
eram mais bem aceite. Os principais produtos que eles levavam para a costa eram
algodão e os seus derivados (temos o exemplo de pano de terra). Este era muito
procurado na região do rio Casamansa (no Extremo Sul da actual República do
Senegal), rio São Domingos e rio Grande (actual Guiné Bissau). O grosso dos navios
armados em Santiago partia em direcção a essa região.

No rio São Domingos havia mais escravos de que os restantes, de ali vinham
para Cabo Verde Banhus, Buramos, Cassangas, Jabundos, Felupes, Ariantas, e Balantas.
Do rio Grande vinham Naluns, Bijagós e Burames. Ainda temos informação de que
havia alguns Jalofos no arquipélago. Também levanta-se a hipótese de ter havido em
Cabo Verde alguns africanos livres que acompanhavam os comerciantes. Segundo Elisa
Andrade, estes africanos desempenhavam o papel de intérprete dos lançados e dos
marinheiros de Santiago nos rios de Guiné4. É de referir que eles eram em números
bastante reduzido que não tinham um enquadramento destacado na sociedade insular.

Em suma podemos dizer que estes são os povos que ao cruzarem uns com os
outros formaram aquilo que hoje é o homem cabo-verdiano.

Como não existe homem sem cultura, gostaríamos de apontar aqui alguns
contributos que cada um desses dois grandes grupos humanos dera para a formação da
cultura do arquipélago.

Dos africanos, apesar das repressões por parte das autoridades e consideradas
gentílicas pelas mesmas, recebemos:

• A tabanka (palavra de origem guineense que no seu sentido original


significa povoação de base) é hoje uma espécie de associação, com o seu
rei e os seus filhos de Santos, que funciona como sistema de ajuda

4
ANDRADE, Elisa – “Cabo Verde: povo, cultura e identidade cultural”. In: Revista Cultura. Nª 1. Praia.
Ministério da Cultura. Setembro de 1997. P.23.
9
mútuo. Os associados prestam moral e material em caso de doenças ou
de morte e auxiliam na construção de casa ou os trabalhos de campo.

• O batuque, cujo balancear das ancas é ritmado pelo bater das palmas das
mãos sobre um almofado que as mulheres apertam fortemente entre as
coxas, é sempre acompanhado de um cântico improvisado, o finaçon, que
dez em quanto é interrompido para dar lugar a um intenso rapicado que
por vezes leva os dançadores ao transe: é a tchabeta que, parece, vem do
termo bantu ku-beta, que designa o batuque.5

• As práticas de cunho mágico religioso, que se manifestam


frequentemente em liturgia católica

• O colá Sanjon, dança popular de grupo, organizado num terreiro e


produz-se aos sons de tambores e apitos, enquanto no interior das igrejas
se celebram a missa de São João ou de Santo António, faz-nos lembrar o
semba de Angola ou a umbigada do Brasil.

• O jogo do uril ou urim é praticado numa prancha com doze cavidades,


contendo cada uma quatro grãos de oril. Segundo Elisa Andrade, parece
ser originário do Egipto e difundido por quase toda África.

• O berimbau e o cimbó, este último de origem sudanesa, que estavam


caídos em desuso, estão sendo a pouco e pouco retomados.

• No domínio da habitação recebemos o funco, a cabana de fundação


circular, com tecto de palha, em forma de cone, que corresponde a uma
técnica de construção muito vulgar na África ocidental, que se encontra
circunscrito a algumas zonas do meio rural, sobre tudo em Santiago e no
Maio.

• A alimentação é sobretudo à base do milho com o qual se confeccionam


os mais variados pratos. As comidas e bebidas, assim como a forma de a
consumir congregam por vezes à sua volta, muitas superstições, rituais e
tabus que o povo respeita.

5
cf. Idem. p. 27.
10
Do nosso continente ainda herdamos: os esforços das tarefas quotidianas
entregues as mulheres, enquanto os homens, terminados os trabalhos de sementeira se
dedicam ao repouso ou a actividades de carácter social; o hábito de transportar as
crianças às costas, a utilização do pau e do pilão, o tear, a técnica de tingir os panos (que
estão sendo recuperados e desenvolvidos pelo artesanato moderno e oferecidos aos
turistas), a cerâmica e algumas técnicas de cultivo.

Dos europeus recebemos a forma de vestir, tipo de habitação que baniu os


funcos, a forma do ordenamento das vilas cidades, a disposição das casas, ruas, praças
públicas, as instituições administrativas, a instituição familiar acentuadamente
patriarcal. Foram deles que ainda herdamos parte das festas tradicionais populares como
o natal, o dia do ano e o dia dos reis e algumas técnicas de cultivo. Dos franceses
recebemos a mazurca e o contra-dança praticado nas ilhas do norte.

III. A PROBLEMÁTICA DA IDENTIDADE CULTURAL CABO-


VERDIANA

As tomadas se posição a respeito da identidade nacional se correlacionam


estritamente à trajectória intelectual, a começar pelo local de origem6.

Temos como referência dois grandes intelectuais cabo-verdianos, como é o caso


de Amílcar Cabral e Baltasar Lopes. Estes por serem de regiões diferentes têm pontos
de vista opostos. O primeiro por ser da ilha de Santiago e ter nascido na Guiné-Bissau

6
ANJOS, José Carlos Gomes dos - Intelectuais, literatura e poder em Cabo Verde: lutas de definição de
identidade nacional. Praia / Porto Alegre. INIPC E UFRGS / IFCH. 2002. pp.156-157.
11
defende a ideia de que somos africanos, enquanto o segundo e alguns outros intelectuais
do Barlavento defendem uma identidade mestiça para o povo cabo-verdiano.

Segundo o professor, catedrático, Mesquitela Lima, (…) Cabo Verde não é


África, Cabo Verde é Cabo Verde, Cabo Verde são os trópicos, é uma parte da África e
uma parte da Europa. Cabo Verde é geograficamente africana, mas, do ponto de vista
da cultura, Cabo Verde não é, nem África nem Europa, nem América, é Cabo Verde,
tem uma cultura específica, tem a sua cultura própria7.

Outro intelectual que vai na mesma linha dele é o Francisco Mascarenhas que
diz o seguinte: nós cabo-verdianos conseguimos, através de dois ou três séculos, ser
diferentes do europeu e do africano. Lográmos uma identidade própria, rica,
expressiva, dinâmica8.

Manuel Veiga é de opinião que “(…) hoje a identidade cultural cabo-verdiana


não é um mito nem tão-pouco um fantasma. Começamos a viver nossos próprios
destinos na encruzilhada do mundo e no coração de África. Esta cabo-verdianidade que
vivemos e reclamamos é etnocêntrica, mas sem ser etnocentrista. Na verdade, ao
reclamá-la e ao assumi-la, não esquecemos a nossa história, a nossa origem e nem
desprezamos o direito à diferença. Se é certo que não confundimos cabo-verdianidade
com africanidade, nem tão-pouco ainda com universalidade, sabemos contudo que Cabo
Verde está em África e a África está no mundo. Portanto, jamais poderíamos ser cabo-
verdianos à margem do mundo. (…) a nossa identidade é algo que nos especifica, mas
sem nos separar do verdadeiro tronco de onde procedeu esta pequena mas significativa
civilização atlântica. A nossa cultura, pois, é cabo-verdiana, mas nunca esqueceremos
que Cabo Verde é África, África é Mundo e Mundo somos todos nós.”9

“A Cabo-verdianidade não é um mito nem, tão-pouco, uma fantasia ou uma


alienação. (…), ela significa ser um povo, uma nação, ter um território livre e possuir
uma cultura própria.”10

7
AAVV. “Dinâmica da Cultura Cabo-verdiana” In.: Emigrason Nº 38/39. Iª série. 1996. p.47.
8
LIMA, Mesquitela – “Cabo-verdianidade”. In: revista Charme. nº 8. Mindelo. Julho/Agosto. 1996. p.
19.
9
VEIGA, Manuel. “Cabo Verde: Que Cultura, que direito, que dinamismo”.in: Pré-textos. Número
especial . Praia. Ministério da Cultura. 1997 p. 318.
10
Idem. p. 314.
12
IV. SITUAÇÃO ACTUAL DA QUESTÃO E PERSPECTIVAS
FUTURAS

Para afirmarem que Cabo Verde tinha uma identidade própria, os intelectuais
Cabo-verdianos criaram vários conceitos. Uma delas é a Cabo-verdianidade.

Este termo tem sido utilizado várias vezes por homens da cultura Cabo-verdiana
como léxico cultural para exprimir conceitos jamais vistos nos dicionários. Objectivo de
muitos é querer impressionar aos menos atentos de que estes vocábulos fictícios rimam
com a cultura Cabo-verdiana.

Este conceito surgiu com os nativistas. Eles defendiam que Cabo Verde tinha
uma cultura, uma língua e uma identidade própria.
13
Este debate em torno da identidade do Cabo-verdiano não parou com os
nativistas. Os claridosos também se preocupavam com isso. Eles defendiam uma
identidade mestiça para o povo Cabo-verdiano. A Cabo-verdianidade aqui é entendida
como a especificidade da cultura Cabo-verdiana dentro do contexto colonial português.
Para eles a cultura Cabo-verdiana não é nem Europa nem África, e sim Cabo-verdiana.

Segundo David Hopffer Almada “A percepção e a defesa da Cabo-verdianidade


e a sua individualização em relação à cultura portuguesa reside principalmente no facto
de se tratar de uma cultura mestiça, dotada de uma grande dinâmica e capacidade de
moldagem frente as influências anteriores sem, no entanto perder a sua própria
singularidade”11.

De acordo com o mesmo autor a “Cabo-verdianidade só é entendida enquanto


síntese resultante do confronto de duas culturas opostas, numa situação de dominação,
donde surgiu autónomo e individualmente, recebendo e reelaborando na sua dinâmica
interna, elementos e expressões culturais proveniente das culturas mães.”12

Podemos dizer então que Cabo-verdianidade é sinónimo de mestiçagem. No


caso concreto de Cabo Verde não pode processar-se num sentido exclusivamente
europeizante, sob pena de despersonalização, de negação da parcial herança negro-
africana.

Ainda utilizaram outros conceitos como a africanidade, que significa os


contributos negro-africano, a formação social cabo-verdiana, criolidade, entre outros.

Ainda persiste a resistência ao nosso continente, porque apesar de haver mais


instrução, mais informação, muitos ainda advogam que não somos africanos na medida
em que ambicionam ser europeus. Todavia acreditamos que futuramente poderá haver
mais ligação com o nosso continente, uma vez que estamos mais sensibilizados pela
causa africana. A título de exemplo, o nosso país neste momento faz parte da CEDEAO,
União Africana, entre outras organizações do tipo.

11
ALMADA, David Hoffer – Cabo-verdianidade e Tropicalismo. Recife. Fundação Joaquim Nabuco.
1992. P.85.
12
Idem. p.87.
14
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