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A psicologia do mito

Autor: Frederico Eckschmidt (1)


O famoso historiador J. Campbell, em seu livro "O Poder do Mito" conclui que a mitologia
é a literatura do
espírito. Segundo ele, "o conto popular destina-se ao entretenimento, o mito, à instrução
espiritual".
No entanto, atualmente, muitas pessoas esqueceram de prestar atenção nos ensinos
transmitidos por este
tipo de conhecimento e na relação que essas histórias têm com a nossa vida.
Ele comenta que, enquanto os atuais escritores usam palavras
analíticas para comentar alguma coisa concreta e 'real', as antigas
poesias divinas presentes nos mitologemas cantavam as imperfeições
da vida e as coisas que todos os seres humanos possuem em comum.
A tragédia grega, por exemplo, ou a comédia, a ira dos deuses contra
o destino dos homens, acontecimentos terríveis ou hilariantes que
vinham transmitir conhecimentos para que todos refletissem sobre a
própria vida. E as peças não são apenas histórias do passado, mas
conteúdos profundamente atuantes em toda nossa relação psíquica
com o mundo.
Um ótimo exemplo disso é o complexo de Édipo (imagem ao lado),
descoberto primeiramente por Freud. Para Campbell "aquilo que os
seres humanos têm em comum se revela nos mitos". Eles contam as
histórias da busca da nossa verdade através dos tempos, do sentido
que atribuímos à nossas ações diárias e do que isso significa no plano da eternidade.
Os mitos são pistas que nos ajudam a procurar dentro de nós mesmos, os potenciais
espirituais da vida
humana. A experiência de estarmos vivos realmente, de modo que nossas experiências de
vida, no plano
puramente físico, tenham ressonância no interior de nosso ser, de nossa realidade mais
íntima.
Eles precisam servir a dois propósitos, primeiro induzir o jovem a participar da vida de seu
mundo _esta é a
função do folclore_ e, em seguida, desengajá-lo. O mito têm a função de "recolocar os
processos
conscientes em seus antigos trilhos" e de guiar e conduzir o ego consciente.
No Oriente, por exemplo, seguir harmoniosamente suas estruturas, estas "forma de ação
humana"
(arquétipos), corresponde ao dharma. Neles encontramos os heróis de mil faces, que na
verdade é um só
herói descrito por várias culturas. Neles encontramos a verdadeira felicidade da vitória
sobre o inimigo e da
comemoração com os amigos ou o amor que busca no Hades, a amada ou amado.
E tanto Freud, quanto Jung, perceberam que o mito se enraíza no inconsciente. Para Jung os
mitos são
"projeções do inconsciente" e funcionam como alegorias explicativas dos "processos
astronômicos,
meteorológicos e vegetativos". Em suas palavras:
"Toda mitologia seria uma espécie de projeção do inconsciente coletivo. É no céu estrelado
cujas formas caóticas foram organizadas mediante a projeção de imagens, que vemos isso o
mais claramente possível. Isso explica a influência dos astros, afirmada pela Astrologia:
estas
influências seriam apenas percepções introspectivas inconscientes da atividade do
inconsciente coletivo [grifo meu]. Do mesmo modo como as constelações foram projetadas
no
céu, assim também outras figuras semelhantes foram projetadas nas lendas e nos contos de
fadas ou em personagens históricas. Por isso podemos estudar o inconsciente coletivo de
duas
maneiras: na mitologia ou na análise do indivíduo" (Jung).
Eles comunicam de maneira simbólica e metafórica um ato que se esconde por traz do
aspecto visível. E
essas metáforas são as máscaras de Deus, através da qual a eternidade pode ser
vivenciada.02/02/13 A psicologia do mito
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essas metáforas são as máscaras de Deus, através da qual a eternidade pode ser vivenciada.
O mito é o sonho da sociedade, diferentemente do sonho particular. Se o seu mito privado,
seu sonho,
coincide com o da sociedade (o mito), você está de bom acordo com seu grupo. Se não, a
aventura o
aguarda na densa floresta à sua frente.
O mito fala da grande sociedade humana, a única grande história da espécie humana. Nós
procedemos de
um só fundamento de ser, como manifestações na esfera do tempo e do espaço.
A esfera do tempo é uma espécie de jogo de sombras sobre um fundamento atemporal.
Jogando o jogo na
esfera da sombra, você empenha o seu lado das polaridades com todo vigor. Mas um dos
únicos inimigos
neste jogo é o seu outro lado, por exemplo, que você poderia ver, enquanto você mesmo,
caso pudesse
situar-se numa posição medial.
A mitologia nos faz entrar em acordo com a grande sinfonia da vida. Faz encarar a vida
como um poema e
nos mesmos como um participante desse poema.
Os mitos antigos possuem uma força harmonizadora. E eles foram concebidos para isso:
harmonizar mente
e corpo. A mente pode divagar por caminhos estranhos, coisas que o corpo não quer. Os
mitos e ritos
serviam para colocar a mente de acordo com o corpo, e o rumo da vida apontado pela
natureza.
Esses mitos contam como outros fizeram a travessia e como nós podemos fazê-la sem
cairmos em suas
armadilhas e belezas. E o ritual é o cumprimento desse mito. Quando participarmos de um
ritual,
participamos da representação de um mito.
Alce Negro, um velho xamã siux, dizia em sua experiência mística que vivenciou a
escalada ao topo da
montanha mais alta do mundo. A montanha do centro do mundo que está em toda parte.
O centro do mundo é o axis mundi [eixo do mundo], o ponto central e pólo ao redor das
quais as coisa
giram. O ponto central do mundo é o ponto em que repouso e movimento se encontram.
Movimento é tempo, mas repouso é eternidade, é o yin e o yang que estão no centro de
nosso ser. Ter
consciência desse momento da sua vida como um momento de eternidade, vivenciar o
aspecto eterno do
que você está fazendo no plano temporal _essa é a experiência do mito.
A arqueologia do mito
Atualmente sabe-se que o grande passo para a evolução da
consciência humana só aconteceu depois do desenvolvimento
do bipedalismo, ou seja, a capacidade de andar com duas
pernas, para a conseqüente a saída da África. Esse processo
se iniciou entre cerca de 5 e 10 milhões de anos.
No entanto, foi só há cerca de 2,5 milhões de anos que surgiram
as primeiras indústrias de artefatos líticos, mas ainda eram
peças muito rústicas, como as descobertas em Gona, Etiópia
(imagem ao lado).
Foi nessa época também (no período entre 2,7 e 2,5 m.a.) que
começou a expansão cérebro e a confecção dos primeiros
utensílios líticos foram descobertos apenas cerca de 2,3 m.a.02/02/13 A psicologia do mito
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utensílios líticos foram descobertos apenas cerca de 2,3 m.a.
atrás.
Esses acontecimentos são os primeiros indícios de um
comportamento cultural ligado à diferenciação da consciência
humana como hoje a conhecemos. Foi esse o início do uso das
ferramentas confeccionadas por eles mesmos.
Um pouco adiante, há cerca de 2 milhões de anos, na transição entre o Kenyanthropus
rudolfensis (homem
do Quênia, por ter sido descoberto lá) e os Homo habilis, alguns hominídeos começaram a
deixar da África
e povoar a Europa e a Ásia. Essa primeira espécie de hominídeo a sair da savana africana
(que pode ter
sido um Homo habilis ou um Homo ergaster) são também os homens 'habilidosos' que
refinaram a
confecção das ferramentas.
Para Campbell, mais ou menos nessa época também ocorreu o que ele chama de zona de
"hominização".
Ele contextualiza esse conceito dizendo que na arqueologia existem três principais tipos
pesquisadores: a
maioria deles acreditam na visão "monofiletista", ou seja, que a espécie humana tenha se
desenvolvido do
estágio dos primatas superiores por uma única linha evolucionária.
No entanto, um outro grupo de pesquisadores conhecidos como "polifiletistas", acreditam
que nossa raça
seja constituída de muitas linhas de descendência, desenvolvidas independentemente e que
se fundiram
durante o curso de milênios.
Um terceiro grupo, entre os quais ele é o grande porta-voz, acredita que houve uma zona de
"hominização"
afetando uma vasta população de indivíduos (alguma espécie dos primatas superiores) de
modo
simultâneo por uma série de mutações genéticas que levou ao surgimento de diversas
formas humanas.
Para exemplificar como seriam esses primeiros mitos, surgidos
nos limiares mitológicos encontrados no período Paleolítico,
Campbell comenta o livro "The Mentality of Apes" [A
Mentalidade dos Macacos], do Dr. Wolfgang Köhler. Em seu
estudo, o Dr. Köhler descreve que chipanzés estabelecem
inexplicáveis vínculos com objetos sem qualquer utilidade.
De maneira mais intrigante, na área social, ele percebeu que
quando um deles inventou uma brincadeira de girar e rodopiar
como os dervixes, ele mobilizou todos os macacos do grupo. E
quanto mais eles giravam e levantavam os braços num grande
"arrebatamento", uma joie de vivre, mais eles gritavam e
pareciam se divertir.
Isso representaria um comportamento social e de comunicação muito superiores do que
simplesmente os
comportamentos instintivos e inconscientes aceitos pela ciência.
No entanto, grandes transformações só ocorreram após a grande era glaciária ocorrida a
cerca de 600.000
anos. Após seu término, por volta de 500.000 a.C., já são encontrados machados de pedra
no norte da
Índia.
Por volta de 400.000 a.C. inicia o estágio do Pitecantropo [o homem-macaco] e, cerca de
360.000 a.C., o
fogo é controlado pelos Homo erectus na China. No entanto, os primeiros vestígios do
surgimento do
pensamento religioso só acontece no estágio do Homem de Neandertal (c. 200.000-75.000
a.C. a 25.000
a.C.).
Nesta época o cérebro atingiu o tamanho atual (1,450 cc) e começam a surgir nas ilhas ao
norte do Japão
as primeiras sepulturas e santuários que se tem notícia. Eles foram provavelmente feitos
pelos ainos (um
povo semi-nômade que viveu naquela região) durante sua "cerimônia do Urso".
Há também outros exemplos de canibalismo ritual encontrados em cavernas de Krapina
(Croácia) e
Ehringsdorf (Alemanha) e, na Baía de Bengala, leste da Índia, surgiu o mito cosmogônico
dos
andamanenses. Eles contavam a história de Biliku, a monção noroeste representada por
uma aranha e de02/02/13 A psicologia do mito
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andamanenses. Eles contavam a história de Biliku, a monção noroeste representada por
uma aranha e de
Tarai, a monção sudoeste, mais amena que Biliku, seu marido.
Desse matrimônio nasceria seus filhos: o sol, a lua e os
pássaros.
Esses mitos eram recitados em momentos de perigo
psicológico, quando eles invocavam magicamente as energias
vitais do indivíduo e de seu grupo para enfrentar e vencer os
perigos da noite e da inconsciência (concepção primária da
força e função dos mitos e ritos).
E há pelo menos 77.000 anos, como foi recentemente
descoberto na caverna de Blombos (África do Sul), sinais
geométricos encontrados em peças cor vermelho-ocre provam
a existência dos primeiros comportamentos simbólicos e de um
pensamento abstrato. Essas peças demonstram uma
sofisticada manufatura de ferramentas de pedra e ossos feitas pelos primeiros Homo sapiens
anatomicamente modernos.
Já no período seguinte, o Aurinhacense, foi o estágio do Homem de
Cro-Magnon (c. 30.000 a.C. a 10.000 a.C). Nesse período surgem as
estatuetas femininas paleolíticas e dos primeiros estilos de gravuras e
pinturas rupestres.
Ao final desse período, outra grande revolução aconteceu quando por
volta de 9.000 a.C., surgiram na Europa traços culturais indicando um
profundo culto à deusa, refletindo uma ordem social matriarcal.
Uma grande quantidade de estatuetas femininas foram encontrados
entre os fragmentos de cerâmica, associando a fertilidade advinda da
Deusa com a terra, responsável por dar e nutrir a vida.
Já o tema mitológico da serpente e da donzela ou o da grande
serpente dos primeiros agricultores apareceu pela primeira vez por
volta de 7.500 a.C. em algum lugar ao longo do arco de difusão tropical
primária da África. Essa área se estende através da Arábia e do
Oriente Médio, para a Índia e, de lá, para o Sudeste Asiático até
Indonésia e a Melanésia.
Essa transição de um estágio majoritariamente inconsciente, para um início da conciência, é
conhecida
como a zona "mitogenética". Ela aconteceu por volta de 7.500 a.C. quando uma vasta
população de
indivíduos da espécie Homo sapiens, que viviam numa área limitada, porém
suficientemente ampla, foi
afetada a um só tempo por estampagens aproximadamente comparáveis, e onde
"arrebatamentos" (da
mesma espécie que os dos dervixes) eram iminentes em todas as partes. Isso desencadeou
um
comportamento ritualizado e seu conseqüente mitologema.02/02/13 A psicologia do mito
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Dentro deste contexto, recentes escavações encontraram uma civilização de quase dez mil
anos (7.595
a.C.) sob o fundo do golfo de Cambay, na costa ocidental da Índia.
Pedaços de madeira, potes de cerâmica, ossos fossilizados e restos de material de
construção. Antes
acreditava-se que a cidade mais antiga tinha sido erguida a cerca de 5.500 anos no Vale da
Suméria, na
baixa Mesopotâmia (atual Iraque).
Em seguida inicia-se o Neolítico superior (4500-3500 a.C.) época onde surge a cerâmica
Samarra. Achada
no atual Iraque, junto ao rio Tigre, essas peças tornaram-se de súbito, admiravelmente
requintada e
decorada com beleza (Campbell).
Elas demonstram uma das mais antigas associações conhecida da suástica com o centro de
uma
composição circular, ou seja, de figuras geométricas como a cruz, o círculo com um ponto
no centro, uma
linha com um ponto em cada lado, listras, etc.
Há também figuras de mulheres aparecem com os pés ou cabeças convergindo no meio do
desenho
circular, para formar uma estrela. Em outro desenho, aparecem ainda, quatro gazelas
circundando uma
árvore.
Esse foi um grande passo para o desenvolvimento da cultura humana e da consciência, pois
algum tempo
depois foram fundadas as primeiras cidades-estado hierática da Mesopotâmia (3500-2500
a.C.).
Essa época coincide com o surgimento da matemática, do calendário, da escrita, etc. Essa
transformação
ocorreu ao final do èon de Touro, quando o Deus masculino, o Logos, tirou o mundo da
escuridão e
suplantou o elemento feminino, representado pelo Eros materno. Esse movimento mostra
claramente o
desenvolvimento contínuo da consciência até os diuas atuais.
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Notas
(1) Frederico Eckschmidt - Psicólogo clínico, formado pela Universidade Mackenzie.
© Todos os direitos reservados - Este material faz parte do livro "Oriente-se - Uma análise
sobre a
estrutura e a dinâmica do Si-mesmo" e não pode ser copiado ou editado sem a autorização
expressa do

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