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MEMÓRIAS

Como matar um ideal.

Há coisas que nunca conseguimos apagar de nossa mente, por mais que queiramos.
Algo marcante foi minha primeira aula de arte e recreio no Instituto Dom Bosco, em Barbalha
- CE, em 1957, mais precisamente 9 de Março, um dia de feira que acontecia todos os
sábados. Era uma manhã chuvosa. Naquele tempo só não havia aula aos domingos.
Não sei porque, mesmo sabendo ler e escrever, somar e diminuir, fui matriculado no
Jardim de Infância. Talvez meu pai não queria que os outros dois irmãos se sentissem
defasado de mim, assim decidira. Mesmo assim, achei divertido e desafiante, pois além de
estudar o que já sabia, a novidade de estar numa escola conseguir fazer muitas amizades. A
hora do recreio era mais que ansiosamente esperada. Merenda e brincadeiras e muita gritaria.
Descontava todo o tempo de silêncio obrigatório em sala de aula.
Então, chegou a tal aula em que iríamos expor os nossos dons artísticos. Alguém
contou uma piada, quase ninguém riu. Outro recitou uma poesia. Muito interessante!
Lembrei-me que, no ano passado de 1956, na Escola Santa Inês de Missão Nova – CE, no dia
7 de setembro, eu recitara a poesia da VIVA O BRASIL (CARTILHA POPULAR) de Júlio
de Faria e Souza:
“Eis a bandeira do meu país, Pátria gloriosa, franca e feliz. Não há, por certo, no mundo
inteiro, Pendão mais lindo que o Brasileiro. Sempre a vejo, fico febril; grito: “Avante! Viva o
Brasil!”

Terminava, quase gritando “Viva o Brasil!” com gosto de vitória. Também quase não
desfilei naquele dia, pois a minha gravata sumira misteriosamente. Por causa disto, Tia
Nazinha não permitiu minha participação no desfile da Escola. Mas a minha Avó intercedeu e
eu consegui não apenas desfilar, mas até declamar esses poucos versos. A gravata foi
encontrada sete dias depois, dentro da lata de goma de minha avó..
Voltando à escola, decidimos cantar o último sucesso entre a garotada. Aquela
musiquinha que o palhaço do circo cantou e grudou de forma indelével em nossas mentes.
Assim, fui à frente e chamei o meu mano Neto e o colega Antônio Marcelo para cantarmos o
sucesso que toda a gurizada sabia na ponta da língua. E lá fomos nós:
“Pau rolou, caiu lá na mata. Ninguém viu […] O cachorro quando late no buraco
do tatu... ”
Eita, fiasco! Esqueci por completo a musiquinha. Olhei para os outros dois para pedir
que continuassem a música porque havia esquecido, mas a mesma cara de bobo que eu. Não
deu outra – a classe inteira caiu na gargalhada sem parar. Lancei um olhar de socorro e apoio
pra minha professora. E o mundo fugiu dos meus pés. Ela estava simplesmente, estatelada,
deitada no chão, com as mãos na barriga, com cólicas de tanto rir.

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