Sei sulla pagina 1di 66

Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizacáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoriam)
APRESEISTTAQÁO
DA EDIQÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanca a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanga e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenga católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste site Pergunte e
Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questóes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
! dissipem e a vivencia católica se fortalega
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abengoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.
Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.
Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.
A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaga
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
UBÜFENTC
Sumario
pég.

CORAGEM E COERÉNCIA 493

Comentando urna noticia...


A AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO HOJE 495

Abusos e mal-estar:
CRIATIVIDADE E ESPONTANEIDADE NA LITURGIA 508

Ecos de nossos tempos:


BIORRITMO : A NOVA CIENCIA ? 520

Na época das seltas:


MAIS UMA VEZ A SEITA DE MOON 531

LIVRO EM ESTANTE 540

ÍNDICE 1978 543

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA

NO PRÓXIMO NÚMERO:

Teología da Libertacao. — Os Meninos de Deus aínda em foco.


— Discos voadores e Ufologia : sim ou nao ?

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»

Direyáo e Redas&o de Estéváo Bettencourt O.S.B.

Assinatura anual Cr$ 180,00

Número avulso de qualquer mes Cr$ 18,00

REDAQAO DE PB ADMINISTRADO
_ , _ . , _„.- I.ivraria Misslonítrla Editor*
Calxa Postal 2.0(10 Bua mxicOt 1G8.B (Cnstelo)
ZC00 20.031 Rio de Janetro (RJ)
20.000 Rio de Janeiro (RJ) Tel.: 2240059
CORAGEM E COERÉNCIA
Quem acompanha as alocucóes do Papa Joáo Paulo II,
descobre através das mesmas um fio condutor permanente:
a exortagao á coeréncia crista,... coeréncia que na prática é *
inseparável de coragem e heroísmo. Trata-se de levar os prin
cipios da fé até as últimas conseqüéncias, em meio a um mundo
contraditório, cujos criterios sao muitas vezes o comodismo, o
hedonismo (a procura do prazer) e a demanda do lucro finan-
ceiro. Eis um dos trechos mais- significativos de urna alocucáo
proferida aos 15/11/78 pelo Pontífice em sete idiomas:

"O temor, com freqüéncia, arresta os que vlvem sob a ameaca, a


opressSo, a perseguidlo. Resultam particularmente valiosos os homens que
conseguem superar a chamada barreira do medo para prestar testemunho
á verdade e á justlca".

Continuava o Pontífice lembrando que, para adquirir forga,


o homem precisa de superar a si mesmo, correndo o risco de
enfrentar urna situagáo desconhecida, conseqüéncias desagra-
dáveis, insultos, perdas materiais, e até o cárcere e a persegui-
gáo. É isto que faz um herói. E acrescentou exemplos, «em
geral pouco conhecidos, de virtude grande, freqüentemente
heroica» :

"Pensó numa mulher, máe de familia numerosa, que recebe múltiplos


conselhos para p6r flm a urna nova vida concebida em seu ventre e que
responde que a nova vida em seu ventre é demasiado grande, de valor
demasiado sagrado, para que ela possa ceder a tais pressfies.

Outro exemplo: o de um homem a quem se promete a llberdade e


urna carrelra fácil, sempre que claudique em seus principios ou aprove
algo que vá contra a honradez dos demals. Ele também responde negativa
mente apesar das ameacas de um lado e dos atrativos do outro... Tais
homens podem encontrar-se freqüentemente nos campos de concentraQáo
e nos centros de deportacfio" ("L'Osservatore Romano", ed. franc, 21/11/78).

O Papa Joáo Paulo n fala, certamente, a partir de sua


experiencia própria, vivida em pais que pressiona os cristáos
a apostatarem da fé em vista de pretensos beneficios materiais.
Todavía as palavras do Pontífice tém alcance universal: pode-se
dizer que urna das maiores lacunas de que se ressente a socie-
dade contemporánea, é a de pessoas coerentes e corajosas, que
saibam sacrificar tudo para nao trair..., nao trair a Verdade
e o Bem, nao trair o ideal que em juventude livremente traca-
ram o acariciaran!. Visto que a coragem para tanto é difícil e
exigente, a maioria dos homens cede a meio-caminho, capitula
perante os obstáculos ou os sacrificios e se torna «amorfa».
Isto talvez nao espante muito, porque nao há radiografías do

— 493 —
íntimo do ser humano. Em conseqüéncia, muitos morrem sem
ter realizado o seu ideal ou sem ter desabrochado por completo
as suas virtualidades, pois é mais fácil morrer subdesenvolvido
(interiormente) do que levar os principios cristáos até as suas
ultimas conseqüéncias.

A verificacáo deste quadro é triste... Lembra a figura do


anáo. Este, sem culpa própria, nao chega 'a. sua plena estatura
física. O que nao o impede de ser urna personalidade plena
mente desenvolvida. Se poucos sao os anSes no plano físico,
talvez se possa perguntar se nao sao numerosos os anóes no
plano da personalidade ou, mais ainda, no plano da vida crista.
Quantos conseguem chegar até o fim dos seus propósitos ?

Estas reflexóes se tornam, de modo particular, eloqüentes


dentro da moldura de um fim de ano. Todo olhar retrospectivo,
espontáneo como é nesta época, suscita na criatura humana
a impressio da insuficiencia, da pequenez, da lacuna... Pois
bem; o cristáo reconhece sinceramente a sua realidade, sem a
procurar alterar ou embelezar artificialmente. Todavía a verifi-
cagáo do «déficit» nao o abate nem deprime, porque precisa
mente o Natal é o sinal renovado de que Deus amou o homem
antes que o homem O pudesse amar, e o amou na sua miseria
para chamá-lo a urna vida nova, rica em valores, coerente até
o extremo... Se nao conseguí isto até hoje, sou interpelado
por novo chamamento da parte de Deus Pai, que, em penhor
de melhores resultados, rae oferece o seu próprio Filho. Ele
assumiu tudo que é nosso para dar-nos tudo o que é dele. Por
isto o cristáo responde com Sao Joáo: «Cremos no amor que
Deus tem para conosco» (Uo 4,16). E, porque cremos, dispo-.
mo-nos a recomecar em novo ano, procurando mobilizar todas
as fibras do nosso ser para nao fraquejar á meia-estrada...
«Ir até o fim, até as últimas conseqüéncias» é o lema de todo
cristáo; na verdade, a vocacáo crista é vocagáo para o heroísmo
e a magnanimidade, para a plenitude de tudo o que é belo
e nobre. Nada há de táo contrario ao espirito cristáo do que
a mesquinhez, a pusilanimidade e a covardia !

Que a celebracáo do Natal avive nos eoracóes cristáos a


consciéncia destas verdades e os leve a conceber o ideal da
coragem, disposta a todo e qualquer sacrificio para nao trair,
para nao quebrar!

Senhor, que quiseste imprimir em nossa argila a tua ima-


gem e semelhanca, dá consistencia á tua obra e fortalece-nos
com novo enxerto do Eterno e do Absoluto dentro das nossas
realidades temporais e relativas !
E.B.
— 494 —
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»
Ano XIX — N' 228 — Dezembro de 1978

Comentando urna noticia...

a autenticidade do texto bíblico hoje


Em símese: O JornalIsta Paulo Francls publlcou um artigo em
"A Folha de Sao Paulo" de 8/08/78 em que diz que a abertura da
Igreja efetuada pelos Papas Joao XXIII e Paulo VI levou os estudiosos
a penetrar nos documentos básicos da Igreja (manuscritos do Novo Tes
tamento), donde teráo deduzido as conclusdes mais revolucionarlas pos-
slveis a respailo de Jesús Cristo e dos textos origináis dos Evangelhos
e de SSo Paulo.

Ora esta asserc§o é de todo Infundada, revelando total ignorancia


do autor a propósito do assunto'. Os antfgos manuscritos do Novo Tes
tamento nfio estáo encerrados no Vaticano, mas esparsos por bibliotecas
do mundo Inlelro, Inclusive em Moscou e Lenlngrado. Cal asslm por
Ierra toda a construcfio fllosóflco-religiosa de Paulo Francls. As páginas
subseqüentes anallsam, tópico por tópico, os dlzeres do jornallsta ati
nentes ao Novo Testamento.

Comentario: O falecimento de dois Pontífices em meses


sucessivos deu ocasiáo a que a imprensa e a opiniáo pública
dedicassem grande atencáo á vida da. Igreja dos nossos tem-
pos. Os comentarios tecidos pelos repórteres e vaticanistas
a respeito dos Cardeais papabili foram os mais estranhos e
diversificados; nao faltou a consulta ao computador! Era
evidente que os comentarios estavam interessados em sensa-
cionalismo mais do que na difusáo da verdade pura e sim
ples. Dentre as noticias mais falsas que nos chegaram, está
um artigo assinado pelo jornalista Paulo Francis de Nova
York e publicado no jornal «A Folha de Sao Paulo de
8/08/78 com o título «A espera de um sucessor de esquerda>.
Dessa coluna de periódico, toda caracterizada por frases
genéricas e infundadas, destacaremos um inciso, que, por
suas surpreendentes afirmativas, merece especial atencáo:
"Um dos resultados da abertura de JoSo XXIII e Paulo VI é pou-
quíssimo conhecido do grande público. O acesso de eruditos modernos
aos textos básicos da Igreja, examinados científicamente, revela coisas

— 495 —
cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

espantosas que estarreceriam os fiéis, se as conhecessem. Cito as menos


indoloies: o prlmelro Evangelho de Sao Marcos fol escrito em 112 A. D.
O aramalco de Marcos é de semlanalfabeto e aprésente urna versao total
mente falsa da Palestina no tempo em que Jesús teria vivido (que ele
descreve pastoral e idílica. Havia urna revolugao por semana). Sao Paulo
apostólo, o verdadeiro fundador da Igreja, jamáis usa (nos origináis nao
adulterados por diligentes monges da Idade Media) a palav.a 'Jesús';
lala de 'Cristo', 'Cnresto' no oiiginal, palavra vaga, 'o ungido' e, mais
Interessante, exlstiam seguidores de 'Chresto' com o sobrenome de
'Chiesto' em Roma imperial, entre os escravos, antes do nascimento de
Jesús Cristo. Nio irel adiante. Adiro á conspirado de silencio dos
eruditos".

Examinemos de perto os principáis tópicos do trecho


transcrito:

1. As pretensas descobertas

O articulista insinúa que a renovagáo da Igreja apre-


goada por Joáo XXIH e Paulo VI abriu aos eruditos os tex
tos básicos da Igreja, levando aqueles a espantosas conclu-
sóes relativas á origem dos Evangelhos. Ora isto é total
mente falso a mais de um título:

1) O autor parece julgar que os mais antigos manuscri


tos dos Evangelhos e das' cartas de Sao Paulo estavam encer
rados nos arquivos do Vaticano; urna vez propostos ao estudo
dos eruditos, estes teriam chegado a teses totalmente diver
sas daquelas que comumente se ensinavam sobre o surto e
o conteúdo dos escritos do s Novo Testamento.

Ora, para que o leitor possa averiguar a inverdade des-


tas suposigóes e afirmagóes, basta-lhe abrir qualquer manual
(católico ou nao católico) de Introdugáo ao Novo Testamento.
Verificará que os manuscritos do Novo Testamento estáo
esparsos por bibliotecas de diversas partes do mundo, só
havendo um código, datado do século IV, no Vaticano. Te-
nha-se em vista a relagáo abaixo:

a) Os papiros sao os mais antigos testemunhos do


texto do Novó Testamento1. Acham-se assim distribuidos
pelo mundo:

1 Sabemos que os autógrafos, tais como sairam das mSos dos escri
tores sagrados (Mateus, Marcos, Paulo...), se perderam, dada a fragl-
lidade do material utilizado. Todavia ficaram-nos copias antigás desses
autógrafos, que s&o os papiros, os códices uncíais (escritos em carac
teres malúsculos sobre pergamlnho), os códices minúsculos (escritos
tardíamente em caracteres minúsculos) e os Ieclonáilo9 (antologías de
textos para uso litúrgico).

— 496 —
AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO

Número do pap iro Conteúdo ■ Lugar onde é guardado Data1


(séc.)

P1 Evangelhos Philadelphia (U.S.A.) m

P9 Evangelhos Florenga VI

P8 Evangelhos Viéna (Austria) VI/VH

P4 Evangelhos París m

Pl Evangelhos Londres m

P° Evangelhos Estrasburgo IV

P» Atos Berlim IV

Em suma, existem 76 papiros do texto original do Novo


Testamento, dois quais nenhum é guardado no Vaticano.
Acham-se ainda em Leningrado (p11, p8s), no Cairo (pIS, pie),
em Oxford (p18), em Cambridge (p*7), em Heidelberg. (p40),
em Nova York (p80, p80, p81), em Genova (p74, p74, p")...

Desses papiros alguns datam de cerca do ano 200, o que


é extremamente importante, desde que se leve em conta que
o Evangelho de Sao Joáo foi escrito por volta do ano 100.
Sao, por exemplo, do ano 200 aproximadamente o papiro 46
(Chester Beatty) guardado em Dublin, o papiro 64 (Oxford
e Barcelona), o.papiro 66 (Bodmer n) guardado em Genova,
o papiro 67, guardado em Barcelona.

b) Os códices uncíais sao verdadeiros livros de grande


formato, escritos em caracteres maiúsculos (uncíais) 2. Eis
urna amostragem de sua distribuicáo:

Códice Conteúdo Lugar onde é guardado Data


(séc.)

Aleph 01 N.T. Londres IV


(Sinaítico)

A 02
(Alexandrino) N.T. Londres V

i lndlca-se a data aproximada em que cada papiro teva orlgem ou


em que fol feila a copla do texto bíblico apresentado pelo papiro res
pectivo.
* Uncial vem de uncía, polegada (em latlm). A desIgnacSo supSe
exageradamente que as letras de tais códices tinham' a dimens8o .de urna
polegada.

— 497 —
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

B03
(Vaticano)1 N.T. (menos
o Apocalipse) Roma IV

C 04
(Efrém rescrito) N.T. Paris V

D 05 Evangelhos Cambridge VI
(Beza) Atos

D 06
(Claromontano) Paulo Paris VI

Em suma, há mais de duzentos códices uncíais, espa-


Ihados por Moscou (K 018; V 031, 036), Utrecht (F 09),
Leningrado (P 025), Washington (W 032), Monte Athos
(H 015, 044), Sao Galo (037)...

Destes fatos deduz-se que a pesquisa e o estudo dos


manuscritos do Novo Testamento nao dependem da abertura
ou concessáo do Vaticano, mas sao algo que sempre se rea-
lizou independentemente de autorizagáo da Igreja Católica.
Os manuscritos bíblicos sao patrimonio da humanidade; mui-
tos foram outrora levados do Oriente, por estudiosos e outros
interessados, para bibliotecas de países ocidentais, onde se
acham guardados até hoje. Vé-se, pois, que o jornalista
Paulo Francis nao tem fundamento para fazer as afirma-
góes atrás mencionadas. A imagem que dos Evangelhos tém
os exegetas, em nada foi modificada por pretensa franquía
de arquivos do Vaticano.

2. O Evangefho segundo' Marcos

O autor afirma: «O primeiro Evangelho de Sao Marcos


foi escrito em 112 A. D. O aramaico de Marcos é de semia-
nalfabeto».

Paulo Francis caiu em graves equívocos:

a) Sao Marcos nao escreveu em aramaico, mas em


grego, muito provavelmente quando estava na cidade de
Roma, após ter acompanhado Sao. Pedro em sua pregagáo.

Eis o testemunho dado por Papias, bispo de Hierápolis,


em cerca de 130:

— 498 ~
AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO

"Marcos, intérprete de Pedro, escreveu com exatldSo, mas sem


ordem, tudo aqullo que recordava das palavras e das acSes do Senhor.
Nao tlnha ouvldo nem seguido o Senhor, mas... Pedro... Tinha so esta
preocupadlo: nada negllgenclar de tudo o que ouvlra, e nao dlzer men
tira" (Apud Eusóblo, "Historia Eccleslastlca" III 39,15).

S. Ireneu (f 202 aproximadamente), bispo de Lááo (Gá-


lia), deixou-nos o seguinte depoimento:

"Mateus compós o Evangelho para os hebreus na lingua deles,


enquanto Pedro e Paulo pregavam o Evangelho em Roma e (undavam a
Igreja. Após a morte deles, Marcos, discípulo e Intérprete de Pedro,
também nos transmltlu tudo o que fora objeto da pregafao de Pedro"
("Adversus haereses" III 1,1).

Os mais antigos prólogos latinos dos manuscritos dos


Evangelhos, que datam provavelmente do secuto II, confir-
mam a noticia de Ireneu:

"Após a morte de Pedro, Marcos escreveu este Evangelho quando


se encontrava na Italia" (cf. de Bruyne, "Les plus anclens prologues
latins des Evanglles", em "Revue Bénédictine" 40, 1928, pp. 193-214)..

Está, pois, evidente que Paulo Francis confundiu Marcos


com Mateus. Este, sim, (e nao Marcos) escreveu em ara-
maico a primeira redagáo do seu Evangelho, como atestavam
S. Ireneu, atrás citado, e Papias no texto abaixo:

"Mateus, por sua parte, pos em ordem os logia (dlzeres) na lingua


hebraica, e cada um depois os traduziu como pode" (Apud Eusébio,
"Historia Ecclesiastica" III 39,16).

O texto aramaico de S. Mateus deve ter sido escrito por


volta do ano 50 (antes do de Marcos, portante!). Perdeu-se,
porém, pois em 70 os judeus foram expulsos da Palestina e
o texto aramaico do Evangelho foi caindo em desuso. Fi-
cou-nos, porém, urna tradugáo grega do mesmo, ampliada e
retocada, que data de 80 aproximadamente. Em hipótese
nenhuma, porém, o texto de Mateus ou o de Marcos poderá
ser atribuido ao ano de 112, como pretende Paulo Francis.
Sabe-se hoje que o último escrito do Novo Testamento, na
ordem cronológica, é o Evangelho segundo Sao Joáo, que
data do ano 100 aproximadamente. Esta tese foi brilhante-
mente confirmada quando em 1935 se encontrou no Egito
um fragmento do texto de Sao Joáo (19,31-34.37-39). Este
papiro deve datar de 130 mais ou menos. Isto quer dizer
que a redagáo do Evangelho terá ocorrido alguns decenios
antes de 130, ou seja, em 100 mais ou menos.

— 499 —
8 tPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

Nao há dúvida, o Evangelho segundo Marcos foi escrito


em linguagem grega simples e tosca. Quanto á noticia, trans
mitida por Paulo Francis, de que na Palestina havia urna
revolugáo por semana, é exagerada (como exagerada é a
qualificacáo que o autor atribuí á linguagem de Marcos:
seria de um «semianalfabeto»). Na verdade, o texto de Mar
cos nao excluí agitagóes políticas no tempo de Jesús, mas
simplesmente nao as refere, porque nao pretende ser urna
historia da Palestina.

Passemos agora a

3. As caitas de Sao Paulo

1. O jornalista julga que os «origináis das cartas de


Sao Paulo foram adulterados por diligentes monges da Idade
Média>...

O absurdo desta afirmacáo se evidencia desde que se


tome em máos urna edigáo critica do Novo Testamento. Os
paleógrafos e filólogos, cristáos e liberáis, tém-se dedicado
ao estudo dos manuscritos do Novo Testamento ñas mais
diversas partes do mundo; em conseqüéncia, tém publicado
edigóes do Novo Testamento grego que procuram chegar a
urna imagem táo fiel quanto possível dos autógrafos pauli
nos; os resultados assim obtidos sao dignos de elogios. Te-
nha-se em vista, entre todas, a edi;áo intitulada «The Greek
New Testament» aos cuidados de Kurt Aland, Matthew Black,
Cario M. Martini, Bruce M. Mezger e Alien Wikgren, em
colaboragáo com o «Institute for New Testament Textual
Reseach», sob o patrocinio de «United Bible Societies». Este
texto foi publicado simultáneamente em Nova Iorque, Lon
dres, Edimburgo, Amsterdam e Stuttgart. Ora nenhum cri
tico conhece as mencionadas «adulteragóes do texto devidas
a diligentes monges da Idade Media» (donde terá Paulo Fran
cis haurido tal noticia?). É, antes, na base dos mais antigos
códices que se edita hoje o texto grego das cartas paulinas,
sem hesitagóes sobre a autenticidade global de tal texto.

2. Sao Paulo nao foi o fundador da Igreja ou do Cris


tianismo, mas foi, sim, o apostólo dos gentíos, ou seja, o
portador da Boa Nova aos povos nao judeus. Foi ele quem
tornou clara a tese de que a Leí de Moisés era um pedagogo
que encerrara a sua missáo logo que Cristo viera; por con-

— 500 —
AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO

seguinte, os gentíos nao estariam obrigados á circuncisáo e


as práticas rituais da Torah (cf. Gl 3,23-29). — Esta ati-
tude de Sao Paulo nao habilita o estudioso a dizer que Sao
Paulo foi «o verdadeiro fundador da Igreja».

3. Quanto ao nome de Jesús, ocorre simplesmente sem


o aposto «Senhor» ou «Cristo» urna dezena de vezes ñas car
tas paulinas, conforme os melhores manuscritos. Assim, por
exemplo, em

lTs 4,14: «Jesús morto e ressuscitado»;

Gl 6,16-17: «Os estigmas de Jesús»;


2Cor 4,10: «.. .tragos da morte de Jesús»;
2Cor 4,5: «... vossos servos por causa de Jesús»;
2Cor 11,4: «Se alguém vos prega um Jesús diferente
daquele que vos pregamos...»;

Ef 4,21: «... a verdade em Jesús»;

ICor 12,3: «Ninguém pode dizer 'Jesús é Senhor' a nao


ser no Espirito Santo».

Quanto as expressóes «Senhor Jesús» ou «Jesús Cristo»,


sao assaz freqüentes no epistolario paulino, como se depreende
de urna leitura sumaria do mesmo.

4. Paulo Francis .diz que, «antes do nascimento de


Cristo, existiam seguidores de Chresto... em Roma imperial,
entre os escravos».

Eis outra noticia que nao se encontra nos auténticos


documentos dos historiadores romanos (Suetónio, Tácito...)
e que resulta de outra confusáo.

Com efeito. Suetónio, por volta de 120, relatava em sua


biografía de Claudio que o Imperador «expulsara de Roma
os judeus, que se achavam em constantes agitacóes por causa
de Chresto» («Vita Claudii» XXV). Neste texto, a palavra
«Chresto» equivale ao vocábulo grego «Christós», que corres
ponde ao hebraico «Messias». Suetónio assim alude aos tu
multos que ocorriam entre judeus e judeo-cristáos a respeito
de Cristo em Roma (Trastevere). Havia, pois, seguidores de
Jesús em Roma, na classe dos escravos (os judeus em Roma
eram antigos escravos levados para aquela cidade por Pom
pea em 63 a. C). Todavia esses seguidores de Chresto eram
posteriores a Jesús Cristo (e nao anteriores, como supóe

— 501 —
10 ¿perguntc a responderemos» 228/1978

Paulo Francis); na verdade, o Imperador Claudio reinou de


41 a 54 d. C. e realizou o referido ato de expulsáo em 49
d. C. (cf. At 18,2).

Interessa-nos agora dizer algo sobre a transmissáo do


texto original do Novo Testamento até nossos días.

4. A transmissáo do texto ido N. T.


através dos sáculos

A crítica bíblica hoje em dia nao questiona a autentici-


dade do texto do Novo Testamento comumente divulgado.
Nao há dúvida de que se tem, através do confronto de ma
nuscritos antigos, o texto mesmo que os Apostólos escreve-
ram em sua substancia. É o que havemos de averiguar a
seguir.

4.1. As testemunhas do texto original

Verdade é que os autógrafos, escritos no século I, se


perderam, visto que eram escritos em material frágil. Toda
vía há copias desses documentos a partir do século II, como
é o caso do fragmento papiráceo de Jo 19,31-34.37-39, que
se encontra na Biblioteca Rylands de Manchester (Ingla
terra) sob a sigla P. Kyl. Gk. 437. Dutros papiros datam do
séc. III, como sao os da colecáo Chester Beatty, restos de
doze códices, que contém os livros sapienciais e proféticos do
Antigo Testamento e o Novo Testamento inteiro. Os papiros
da colegáo de Bodmer, referentes ao Novo Testamento e aos
apócrifos, sao dos séculos II e III. Em suma, conhecem-se
hoje cerca de 5.236 manuscritos do texto original grego do
Novo Testamento, assim distribuidos:

Papiros 81

Códices maiúsculos 266

Códices minúsculos 2.754

Lecionários 2.135

Notemos que os códices maiúsculos sao geralmente mais


antigos do que os minúsculos. Quanto aos lecionários, sao

— 502 —
AUTENTIC1DADE DO TEXTO BÍBLICO 11

coletáneas de textos bíblicos destinados á leitura na Sagrada


Liturgia.

Quem compara esse tipo de testemunhas do texto original


do Novo Testamento com o das obras dos clássicos latinos e
gregos, verifica como realmente é privilegiada a documenta-
gáo hoje existente para se reconstituir a face auténtica do
Novo Testamento. Eis alguns dados a propósito:

Época Intervalo entre o escritor e a


Escritor do escritor primeira copia de

Virgilio 19 a.C. 350 anos

Tito Lívio 17 d.C. 500 anos

Horacio 8 a.C. 900 anos

Julio César 44 a.C. 900 anos

Cornélio Nepos 32 a.C. 1.200 anos

Platáo 347 a.C. • 1.300 anos

Tucídides 395 a.C. 1.300 anos

Eurípides 407/6 a.C. 1.600 anos

Em síntese, o número de testemunhas do texto grego


do Novo Testamento (mais de 5.200!) e a proximidade das
mesmas em relagáo aos autógrafos sao algo de inédito na
transmissáo de textos antigos, máxime se se leva em conta
a precaria transmissáo dos escritos dos clássicos gregos e
latinos.

Perguntar-se-á, porém: os copistas nao introduziram fa


inas decisivas no texto do Novo Testamento tantas e tantas
vezes copiado á máo? — É o que examinaremos.

4.2. E as variantes?

Nao há dúvida, numerosas sao as variantes do texto


grego do Novo Testamento, as quais se devem a erros de
copistas, tentativas, da parte destes, de corrigir o texto origi
nal que lhes parecesse obscuro, interferencia de hereges dese-

— 503 —
V2 _ «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

josos de adaptar o texto as suas conceptees, deterioragáo de


manuscritos, etc.

Contam-se mesmo cerca de 200.000 variantes do texto


grego do Novo Testamento. Todavía pode-se dizer que 7/8
deste sao criticamente seguros; na oitava parte restante, as
variantes consistem em diferencas de ortografía, diferengas
gramaticais, diferencas na ordem das palavras, troca de par
tículas, omissáo ou colocagáo de artigo...

Assim, por exemplo, em At 5,32, encontram-se as seguin-


tes variantes:

«Nos somos testemunhas.. .>


«Somos testemunhas...»
«Testemunhas somos...»
«Somos dele testemunhas...»
«Nele somos testemunhas...»

Em Le 13,27 tem-se:

«E falará dizendo-vos...»
ou «E falará dizendo...»
ou «E falará: 'Digo-vos...' >
ou «E falará: 'Em verdade, digo-vos...'»
ou «Falará a vos...»

Em ICor 12,9 acha-se:

«Em um so Espirito...»
ou «No mesmo Espirito...»
ou «No Espirito...»

Em Ap 5,1 lé-se:

«Livro escrito por dentro e por fora»


ou «Livro escrito por fora e por dentro»
ou «Livro escrito por dentro e na frente»
ou «Livro escrito por dentro, por fora e ina frente».

— 504
_ _ AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO 13

As variantes mencionadas, como se vé, nao alteram pro-


priamente o sentido do texto. Há, porém, 200 variantes do
Novo Testamento que chegam a alterar o sentido, nao, po
rém, em materia de fé. Eis alguns exemplos:

Rm 12,11: «Servi ao Senhor (kyriou)»


ou «Servi ao tempo (kairooi)»

lOor 2,1: «Anuncio-vos o misterio (mysteriou) de Deus»


ou «Anuncio-vos o testemunho (martyrion) de Deus»

At 12,25: «Barnabé e Paulo voltaram para Jerusalém»


ou «... voltaram de Jerusalém»
ou «... voltaram para Antioquia»
ou «... voltaram de Jerusalém para Antioquia»
ou «... voltaram para Jerusalém e para Antioquia».

Apenas quinze variantes tém certa importancia para a


doutrina da fé. Eis as principáis:

IGor 15,51: «Nem todos morreremos, mas todos sere


mos transformados»

ou «Todos morreremos, mas nem todos sere


mos transformados»

ou «Ressuscitaremos, mas nem todos seremos


transformados».

Em tais casos, deve-se procurar ponderar a autoridade e


credibilidade dos códices e autores que atestam cada variante,
e seguir aquela que mais abalizada parega. No caso, é ine-
gavelmente a primeira que merece a preferencia; as outras
se explicam pelo fato de que os copistas verificavam que
todos os homens morrem, mas nem todos parecem ter levado
vida reta e digna, merecedora de glorificacáo final. Sao
Paulo tinha em vista os que estiverem vivos no dia da
segunda vinda de Cristo (ele e muitos de seus leitores julga-
vam que a presenciariam, sem passar pela morte). Mais:
quando o Apostólo fala dos novíssimos, só costuma considerar
a sorte dos bons ou a glorificacáo eterna. — Sao estes ele
mentos que explicam tenha o Apostólo escrito como refere a
primeira variante atrás mencionada.

— 505 —
14 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

Me 1,1: «Inicio do Evangelho de Jesús Cristo, Filho de


Deus».

Há códices que omitem o aposto «Filho de Deus». A


edicáo de Kurt Aland a insere entre colchetes. Está fun
dada em bons manuscritos, e costuma ser aceita pelos edi
tores do Novo Testamento.

Mt 1,16: «... José, esposo de Maria, da qual nasceu


Jesús, que é chamado Cristo»

ou «José, ao qual estava esposada a Virgem Maria, gerou


Jesús, que é chamado Cristo».

Na yerdade, a primeira variante é incomparavelmente


mais sólida e fidedigna do que a outra. Em conseqüéncia,
nenhuma edigáo do Novo Testamento (mesmo as .protestan
tes) refere a segunda variante ácima.

Le 22,19b-20: «... que é entregue por vos. Fazei isto


em memoria de mim. Da mesma maneira, tomou o cálice
depois que ceou, dizendo: 'Este cálice é a nova alianca em
meu sangue, o qual é derramado por vos'».

Alguns códices omitem estes dizeres, porque parecem


duplicar a noticia da entrega do cálice aos discípulos; cf.
Le 22,17: «Tomando o cálice, deu gracas e disse: 'Tomai-o
e distribui-o entre vos' ». Todavia esta primeira entrega do
cálice corresponde a um dos cálices rituais da ceia pascal,
que Jesús quis celebrar de acordó com os costumes do seu
povo; nao se tratava do cálice eucarístico, que realmente só
ocorre em 22, 20, quando o Senhor menciona o seu sangue
e a nova alianca. De resto, os manuscritos abonam os ver
sos 19b-20 sem deixar margem a hesitacáo. O motivo poi
que alguns copistas eliminaram tais versículos, deve ter sido,
ao menos em parte, o uso litúrgico, que só conhece um cálice
na ceia eucarística (os copistas omitiram entáo, erróneamente,
a mengáo do segundo cálice, que é precisamente o cálice
eucarístico).

Le 22,43s: «Apareceu-lhe um anjo do céu reconfortan-


do-o. E, entrando em agonía, orou com mais instancia. E o
o seu suor se tornou como gotas de sangue que corría por
térra».
Este texto foi muito controvertido entre os escritores e
copistas dos primeiros sáculos, pois tanto acentúa a humani-
dade de Cristo que parece reduzir Jesús a mero homem.

— 506 —
+ AUTENTICIDADE DO TEXTO BÍBLICO 15

Todavía há bom fundamento na tradigáo dos manuscritos e


dos antigos escritores para guardar-se a autenticidade desses
versículos, que parecem ter sido omitidos por copistas dese-
josos de tirar argumento aos que pretendiam negar a Divin-
dade de Jesús baseados em tal passagem do Evangelho. Na
verdade, os dizeres em foco nao depóem contra a Divindade
de Cristo, mas evidenciam que o Filho de Deus quis em tudo
assumir a condigáo humana, com todos os seus afetos natu-
rais e sadios, ficando apenas imune de pecado.

Jo 1,18: «O Unigénito Deus, que está no seio do Pal»


revelou-0 (= revelou Deus Pai)».

Alguns códices omitem «Deus» após «Unigénito». Multo.


mais abalizada, porém,.é a variante «Unigénito Deus».

Os outros casos de textos cujas variantes tenham signi


ficado teológico, sao muito menos significativos.

Vé-se, pois, que somente quem nao conhece o assunto


pode escrever frases do teor daquelas oriundas da pena do
jornalista Paulo Francis. Nenhum estudioso abalizado levaría
a serio o que disse Francis... Por conseguinte, nem o grande
público lhe há de atribuir importancia! *

Bibliografía:

Kurt Aland e outros, The Greek New Testament Stuttgart 1968.

JosQf Scharbert, O mundo da Biblia. Petrópolla 1965.

Domenlco Grasso, O problema de Críalo, sao Paulo 1967.

R. Schnackonburg e Fr. J. Schlorse, Quem fol Jesús de Nazaré?


Petrópolls 1973.

Luden Cerfaux, Cristo na teología de Sfio Pauto. SSo Paulo 1977.

Vlttorlo Messorl, Hipóteses sobre Jesús. Sfio Paulo 1978.

T. Ballarfnl, St. Vlrgulln e St. Lyonnet, Introducto á Biblia, vol. IV:


Os Evangelhos. Petrópolls 1972.

Frederlco Dattler, Eu Paulo. Petrópolls 1974.

— 507 —
Abusos e mal-estar:

criatividade e espontaneidade na liturgia

Em ahítese: VSo, a seguir, transcritas em portugués páginas da


autoría de Max Thurian, monge da comunidade de Taizé, a respeito dos
abusos que se vém registrando ñas celebracóes litúrgicas. Tais páginas
tiveram a cháncela e aprovacao da próprla Santa Sé. Mostram que já
exlstem nos ritos litúrgicos momentos previstos para que o celebrante
possa apresentar seus comentarlos próprlos e asslm dar sentido atual e
concreto aos textos e ás func0e3 litúrgicas. Qualquer Inovagao ou pro-
ducáo própiia de um sacerdote ou de urna assemblóla que retoque os
dizeres e os gestos da Liturgia, em vez de edificar pode manifestar sub
jetivismo e individualismo; acarreta o perigo de dividir os fiéis ou a
assembléla, além de por em risco a ortodoxia da doutrlna transmitida.
A Liturgia sempre foi considerada poderoso velculo tanto da reta fé
como das hereslas; daí o empenho antigo e recente da S. Igreja por
que nño se Improvisem textos litúrgicos, mas so se adotem os que
tenham sido previamente aprovados por quem de direlto.

O autor observa que nem no protestantismo a criatividade subja-


tlva tomou alguma vez o vulto que ela tem tomado no catolicismo; per-
gunta outrosslm se o gosto da mudanca pela mudanca nSo se deve,
em parte, á influencia da sociedade de consumo na qual estamos todos
Imersos. Por flm, o autor lembra que qualquer mudanca exterior que
nao seja acompanhada de convetsáo interior, é inútil; cuidem os iiturgos
da renovacfio dos corajes e encontraráo ñas fórmulas oficiáis da Li
turgia o que nio enconirariam em textos extra-oficlais.

Comentario: Varios leitores tém pedido a PR publique


algo sobre os freqüentes abusos cometidos na celebragáo da
S. Liturgia: improvisagóes, modificagóes, interpolagóes nos
textos e ñas cerimónias litúrgicas tém-se tornado motivo de
perplexidade para nao poucos fiéis, que desejam participar
auténticamente das celebragóes da fé.

Conscientes da importancia do problema, apresentamos,


seguidas de comentarios, as valiosas ponderales que a res
peito foram teadas peio Ir. Max Thurian. Este monge da
comunidade de Taizé, embora protestante, revela lúcida com-
preensáo da questáo e oferece aos fiéis católicos pontos de
reflexáo de grande sabedoria... AS. Congregagáo para o
Cuito Divino em Roma houve por bem publicar tal texto em

— 508 —
CRIATIVIDAPE NA LITURGIA 17

seu periódico «Notitiae» de abril 1978 — o que bem demons


tra quanto Max Thurian está identificado com os pontos de
vista da Santa Sé. De resto, o texto que, a seguir, é ofere-
cido aos nossos leitores, faz parte do capitulo «Le sacrifice
eucharistique» do livro de Max Thurian intitulado «Tradition
et renouveau dans l'Esprit» (Tradigio e renovacáo no Espi
rito), edicáo de «Presses de Taizé» 1977.

O leitor terá prazer em observar a clareza, a precisáo e


a ortodoxia com as quais Max Thurian delineia a questáo e
propóe solugóes á mesma.

I. CRIATIVIDADE E ESPONTANEIDADE

1. O gosto pelas mudan$as

«É surpreendente a necessidade de criatividade e espon-


taneidade existente na Igreja Católica Romana de nossos dias.
Com efeito, durante muitos séculos, por exemplo, a Liturgia
romana utilizou apenas urna oracáo eucaristica, dotada de .
quinze prefacios próprios. De alguns anos paraca, aos sacer
dotes é facultado escolher entre quatro cánonesl, e o Missal
contém oitenta e dois magníficos prefacios, sem contar as inú-
meras fórmulas de oragóes próprias, as* mui variadas leitu-
ras, as Missas votivas ou rituais. Dir-se-ia que essa imensa
riqueza de textos adaptados a todas as circunstancias, em vez
de satisfazer as necessidades diversas, contribuí aínda maís
para excitar o gosto da mudanga pela mudanca, doenga de
nosso tempo. Neste ponto também estaríamos sendo vítimas
da sociedade de consumo?

2. Críativktode: excessos e límites

Procuremos definir e delimitar essa necessidade litúrgica


moderna. Se compreendo bem, alguns gostariam de que se
outorgue a cada presbítero a possibilidade de criar de ante-
máo ou mesmo de improvisar na hora prefacios, preces, ora
góes eucarísticas; desejariam mesmo que se concedesse a

lOragáo Eucarlstlca, canon ou anáfora (elevacSo) é a parte cen


tral da Mlssa. Canon vem do grego e significa regra; é a parte norma
tiva, obrlgatóiia de cada celebracio; sem canon ou oracfio eucaristica
nSo há celebracSo eucarfstlca.

— 509 —
18 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

faculdade de substituir as leituras bíblicas por textos de auto


res modernos ou até por artigos de jomáis... O protestan
tismo mais liberal nunca foi táo excessiyo.

Felizmente nem todos os profetas da criatividade


gam a tal ponto! Alguns aspirariam a poder deixar a Litur
gia oficial, vez por outra, a fim de usar textos mais atuais.
e mais significativos para o homem de hoje. Nao se conten-
tam com os momentos previstos pela Liturgia para que o cele
brante faca suas intervengóes e atualizagóes legítimas, se
gundo a carta 'Eucharistiae participationem' da Congregagáp
para o Culto Divino datada de 27 de abril de 1973: introdugáo
á celebragáo, admoestacáo ao ato penitencial, introdugáo as
leituras, homilía, oragáo dos fiéis, introdugáo á prece euca-
ristica antes do prefacio, exortacáo ao Pal Nosso, conclusáo
da Missa.

Segundo a disciplina da Igreja, há portanto oito mo


mentos da Liturgia Euoarística em que se admitem criativi
dade e palavras de atualizagáo. Isto já me parece muito im
portante. Que se poderia desejar mais, sem chegar a urna
tagarelice fastidiosa e cansativa? Da minha parte, estou certa
de que muitos fiéis prefeririam mais longos momentos de
silencio, em que teriam a possibilidade de criatividade inte
rior, em lugar de constantes exortagóes, oragóes fabricadas
na hora e difíceis de ser compreendidas, homilías-discursos
que nao acabam mais e que lembram um aviáo a girar por
cima do nevoeiro á procura de um lugar para aterrissar!

Os cristáos de hoje tém sede de oragáo sobria e de con-


templagáo auténtica; a Liturgia simples proposta pela Igreja,
cercada de silencio, vai-lhes oferecer algo de muito melhor
do que todas as produgóes clericais de celebrantes individua
listas, mais ciosos áe exprimir suas idéias do que de ajudar
seus irmáos a contemplar a face do Cristo crucificado e
ressuscitado.

3. Textos fixos e odmoestasoes lívres

Falemos agora nao mais dos momentos da Liturgia em


que a disciplina permite a criatividade, mas daqueles em que
o sacerdote deve utilizar os textos propostos: as oragóes, o
prefacio, as preces eucarísticas, por exemplo. Para que al-
guém possa criar nesses setores, necessita de urna formagáo

— 510 —
CRIATIVIDADE NA LITURGIA 19

teológica e litúrgica muito segura. Com efeito, tais oracóes


comportam urna estrutura precisa e transmiten! urna dou-
trina que nao se pode inventar de maneira individualista.

Tomemos, por exemplo, a oracáo eucaristica: ela obedece


a um estilo e se constrói sobre um modelo necessário á fé
eucaristica; dai se segué que nao podemos criar muito mais
formularios do que aqueles que temos atualmente. É mister
que seja urna prece de agáo de gracas no estilo da berakah
judaica, a qual é um louvor por todas as maravilhas de Deus:
quem poderia criar algo melhor do que os oitenta e dois
prefacios atuais? A epiclese consecratória nao pode variar
muito. As palavras da instituigáo eucaristica devem ser sem-
pre as mesmas ou quase as mesmas para que possam ser
proferidas de memoria. A anamnese cita os acontecimentos
do misterio de Jesús Cristo. A oblagáo une a oferenda da
Igreja ao único sacrificio do Salvador, apresentado como
memorial. A epiclese sobre a Igreja se continua ñas interces-
sóes que terminam com a doxologia final. Esta estrutura
necessária limita naturalmente os formularios1.

A criatividade no tocante as oracóes, aos prefacios e aos


cánones só poderá ser da competencia de presbíteros muito
bem formados. Por conseguinte, apenas um pequeño número
de especialistas teria o dom de produzir tais formularios.
Haveria entáo urna élite de liturgós. E os outros, todos os

i O autor se refere ás diversas partes que compOem o canon ou a


anáfora ou oracáo eucarfstica. Esta compreende:

— duas eplcleses ou InvocacGes do Espirito Santo: uma sobre as


oferendas de pao e vinho antes da consagracfio eucarfstica (pede-se que
o Espirito faca -desses elementos o corpo e o sangue de Jesús); a
outra (posterior ¿ consagrado) sobre a Igreja, para que seja mals e
mals vivificada pelo Espirito;

—as palavras da instltuicfio eucarfstica pronunciadas por Jesús, cujo


teor essenclal é: "Isto ó meu corpo", "isto é meu sangue";

— a anamnese ou memoria, recordacSo. dos grandes feltos saivf-


(icos de Cristo: paixfio, morte, • ressurrelcño e ascensao. Esses feltos sSo
tornados presentes sacramentalmente mediante a celebracfio eucarfstica;

— a doxologia final ou glorlficacáo do Pai, do Filho e do Espirito


Santo, que encerra a grande prece eucarfstica.

Desde que se tem conhecimento de anáforas eucarfstlcas (séc. III


aproximadamente), tais elementos af aparecem, via de regra, como flxos
óu constantes. Por Isto qualquer. nova anáfora a ser criada hoje deveria
comportar os mesmo's elementos.

— 511 —
20 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 228/1978

outros?... Seria necessário que se contentassem com os


textos oficiáis. Estes, portante, ficariam sendo a solugáo po
bre para quem nao tivesse o dom da criatividade e da espon-
taneidade. Estranha concepgáo da Liturgia da Igreja! Caso
nao quiséssemos aceitar tal concepgáo, diríamos que todos os
sacerdotes, bem ou mal, tém o direito de criar as suas pre
ces para adapta-las tas suas comunidades — o' que acarreta-
ria a degradagáo da Liturgia; esta se tornaría urna tagare-
lice piedosa sem solidez doutrinária e sem valor universal.

4. As características da Liturgia

Urna das fungóes essenciais da Liturgia é a construgáo


da comunidade crista como Igreja Corpo de Cristo.

A Liturgia tem urna fungáo formadora. Mediante a Li


turgia, a Igreja transmite o Evangelho do Cristo com toda a
sua riqueza e sua diversidade. A Liturgia é urna das formas da
Tradigáo viva, pela qual a palavra de Deus é comunicada aos
homens para transformá-los. A criatividade individual limita
forgosamente a doutrina a alguns temas caros ao 'criador
litúrgico'. Determinado sacerdote, por exemplo, dirá 'liberta-
gáo' sempre que encontrar os vocábulos 'salvagáo' ou 'reden-
gáo'; esta troca poderá ser aceita desde que o sacerdote nao
tencione assim limitar a obra de Deus aos termos do bem-
-estar terrestre dos homens. Outro presbítero evitará 'os
anjos' ou 'a gloria' de Deus, para falar quase exclusivamente
da 'pobreza' e da 'fraqueza' do Filho do homem, ... Filho
do homem que ele chamará 'nosso irmáo' de preferencia a
'nosso Senhor'. Poderíamos continuar a lista de exemplos.
Quem nao percebe nisso tudo um empobrecimento da mensa-
gem bíblica?

A Liturgia tem urna fungáo comunitaria: é a agáo de um


povo. Os textos, amadurecidos pela experiencia da Igreja
inteira, alimentada pela palavra de Deus através dos sáculos,
sao portadores de seiva vivificante apta a fazer crescer a
comunidade crista. A Liturgia vem a ser urna experiénci i
única de oragáo contemplativa do povo de Deus, da qual ni:.-
guém tem o direito de privar os membros da Igreja. A cria
tividade pessoal de um celebrante é, por vezes, a maneira de
subtrair aos fiéis urna heranga á qual eles tém direito por
que é a da sua familia, a Igreja universal, a comunháo dos
santos. Os problemas de criatividade litúrgica sao, muitas

— 512 —
CRIATIVIDADE NA LITURGIA ' 21

vezes, do interesse de alguns celebrantes e nao corresponden!


a urna necessidade da comunidade. Existe mesmo urna espe
cie de clericalismo na liberdade que alguns celebrantes átri-
buem a si mesmos no tocante á Liturgia do Povo de Deus.
Muitos cristáos poderiam dizer: 'Essas questóes de Liturgia
nao nos interessam; sao problemas dos sacerdotes. O que nos
queremos, é participar de urna oragáo auténticamente vivida
por urna comunidade e um sacerdote que tenham fé no que
dizem e que manifestem essa fé'. O respeito ao Povo de
Deus implica que lhe transmitamos a experiencia sempre viva
dos santos que viveram na amizade do Cristo, heranca esta
á qual o Povo tém direito e que o fará viver muito mais
auténticamente do que as experiencias pessoais deste ou da-
quele sacerdote.

A Liturgia tem um caráter contemplativo. Ela orienta


o olhar e o coragáo para a face do Cristo; ela tenta antes
descrever e representar do que explicar ou raciocinar. Ora
as experiencias de criatividade sao, geralmente, didáticas; um
sacerdote, julgando que determinada oragáo é demasiado po
bre de conteúdo, resolve enxertar-lhe consideragóes explica
tivas e didáticas. Entáo a oragáo, em vez de reunir a comu
nidade orientando-a para a contemplagáo de Deus, propóe
urna reflexáo mais ou menos bem construida, que faz o fiel
voltar-se para si mesmo em vez de abri-lo para a transcen
dencia. O protestantismo liberal viu florescer (se se pode
dizer!) essas oragóes didáticas e moralizantes em que os fiéis
falavam mais aos homens e a si mesmos do que a Deus. As
vezes ouvi oragóes que* se seguiam á homilía e ñas quais tudo
o que já fora dito, era repetido em outro estilo. Tinha-se a
impressáo de- que a pregagáo devia ser reiterada sob forma
de prece, que era chamada (com acertó, infelizmente!) 'ora
cáo de abundancia'. Inútil dizer que essas oragóes tidas
como espontáneas exprimiam mais as opinides teológicas, polí
ticas ou sociais do pastor do que transmitían! a substancia
do Evangelho. Em vez de orar, os fiéis ouviam essas eleva-
góes espirituais perguntando a si mesmos que tendencias elas
exprimiam.

. A Liturgia tem um caráter universal. É a oracáo cató


lica por excelencia. O fato de que os fiéis adaptem seu espi
rito e seu coragáo a textos que sao rezados por numerosos
cristáos em Igrejas muito diversas através do mundo faz da
oragáo mais um vinculo ecuménico que consolida a unidade
do Corpo de Cristo.

— 513 —
22 <PERGUNTE E RESP0NDEREMOS> 228/1978

5. Os desvíos da ora$ao

Urna doenca freqüente em nossos dias 6 a necessidade


de mudar por mudar. Muita gente acredita que a vida da
oracáo melhor se manifestará se se trocarem constantemente
os textos. Ora esse constante mudar produz a distragáo mais
do que o espirito de oracáo. A verdadeira e proveitosa mu-
danga é a do coragáo. É preciso que em cada celebragáo litúr
gica o coracáo se converta para tornar-se disponível á aco-
lhida da Palavra de Deus e da Tradigáo viva da Igreja. É
este o sentido da exortagáo 'Elevemos nossos coragóes' e da
resposta 'Voltamo-los para o Senhor' Se o celebrante vive
profundamente essa metaiioia, essa conversáo do seu cora-
Cao, ele profere a oracáo da Igreja de modo totalmente novo;
ele a transforma interiormente sem modificar a sua letra;
ele a enche de espirito ou do Espirito Santo Criador.

Registra-se em nossos días ainda outro desvio: a descon-


fianca para com a doutrina recebida da Igreja. Muitosgos-
tariam de recomecar desde Pentecostés, a partir da estaca
zero da Tradigáo. Ora estamos inseridos numa caudal de fé
e de oragáo que a Liturgia através dos séculos nos transmite
em sua pureza. Precisamos, mais do que' nunca, de ter o
'senso da Igreja' para nos conservamos fiéis na fé. Tantas
tarefas nos aguardam neste mundo, que vai morrendo por
nao ser alimentado pelo Evangelho, que nao podemos perder
o nosso tempo na tentativa de refazer a fé da Igreja. Esta,
transmitida-pela Liturgia, fortalece e liberta nosso espirito,
que pode entregar-se a exigencias mais prementes na linha
dos compromissos a servico dos homens.

Um terceiro desvio da oragáo é a opiniáo de que o diá


logo entre cristáos já é urna oracáo. A Liturgia consistiría
em partilhar o Evangelho e considerar a vida dos homens,
em vez de ser a entrega da vida dos homens a Deus na ado-
ragáo e na intercessáo. Urna tal forma de oracáo dobra os
homens sobre si mesmos e jamáis será libertadora.

Por fim, a nossa época, de um lado táo crítica para com


a Ünguagem, de outro lado confia demais ñas palavras, esque-
cendo que frente a Deus as palavras sao sempre simbólicas;
elas orientam os coragóes para o Inefável, sem jamáis o
poder compreender totalmente. Por que perder tempo a cor-
rigir, sem fim, os textos litúrgicos quando se sabe que as

— 514 —
CRIATÍVIDADE NA LITURGIA 23

palavras seráo sempre mera aproximacáo e deveráo ser ultra*


passadas na contemplacáo? A bela reforma dos textos litúr
gicos recentemente efetuada nao se iludía a tal respeito. Mas
pode-se dizer que todo o esforco foi exercido a fim de se ter
um texto para o nosso tempo e que se trata hoje de viver
plenamente desse notável resultado. A multiplicacáo das ini
ciativas de criatívidade em vista de corrigir o texto oficial dá
a impressáo de tagarelice: debaixo das muitas palavras, o
essencial desaparece submerso. O conjunto dos textos se torna
monocórdico, sem a feliz diversificagáo de estilos que a atual
Liturgia oferece com tanto proveito.

6. As vantagens «fe bons comentaristas

As vantagens de se ter um bom comentarista da Litur


gia, entregue á sua própria iniciativa, mas devidamente pre
parado, consistem em que ele pode chamar a atengáo para
o conteúdo do ato litúrgico antes que este comece; pode assim
preparar e interpretar o rito litúrgico antes que este se rea-
lize. Ao contrario, a alteracáo dos textos mesmos de oragáo
produz distracáo nos espíritos dos fiéis que procuram as ra-
zóes pelas quais se fizeram as alteracóes,... por que o cele
brante disse isso ou aquilo... Que intencño teve ele? De-
seja ele modificar a doutrina da Igreja?... Essas circuns
tancias nao sao favoráveis, de modo nenhum, á oracáo e á
contemplacáo.

Urna introducáo ou um comentario bem feito, conforme


o espirito do texto litúrgico que se segué, é um apelo á medi
tar sobre o que a comunidade realiza diante de Deus; é bom
que as palavras do comentador sejam seguidas de breve mo
mento de silencio, após o qual o texto litúrgico, recitado
calmamente e com todo o entendimento, toma todo o seu
relevo. Já dissemos que a atual disciplina litúrgica prevé oito
momentos para se intercalaren! exortacóes do celebrante...
Quem quisesse fazer mais do que isso ou mesmo quem qui-
sesse utilizar todas essas oportunidades, afogaria a celebra-
Cao num fluxo de palavras humanas e cansativas.

Nao se pode excluir que, no decurso de urna oracáo, de


um prefacio ou de um memento, o celebrante se sinta cha
mado a introduzir urna breve interpolagáo. Ele respeitará o
texto litúrgico, mas, seguindo o fluxo de significado do

— 515 —
24 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

mesmo, inserirá urna frase que ponha em relevo um aspecto


particular do texto sagrado.

Contudo tenhamos sempre presente o essencial do pro


blema da criatividade e da espontaneidade na Liturgia. A
verdadeira espontaneidade, a verdadeira criatividade numa
celebragáo consiste em que o celebrante se prepare bem para
dar vida aos textos, comunicando espirito á letra da Litur
gia. Urna orquestra e um solista nao criam, de novo, a par
tir do zero, um concertó executado talvez dezenas de vezes;
eles se preparam longamente para dar-lhe vida, e é precisa
mente a interpretado que Ihe dáo, em fidelidade ao texto,
viva pelo coragáo e pelo espirito dos artistas, que exprime a
espontaneidade e a criatividade dos mesmos.

Max Thurian»

II. COMENTARIO

A leitura do texto de Max Thurian sugere-nos quatro


pontos que podem ser tidos como comentarios ao mesmo:

1. O estilo litúrgico

Antes do mais, importa, notar que o estilo da Liturgia


é o da oragáo; deve contribuir para elevar os coragóes e as
mentes ao Senhor e aos valores eternos. Requer, pois, reve
rencia e um tom hierático que a consciéncia da presenga de
Deus costuma incutir aos orantes.

A fim de fomentar esse respeito em termos mais signi


ficativos para cada assembléia, é facultado aos celebrantes
intercalar breves comentarios em momentos oportunos. Tais
comentarios, porém, nao se devem transformar em aulas
nem, muito menos, em exibigáo de genialidade ou de singu-
laridade. Nao devem cansar nem gerar justa impaciencia nos
fiéis.

2. Oracáo comunitaria

O aspecto comunitario da sagrada Liturgia exige que o


celebrante se abstenha de atitudes subjetivistas e individua-

— 516 —
CRIATIVIDADE NA LITURGIA 25

listas. O sacerdote pode, vez por outra, ser levado a crer


que tal ou tal mudanga ou improvisagáo no decurso da cele-
bragáo seria útil aos fiéis; lembre-se, porém, de que as alte-
racóes assim concebidas, em vez de ajudar, talvez prejudi-
quem, pois depreciam valores objetivos, comuns, para dar
lugar a intuigóes subjetivas, de valor talvez duvidoso. Essas
alteragóes podem mesmo escandalizar, dando a impressáo de
desobediencia ou desordem na celebragáo da Liturgia. É pre
ciso, portante, que o celebrante nao imponha á assembléia
suas interpretagóes e preferencias pessoais, nao propostas
pelas rubricas. Isto é tanto mais imperioso quanto se sabe
que a reforma litúrgica já procurou deixar certa margem de
flexibilidade em diversas celebracóes, precisamente para que
o celebrante possa dar um cunho mais existencia! as funcóes
litúrgicas, fazendo esta ou aquela das opgóes oficialmente
previstas.

As indevidas intervengóes e alteragóes provocadas pelos


sacerdotes podem dividir e irritar a assembléia, atendendo a
uns cristáos com desagrado de outros. O que as inspira, nao
seria, por vezes, o gosto da mudanga pela mudanga?... Como
se tudo o que é antigo ou oficial, fosse menos bom e, por
isto, devesse ceder ao que é novo e particular... !• A Igreja
tem um patrimonio de fé e de disciplina que santificou gera-
góes e geragóes durante vinte sáculos e que certamente é
apto a santificar também a presente geragáo e as vindouras.

3. Regra de fé

«Lex orandi, lex credendi» (A maneira de orar é a ma-


neira de crer, e vice-versa). A Liturgia é um veículo antigo
e eficaz de profissáo de fé. De um lado, verifica-se que as
fórmulas da Liturgia sempre foram inspiradas ñas grandes
verdades da fé; de outro lado, sabe-se que o povo cristáo
sempre se imbuiu e ainda se imbui das verdades da fé me
diante as fórmulas da Liturgia. Por isto a Igreja desde
remotas épocas exerceu vigilancia sobre os textos a ser ado
tados no culto sagrado. Já Sao Paulo, em ICor 14, pro-
curava regulamentar o uso dos carismas (dom das linguas,
interpretagáo das mesmas, profecía...) ñas assembléias de
culto; a Apóstelo atribuía a si o direito de estabelecer nor
mas, mesmo nos casos de haver profetas inspirados entre os
fiéis: «Tudo se faga com decoro e com ordem» (ICor 14,40).

— 517 —
26 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

Verdade é que na Igreja dos tres primeiros sáculos ficava


sempre uma certa margem para improvisagóes na Liturgia.
Todavia já a partir do sáculo IV encontram-se cánones de
Concilios que restringem essa liberdade e legislam minuciosa
mente sobre o desenrolar da Liturgia. Assim, por exemplo,
o Concilio de Hipona em 393 determinava no seu canon 21:

"Ñas orajes nlnguóm se dirija ao Pal em lugar do Fllho, ou ao


Fllho em vez do Pal. Junto ao altar, o sacerdote sempre dirija a oracSo
ao Pal. Se atguém compuser alguma oracSo, nao a utiliza na Liturgia a
nSo ser que primeramente a tenha submetido aos Irmáos instrutores"
(Collectio Canonum Eccleslae Hispanas, Madrid 1808, col. 963).

O Concilio de Laodicéia em 343 prescrevia:

"NSo se recltem na igreja salmos compostos por gente desprepa


rada... nem se lelam llvros que nao estejam no canon, mas apenas se
usem os livros canónicos do Antigo e do Novo Testamento" (can. 59.
Mansl, Conelllorum amplissima collectio, t. II, col. 590).

O livro De Sacramentas, oriundo no sáculo IV e outrora


atribuido a S. Ambrosio, ao referir as preces do canon da
Missa, observa a intervalos regulares: «Ne variétur (Nao se
introduzam alteragóes)». ■

O Concilio de Milevo em 402 admoestava por sua vez:

"Na Igreja nSo se dlgam oraches que nao tenham sido redigldas
por pessoas sabias e aprovadas por um sínodo, a flm de que nao se
pronuncie algo contra a té Inspirado pela Ignorancia ou por má Inten-
cáo" (Collectio Canonum Ecclesiae Hispanae. Madrid 1808, col. 185).

A vigilancia da Igreja sobre os textos litúrgicos eviden-


ciou-se mais e mais necessária através dos sáculos pelo fato
de que os hereges freqüentemente se valeram da Liturgia
para disseminar falsas proposigóes. Tal foi o caso dos aria-
nos (sáculo IV), dos monofisitas (sáculo V), dos adopcionis-
tas (sáculo VDI), dos reformadores protestantes do conti
nente europeu (sáculo XVI). Na Inglaterra, Eduardo VI,
desejoso de introduzir a reforma protestante, mandou ela
borar o «Book of common Prayer», que seria a expressáo e
o veículo da fé reformada. Na Franga, o galicanismo dos
sáculos XVII, XVIII e XIX recorría amplamente á Liturgia
para instilar no povo cristáo a concepgáo de uma Igreja nacio
nal separada de Roma.

Eis por que até hoje a S. Igreja pede aos sacerdotes e


fiéis nao alterem os textos litúrgicos; as modifioagóes podem

— 518 —
CRIATIVIDADE NA LITURGIA 27

ter suas implicares teológicas, contribuindo (as vezes, sem


que o saibam ou queiram os seus autores) para disseminar
no povo de Deus proposicóes de fé desfiguradas ou inovadas.
É o que pode acontecer, por exemplo, quando, em vez de
dizer «Jesús Cristo nosso Senhor», se menciona táo somente
«Jesús Cristo nosso irmáo», ou quando se omite sistemática
mente a referencia aos anjos ou, aínda, quando se insinúa
que a salvacáo trazida por Cristo ao mundo tem únicamente
significado terrestre ou temporal, pois identificada com refor»
mas sócio-económicas... O depósito da fé é revelado por
Deus; aos homens compete guardá-lo ciosamente, em vez de
o alterar segundo correntes de pensamento heterogéneas.

O nosso mundo atormentado espera dos cristáos o anun


cio do Evangelho e um testemunho de vida coerente; ora tal
missáo é posta em perigo todas as vezes que um grupo de
católicos se póe a criar a sua fé e a sua disciplina próprias.

4. Mudanja inferior nuas do que exterior

Max Thurian acentúa muito sabiamente que o tipo de


mudanga que a renovagáo litúrgica propóe, é essencialmente
dependente de conversáo interior (metanoia). O significado
e o poder de comunicagáo dos textos litúrgicos sao fungáo,
em grande parte, da fé e do amor com que o celebrante os
proclama e comenta. Nao acuanta alterar os textos e os ges
tos da Liturgia se o celebrante e os fiéis nao se preparam a
urna, celebragáo consciente e profunda. Os textos oficiáis da
Liturgia podem tomar vida nova e própria para cada assem-
bléia se o celebrante se interessa por assimilá-Ios á sua ora-
cáo pessoal e transmití-los sob o impulso da fé e da sua espi-
ritualidade devidamente cultivadas. Alias, é esta urna norma
que se aplica a todo tipo de renovagáo ou reforma: se nao
se dá énfase principalmente á conversáo interior, nao há
texto ou rito sensível que satisfaga aos interessados.

Sao estas algumas reflexóes que o problema dos abusos


litúrgicos sugere a quem o aborda serenamente. Possam tor-
nar-se úteis aos nossos sacerdotes e aos fiéis em geral!

— 519 —
Ecos de nossos tempos:

biorritmo: a nova ciencia?

Em afntese: A teoría do biorritmo (ol concebida no inicio do


século XX por Swoboda e Flless, que julgavam estar o ser humano
su]e1to a tres ciclos: o físico, com a duracáo de 23 días; o emocional,
com a de 28 días; o intelectual, com a de 33 días. Esses ciclos come-
cam a ser contados desde o día do nascimento; compreendem días bons
e días críticos. Em conseqüéncla, os mestres do biorritmo enslnam o
público a calcular, mediante computadores e tabelas adequados, os seus
dias propicios e os seus dias Infellzes.
Ora contra esta teoría levantam-se varias objecSes:

1) os próprios arautos do biorritmo reconhecem que 03 tré3 ciclos


mencionados constituem algo de multo complexo, de modo que difícil
mente se pode prever, atravó3 dos cálculos, se determinado día será
bom ou mau.

2) Nada prova que o homem esteja totalmente sujelto a torcas


biofísicas e bioquímicas. Sabe-se, ao contrario, que o ser humano é
dotado de llberdade de arbitrio. A educacSo moderna visa a desenvolver
o uso da llberdade; esta procura dominar os Instintos e os elementos
cegos do ser humano. Ora o biorritmo sugere, antes, o fatalismo (há
pes-oa3 que em seus días presumidamente ruins se deixam ficar na cama
e evitam mesmo pensar...).

3) Os casos de acertó das prevlsfies biorritmicas estSo Incluidos


dentro da falxa das probabilidades. Ao Jado desses, há os casos em
que as predicóos biorrltmlcas náó se cumprlram. Além do que, o poder
do sugestlonamento explica multos acedos: a pessoa que julga estar
fadada a sofrer algum acídente ou desgrasa, sente-se combalida e pro
pensa a capitular diante dos eventos do seu día ou da sua vida.
4) O éxito da teoría do biorritmo deve-se, em grande parte, á
natural curlosldade de todo ser humano em relacfio ao seu futuro; todo
tipo de profecía e "horóscopo" desparta naturalmente grande interesse.
A isto se acrescentam a propaganda e o Interesse comercial dos produ-
tores de aparelhos de computadlo blorrltmlca.

Nfio há, pois, motivo para dar crédito a essa nova forma de "cien
cia" que é o biorritmo. Este, antes, deseduca e deforma, sem beneficiar
de manelra alguma os seus clientes.

Comentario: A imprensa tem divulgado amplamente noti


cias e anuncios referentes ao que se chama «biorritmo>. A
descoberta e a utilizagáo do biorritmo permitiriam ao ser
humano prever os seus dias críticos e acautelar-se contra
insucessos e desastres. A «nova ciencia» está associada a

— 520 —
BIORRITMO QUE fi? 29

determinado tipo de computador, mediante o qual as pes-


soas procuram calcular os seus días felizes e os infelizes...
Como se compreende, a propaganda do biorritmo tem desper
tado grande interesse no público, que deseja encontrar nesse
novo recurso um meio de escapar as desgrasas ou mesmo
de chegar á prosperidade.
Atendendo, pois, a esse interesse, vamos abaixo expor
a teoria do biorritmo, para poder avaliá-la serenamente.

1. Biorritmo : que é ?
' A teoria do biorritmo ensina que, desde o nascimento até
a morte, o ser humano é influenciado por tres ciclos inter
nos: o físico, o emocional e o intelectual.
O ciclo físico refere-se as funcóes corporais básicas do
metabolismo; diz respeito as disposicóes para digerir, andar,
dormir,... á resistencia as doencas, etc. Tem a duracáo de
23 dias.
O ciclo emocional concerne aos afetos, & saúde mental,
á criatividade, ao equilibrio dos sentimentos. Estende-se por
28 dias.
O ciclo intelectual rege as funcóes do raciocinio, da me
moria, da aprendizagem... Completa-se em 33 dias.
No dia do nascimento de todo homem os tres ciclos tém
o seu inicio no respectivo ponto zero. A partir dai, comecam
a erguer-se — o que significa fase de vida positiva ou pro
pensa ao sucesso. Sobrevertí contudo o declínio, que é impre-
visivel, de tal modo que na metade do periodo o ciclo atra-
vessa o ponto zero e entra em sua fase negativa — o que
implica indisposigáo física, emocional ou intelectual. Como se
percebe, a metade do período ou o ponto zero (passagem da
fase positiva para a negativa) ocorre aos 11,5 dias a partir
do ponto de origem, no ciclo físico de 23 dias; ocorre aos
14 dias, no ciclo emocional de 28 dias, e aos 16,5 dias no
ciclo intelectual de 33 dias. Na fase negativa as energías
sao refeitas para retomar a sua ascensáo oportunamente.
Visto que os tres ciclos tém duracáo diferente, é muito
difícil passarem pelo ponto zero no mesmo momento da vida.
Isto só acontece, dizem os estudiosos, quando a pessoa nasce
e aos 58,6 anos de idade. Em conseqüéncia, o sujeito está
geralmente sob a influencia de ritmos diversos; pode o ciclo
físico estar em alta, enquanto o emocional e o intelectual estáo

— 521 —
30 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

em fase negativa, ou vice-versa. Isto quer dizer que rara


mente a pessoa tem dias totalmente teiizes ou totalmente
infeüzes; ela passa por dias bons, dias ruins e dias interme
diarios, em dependencia das combinagóes positivas ou nega
tivas dos seus tres ciclos.
Nos dias físicamente críticos, as pessoas estáo sujeitas
a sofrer acidentes, apanhar resinados e sofrer todos os tipos
de danos corporais, inclusive a morte. — Nos dias emocio-
nalmente críticos, ocorrem disputas, rixas, depressóes psico
lógicas, frustragóes sem motivo. — Quanto aos dias em que
o ritmo intelectual está crítico, propiciam decisóes erradas,
resistencia a aprender coisas novas, dificuldade para usar a
memoria...
Em conseqüéncia, os cultores do biorritmo procuram
antecipadamente calcular as fases positivas e negativas dos
seus ciclos. Isto é feito mediante aparelho próprio — compu
tador ou disco giratorio —, que se encontra no comercio.
Além disto, certa bibliografía é oferecida ao público ñas
livrarias. Na base de tais cálculos, os homens de negocios
recusam-se a assinar contratos de importancia nos dias emo
cional ou intelectualmente críticos. Os atletas evitam parti
cipar de tomeios ou jogos nos dias físicamente críticos, pois
entáo estáo sujeitos a ferimentos e lesóes. Quando dois ou
tres ciclos do biorrítmo estáo críticos, há pessoas que ficam
na cama e procuram nao se mover, nem pensar em coisa
alguma! — Na verdade, dizem, apenas 20% dos dias da
vida humana sao críticos; os 80% restantes sao dias mistos,
cujo caráter é ambiguo. Quem sabe disto, planeja seu futuro
dando preferencia aos dias nao críticos; todos os assuntos
mais importantes sao abordados quando os tres ciclos se
encontram perto de seus picos, ao passo que nos dias mais
críticos a pessoa se abstém de facanhas relevantes.
Interessa-nos agora considerar

2. A desooberfa «lo biorritmo

Dois sao os pesquisadores aos quais se atribuí a deseo-


berta do biorritmo no fim do sécalo passado: o Dr. Hermann
Swoboda, professor de Psicología da Universidade de Viena,
e o Dr. Wilhelm Fliess, otorrinolaringologista de Berlim, que
se tornou presidente da Academia Alema de Ciencias.

Swoboda foi muito influenciado por Johann Friedrich


Herbart, que entre 1850 e 1852 publicou um Manual de Psi-

— 522 —
BIORRITMO: QUE S? 31

cologia, no qual registrava alteragóes aparentemente rítmicas


nos estados mentáis das pessoas, sem poder explicar tais
transtornos. Examinando a vivencia de seus pacientes, Swo-
boda notou que sonhos, idéias e impulsos criadores parecem
repetir-se com ritmo regular; tal fenómeno se torna notorio
em muitos artistas, que atravessam sucessivamente etapas
esteréis e penodos de criatividade frenética com variacáo
previsivel. Swoboda comegou também a fazer registros mi
nuciosos sobre a dor e a inflamagáo de tecidos dos pacientes,
considerando principalmente inflamagóes que pareciam inex-
pücáveis... 'l'ambem se interessou pelas datas de inicio e
desenvolvimento de outras enfermidades, assim como pela
flaquencia com que as pessoas sofriam ataques cardiacos e
acessos de asma. Aos poucos foi observando que esses fenó
menos físicos pareciam recorrer rítmicamente, enquadran-
do-se em ocios de 23 a 28 dias. Em conseqüéncia de tais
estudos, Swoboda publicou varios livros, entre os quais «Os
per.odos da vida humana (em seu significado psicológico e
biológico) > (1904), «Estudos sobre a base da psicología»
(1905), «O Ano de Sete», «O significado do ritmo de sete
anos em hereditariedade humana» (1954). Desejoso de faci
litar o cálculo dos dias importantes do biorritmo, Swoboda
em 1909 produziu urna régua de calcular, mediante a qual
qualquer pessoa podia descobrir com rapidez e seguranga os
seus dias críticos; tal instrumento foi acompanhado por um
folheto de instrugóes intitulado «Os dias críticos do homem>.

Finalmente em 1963, com a idade de 90 anos, faleceu


Hermann Swoboda após intensa atividade pesquisadora e
editorial.

Ao mesmo tempo que Swoboda, trabalhava Wilhelm


Fliess (1859-1928). Este pesquisador berlinense, sem previo
entendimento com seu colega vienense, chegou a condusóes
semelhantes as dele. Formado em otorrinolaringología — tera
péutica de nariz, ouvidos e garganta — no ano de 1895, teve
bom relacionamento com Sigmund Freud, que aceitava teo
rías de Fliess e confiava neste colega a ponto de submeter-se
a duas intervengóes cirúrgicas praticadas por Fliess.
Este médico comegou a suspeitar a existencia do bior
ritmo quando se pos a examinar as variagóes dos pacientes
na resistencia á doenga, principalmente em idade infantil:
coletou numerosos dados sobre o inicio de diversas enfermi
dades, a cura da febre respectiva e o eventual falecimento,
relacionando tudo isto com o dia do nasdmento da pessoa

— 523 —
32 «PERGUNTC E RESPONDEREMOS» 228/1978

em causa. Após estudos apresentados em prelegóes e traba-


lhos publicados entre 1895 e 1805, convenceu-se de que a me-
lhor explicacáo da alta ou da baixa resistencia de alguém ás
molestias se prendía a ciclos de 23 a 28 días, ciclos que vém
a ser a estrutura do biorritmo. Nao contente com esta veri-
ficacáo apenas, Fliess quis indagar a causa da periodicidade
dos ciclos físico e emocional: por que afetam o comporta-
mentó humano com tanta profundidade? Para responder a
esta pergunta, observou que os organismos muito primitivos
sao unissexuais ou hermafroditas; ia medida que a vida evo-
lui, os dois sexos váo-se diferenciando por características físi
cas e psíquicas próprias; todavía mesmo nos graus mais evo-
luidos da vida permanecen! vestigios do estágio unissexual
anterior; em conseqüéncia, todo individuo humano estaría sob
a influencia de hormónios tanto masculinos como femininos.
Mais: Fliess julgava que as células masculinas e femini-
nas no corpo humano tém ritmos diferentes; ás células femi-
ninas ele atribuiu o ritmo de 28 dias (que corresponde ao
ciclo emocional) e ás células masculinas o ritmo de 23 dias
(que corresponde ao do ciclo físico); Fliess também quis
explicar a variacáo do ciclo menstrual de 26 a 33 dias pela
combinacáo dos ritmos masculino e feminino da mulher. A
tese da bissexualidade das células humanas, proposta por
Fliess, terá sido adotada por Freud.

Urna vez estabelecidas tais premissas, o médico alemáo


se entregou & construgáo da aparelhagem matemática neces-
sária para calcular o biorritmo das pessoas interessadas.
A obra de Swoboda e Fliess ainda recebeu complementa-
gáo por parte do engenheiro austríaco Alfred Teltscher. Este
observou que até os melhores estudantes parecem ter dias
bons e dias ruins; para averiguar as causas de tal fenómeno,
comparou entre si as datas dos exames escolares e as do
nascimento de cada aluno seu. Assim chegou á conclusáo de
que o ritmo intelectual do ser humano está enquadrado em
ciclos de 33 dias; a capacidade cerebral de absorver e expri
mir idéias novas estaría sujeita a relógios internos como os
outros ciclos.

Estavam assim descobertos os fundamentos da atual teo


ría do biorritmo. Tais bases seriam aperfeicpadas e ulterior
mente desenvolvidas com o passar do tempo.
Apesar do aperfeigoamento da tese do biorritmo, os arau-
tos da mesma em nossos dias reconhecem-lhe pontos fráeos:

— 524 —
BIORRITMO: QUE É? 33

1) Os tres grandes ritmos sao interdependentes entre


si; nenhum deles é táo forte que sobrepuje os outros dois;
sempre agem em conjunto. Por isto em dia emocionalmente
critico pode acontecer que os ritmos físico e intelectual, em
fase positiva, neutralizan as ameacas provenientes do ciclo
emocional;

2) os fatores (ou relógios) internos que regem o com-


portamento humano, dependem das circunstancias ou do am
biente no qual vive cada pessoa; em conseqüéncia, as predi-
góes obtidas mediante os cálculos do biorritmo podem nao se
verificar nos termos previstos.

Nao obstante, os'defensores do biorritmo julgam válido


o estudo deste, pois sempre fica alguma probabilidade de
acertó ñas previsóes — o que permite nortear a conduta das
pessoas.

Bernard Gittelson, autor de «Biorritmo. Ciencia Pessbal»,


k p. 42, baseando-se no fato de que o ciclo emocional dura
28 dias, diz o seguinte:
"Como o ritmo emocional passa de positivo para negativo (ou vlce-
-versa) a cada duas semanas e principia no día do nasclmento, o prl-
melro día emocionalmente critico ocorre duá3 semanas após o día do
nasclmento. Todos os días emocionalmente críticos a partir de entáo, ató
o día do faleclmento, ocorrerfio com Intervalo de duas semanas. Se voco
nasceu numa sexta-felra, cada segunda sexta-ieira será critica... Basta
descobrlr o día em que nasceu e perguntar a si próprlo se esse día
explica multas de suas oscllacoes mals profundas no estado de espi
rito" (p. 42) i.

Hoje em dia existém computadores fabricados em vista


do cálculo do biorritmo. Ássim o Biocom 200, de origem
japonesa e de porte pequeño. A firma Olivetti em 1973 tam-
bém produziu o seu microcomputadór de biorritmo. Nos Es
tados Unidos George Thommen inventou o Dialgraf, que é
urna especie de régua de cálculo circular para o biorritmo;
o mesmo Thommen produziu um dispositivo mais popular
— o Cylclgraf — que recorre a cartóes especiáis. B. J. Krause-
-Poray, colega de Thommen na Australia, aperfeigoou um
calendario biorrítmico...

1A respelto nSo podemos omitir urna observacfio: é evidente que a


praposlcfio ácima sugestiona a pessoa Interessada. Se esta Julga que
todas as sextas-feiras ocurrentes de qulnze em qulnze dia3 sSo fatídicas
em sua vida, ela está propensa a se delxar derrotar pelos aconteclmentos
dessas sextas-feiras. Estas serfio Infellzes nSo por causa do pretenso bior
ritmo, mas por causa do condiclonamento que o paciente terá aceito.

— 525 —
34 «PERGUNTE E RESPONpEREMOS>_228/iq78

Os adeptos da teoría pretendem ainda corrobora-la nar


rando casos de pessoas em que o biorritmo e acontecimentos
da vida de tais individuos oonvergiam na mcsma qualificagáo.

Importa-nos agora proferir a respeito

3. Urna ovaliagao serena


Proporemos duas observagóes genéricas, após as quais
consideraremos diretamente a tese do biorritmo.

3.1. Duas observacóes genéricas

1) Reconhegamos que a constituigáo humana é psicos-


somática, ou seja, composta de alma espiritual e corpo mate
rial. Em conseqüéncia, estamos sujeitos a leis da biofísica e
da bioquímica: adquirimos e gastamos energías, necessitamos
de alimentagáo e de repouso, como precisamos de exercicio
e de trabalho. Isto explica que haja, na vida humana, perio
dos de maior produtividade e outros de menos rendimento;
há, portante, fases de disposigóes psicossomáticas mais feli-
zes e fases de disposigóes menos felizes; essa alternancia rít
mica é natural, mas reconhegamos que é flexível e sujeita á
forga de vontade de cada um.

Em outras palavras: as no§sas capacidades físicas e psí


quicas sao finitas. Por isto elas nos impóem seus limites, ou
seja, termos além dos quais os elementos positivos (a comida,
a bebida, o repouso, a recreagáo...) se tornam negativos,
ou mesmo prejudiciais á saúde física e ps.quica; é o que
explica, em parte, que fases boas e menos boas sucedam
urnas as outras em nossa vida psicossomática.

2) Também é preciso reconhecer que o homem está


ímerso num universo marcado pelo ritmo do tempo (día e
noíte, fases da lúa, estagóes do ano...). Isto, sem dúvida,
repercute na constituigáo físico-psíquica das pessoas. A noite,
com sua escuridáo, nos torna propensos ao sonó, ao passo
que o día, com sua claridade, excita ao trabalho e á opero-
sidade... O veráo, com seu calor, leva a preferir certos
alimentos, mais sadios entáo do que outros, ao passo que o
invernó pede regime alimentar diverso; um diá nublado ou
chuvoso muitaá vezes nos acabrunha, ao passo que um dia
de céu azul nos torna alegres e felizes...; o veráo convida
a viajar para as praias ou as montanhas, enquanto o invernó

— 526 —
BIORRÍTMO: QUE fi? 35

tem seus esportes próprios... Somos, sim, dependentes do


ambiente em que vivemos, ambiente que sugere um ritmo
natural (nao, porém, inexorável ou inevitável) de vida...

É, pois, nestes termos que se pode reconhecer urna certa


veracidade á expressáo «biorritmo». Faz-se mister, porém,
frisar que esse tipo de ritmo é assaz flexível, ficando subor
dinado á livre vontade do homem; este tem conseguido, por
exemplo, apagar ou inverter a diferenga entre o dia e a noite,
trabalhando a noite inteira e repousando em grande parte
do dia.

Feitas estas observagóes, nao podemos deixar de levantar


serias objegóes contra a teoría do biorritmo.

2.2. Objeeóes

Proporemos cinco ponderagóes:

2.2.1. Fundaméntaselo insegura

A teoría do biorritmo exagera o caráter ciclico de certos


fenómenos da vida humana, como sao a fome, o sonó, a.
vigilia, o ciclo menstrual..., presumindo que todo o compor-
tamento humano esteja sujeito ao imperio de forgas biofísi
cas e bioquímicas. Ora tal suposicáo é gratuita. Alias, os
próprios fautores da teoría reconhecem que os tres presumi
dos ciclos (o físico, o emocional e o intelectual), desenrolan-
do-se com suas características próprias, nao permitem sem-
pre prever claramente as disposigóes do sujeito:
"A forca relativa dos ritmos físico, emocional e intelectual varia con
forme as pessoas. É tollce generalizar sobre quals ritmos, em que fases,
domlnarSo outros ritmos e fases, e tal problema vem naturalmente com
plicar a questSo de interpretar os días mistos — questSo esta que Já ó
por si bastante ambigua" (B. Gittelson, obra citada, p. 44).

É, pois, gratuita, a premissa de que a conduta do homem


é regida pelos ciclos do biorrítmo. Os casos concretos que
os arautos da teoría propóem como comprovantes de suas
idéias, nao as demonstram; também se conhecem casos de
pessoas que foram vitimas de tremendos desastres em días
que o respectivo biorritmo nao indicara como sinistro. Ver
observagóes sob o titulo 2.2.3.

Por conseguinte, os desastres que presumidamente ocor-


rem nos dias críticos do biorrítmo das respectivas vitimas, sao

— 527 —
36 <PERGUNTE E RESPONDEREMOS> 228/1978

os que o cálculo das probabilidades poderia prever; pode-se


dizer que a cota provavel nao foi ultrapassada.

Insistamos também sobre o seguinte ponto:

2.2.2. A llberdade de arbitrio

Faz-se mister salientar que o ser humano sadio ou ñor-


mal é dotado de liberdade de arbitrio. Esta diferencia o
homem dos viventes írracionais e dos robos. Embora tenha-
mos as nossas tendencias afetivas espontaneas, somos capazes
de moldá-las segundo o nosso ideal; somos capazes de criar
hábitos contrarios aos nossos instintos, corrigindo-nos e rees-
truturando-nos do ponto de vista ético, a fim de atingirmos
determinada meta livremente escolhida.

Sabemos também que a educagáo recebida de outros e


a sociedade na qual vivemos, nos podem influenciar profun
damente, de modo a revirar o que haja de cegó ou mera
mente mecánico em nos.

A escola hoje em dia tende a educar para a liberdade,


ou seja, para fazer que a pessoa se sinta capaz de optar com
dignidade em vez de se deixar subjugar por instintos ou
torgas mecánicas ou por condicionamentos fatalistas.

Em contraposigáo, a teoría do biorritmo incute atitude


fatalista, dando a crer que ,a pessoa esteja fadada ao mau
éxito físico, emocional ou intelectual em cértos dias do ano.
Tende a reduzir o ser humano á condicáo de joguete de for
gas biofísicas e bioquímicas, provocando a alienagáo e a
degradacáo do mesmo (a ponto de certas pessoas quererem
ficar na cama, prostradas e alheias a qualquer realidade, nos
dias tidos como ruins!). O biorritmo assim nao valoriza sufi
cientemente a capacidade que o homem tem (e deve pro
curar ter cada vez mais), de dominar e modelar seu biotipo;
antes, leva a pessoa a condicionar-se de antemáo a circuns
tancias sobre as quais o homem é chamado a exercer seu
dominio. A grandeza de urna personalidade consiste em mo
delar as tendencias inatas, em vez de se submeter a elas
numa atitude conformista irracional.

2.2.3. Experiencias negativos

Certas pesquisas levadas a efeito nos Estados Unidos


comprovaram experimentalmente ser Uusória a teoría do bior-

— 528 —
BIORRITMO: QUE fi? 37

ritmo. Citemos, por exemplo, o ocorrido na Laurentían Uni-


versity em Sudbury, Ontario. Os professores Michael A. Per-
singer, Walter J. Cooke e Jean T. Joanes analisaram quatro-
centos acidentes verificados em minas de duas industrias
tanto na superficie como em subterráneos; tendo procurado
averiguar se haviam ocorrido nos dias ditos «críticos» das
pessoas vítimas, chegaram a conclusáo de que os desastres
nada tínham a ver com os presumidos dias infelizes do bior
ritmo. — Outra pesquisa realizada pelo prof. Johan W. Schaf-
fer da John Hopkins University levou em conta duzentos e
cinqüenta acidentes ocorridos em rodovias; ficou também
averiguado que os infortunios nao correspondían! aos propa
lados dias críticos dos motoristas. É o que leva os dentistas
a desacreditar a teoria do biorritmo.

A propósito de estudos feitos em pacientes a fim de ave


riguar a incidencia de desgracas em dias críticos do bior
ritmo, vejam-se os dois artigos publicados pela revista sema
nal norte-americana «Science News», vol. 113, 1978, pp. 118
e 376. Tal publicacáo resume pesquisas cujos resultados cons-
tam dos periódicos «Archives of General Psychiatry» e «Per-
ceptual and Motor Skills». As conclusóes a que chegaram
tais estudos de casos concretos, sao desfavoráveis a teoría
do biorritmo.

2.2.4. E a aceitas» *> biorritmo pelo público?

O sucesso que a tese do biorritmo tem logrado na socie-


dade, pode explicar-se por dois fatores importantes:

a) de um lado, toda pessoa senté o desejo inato de des


vendar o seu futuro e de penetrar nos fenómenos que lhe
parecem misteriosos. É espontáneo aos homens querer livrar-se
dos imprevistos e dominar a sua vida. Por isto toda teoría
que prometa satisfazer a tais tendencias, há de lograr acei-
tacáo por parte do grande público, que, em tais momentos,
mais fácilmente se deixa levar pela fantasía e a emocáo do
que pelo raciocinio. Tenha-se em vista o interesse sentimen
tal despertado pelo horóscopo, que, prometendo sadia orien-
tagáo, nao faz senáo alienar a pessoa!

b) Há interesses comerciáis na propaganda feita a favor


do biorritmo. Os aparelhos e os livros até agora vendidos a
propósito constituem notável fonte de lucro. Ora infelizmente
a cobiga de vantagens comerciáis prevalece muitas vezes sobre

— 529 —
38 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

outros interesses, mais elevados e dignos, na sociedade con


temporánea. O ser humano incauto é, nao raro, manipulado
segundo intenses espurias, revestidas de capa «científica».
Já dizia o adagio latino: «Vulgos vult decipi» (a massa gosta
de ser iludida).

2.2.5. E os casos tidos como eomprovontes ?

Os propalados casos de coincidencia de desgraga com dias


críticos ou de ventura com dias bons do biorritmo, podem
ser entendidos á luz de duas ponderagóes:

a) O poder da sugestáo é sempre muito importante.


Se alguém Julga estar num dia crítico, condiciona-se a expe
rimentar infortunios; comega seu programa de atividades já
combalido, na espreita de ser vitima de acidentes ou pouca
sorte. Ora essa atitude interior certamente induz a pessoa a
criar em si mesma, talvez inconscientemente, urna situagáo
de desánimo e mal-estar, no qual os assuntos que poderiam
ser bem sucedidos vém a ter mau éxito.

b) Em toda serie de «profecías» há sempre algumas


que «dáo certo», porque também o acertó tem a sua proba-
bilidade de ocorrer. Nao nos impressionemos, pois, com os
casos em que as previsóes biorrítimicas foram confirmadas
pela realidade; seria preciso levar em conta outrossim os casos
em que outras previsóes biorrítmicas foram desmentidas pelos
fatos...

Em conclusa©, vemos neste recente surto de interesse


pelo biorritmo mais urna expressáo dos anseios que o homem
contemporáneo experimenta em demanda da Verdade e da
Vida. Em última análise, é a sede de Deus, do Bem Infinito,
que assim se manifesta. Ora Deus é mais fácil de ser encon
trado do que os resultados de cálculos... «Tu nao me pro
curarías, se já nao me tivesses encontrado», diz Jesús segundo
segundo Pascal. Toda oragáo filial e simples, elevada do fundo
da alma ao Pai, já é um encontró com a Verdade e a Vida;
Deus nao pode deixar de lhe dar a Sua Resposta !

A propósito, como llvro Introdutórlo no assunto, podemos citar


Bernard Glttelson, Biorritmo. Urna citada passoal. Artenova, Rio de
Janeiro 1977.

— 530 —
Na época das saltas:

mais urna vez a seita de moon

Em ahítese: Sun Myung Moon é um coreano de 58 anos de Idade,


fllho de familia presbiteriana, que diz ter recebldo revelacOes da parte
de Deus e Insinúa ser o novo Messlas ou o tercelro Ad&o, que-velo con
sumar a historia. Tendo comecado sua campanha religiosa na Córela,
Incompatiblllzou-se com os comunistas e estabeleceu-se nos Estados Uni
dos da América, onde desfruta de grande riqueza e leva vida farta.

. Os adeptos da seita de Moon sfio allclados e tratados segundo meios


nem sempre honestos, sujeitos. como sSo a pressdes moráis e a processos
que despersonalizam o ser humano (trabalho extenuante, sonó reduzido,
proibicfio de agrupamentos livres e de critica). O que atrai os jovens
ao Moonlsmo ou á Assoclac&o para a Unlflcacfio do Cristianismo Mundial
(A.U.C.M.), ó o clima de fraternidade e de acolhida que a seita' ofe-
rece ¿ prlmelra vista; é também o fervor ou o entusiasmo com que os
dirigentes apregoam as suas idéias; é ainda a segurarla com que pre-
conlzem a luta contra o comunismo e a adesfio á orientac&o política dos
Estados Unidos da (América, tidos como na$fio escolhlda por Deus para
ser o baluarte da fé crista. Em suma, a mística exaltada e "profétlca",
em meio ao cetlclsmo reinante em ambientes outrora religiosos, desperté
os |ovens e os move a procurar na sella urna resposta aos seus anseios
transcendentais. Contra a seita e os seus indignos procedlmentos jé tdm
levantado a voz blspos e escritores da Igreja Católica asslm como
ex-moonlstas, que falam de sua experiencia próprla.

Comentario: A seita de Moon já é atuante no Brasil,


tendo urna de suas sedes mais notorias em Belo Horizonte.
Já em PR 212/1977, pp. 353-363, demos noticia da pessoa e
da doutrina de Sun Myung Moon, o fundador da seita. Aten-
dendo, porém, a pedido de nossos leitores, voltamos a apre-
sentár, em sintese, dados biográficos e teses de Moon assim
como algumas informacóes sobre o tipo de vida e as ativi-
dades dos moonistas. — O Moonismo vem a ser mais urna
entre as seitas que caracterizan! a época moderna e significa
a sede — nem sempre bem orientada — que os homens con
temporáneos experimentam em relagáo aos valores transcen
dentais.

— 531 —
40 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

1. Quem é Sun Myung Moon?

Sun Myung Moon nasceu na Coréia do Sul aos 6 de


Janeiro de 1920, como descendente de familia presbiteriana.
No día de Páscoa de 1936, quando tinha dezesseis anos, sen-
tiu que Jesús lhe aparecía e o mandava consumar a missáo
que Ele, Jesús, deixara inacabada. Durante nove anos Moon
estudou e orou: diz ter tido coloquios diretos com Jesús Cristo,
que lhe deu a conhecer segredos nao contados na Biblia; assim
Moon pode descobrir os «Principios Divinos» da criacáo e da
salvagáo do mundo, que ele publicou em livro portador desse
título.

Moon comegou a pregar na Coréia do Norte em fins da


segunda guerra mundial (1939-1945). Era breve foi encar-
cerado e submetído á tortura pelos comunistas, depois enviado
a um campo de trabalhos forgados, onde ficou tres anos. Li
bertado pelas tropas norte-americanas em 1950, retómou sua
missáo. Hoje vive, refugiado, nos Estados Unidos da Amé
rica do Norte.

Em 1954 fúndou a «Associacáo para a Unificagáo do Cris


tianismo Mundial» (AUCM).

Diversas questóes se levantam a respeito de Moon, pro-


vocando discussóes:

1) Moon parece favorecer (ou, se nao favorece, aceita)


um estranho culto de sua personalidade; ele se insinúa o Mes-
sias e é chamado tal, ou também o Senhor da segunda vinda.
Refere-se que ele mesmo se apresentou como sendo maior do
que Jesús.

2) Casado em quatro matrimonios e pai de sete filhos,


Moon foi preso diversas vezes na Coréia como adúltero,
bigamo, ofensivo aos bons costumes.

3) Chegado pobre aos Estados Unidos, hoje Moon e o


seu Movimento dispóem de riqueza estimada em quinze mi-
lhóes de dólares. Urna fonte de informacóes norte-americana
noticioü que lhe toca a renda de seis milhóes de dólares por
ano. Mora em suntuosa mansáo no bairro de Wetchester
(periferia' de Nova Iorque), e possui numerosas proprieda-
des, sendo acionista de muitas firmas importantes. Os diri-

— 532 —
A SEITA DE MOON 41

gentes do movimento moonista levam tipo de vida farta...


Os observadores perguntam como tal riqueza foi adquirida...
Há quem responda que para tanto contribuiram as relagóes
de Moon com grupos políticos (ou talvez com a CÍA) e o
apoio que o mesmo deu a Nixon por ocasiáo do caso Water-
gate.

Examinemos agora

2. A «butrino da AUCM

Tal doutrina é exposta em obra volumosa intitulada «Os


principios divinos». Outro livro menor, «Cristianismo em
crise. Nova Esperanga», reproduz tres conferencias de Moon.
Há opúsculos moonitas que apregoam conversáo interior e
soais de Moon. Ei-la compendiada :

A mensagem universal de Moon vem a ser um misto de


passagens bíblicas (tomadas, sem discernimento, ao pé da
letra), de filosofía oriental (dualismo taoísta) e de idéias pes-
soais de Moon. Ei-la compendiada:

2.1.. Os principios da eria$áo

Deus existe para amar. Por isto Ele criou o mundo,


projetando de modo especial a sua imagem no casal humano.
A relagáo de «dar e receber» existente no casal é o modelo
de qualquer outro relacionamento; tudo foi criado á seme-
lhanca do binomio humano. Por conseguinte, o próprio Deus,
do qual tudo se deriva, deve ter as características masculina
e feminina, ou também as características de sujeito e objeto.
O nome «Deus Pab significa Deus como sujeito interior mas
culino, ao passo que as criaturas sao o objeto feminino desse
sujeito.

Para o homem, como para Deus, só existe vitalidade e


alegría se lhe é dada urna parceira.que ele ame de todo o
coragáo e de quém receba amor.

2.2. A queda do homem 4

6 arcanjo Lucífero tomou-se de inveja por Adáo, por


que julgava que Deus amava a este mais do que a ele. Por

— 533 —
42^ «PERGUNTE E RESPONDEREMOS* 228/1978

isto cedeu á paixáo para com Eva, seduzindo-a e fornicando


com ela. Entáo Lucífero tornou-se Satanás, e Eva tentou
Adáo, que teve relacóes carnais com ela antes da época pre
vista por Deus. Dai por diante Adáo e Eva foram assujeita-
dos a Satanás e aos espirites maus; tornafam-se incapazes
de amar, pois a relacáo «dar e receber» fora deturpada; o
género humano, descendente dos primeiros pais, está cónse-
qüentemente privado do senso de fraternidade. O meio de
restaurar o Reino de Deus sobre a térra há de ser o casa
mento de um homem e de urna mulher perfeitos, que pode-
ráo gerar urna nova humanidade sem pecado.

2.3. Jesús: sua mSssáo

Jesús veio para estabelecer o Reino de Deus visível (cf.


Is 11 e 60; Le 1,31-33) e gerar a humanidade nova. Fracas-
sou, porém, em tudo.

Com efeito, Joáo Batista alimentava dúvidas a respeito


de Jesús; por isto, seguiu o seu próprio caminho em vez de
sustentar Jesús. Nem mesmo a familia de Jesús o compreen-
dia; ela nao cumpria a vontade de Deus. O silencio do Evan-
gelho a respeito dos trinta anos passados em Nazaré se deve
a que Jesús viveu em grande angustia e dor no seio de sua
familia. Muitos fatos ficaram desconhecidos ao público, mas
foram revelados por Jesús a Moon; este, porém, nao pode
falar a respeito sem motivo imperioso. Por causa desses pre
cedentes, o povo nao aceitou Jesús, apesar dos milagres
deste. Vendo, pois, que nao poderia realizar a sua missáo,
Jesús pós-se a falar da volta do Filho do homem, esperando
assim salvar o essencial da sua tarefa. Deus jamáis quis um
Messias padecente; prova disto foi a tristeza de Jesús em
sua agonia. Após a crucifixáó, Deus ressuscitou Jesús «por
restituicáo». Mas o Reino visivel ainda está por ser instau
rado; para tanto, aguarda-se urna segunda vinda: ... a do
Messias dos «Pioneiros» (Sun Myung Moon...?).

Mediante Jesús, Deus tencionava restaurar o casamento


perfeito e fecundo. Por isto quería encontrar urna auténtica
esposa para Jesús; em conseqüéncia, Jesús se apresentou
como o esposo (cf. Me 2,19s). Se Jesús se tivesse casado,
teria dado inicio a nova humanidade. Mas, morto prematu
ramente, nao pode encontrar a esposa perfeita nem realizar

— 534 —
A SETTA DE MOON 43

a cópula abencoada. Vira, porém, um Messias como terceiro


Adáo (Moon?!), que realizará tal missáo.

Jesús mesmo é mero homem. Nao é Deus, pois Deus


nao pode ser limitado pelo corpo de um homem.

2.4. A comumasSo da historia

A segunda vinda do .Messias pora termo á soberanía de


Satanás e do mal, mas o mundo continuará, transformado
em reino do céu. Alias, esta transformacáo já comecou em
1960, quando os «Pioneiros» moonistas iniciaram sua obra.
Estes preparam a segunda vinda do Senhor, mediante revé-
Iacoes de Deus cem vezes mais lúcidas do que o Novo Tes
tamento. Jesús nao voltará, porque fracassou. Todavía há
perigo de que os cristáos se deixem obcecar pelo Novo Tes
tamento e rejeitem o Senhor ou o terceiro Adáo, como os
judeus, obcecados pelo Antigo Testamento, rejeitaram Jesús
ou o segundo Adáo.

3. A vida dos grupos moonistas


t

Os membros da AUCM vivem em comunidades «caris-


máticas», com ou sem habitacáo comum. Caracterizam-se
esses grupos por

a) urna intensa vida comunitaria, que atrai jovens ávi


dos de amizade e carentes do carinho que a familia lhes
deveria oferecer. Entre eles há grande uniáo afetíva, de
modo qué dizem levar «vida de familia»;

b) urna vida de oracáo que vai de urna a duas horas


por dia, em estilo afetivo, sentimental e espontaneo; os oran
tes falam sem parar — o que as vczes dá a impressáo de
provir de certp «encantamento» e provocar «deslumbra-
mento»;

c) urna grande austeridade. A alimentagio é, multas


vezes, pobre, e o sonó «racionado» (das 2h as 6h lOmin da*
manhá em alguns grupos). O trabalho é exigente, esten-
dendo-se por dezesseis horas diarias em alguns casos (quando
oficialmente leva apenas oito horas). Os «lazeres» propria-
mente nao exlstem, pois as horas que seriam destinadas a

_ 535 _
44 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978

isto sao ocupadas por conferencias e cantos. As conversas


particulares, ou seja, entre pessoas que já se conheciam ou
em grupos pequeños sao impossíveis, porque um dos vigilan
tes da Sociedade intervém e as dissipa. As cartas dos moonis-
tas aos familiares sao proibidas, ficando apenas permitidos
os cartóes postais. As unióes conjugáis sao decididas pelos
dirigentes, muitas vezes pelo próprio Moon, baseado numa
lista de cinco candidatos ou em um álbum de fotografías;

d) espirito «missionário» muito ativo, principalmente


entre jovens : seminaristas, Religiosas, estudantes...

A agáo missionária ou propagandista desenvolvida pelos


pioneiros moonistas (que sao meros veículos do pensamento
de seus chefes) nem sempre emprega tátioas honestas, mas,
ao contrario, recorre a inverdades. Por exemplo,

— nos países predominantemente cristáos, os moonistas


se apresentam como cristáos, quando na-verdade a mensa-
gem moonista nao é crista;

— apregoam o ecumenismo e a urgencia de restaurar a


unidade entre as denominagóes cristas, ao mesmo tempo que
deturpam sistemáticamente as comunidades cristas;

— afirman» que o clero católico (as vezes mesmo citam


algum bispo) está de acordó, com a AUCM, que tal ou
tal reuniáo moonista recebeu a aprovagáo de dirigentes cató
licos, embora as pessoas citadas se tenham manifestado con
trarias ao Movimento.

O ánimo proselitista leva mutos jovens ao estrangeiro


para ai implantaren! a sua seita. Muitos váo, pois, para os
Estados Unidos, o Japáo, a Coréia do Sul e últimamente para
o Brasil. Verdade é que a seita de Moon tem sofrido a
recusa dos dirigentes cristáos de tal ou tal localidade... Dou-
tro lado, a AUCM restituí as suas familias os jovens cuja
saúde esteja abalada.

4. Diretrizes políticas
Quem lé as publicagóes da AUCM, tem a impressáo de que
é urna sociedade anticomunista e pró-americana de rótulo
religioso.

— 536 —
A SETTA DE MOON 45

Moon distingue apenas dois tipos de homens: os comu


nistas e os cristaos (ou seja, todos os outros, qualquer que
seja a sua arenca ou a sua filosofía). Para corroborar este
modo de pensar, cita duas passagens do Evangelho:

Mt 25,32s: o Filho do homem, no dia do juizo final, colo


cará as bvelhas á direita, e os cabritos á esquérda... Direita
e esquérda, no caso, significariam o mundo livre e o mundo
comunista.

Le 23,39-43: dos dois ladróes crucificados com Jesús, o


da direita, penitente, significaría o mundo democrático, do
qual os Estados Unidos sao o centro; o da esquerda, endu
recido no mal, simbolizaría o mundo comunista.

Alias, segundo Moon, foi nestes dois textos do Evange


lho que, em última análise, tiveram origem os apelativos
«direita» e «esquerda» usados em linguagem politica; cf.
«Christianisme en crise» pp. 58-60. 104;

A salvagáo consiste em aderir á política e aos interesses


dos Estados Unidos, nagáo pioneira do campo direito e, por
isto, pioneira de Deus, para lutar contra o campo da esquerda.
Moon aplica aos Estados Unidos o que a S. Escritura refere
ao povo de Israel: sao o país abencoado, no qual se réfugia-
ram os puritanos, deixando sua familia e sua patria, como
outrora Abraáo ; Deus os protegeu e salvou dos inimigos,
colocando-se do lado de George Washington, novo Davi, e
dos colonos americanos; depositou riquezas ñas máos deles,
porque precisava de urna nagáo crista poderosa a fim de ser
«seu instrumento para a salvacáo do mundo». «O futuro do
mundo inteiro depende da América do Norte: é a campea
de Deus e o milagre da historia moderna», diz Moon. Dos
Estados Unidos sairá a salvagáo do mundo. Foi por isto que
Deus enviou Moon para lá: «Amo a Deus, e Deus ama os
Estados Unidos». Sem dúvida, Moon reconhece que este país
atualmente está «deteriorado» pelas drogas, pelo racismo,
pela delinqüéncia juvenil, pelo divorcio, pelo ateísmo; sabe
que a juventude norte-americana se tem entregue ao mate
rialismo. Nao obstante, desenvolve um programa bem defi
nido e certeiro: julgam alguns observadores que Moon esta
ría procurando congregar os elementos de urna futura bri
gada internacional destinada a lutar contra o comunismo na
Coréia do Sul.

Pergunta-se agora:

— 537 —
46 tPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 228/1978 ^

5. Por que o éxito da AUCM ?

Diante dos pronunciamentos e das atitudes dos mem-


bros da AUCM, muitos dos genitores e familiares de jovens
moonistas contituiram na Franca a «Association pour la Dé-
fense des valéurs familiales et de l'individu» (Associagáo para
a defesa dos valores da familia e do individuo). Tém em
mira lutar contra o totalitarismo de Moon, apoiado em méto
dos psicológicos que visam a submeter os incautos e despre
venidos.

Todavía pergunta-se: como pode táo estranha e eclétíca


mensagem atrair tantos jovens, principalmente das classes
medias intelectuais?,

Eis as razóes que mais verossimeis parecem:

a) o que os moonistas oferecem para comegar, é ami-


zade, fraternidade, comunidade. A principio, nao falam de
doutrina; recusam-se mesmo a. responder a perguntas ati
nentes a esta;

b) para muitos jovens de hoje, a fé consiste mais em


sentimento ou em atitudes afetivas do que em doutrina. Dáo
mais valor <k sinceridade do que á verdáde. Pouco importa o
conteúdo de alguma mensagem; o que importa, é aderir a
determinada mensagem. Ora, dizem, entre os moonistas, como
entre as Testemunhas de Jéová, os Pentecostais e outros
membros de seitas, encontram-se entusiasmo e calor humano
que, á primeira vista, nao acham ñas clássicas comunidades
cristas;

c) em contraparte, muitas pessoas tém a impressáo de


que na Igreja Católica a doutrina está vacilando; faltam gran
des certezas ou verdades sólidas, ao passo que ñas novas
comunidades, como a de Moon, há urna mensagem que parece
coesa, precisa, com incidencias Imediatas na vida de seus
adeptos (novas revelacóes, vinda próxima do terceiro Adáo,
posigóes políticas definidas, etc.). Ora o homem de hoje quer
certezas..., certezas, alias, que nao somente nao faltam na
Igreja Católica, mas sao mais sólidas nesta porque isentas de
fantasía puramente imaginativa;

d) os processos de recrutamento aplicados pela AUCM


sao poderosos: equivalem a condicionamentos psicológicos do

— 538 —■
A SEITA DE MOON 47

tipo da lavagem de cránio e outros métodos dos regimes


totalitarios. Tendem a impedir tanto a reflexáo pessoal quanto
o diálogo em pequeños grupos, tornando difícil urna visáo
objetiva ou um distanciamento critico. Acrescente-se a isto
a austeridade e o desgaste de forcas físicas ocasionados pelo
regime da AUCM; isto tudo faz do Moonismo urna escola
que acaba por destruir as personalidades e produzir seres que
sao joguetes de idéias alheias. Muitos dos genitores de jovens
moonistas observam que os seus filhos se lhes apresentam
como que drogados ou vitimas de encantamento, ou seja, pro
fundamente transformados.

Na verdade, parece que os dirigentes moonistas nao exer-


cem pressáo física sobre os jovens para que permanegam na
seita, mas, sim, pressáo moral: a quem manifesté o désejo
de abandonar a AUCM, os mestres suscitam problemas de
consciéncia, apontando-lhe os sacrificios que a seita faz em
seu favor e a gratuidade que o beneficia. Caso descubram
dúvidas no íntimo de algum membro da seita, mandam-no
para o estrangeiro, onde só lhe resta aderir mais firmemente
ao seu grupo.

Estes dados contribuem para que o leitor possa conce-


ber a nocáo do que sejam o Moonismo e a sua agáo nefasta,
que já se fazem sentir no Brasil.

Bibliografía:

Além das obras de Sun Myung Moon, já mencionadas á p. 533, refe


rimos

B. Polrler, La secte de Moon, em "Etudes", aoút-septembre 1975,


pp. 211-218.

A. Woodrow, em "Le Monde" de 4/03/75.

"Ouest Franco" de 2/06/75.

Fr. Lombardl, La setta di Sun Myung Moon e II proselittsmo dalle


sette, em "La Civiltá Cattollca" 3044, 16/04/77, pp. 160-169.

PR 212/1977, pp. 353-363 (o Moonismo).

Estévao Bettenoourt O.S.B.

— 539 —
livros em estante
Moral do amor e da sexualldade, por Marciano Vidal. TraducSo de
Isabel Fontes Leal Ferrelra. Ed. Paulinas, Sao Paulo 1978. 145x210 mm,
412 pp.

O autor é sacerdote redentorlsta e professor universitario. Oferece-nos


um grosso volume sobre delicado assunto, reconhecendo que nao se trata
de obra definitiva, mas, sim, de um convite ao diálogo comum entre médicos,
psicólogos, sociólogos e teólogos (cf. p. 5). A leitura de tal estudo é útil
a títulos diversos:

— O autor aprésenla urna boa introdugSo histórica e bíblica, na qual


mostra a evolucSo de certos conceltos da Moral sexual;

— M. Vidal propoe urna visao antropológica que procura Integrar a


sexualidade e o amor dentro do conjunto da pessoa humana;

— O autor conhece bem o pensamento filosófico moderno. Asslm


propicia ao leftor a ocasiáo de focalizar numerosos elementos das ciencias
humanas contemporáneas.

De maneira geral, M. Vidal é fiel ao pensamento da Igreja. Critica,


porém, autores de séculos passados por nSo terem levado na devida conta
a pessoa humana, que possui algo de subjetivo e misterioso e nao se reduz
exclusivamente a fenómenos biológicos. É. á luz do personalismo asslm
concebido que M. Vidal anallsa, por exemplo, o fenómeno da masturbacSo
(distlnguindo acertadamente diversos tipos de masturbacáo, nem todos igual
mente graves) asslm como o costume, cada vez mais difundido, das rela-
cSes pré-matrlmoniais; cf. pp. 327-381. O pensamento do autor nSo é multo
claro em se tratando deste último ponto; preconiza a crlacáo de novas
"instltuclonalIzacSes" para o amor pré-matrlmonial ou de um catecumenato,
mals jurídico e oficial do que o atual, para o matrimonio. "Se se admitissem
formas institucionalizadas anteriores ao matrimonio, poder-se-la pensar na
llceidade das relacdes sexuais pré-matrimoniais. Antes do matrimonio, exis-
tlrlam outras formas mediante as quals a sociedade civil e religiosa reconhe-
cerla o amor pleno e total entre os nolvos" (p. 381,).

Ora esta proposta de M. Vidal nSo é lúcida; equivalerla ao casamento


gradatlvo, de que se tém felto experiencias, moralmente Infelizes, na Franca,
e em outros países ? O falo é que, de um lado, M. Vidal condena as rela-
Cñes pré-matrimonlals, desfazendo os argumentos que geralmente sao apre-
sentados em favor das mesmas (cf. pp. 374-380); doutro lado, porém,
apregoa algo que parece, por outra vía, querer levar a legitimar as relagSes
pré-matrlmonlals. Lendo Isto, lembramo-nos de que o autor nSo tenclonou
definir sentencas, mas, sim, provocar os colegas ao diálogo...

Julgamos, alies, que a consideracáo da dlmensfio pessoal do ser humano


é Importante, pols o homem nSo é mero animal redutlvel á sua fisiología.
Todavía nSo é suficiente para se avallar a moralldade dos atos humanos;
quer-nos parecer que a dlmensSo personalista tem algo de subjetivo e
vago, pols o desabrochamento de urna personalldade pode ser entendido
de manetras diversas ou mesmo contradltórias; em parte, sao os criterios
biológicos que dlsslpam o subjetivismo ou Individualismo e fundamentam o
que se chama "a leí natural" e urna moral universal.

Recomendamos, pols, o livro aos estudiosos que desejem refletlr sobre


o problema moral em suas facetas mais atuals.
E. B.

— 540 —
PREZADO ASSINANTE,

NAO HA QUEM IGNORE OS ELEVADOS ÍNDICES DE


INFLACAO MONETARIA POR QUE PASSA O BRASIL, JA HA
ANOS... APESAR DISTO, A NOSSA REVISTA TEM PRO

CURADO, DE CERTO MODO, IGNORAR TAO VIOLENTA

SUBIDA DO CUSTO DE VIDA, ELEVANDO MUITO MÓDICA

MENTE O PREQO DE SUA ASSINATURA ANUAL. ASSIM

PROCEDEMOS PORQUE NAO TEMOS OBJETIVOS COMER

CIÁIS. EIS, PORÉM, QUE NESTE MOMENTO JA NAO NOS

É LÍCITO FECHAR OS OLHOS A REALIDADE, POIS ISTO


SERIA MORTAL PARA O NOSSO PR. TIVEMOS, POIS, QUE
FAZER UM ORCAMENTO MINUCIOSO PARA 1979... EM

CONSEQÜÉNCIA, EVIDENCIOU-SE QUE, SE PR NAO QUER


SAIR DE CIRCULACAO NO PRÓXIMO ANO, DEVE COBRAR

CR$ 180,00 (CENTO E OITENTA CRUZEIROS) POR ASSINA

TURA ANUAL.

É O QUE LHE COMUNICAMOS, CERTOS DE SUA CAPA-

CIDADE DE COMPREENSAO. CONTAMOS, POIS, COM A


COLABORACAO DE V.S. E OUSAMOS AÍNDA PEDIR-LHE
QUEIRA DIFUNDIR PR, OBTENDO-NOS NOVOS ASSINANTES.

V.S. PODERA UTILIZAR O VERSO DESTA FOLHA.

GRATOS,

DIRECAO E REDACAO DE PR
AMIGO, SE ESTA REVISTA LHE É ÚTIL, AJUDE-NOS A DIFUN-
DI-LA PARA QUE OUTROS SE POSSAM DÉLA BENEFICIAR. SABEMOS
QUE MUITOS PROBLEMAS SAO TAIS ÚNICAMENTE POR FALTA DE
RETO EQUACIONAMENTO DOS RESPECTIVOS DADOS.

QUEM CONSEGUIR CINCO ASSINATURAS NOVAS, TERÁ DIREITO


A SEXTA ASSINATURA GRATUITA. QUEIRA, POIS, DESTACAR ESTA
FOLHA E ENVIAR-NO-LA, PREENCHIDA, COM O NUMERARIO COR
RESPONDENTE.

ASSINATURAS NOVAS

1) Nome: ._._....„.........................-..... . .„.....„_.....„._

Endereco completo

2) Nome: ........... .......

Endereco completo

3) Nome:

Endereco completo

4) Nome:

Endereco completo :

5) Nome: .........

Endereco completo : ...................................................

ASSINATURA DE CORTESÍA

Endereco completo:

Doador : ..................
ÍNDICE 1978

TE
e

esoonderemos

CONFRONTO
ÍNDICE 1978

(Os números á direita indicam respectivamente fascículo, ano


de edicáo e página).

ABESC: V Encontró Nacional 220/1978, p. 363;

ABORTO e a lei do Brasil 225/1978, p. 363;


sentimental 225/1978, p. 369;

terapéutico 225/1978, p. 367.

ABSOLVICAO COLETIVA: abusos 223/1978, p. 295.


AGOSTINHO (SANTO) E O PAPA ZÓSIMO .. 222/1978, p. 255.

ALEXANDRE VI, PAPA, e crise do Papado .. 222/1978, p. 259.

ALMA HUMANA E FECUNDAQAO ARTIFI

CIAL 226/1978, p. 412;


É ESPIRITUAL 226/1978, p. 428;
VEGETATIVA, SENSITIVA
E INTELECTIVA 226/1978, p. 424;

IMORTAL 227/1978, p. 475.

AMÉRICA LATINA: distribuicao ,do clero 225/1978, p. 398;


reunioes do episcopado ... 225/1978, p. 389.

ASTROLOGIA: que é? 217/1978, p. 33.


ATEUS MILITANTES NA ROSSIA 221/1978, p. 205.
ATLANTIDA: existiu? 224/1978, p. 348.

A.U.C.M. (Moonlsmo) 228/1978, p. 531.

BAHA'I: crencas e histórico 218/1978, p. 70.

BATISTAS e salvacSo eterna 227/1978, p. 467.

BEBÉ-PROVETA 226/1978. p. 407.


BENS DA SANTA SÉ: controversia recente ... 226/1978, p. 444.
BERMUDAS, TRIANGULO DAS 224/1978, p. 335.

— 544 —
, ÍNDICE DE 1978 _53

BIBLIA: autentiddade do texto 228/1978, p. 495;


e programas revolucionarios 219/1978, p. 120.
BIORRITMO: que é? 228/1978, p. 520.
BROWN, CASAL, E BEBÉ-PROVETA 226/1978, p. 407.

BULTMANN, RUDOLF, E DEMITIZACAO .... 219/1978, p. 97.

<CARTAS DA PRISAO», de Frei Betto 218/1978, p. 82.


CARTAS DE SAO PAULO: autenticidade do
texto 228/1978, p. 500.

DA URSS: Testemunhos cristaos ... 221/1978, p. 193.


CASAMENTO DE CRISTAOS QUE PERDE-
RAM A FÉ 223/1978, p. 300;

GILDA DE ABREU 217/1978, p. 36.

CATÓLICOS E COMUNISTAS NA ITALIA ... 218/1978, p. 86.


CELEBRACAO COMUNITARIA DA PENITEN
CIA 223/1978, p. 297.

CLONE HUMANO (Engenharia Genética) 226/1978, p. 419.


CONCILIO PAN-ORTODOXO E DATA DA
PASCOA 218/1978, p. 61.

CONFERENCIA DO EPISCOPADO LATINO-


•AMERICANO EM PUEBLA 225/1978, p. 389.

CONFERENCIA (I) GERAL DO EPISCOPADO


DA AMÉRICA LATINA, NO RIO 225/1978, p. 391.

CONFERENCIA (II) DO EPISCOPADO DA


AMÉRICA LATINA, EM BOGOTÁ 225/1978, p. 392.

CONFISSAO E ABSOLVICAO NA CELEBRA-


CAO COMUNITARIA 223/1978, p. 297.

«CONTATOS IMEDIATOS DO TERCEIRO


GRAU> — filme 225/1978, p. 399.

CORPO E ALMA: distinguem-se? 226/1978, p. 426.

CRIATIVIDADE E ESPONTANEIDADE NA
LITURGIA 228/1978, p. 508.

CRISTAOS E MUCULMANOS NO EGITO .... 220/1978, p. 143.

SOCIALISTAS: origem e programa 219/1978, p. 109.

— 545 —
54 ÍNDICE DE 1978 __

CRISTIANISMO E MARXISMO: oposigüo e diá


logo 218/1978, p. 86;

219/1978, p. 109;

NA RÚSSIA SOVIÉTICA .... 221/1978. p. 204.


CRITICAS AO PAPA: fatos históricos 222/1978, p. 251.

DESEJO NATURAL DE UMA VIDA SEM FIM 227/1978, p. 478.

DIVORCIADOS que se casaram de novo 223/1978. p. 301.

DIVORCIO: a nova legislacao 222/1978, p. 231.

D1ZIMOS: histórico e implantacáo 223/197S, p. 282.


DORES DE PARTO ATRIBUIDAS A MARÍA 22V1978, p. 190.
DUDKO, DMITRIJ, e resistencia crista 221/1978. p. 204.

E
<£...> — peca teatral de Millor Fernandos ... 223/1978, p. 305.
EDUARDO DE MOURA CASTRO E REENCAR
NACAO 217/1978, p. 41.

EDUCACAO SEXUAL ÑAS ESCOLAS 227/1978, p. 457.


EGITO E CRENCAS RELIGIOSAS 220/1978, p. 144;

E PIRÁMIDES 217/1978, p. 18.

«ELOHIM»: uso bíblico 217/1978, p. 13.


ENGENHARIA GENÉTICA E CASAL BROWN 226/1978, p. 407.

EPÍSTOLAS PAULINAS: autenticidade do texto 228/1978, p. 500.


ERICH VON DANIKEN: teses próprias 217/1978, p. 12.
ESPIRITISMO E REENCARNACAO 217/1978, p. 36.
ESPIRITO E ALMA: que sao? 226/1978, p. 423.

ESPÓRTULAS DO CULTO: origem e significado 220/1978, p. 165;


223/1978, p. 282.

ESTADO PONTIFICIO: historia 226/1978, p. 436.


<EU FUI TESTEMUNHA DE JEOVÁ» — livro
de Günther Pape ... 221/1978, p. 215.

EVANGELHO A LUZ DO MARXISMO 219/1978, p. 121.

EXEGESE BÍBLICA: escolas contemporáneas 219/1978, p. 95.

— 546 —
ÍNDICE DE 1978 55

F
FECUNDACAO ARTIFICIAL: experiencias mo
dernas 226/1978, p. 407.

FEMINISMO HOJE 223/1978, p. 308.

FILOSOFÍA É HISTORIA 227/1978. p. 482;


DO HINDU1SMO 219/1978, p. 130;

— IV SEMANA INTERNACIONAL 218/1978, p. 92.

FIUC: XII Assembléla Gernl (1978) 227/1978, p. 486.

GENIOS E ESPIRITISMO 217/1978, p. 44.

GILDA DE ABREU E REENCARNACAO .... 220/1978, p. 174.

H
HABITANTES EM OUTROS PLANETAS 217/1978, p. 21;

225/1978, p. 401.

HERMENÉUTICA MODERNA 219/1978, p. 99.

HINDU1SMO E PANTEÍSMO 219/1978, p. 128.


HONORIO I, PAPA, E INFALIBILJDADE ... 222/1978, p. 256.
HORÓSCOPO: que é? 217/1978, p. 33.

I
IGREJA E DIREITOS HUMANOS 220/1978, p. 150.
— povo de Deus e Sacramento 220/1978, p. 162.
«IGREJA (A) E O RECONHECÍMENTO DOS
DIREITOS HUMANOS NA HISTORIA» —
livro de H. Lepargneur 220/1978, p. 150.
IMORTAUDADE DA ALMA HUMANA 227/1978, p. 475.
INFALIBII.JDADE PAPAL E FATOS HISTÓ
RICOS 222/1978, p. 251.

INQUISICAO ESPANHOLA 220/1978, p. 154;


MEDIEVAL 220/1978, p. 152;

ROMANA 220/1978, p. 154.


INTENCOES DE MISSAS: histórico e Direito .. 220/1978, p. 164.
INVESTIDURAS LEIGAS E SIMONÍA 222/1978, p. 259.

— 547 —
66 ÍNDICE DE 1978

«JEOVÁ>: origem do nome 221/1978, p. 225.

<JESUS> — llvro de J.E.M. Térra, S.J 219/1978, p. 95.

JESÚS HISTÓRICO E J. DA FÉ 219/1978, p. 106;

CRISTO segundo H. Küng 219/1978, p. 106.

cJESUS DE NAZARÉ» — filme de Zeffirelli .. 221/1978, p. 187.

JUSTICÁ E RETRIBUICAO POSTUMA 227/1978, p. 479.

KÜNG, H: «SER CRISTAO» ' 223/1978, p. 275.

LATRAO: Tratado e Concordata 226/1978, p. 439;

LEÍ 6.515: divorcio 222/1978, p. 238.

LJBERDADE DE ARBITRIO E ESPIRITUAL!-


DADE 226/1978, p. 431;

E BIORRITMO . 228/1978, p. 528.

LITURGIA: abusos 228/1978, p. 508.

MALAQUIAS (SAO) E «PROFECÍAS» 227/1978, p. 453.

MARÍA E DORES DO PARTO 221/1978, p. 190.

MARXISMO NA AMÉRICA LATINA 219/1978, p. 109.


MEDITACAO TRANSCENDENTAL; que é? ... 219/1978, p. 128.

CRISTA: como? 219/1978, p. 134.

MEMORIAS DE UM SACERDOTE RUSSO .. 221/1978, p. 204.

MENINO SABIO É REENCARNACAO 220/1978, p. 174.


MÉTODO DA HISTORIA DAS FORMAS: que é? 219/1978, p. 93.
MÉTODOS DE MEDITACAO CRISTA: exemplos 219/1978, p. 133.

«M1LAGRE NA BIBLIA. O QUE £> — llvro de


Alíons Weiser 224/1978, p. 319.

MILAGRE: nocSo teológica 224/1978, p. 427.

MISSAS «COMUNITARIAS» E ESPÓRTULAS .. 220/1978, p. 164.

— 548 —
ÍNDICE DE 1978 57

MOON E MOONISMO 228/1978, p. 531.

MORAL NOVA E SUBJETIVISMO 225/1978, p. 375.

MUNDOS HABITADOS: possibilidade 217/1978, p. 21;

225/1978,p. 40L
N
NOSTRADAMUS: «proíedas» 217/1978, p. 23.

NOVA HERMENÉUTICA 219/1978, p. 99.

NOVO TESTAMENTO — «O MAIS IMPOR


TANTE É O AMOR» 218/1978, p. 63;

— variantes do texto
grego 228/1978, p. 503.

«NOVOS FILÓSOFOS> 217/1978, p. 3.

O
<O MAIS IMPORTANTE É O AMOR», ed. do N.T. 218/1979, p. 63.

ORACAO COMUNITARIA: abusos 228/1978, p. 514.

ORIGEM DOS EVANGELHOS 219/1978, p. 95.

P
PAPA.INFALÍVEL: em que sentido? 222/1978, p. 252.

PAPADO: Criticas do 222/1978, p. 251;

poder temporal 226/1978, p. 444.

PASCOA: data fixa? 218/1978, p. 51.

PAULO RESISTTU A PEDRO (Gl 2,11) 222/1978, p. 254.

«PECADO: O QUE É?> — livro de Ambrosius


Karl Rui 225/1978, p. 373.

PIRÁMIDES DO EGITO: misterio? 217/1978, p. 18.

PLATAO E A ATLANTIDA 224/1978, p. 350.

«PODER DO SUBCONSCIENTE» — livro de


Joseph Murphy 222/1978, p. 263.

«PROFECÍAS» DE NOSTRADAMUS 217/1978, p. 23;


DE SAO MALAQUIAS 227/1978, p. 451.

PSIQUIATRÍA E IDEOLOGÍA NA U.R.S.S. .. 221/1978, p. 197.

PUEBLA.E EPISCOPADO LATINO-AMERI


CANO 225/1978, p. 389.

— 549 —
68 __ ÍNDICE DE 1978

QUARTODECIMANOS E DATA DA PASCOA 222/1978. p. 25-1.

REENCARNACAO: caso de Eduardo Castro 217/1978 p. 41;

caso de Gilda de Abreu 220/1978, p. 174.

cRIQUEZA> DO VATICANO 226/1978, p. 435.

«SACERDOTES PARA A LIBERTACAO> 219/1978, p. 113.

SADAT EM JERUSALÉM 220/1978, p. 147.

SALVACAO ETERNA DO CRENTE 227/1978, p. 46G.

«SAMIZDAT», REDE DE INFORMACOES 221/1978, p. 194.

SÉCULO X, sáculo «de ierro» 222/1978, p. 258.

SEITA DE MOON 228/1978, p. 531.

SEMANA (IV) INTERNACIONAL DE FILO-


SOFÍA 218/1978, p. 92.
«SER CRISTAO» — livro de Hans Küng 223/1978, p. 275.

SIMONÍA E INVESTIDURAS LEIGAS 222/1978, p. 259.

SOCIALISMO MARXISTA E CRISTAOS 219/1978, p. 116.

SOFRIMENTO E REENCARNACAO 217/1978, p. 42.


SUBCONSCIENTE: seu potencial 222/1978, p. 263.

SUN MYUNG MOON 228/1978, p. 531.

TAXAS DO CULTO 223/1978, p. 288.


TEOLOGÍA FUNCIONAL OU ECONÓMICA ... 219/1978, p. 104.

TESTEMUNHAS DE JEOVA: quem sSo? 221/1978, p. 216.


TEXTO BÍBLICO: autenticidade 228/1978, p. 495.
TORTURA E PENA DE MORTE NA IDADE
MEDIA 220/1978, p. 159.
TRIANGULO DAS BERMUDAS: misterio? 224/1978, p. 335.
THURIAN, MAX, E LITURGIA 228/1978, p. 516.

— 550 —
ÍNDICE DE 1978 59

VATICANO: «riquezas» 226/1978, p. 435.

VIDA ETERNA E VIDA INAMISSIVEL


(Batistas) 227/1978, p. 471.

VIDA VEGETATIVA, SENSITIVA E INTELEC


TIVA: «incoes 226/1978, p. 424.

VIRGINDADE, RETORNO A 223/1978, p. 310.

VON BRAUN, WERNER. E IMORTALIDADE


DA ALMA 220/1978, p. 177.

EDIT0RIA1S

A FIM DE QUE O MUNDO CREÍA 227/1978, p. 449.

AMOR A VERDADE * 220/1978, p. 141.


CORAGEM E COERÉNCIA 228/1978, p. 495.

«HABEMUS PAPAM!» 226/1978, p. 405.

«HOJE, SE OUVIRDES A SUA VOZ...»


(SI 94,7) 223/1978, p. 273.

NATAL E O MISTERIO DA IGREJA 217/1978, p. 1.

O «ABSURDO> CRISTAO 219/1978, p. 93.

OS ASTRÓNOMOS E DEUS 224/1978, p. 317.

PAULO VI, O PAPA DO DIALOGO 225/1978, p. 361.

PEREGRINO DO ABSOLUTO 221/1978, p. 185.

PESSIMISMO OU OTIMISMO? 218/1978, p. 49.

TEMPO DE VIOLENCIA 222/1978, p. 229.

LIVROS APRECIADOS

AGUIAR, A.A. — JOGRAIS EVANGÉLICOS


PARA CATEQUESE DO 1« GRAU 221/1978, 3* capa.

ARENHOEVEL, Diego — ASSIM SE FORMOU


A BIBLIA. PAKA VOCÉ ENTENDER O
ANTIGO TESTAMENTO 222/1978, p. 272.

BACH, J. Marcos — SENTIDO ESPIRITUAL


DA SEXUALIDADE 226/1978, 3» capa.

-^ 551 —
ÍNDICE DE 1978

BALLARINL Teodorico P. — INTRODUCTO A


BIBLIA COM ANTOLOGÍA EXEGÉTICA.
Vol. II/3: Profetismo e Profetas era geral
— Isaías — Jeremias — Lamentacoes —
Baruc — Carta de Jeremias — Ezequlel .. 220/1978, p. 184.

BATTAGLIA e outros — COMENTARIO AO


EVANGELHO DE SAO MARCOS 226/1978, 3* capa.

BATTISTINI. Fr. — A IGREJA DO DEUS


VIVO. Curso bíblico popular sobre a ver-
dadelra Igreja 223/1978. 3» capa.

BENETT, Santos — SALMOS. VERSO E RE


VERSO 224/1978. 3' capa.
BOFF Clodovls — TEOLOGÍA E PRÁTICA.
TEOLOGÍA DO POLÍTICO E SUAS ME-
DIACOES 224/1978, p. 358.

CARAM, Dalto — VIOLENCIA NA SOCIE-


DADE CONTEMPORÁNEA 221/1978, 3* capa.

COELHO DE SOUZA, José — O SANGUE


PELA JUSTICA. PADRE JOAO BOSCO
PENIDO BURNIER, S.J 227/1978, 3' capa.

CONSELHO INTERCONFESSIONAL PARA A


EDUCACAO RELIGIOSA (CIER) — EDU-
CACÁO REUGIOSA ESCOLAR. ROTEI-
ROS DE AULAS DO 2' GRAU 221/1978. p. 227.

COUSIN, Hugues — O PROFETA ASSASSI-


NADO. HISTORIA DOS TEXTOS EVAN-
GÉLIDOS DA PADCAO 223/1978, p. 314.
DODD. C.H. — A INTERPRETACAO DO
QÚARTO EVANGELHO 224/1978. p. 360.

DUQUOC, Christian — CRISTOLOGIA: EN-

^S000™00^11 °HOME"1 217/1Í78, 3. capa.


GOMES, Cirilo Folch. OSB — DEUS É COMU-
NHAO. O COÑCEITO MODERNO DE-
PESSOA E A TEOLOGÍA TRINITARIA .. 227/1978, p. 489.

GONZÁLEZ-BALADO, José Luis — O DESA-


FIO DE TAIZÉ, Ir. ROGER 224/1978, p. 360.

GRINGS, Dadeus — VTTAUDADE DO CRIS


TIANISMO NO SÉCULO XX 222/1978, p. 271.

GRUEN, Wolígang — O TEMPO QUE SE


CHAMA HOJE. UMA INTRODUCAO AO
ANTIGO TESTAMENTO 221/1978, p. 227.

— 552 —
INSTITUTO DIOCESANO DE ENSINO SU
PERIOR DE WÜRZBURG — TEOLOGÍA
PARA O CRISTAO DE HOJE. Vol 5: A
VIDA NA FÉ 223/1978, p. 315.

JEREMÍAS, Joachim — A MENSAGEM CEN


TRAL DO NOVO TESTAMENTO 219/1978, p. 140.

LAMBIASI. F. — AUTENTICIDADE HISTÓ


RICA DOS EVANGELHOS 223/1978, p. 315.

LEBRETON, Jacques — CEGÓ E SEM MAOS 227/1978, p. 489.

LEMONNIER, A.M. — CARTAS A UM CON


DENADO 227/1978, p. 490.

LOHFINK, Gerhard — AGORA ENTENDO A


BIBLIA. PARA VOCÉ ENTENDER A CRI
TICA DAS FORMAS 222/1978, p. 271.

MARITAIN, Jacques — PROBLEMAS FUN


DAMENTÁIS DA FILOSOFÍA MORAL .. 224/1978, p. 359.

MESSORI, Vittorio — HIPÓTESES SOBRE


JESÚS 227/1978, p. 489.

MESTERS, Carlos — ABRAAO E SARA 222/1978, 3* capa.

MIRANDA, Mario de Franca — SACRAMENTO


DA PENITENCIA. O PERDAO DE DEUS
NA COMUNIDADE ECLESIAL 225/1978, 3* capa.

MOODY Jr., Raymond A. — A VIDA DEPOIS


DA VIDA 227/1978. 3' capa.

RAHNER, Karl — • O DESAFIO DE SER


CRISTAO 220/1978, p. 184.

RATZINGER, Joseph — DOGMA E ANUN-


CIACAO 219/1978, p. 140.

SCHMAUS, Michael — A FÉ DA IGREJA.


Vol. III: CRISTOLOGIA. Secáo 2: JESÚS
CRISTO 217/1978, 3* capa.

SELLIN, E. e FOHRER G. — INTRODUCAO


AO ANTIGO TESTAMENTO. Vol. I: LI-
VROS HISTÓRICOS E CÓDIGOS LEGÁIS 222/1978, p. 272.

TRUJILLO. D. Alfonso López — LIBERACAO


MARXISTA E LIBERACAO CRISTA .... 219/1978, 3» capa.

REVISTA «PARAPSICOLOGÍA E PSICOTRÓ-


NICA» Ano 2 — N* 3 220/1978, 3» capa.

SUPLEMENTO DE «O DOMINGO» — BIBLIA


GENTE. Seminario para Circuios Bíblicos 226/1978, 3' capa.

VIDAL, Marciano — MORAL DO AMOR E


DA SEXUALIDADE 228/1978, p. 540.
"NOSSO SALVADOR, AMADOS FILHOS, NASCEU HOJE ¡
ALEGREMO-NOS. NAO PODE HAVER TRISTEZA QUANDO
NASCE A VIDA ; DISSIPANDO O TEMOR DA MORTE, ENCHE-
-NOS DE ALEGRÍA COM A PROMESSA DA ETERNIDADE.
NINGUÉM ESTA EXCLUIDO DA PARTICIPACAO NESSA FELI-
CIDADE ; A CAUSA DA ALEGRÍA É COMUM A TODOS POR
QUE NOSSO SENHOR, AQUELE QUE DESTR6I O PECADO
E A MORTE, NAO TENDO ENCONTRADO NENHUM HOMEM
ISENTO DE CULPA, VEIO LIBERTAR A TODOS. EXULTE O
JUSTO, PORQUE SE APROXIMA DA VITORIA. REJUBILE-SE
O PECADOR, PORQUE É OONVIDADO AO PERDAO. REANI-
ME-SE O GENTÍO, PORQUE É CHAMADO A VIDA !"

COM ESTAS PALAVRAS DE SAO LEÁO MAGNO (t 461),


DESEJAMOS AOS NOSSOS AMIGOS A ALEGRÍA E AS GRA-
CAS DE SANTO NATAL, PENHOR DE PRÓSPERO 1979.

PR CONTINUA A DISPOSICÁO DE SEUS LEITORES


PARA SERVIR-LHES DO MELHOR MODO POSSIVEL E CONTA
COM A COLABORACÁO DOS MESMOS NA DIFUSAO DA
SUA REVISTA.

Potrebbero piacerti anche