Documenti di Didattica
Documenti di Professioni
Documenti di Cultura
DO PARAÍSO – VIÇOSA/MG
Introdução
A Interpretação Ambiental permite provocar estímulos, curiosidade e reflexão
através da interação do visitante com o ambiente a ser observado, com vistas à
abordagem da realidade de forma crítica, enfatizando os aspectos que na maioria das
vezes passam despercebidos.
Diante das possibilidades de visita às áreas naturais, sobressai a implantação
de trilhas interpretativas. Estas, além de propiciar o contato com a natureza, o
descanso, a fruição são também meios eficazes na interação homem/natureza e
podem contribuir na formação da consciência ambiental (SIQUEIRA, 2004).
Antes de ter a função educativa, as trilhas tinham como principal função suprir
a necessidade de deslocamento, mas ao longo dos anos, houve uma alteração de
valores em relação às trilhas, que passaram a ser utilizadas como uma nova forma de
ligação com a natureza. As trilhas interpretativas não existem somente para a
comunicação de fatos, datas e conceitos, mas também para compartilhar experiências
que levem os visitantes, sejam alunos, professores ou turistas a apreciar, a entender,
a sensibilizar, a cooperar na conservação de um recurso natural e também a educar
(MENGHINI, F. B. 2005).
Através da interpretação dos aspectos naturais e culturais de um percurso
escolhido, busca-se também despertar os recursos sensoriais e a criticidade do
visitante, num processo que envolve a revalorização dos lugares e a compreensão da
linguagem da natureza (LIMA, F. B. et all 2003).
O monitor, guia ou condutor, ao interagir com o visitante a respeito da relação
homem-natureza, permite questionar-se, provocando-o e estimulando-o à reflexões,
bem como valorizar os conhecimentos prévios do mesmo. O visitante tem a
oportunidade de vivenciar suas próprias experiências buscando a compreensão da
realidade em seus mais diversos aspectos. Espera-se, assim, alcançar
comprometimento, conscientização e modificação de comportamentos, valores e
hábitos sociais do visitante, como cidadão.
É de suma importância a busca incessante pelo conhecimento com base nas
necessidades do homem de compreender, analisar, entender e explicar os fatos e
fenômenos do mundo real através da observação, sentimento, pensamentos e ações
que ocorrem consigo. O conhecimento está sempre a se complementar e/ou
transformar, bem como varia de um indivíduo para outro.
De acordo com TABANEZ et al. (1997), a avaliação de abordagens adotadas
em programas de educação ambiental pode trazer contribuições significativas ao
processo, na medida em que procura aspectos eficazes ou ineficazes, otimizando os
esforços, tempo e recursos despendidos. Essa busca de eficácia pode ser
especialmente importante em um país como Brasil, que reúne ao mesmo tempo uma
diversidade biológica das mais ricas do mundo e uma grande escassez de recursos
disponíveis para assegurar sua proteção.
Ainda para a autora supracitada, a conservação das áreas protegidas, que hoje
concentram a maior parte da biodiversidade, depende grandemente da eficácia das
estratégias adotadas. Daí a grande importância de programas de Educação ambiental
serem planejados, testados e implementados de forma a contribuírem para a proteção
e o manejo dessas áreas.
Metodologia
Características da Trilha dos Gigantes
A Trilha dos Gigantes apresenta formato elíptico, é de relevo levemente
acidentado e tem 1225 metros de extensão. Foi implantada a partir de um caminho
pré-existente que levava à pedreira, quando ainda existia a atividade na área.
É uma trilha guiada por estagiários capacitados de diferentes cursos da UFV, cujo
público alvo são alunos das séries finais do Ensino Fundamental e alunos do Ensino
Médio.
Devido à presença, no passado, de diversas atividades antrópicas na Mata do
Paraíso, tem-se privilegiado nesta trilha, conteúdos como ação antrópica, mata
primária e secundária, regeneração natural, além de aspectos do ecossistema local,
como a fauna e flora características da Mata Atlântica, a biodiversidade, as inter-
relações presentes no ecossistema e a importância da estação para o município de
Viçosa e região.
Existem 22 pontos previamente marcados na trilha que funcionam como um
cardápio de possibilidades. Ao agendar uma visita à Mata, o interessado é inquirido a
respeito de seus objetivos. A partir dos objetivos levantados, são, então, definidos os
pontos de parada para interpretação ambiental, que geralmente, ficam em torno de 12,
para que se percorra a trilha, com qualidade, num tempo aproximado de 1 hora e 30
minutos.
PRÉ-TESTE T1 ou T2 ou T3 PÓS-TESTE
______________ = controle
T1 (Tratamento 1) = trilha não monitorada
T2 (Tratamento 2)= trilha monitorada
T3 (Tratamento 3) = atividade de motivação e trilha monitorada
Figura 2 – Desenho experimental.
No T1 os alunos foram diretamente para a Trilha dos Gigantes onde o monitor
fez uma breve apresentação sobre a Estação. Os alunos foram estimulados a
percorrer a trilha com espírito investigativo, procurando fazer observações e
comparações, entretanto, sem a interferência do monitor que os acompanhava.
No T2 os alunos foram para a lagoa da Estação, próxima a entrada da trilha,
onde o monitor apresentou a Estação, fez instruções a respeito de como se
comportarem na trilha e o alongamento conforme já especificado anteriormente, em
seguida, seguiram para a Trilha. Neste tratamento, o monitor guiou o grupo e
estimulou, todo o tempo, a participação de seus integrantes. Foram selecionados,
previamente, 12 pontos de parada e observação.
No T3 os alunos passaram pelo procedimento padrão feito pelos monitores da
Estação. Primeiramente foram para o Centro de Educação Ambiental, onde o monitor
fez a apresentação da Estação, utilizando-se de recursos como maquete da Mata do
Paraíso, além de painéis com o mapa, flora e fauna do local. Em seguida, os alunos
conheceram as instalações internas e participaram da dinâmica do crachá. Após esta
atividade motivacional, o grupo se deslocou para a trilha, onde também foi guiado pelo
monitor e estimulado a participar do processo de interpretação ambiental nos mesmos
pontos de parada e observação do tratamento anterior (T2).
Em todos os tratamentos foi feita uma parada no ponto mais alto da trilha onde
há um mezanino com bancos, para descanso e lanche.
Para evitar ameaças à validade do estudo, usou-se o recurso do sorteio na
composição dos grupos, eliminando dessa forma possíveis co-relações, como por
exemplo, o círculo de amizade, fator bastante significativo entre adolescentes. Os
alunos só tomaram conhecimento do grupo que participariam na saída para a
atividade.
A hipótese nula dessa pesquisa é a de que não há diferença significativa entre
os grupos experimentais e o de controle e entre os tratamentos.
O questionário, como instrumento utilizado na pesquisa, foi testado
previamente entre alunos da 2ª série do Ensino Médio de uma escola particular do
município de Viçosa, que havia agendado a Trilha dos Gigantes com o objetivo de
conhecer o bioma Mata Atlântica e a avaliar a ação antrópica sobre o ambiente
natural. A partir deste teste foram feitas algumas modificações nos questionários para
facilitar na tabulação e interpretação dos dados.
As perguntas giraram em torno do conhecimento dos alunos a respeito de
temas como interpretação ambiental, ação antrópica, Mata Atlântica, mata primária,
mata secundária, processo de regeneração, além de questões relacionadas à
afetividade do estudante pela atividade e pelo local, como por exemplo, seu interesse,
sua opinião e sua sugestão.
Além dos questionários, foi observado o comportamento dos estudantes nos
diferentes tratamentos, o que ajudou a identificar as atividades que os motivaram e
aquelas que deveriam sofre algum tipo de modificação.
Resultados e Discussão
Apesar do programa de Educação Ambiental na EPTEA Mata do Paraíso existir
há alguns anos com suas atividades freqüentemente requeridas pelas escolas do
município e da região, conseguiu-se com certa facilidade obter alunos que nunca
tivessem participado de atividades educativas no local. Desta forma, não se correu o
risco de alguém já conhecer as características, espécies do local, tornando possível
manter o rigor científico dada à aleatoriedade na seleção dos participantes. Tal
facilidade está no fato de o COLUNI possuir uma grande quantidade de estudantes em
uma mesma série, bem como e, principalmente, pela diversidade de cidades de
origem destes estudantes.
È importante mencionar, que apesar de alguns alunos não terem sido
sorteados para participarem da atividade, não houve pressão por parte deles nem dos
professores em nenhum momento das atividades realizadas.
O perfil geral dos participantes pode ser assim descrito: 47,3% do gênero
masculino e 53,7% feminino, com idade variando entre 15 (57,4%) e 17 anos (14,8%).
Todos os participantes têm acesso a internet, sendo que para a grande maioria
(69,1%) tal acesso se dá na sua própria casa. A maior parte dos participantes (67,3%)
já esteve em uma área de proteção ambiental, que variou entre hortos e parques.
No que se refere às respostas fechadas do questionário, estas receberam um valor,
resultando em diferentes pontuações de acordo com o rendimento dos alunos.
As médias obtidas foram tabuladas e o resultado segue abaixo na Tabela I que
apresenta a quantidade de participantes (N), a média e o desvio-padrão da média para
cada tratamento no pré e pós-teste. Como é possível notar, a maior média alcançada
no pré-teste foi 16,23 pelo grupo participante do T1; já no pós-teste essa foi de 19,71,
pelo grupo participante do T3.
Tabela I: Médias, números de indivíduos e desvios-padrão da média para cada tratamento nos
pré e pós-testes
TESTE TRATAMENTO N MÉDIA DESVIO PADRÃO DA MÉDIA
PRE T1 13 16,23 2,92
T2 12 15,00 4,00
T3 14 14,64 3,43
CONTROLE 14 14,36 3,63
POS T1 13 15,92 3,73
T2 12 22,33 1,97
T3 14 19,71 3,34
CONTROLE* 14 14,36 3,63
* aplicou-se os mesmos valores obtidos no pré-teste
Tabela III: Intervalos de confiança da média das diferenças entre pós e pré-teste.
INTERVALOS DE CONFIANÇA (α=5%)
Tratamento do – de*
T1 P ( -2,48 ≤ m ≤ 1,86)
T2 P ( 4,8 ≤ m ≤ 9,86)
T3 P ( 7,7 ≤ m ≤ 11,87)
* do – de = média das diferenças obtidas dos valores pós-teste menos pré-teste.
O resultado apresentado na tabela acima mostra que para o T1 a diferença
obtida entre pós e pré-teste é estatisticamente nula, com isso pode-se concluir que
não houve efeito deste tratamento na melhoria da cognição dos participantes. No
entanto, para o T2 e para o T3 o efeito na cognição dos participantes foi positivo, ou
seja, o rendimento após a realização das atividades foi em média, superior ao de
antes destas.
Este resultado sugere que, com a aplicação dos principais tratamentos (2 e 3)
utilizados, houve progresso, melhorando o rendimento dos alunos. Convém mencionar
que o resultado obtido no T1 não correspondeu ao esperado, que era de que os
alunos conseguissem perceber certas características do ambiente e,
conseqüentemente, melhorarem sua pontuação no pós-teste, mesmo sem a atuação
do monitor. Portanto, acredita-se que a desmotivação gerada pelo tipo de tratamento
tenha levado ao desinteresse e descompromisso no preenchimento do pós-teste,
ocasionando tal resultado.
Quando comparados entre si, nota-se que, tanto o T2 quanto o T3, diferem
estatisticamente do T1, gerando resultados melhores, porém o T2 e T3 não diferem
estatisticamente entre si, o que sugere que ambos produzam o mesmo resultado.
Contudo, acredita-se que o T3 por ser mais completo, se não responsável pelo maior
rendimento dos alunos, é eficiente na motivação e participação destes, o que
representa um ganho indiscutível.
O tempo despendido em cada tratamento variou: o grupo não-monitorado
demorou cerca de 50 minutos para percorrer a trilha, apesar de algumas paradas para
descanso devido ao sinal de cansaço apresentado por estes. Também notou-se
insatisfação e desinteresse do grupo, uma vez que não surgiram perguntas e não
ocorreu iniciativa de interação com o acompanhante, que por muitas vezes teve de
solicitar silêncio do grupo que estava agitado. Apesar disso, houve momentos
inesperados que surtiram algum efeito, como o encontro com uma pesquisadora da
área de botânica que coletava dados durante a realização da atividade, sendo possível
a troca de informações no que se refere ao assunto por ela pesquisado.
O grupo monitorado levou aproximadamente 2 horas e 15 minutos, uma vez
que os alunos perguntaram muito, havendo muitas paradas e interação com o monitor.
Por fim, o grupo monitorado, com a atividade de motivação, levou 3 horas, dada a
complementaridade das atividades, e também pela grande participação dos alunos,
paradas e interação com o monitor.
É importante mencionar que não foi observado nenhum sinal de cansaço e
desinteresse entre os participantes dos tratamentos 2 e 3. Pelo contrário, os sinais de
entusiasmo, interesse e a participação foram evidentes com destaque para a
interpretação do ambiente que se deu de forma espontânea, sendo iniciada pelos
próprios estudantes (Figura 3).
Bibliografia Citada
Agradecimentos
Aos Profs. Hélio Paulo Pereira Filho e Moisés Nascimento Soares, professores de
Biologia do COLUNI, pelas sugestões e colaborações.
Aos alunos das 1ª séries do COLUNI que participaram da pesquisa com compromisso
e responsabilidade.