Sei sulla pagina 1di 1

Brasil, Ary Barroso -

pas 20/10/1955 O Jornal

do Scotch and

futuro Soda

Eu era ainda meninote e j ouvia falar em "flagelados do nordeste"; hoje, denominam-se "paus de arara". Desde que me conheo por gente, que ouo dizer: o pas est beira do abismo. Em 1913, o "Fon-fon" protestava contra a "anarchia" no trfego da cidade; quarenta e dois anos mais tarde a coisa s trocou de grafia: em vez de "anarchia" temos a a "anarquia". A Central do Brasil mata gente, sistematicamente, desde sua estria. O Rio no tem gua h mais de meio sculo. Se chove a cntaros, o Ribeiro enche, mas, a cidade fica vazia porque as ruas se transformam em lamaais. Na ltima guerra mundial experimentamos os horrores de um "black-out". De l para c, esse horror quase permanente. A Light reclama: "use a eletricidade". O povo atende, vem o governo e ordena: "No use tanta eletricidade". Em 30, Getulio fez revoluo. Em 37, d o golpe. Em 45, do-lhe o golpe. Em 50, volta pro Catete. Em 54, suicida-se. Em 55, novas eleies. Depois das eleies prepara-se o golpe. O governo decreta medidas de proteo ao cinema nacional. Aparece "Rio, 40 graus" e o chefe de polcia probe. Criase a COFAP para evitar a subida de preos. Nunca os preos subiram tanto. O governo fechou os cassinos por causa do jogo. Ento, cada apartamento da cidade virou "un petit-cassino". Antigamente lugar de ladro era na cadeia. Hoje, justamente onde h menos ladres. Bradavam: "o petrleo nosso!". Que seja. Continuamos, porm, comprando milhes de petrleo estrangeiro. Recordo-me que ali por volta de 23 ou 24 o "Correio" publicou uma carta do sr. Arthur Bernardes. Era falsa. Hoje, a "Tribuna" publicou outra carta. falsa. Aceito que o Brasil seja "o pas do futuro". Mas, um futuro muito, muito l, pra frente. L pra onde no alcancem os olhos da alma ou as asas do pensamento. Enquanto a paisagem no muda, vamos bebendo usque a 110 e comendo um churrasco a 80!

Potrebbero piacerti anche